•Capítulo Vinte e Quatro•
Dei a volta na bancada e fui na direção da geladeira, a abri e peguei o meu sanduíche que preparei no café da tarde, mas que acabei não comendo. Enchi um copo com leite e voltei para a mesa com o meu jantar. Não vestia nada mais que uma calcinha, não tinha nada melhor que me sentir livre para andar nua pela casa.
Soszac ordenou aos seguranças que ficassem longe das portas e janelas, caso eu resolvesse ver o nascer do sol de topless. Ele amou a idéia de me ter nua pela casa, também tentou me convencer a ter sexo selvagem com ele, um tanto tentador, mas não antes do sábado, que estaríamos fazendo uma semana de casados.
Dei a volta na mesa e fui para a cabeceira, onde Soszac estava sentado com seu notebook na frente dele, podia ouvir uma gritaria vinda do aparelho, o que chamou a minha atenção.
Coloquei o sanduíche e o leite ao lado do notebook e aceitei quando Soszac circulou a minha cintura com um braço e me puxou para o lado dele. Me escorei nele, ainda de pé, e olhei para a tela do notebook. Arregalei os olhos quando vi duas mulheres lutando, literalmente, lutando, as duas, ambas, estavam ensanguentadas, tinha sangue no chão — de uma gaiola suspensa, — e várias pessoas assistiam tudo, gritando e vaiando.
— Meu deus! — exclamei, vendo o tanto de visualizações que aquilo estava tendo, uma olhada no canto da tela e vi que a luta estava sendo transmitida ao vivo.
Soszac levantou o olhar para mim, confuso e preocupado, mas ainda com aquela expressão fria.
— O que foi? — perguntou, apertando a mão na minha cintura.
Coloquei uma mão no topo da sua cabeça, enfiando os dedos pelos cabelos curtos e macios.
— O que é isso?
Soszac olhou para a tela do notebook de novo e sorriu.
— Uma das nossas lutas de gaiola. — disse, orgulhoso. — Um vale tudo, e esse vai até o fim.
Pisquei várias vezes.
— Como assim, até o fim? — perguntei, olhando para a luta de novo. Uma das mulheres estava no chão, aparentemente desacordada, enquanto a outra a socava no rosto continuamente.
Minha espinha gelou quando alguém jogou uma faca na gaiola, e sem hesitar, a mulher pegou-a e cravou no lado do pescoço da outra, tirou e enfiou de novo, o sangue agora cobria todo o chão de concreto, e a cena era... Nojenta, mas mesmo assim, fenômenal.
— Uh... ainda preciso falar? — perguntou com uma risada cruel, sombria.
Olhei para Soszac, arqueando uma sombrancelha.
— Não. — olhei para o meu sanduíche, perdera a fome milagrosamente.
Soszac esfregou o rosto contra a lateral do meu seio, sua barba áspera irritando a minha pele.
— Como você consegue colocar isso na internet sem que o FBI ou a polícia o pegue? — perguntei, estranhamente interessada.
— Já ouviu falar na "Deep Web"? — Ofeguei. — Digamos que é a parte sombria da internet, a que nem todas as pessoas acessam. — ele desceu a mão até a lateral da minha bunda, massageando, e sem avisar, virou a cabeça e sugou meu mamilo dentro da boca dele.
Acariciei seu couro cabeludo, apertando a boca dele contra mim enquanto ele me mamava com vontade. Depois de alguns segundos ele soltou o meu mamilo e voltou a falar.
— O FBI e a polícia sempre estão lá, na nossa cola, mas nós escondemos bem. Também, se eles descobrirem, não terão como saber que somos nós, apenas que é a Camorra. — ele suspirou, e descansou a cabeça contra o meu seio, e juntos, vimos um homem entrar e tirar o corpo estripado da mulher de dentro da gaiola.
— Nossa... — exclamei, um pouco nervosa por ver aquilo, mas também excitada. — Como isso funciona?
Soszac continuou acariciando a minha bunda, olhando enquanto os homens limpavam a gaiola e novos lutadores — homens, — entraram, alheio as minhas intenções.
— É simples. — começou. — Quando uma pessoa sabe lutar e quer dinheiro, muito dinheiro, ela nos procura.
— E são sempre assim, as lutas?
Soszac negou com a cabeça.
— Não, a pessoa tem duas escolhas. Isso é, lutar até esgotar as suas forças, desmaiar, se incapacitar, ou se render. Ou elas podem lutar no vale-tudo, arriscando a vida delas. — ele virou a cabeça e deu um beijinho na lateral do meu seio, antes de voltar a atenção para a tela do computador. — E isso significa mais dinheiro.
Desci a mão pelo seu pescoço, repousando-a no seu ombro, mas desviei o olhar da tela do notebook quando a luta começou, diferente de Soszac, que estava vidrado em tudo o que acontecia lá.
— E... — pressionei a têmpora dele no meu seio, chamando sua atenção para mim. — ...qualquer um pode lutar nessa gaiola?
Soszac apenas meneou a cabeça, sua atenção completamente voltada para a luta.
— Eu...uh... — molhei o lábio inferior com a ponta da língua e olhei para o lado. — ...eu quero participar.
Um alarme soou na minha cabeça quando Soszac tirou a atenção da luta e olhou para mim, o cenho franzido, seu rosto lindo com uma expressão confusa.
— O que você disse? — ele perguntou, um pouco abismado, como se não tivesse entendido.
— Eu disse que eu quero lutar! — exclamei, um pouco alto demais, o que fez a minha garganta arranhar e a minha voz falhar.
— Você só pode estar brincando. — ele começou a rir, e isso só serviu para me irritar mais. — É, você está brincando.
Ele meneou a cabeça em negação, e voltou a atenção para a tela do notebook.
Tirei o braço dele da minha cintura e me afastei, verdadeiramente irritada.
— Por que você acha que eu estou brincando? Você acha que eu não sou capaz?
Soszac se levantou, girando os ombros para trás, sua máscara fria voltando ao seu rosto. Ele me olhou de cima, — realmente, me olhou de cima, — como se eu devesse me curvar sobre os seus pés.
— Tiziana. — foi a única palavra que ele disse, e não exigia discussões. — Você não vai lutar.
Cerrei o maxilar, segurando as lágrimas de frustração que ameaçaram sair pelos meus olhos. Decidi ir por outro caminho, um muito mais fácil.
— Mas querido... — me aproximei dele, tocando seu peito. Soszac apenas me observou, inflexível. Mas ele não me enganaria, seu corpo estava tenso agora que eu estava perto. — ...eu não vou lutar no vale tudo.
Mordi o lábio, olhando para ele sob os cílios, e colei meu corpo no dele, pressionando os meus seios em seu estômago ondulado.
Soszac estreitou os olhos, ainda não convencido.
Suspirei pesadamente, olhei para baixo, em busca de alguma alternativa. Mas só me restou a verdade. Nada melhor que a verdade e uma pitada de incentivo.
— Eu só quero saber como é estar lá, dentro daquela gaiola, sentir a adrenalina... — pressionei um beijo no meio do peito amplo, e subi as mãos pelos braços fortes de veias saltadas.
— Você quer apanhar? — ele grunhiu, irritado, e se virou, me afastando dele. — Merda, garota maldita!
Pisquei várias vezes, segurando o sorriso quando percebi que ele estava cedendo.
— Eu não vou despreparada. — garanti, dando um passo hesitante em sua direção.
— Você não vai! — ele gritou, me assustando.
Quando Soszac virou eu dei um passo para trás, meu coração saltando dentro do meu peito, descontrolado quando os seus olhos encontraram os meus. Escuros, raivosos, e mais, algo mais.
— Soszac... Você pode me arrumar um treinador... — parei quando a minha garganta arranhou. Tive mais uma série de tosses, coloquei a mão na garganta e fui me sentar na cadeira que Soszac estava minutos atrás.
Soszac já estava na minha frente, sua mão afastando a minha para acariciar a minha garganta, massageando suavemente.
— Dói? — ele perguntou, ainda carrancudo.
Não o olhei dentro dos olhos, em vez disso, olhei para baixo, para minhas mãos no meu colo.
— Não muito. — murmurei, a minha voz ainda rouca. Olhei para Soszac, eu estava aparentemente esperançosa, já que quando Soszac olhou para mim ele suspirou pesadamente e desviou o olhar. — Soszac, por favor, eu quero fazer isso, eu preciso fazer isso.
Ele levantou o olhar para mim, sério.
— Tudo bem. — tentei não demonstrar o quanto fiquei animada com a idéia de lutar em uma gaiola, mesmo com todo aquele sangue. — Mas ninguém vai te ensinar nada, a não ser eu. — ele deslizou o dedo até o meu queixo, segurando firme com o polegar e o indicador. — E você só entra na porra de uma gaiola quando eu disser que você está pronta para isso, você me entendeu?
Sorri, vendo como seus olhos brilharam para mim, provocadores e raivosos.
— Entendido. — lhe dei um selinho e o abracei, empolgada. — Obrigada.
Ouvi ele bufar, mas não tive como evitar o aperto no peito quando ele me abraçou de volta, muito terno e cuidadoso. Esse ainda é o Soszac que eu conheço?
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