•Capítulo Trinta e Um•
ABRI OS OLHOS DEVAGAR, A MINHA RESPIRAÇÃO ainda estava ofegante, o espaço entre as minhas pernas doía como o inferno e gotas de suor escorriam pelo meu corpo. Soszac estava deitado ao meu lado, completamente nu. Estava quieto, quase não podia ouvir a sua respiração, ao contrário de mim, que sugava o ar como se a minha vida dependesse disso.
Foi quando, sem avisar, ele se estendeu sobre mim, colando o corpo nu e suado ao meu, me obrigando a abrir as pernas para ele.
Ele me beijou, o beijo mais quente e sedento que me dera hoje, me tirando de órbita. Então ele se afastou rapidamente, um pequeno sorriso lampejando pelos lábios bonitos.
Estreitei os olhos para ele, foi então que me sentei, mas o meu braço deu um puxão. Atordoada, olhei para o que me prendia, e encontrei uma fodida algema presa ao redor do meu pulso, e presa na cama.
— O-o que é isso? — puxei o braço com força, tentando me livrar da algema, mas parei com um pequeno grito quando o metal irritou a minha carne. — Soszac!
Olhei para ele de novo, sentindo o meu coração batendo mais forte no peito, mais rápido.
Mais que o normal.
— Você vai ficar aí até que eu termine a minha conversa com Stefano.
Levantei uma sombrancelha, segurando a ironia que ameaçava explodir de dentro de mim.
— Ele ainda está aqui? — perguntei, relaxando um pouco. Abri as pernas, lhe dando uma visão privilegiada de mim. — Hum...
Soszac estreitou os olhos para mim, cerrando a mandíbula enquanto seus olhos escuros escorregavam sobre o meu corpo.
— Será que ele nos ouviu? — sussurrei, do modo mais sensual que conseguira.
Arqueei as costas, rebolando o quadril e fechei os olhos, gemendo sob o seu olhar escuro. Abri os olhos devagar, mordendo o lábio inferior. Soszac deu um passo determinado para frente, todo o meu corpo se agitou com a idéia de tê-lo de novo... Mas ele parou, balançou a cabeça e foi na direção oposta. Parecendo atordoado, Soszac entrou no closet e saiu depois de alguns segundos, vestido apenas com uma bermuda escura de tecido leve.
Ele foi na direção da porta, mas o parei quando chamei por ele. Soszac parou com a mão na maçaneta, sequer olhou para trás quando disse: — Você passará o resto do dia aqui, maldita.
Soszac saiu sem mais nenhuma palavra, me deixando irritada, imaginando as várias formas que eu queria matá-lo.
ACORDEI NO MEIO DA NOITE COM BRAÇOS E pernas ao meu redor. Estava quente, muito quente, mas nada era melhor do que ouvir Soszac ressonando baixinho contra os meus cabelos enquanto ele dormia.
Mordi o lábio, rindo como uma boba apaixonada enquanto sentia seus membros em cima de mim, me pressionando para baixo contra o colchão. Nunca antes tinha imaginado que estaria assim com Soszac um dia, sequer pensara que gostaria de estar assim com um homem.
Mas ele era... Diferente.
Mesmo com toda a sua arrogância e brutalidade, ele prendia a minha atenção, e movia o inferno fora de mim, me fazendo odiá-lo e me deixando quente momentos depois.
Éramos atraídos um pelo outro, isso não era algo a negar. Éramos muito parecidos em algumas coisas, temperamento por exemplo. Mas em outras... Éramos completamente diferentes.
Muito devagar, tirei o braço de Soszac da minha cintura, parando quando ele murmurou alguma coisa e voltou a dormir. Respirei fundo e tirei a sua perna de cima das minhas, sentando quando estava livre. Suspirei, dando uma olhada por cima do ombro.
Seu corpo estava coberto pelo edredom até os ombros, podia ver bem a silhueta esguia e definida contornando por baixo do tecido fofinho.
Aquele corpo.
Esse corpo me trouxe tanto prazer apenas algumas horas atrás, se é que foram horas.
O quarto estava completamente escuro, a única luz era a luz do abajur na mesinha de cabeceira de Soszac, que permanecia acesa, clareando suas feições duras.
Com um suspiro, me levantei da cama e peguei a primeira camisa dele que vi, — essa que estava jogada no chão, — e a vesti, tirando os cabelos de dentro da mesma, deixando-os cair as minhas costas enquanto andava na direção da porta do quarto.
A abri devagar e saí, olhando uma última vez para trás, para a figura adormecida em cima da cama.
Fechei a porta atrás de mim assim que saí, sentindo um calafrio percorrer a minha coluna quando um trovão soou alto no céu, indicando uma tempestade iminente.
Molhei os lábios com a ponta da língua enquanto atravessava o longo corredor. Olhei pelas grandes janelas compridas com vidraças quadradas que tinham dos dois lados do corredor, vendo os raios bifurcando no céu, de um lado para o outro, como veias.
Assim que cheguei ao primeiro lance de escadas, aquele calafrio percorreu novamente a minha coluna, fazendo-me estremecer.
Desci devagar, degrau por degrau. A cada passo que eu dava, quanto mais eu me aproximava do segundo andar, o frio se infiltrava pela minha pele, os trovões soavam mais alto, causando-me calafrios.
Assim que pisei no chão frio do segundo andar a chuva caiu com força sobre o telhado da mansão, enchendo-a com o seu som.
Terminei o último lance de escadas e parei. Me encontrava na entrada da ala sul com mais uma ala, e a minha frente estava o corredor. A única coisa que eu conseguia pensar era: eu preciso aproveitar essa chuva.
E sem pensar em mais nada, saí dali, atravessei a cozinha o mais rápido que eu podia, realmente correndo, e fui para fora.
Parei abruptamente quando senti o primeiro contato da chuva contra os meus cabelos e o meu rosto, logo depois a água desceu em abundância pelo meu rosto, infiltrando o tecido fino da blusa e tocando a minha pele como línguas frias.
Devagar, fui até a piscina e parei na sua borda, de olhos fechados, sentindo o meu coração batendo forte no peito a cada segundo que passava.
Fechei os olhos e inclinei a cabeça para trás, deixando as gotas grossas da chuva tocarem o meu rosto.
Passaram-se segundos, minutos, não sabia.
Ouvi passos pesados, e antes que eu pudesse me virar, fui atingida na parte de trás da nuca com algo duro. A dor irradiou pela minha cabeça, desceu pela minhas costas, atravessando a minha coluna, e no próximo segundo eu estava caindo na água, sendo rodeada por ela. Ela estava em todos os lugares e eu não conseguia fazer nada mais que tentar puxar o ar.
Não conseguia me mover.
A última coisa que eu vi quando o meu corpo virou como uma cobra embaixo d'água foi uma silhueta. Ou era uma sombra? Não sabia, eu não conseguia ver, pois aquela sensação de estar sendo sufocada, dos meus pulmões ardendo por ar, e cheios de líquido, tomou todo o meu corpo, estava sendo tomada pela escuridão.
Soszac
Slash!
Abri os olhos com o barulho.
A primeira coisa que eu pensei quando olhei para o teto escuro do meu quarto, foi que eu estava no meu quarto. E a segunda, era que eu estava sozinho. A terceira? Que tinha algo fodido errado.
Me sentei rapidamente, dando uma olhada para o lugar vazio ao meu lado. Eu sabia que ela não estava lá assim que abri os olhos.
Me levantei e fui na direção da janela, puxei a cortina. Podia ser algo de intuição, não sei, mas foi a primeira coisa maldita que pensei em fazer porquê, estranhamente, sentia que estava relacionado a minha garota maldita.
Olhei para baixo, podia ver apenas uma parte da piscina. Tudo parecia certo olhando de cima, e eu pensei isso, já que chovia forte e era normal a água estar inquieta. Comecei a me afastar, mas resolvi dar mais uma olhada.
Estreitei os olhos quando vi algo incomum. Sangue. Tinha sangue na piscina.
Irrompi para fora do quarto antes de pensar em qualquer coisa. A única merda que importava agora era que tinha sangue na piscina e Tiziana não estava na minha cama, como deveria estar.
Desci as escadas o mais rápido que pude, de dois em dois degraus, e irrompi como um cão bravo pela cozinha. Derrapei em meus pés quando saí pela porta dos fundos, a chuva me molhando dos pés a cabeça. O frio não era nada naquele momento.
Olhei para a piscina, uma fúria silenciosa tomando conta de mim... E medo. Maldito medo.
Corri e pulei assim que cheguei a margem da piscina, tentando ignorar a imagem do corpo de Tiziana seminu, boiando na piscina, envolto por sangue claro.
Mergulhei fundo, passando por baixo dela.
Subi o mais rápido que conseguia e enlacei o corpo pequeno com os braços, emergindo sobre a água avermelhada.
Respirei fundo pela boca, sustentando o corpo de Tiziana com mais força contra o meu.
Por que maldição eu não conseguia sentir o seu coração batendo contra o meu peito? Por que ela estava tão mole, tão quieta?
Nadei rapidamente para a beira da piscina, e sem rodeios, coloquei-a na margem da mesma e subi ao lado dela.
Estava ofegante, não sabia o que fazer. Primeiros socorros, sim. Mas como eu ia fazer essa merda, quando eu só conseguia pensar que ela estava muito quieta, e muito roxa?
— Tiziana... — chamei, dando pequenos tapas em seu rosto.
Ela continuou ali, deitada, sangue saindo de algum lugar na parte de trás da sua cabeça.
O que eu entendia de primeiros socorros? Nada, porra!
Olhei para o seu corpo, para a minha camisa molhada cobrindo quase nada do corpo nu.
Não podia deixá-la morrer.
Tapei seu nariz, ignorando o quanto sua pele estava fria, e fiz a respiração boca-a-boca. Ou tentei.
Tentei várias vezes.
— AQUI! Porra, venham aqui! — Gritei, esperando que um dos meus soldados estivesse perto o suficiente para me ouvir.
Quando eu mais precisava eles não apareciam, para que estava pagando essas porras?
Tentei mais uma vez.
Tiziana tossiu, expelindo água pelo nariz e pela boca. Virei-a de lado, agradecendo internamente aos céus por tê-la trazido de volta.
Hahahahaha! Vou deixar todas na curiosidade!
Comentem bastante o que estão achando do livro? Em breve, "Gaiola Dourada" na Amazon! Conto com vocês por lá eim!
Espero que tenham gostado, até o próximo capítulo!
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