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•Capítulo Trinta e Cinco•


Entramos na mansão, Soszac atrás de mim enquanto eu liderava o caminho. Estava vestida com a minha roupa de antes, e assim que subimos os lances de escadas eu fui para o quarto, surpresa quando Soszac não me seguiu. Ele fora para o escritório dele, o que era algo estranho dele fazer em uma situação como essa.

Fiquei parada no meio do corredor por alguns segundos, olhando para a porta do escritório no início do mesmo.

Pisquei algumas vezes depois de um momento e fui para o quarto, precisava de um banho quente e demorado para tirar aquela dor no meio das minhas pernas, e precisava pensar além de tudo.

E foi isso que eu fiz, tomei um banho demorado, tirei todo o suor do meu corpo e relaxei um pouco. Depois de alguns minutos, saí do banheiro e fui para o closet. Vesti uma camisola de tecido fino e peguei um dos roupões felpudos do cabideiro de Soszac. Os roupões dele eram os melhores, enormes e quentinhos.

Puxei o meu cabelo atrás da cabeça e o amarrei com um elástico, então saí dali e do quarto, atravessando o corredor. Parei por um momento na frente da porta do escritório, pensando se devia entrar e conversar com Soszac, mas decidi que era melhor descer e comer alguma coisa.

Algo macio e quentinho deitou sobre o meu pé, olhei para baixo e encontrei Maik ali, me olhando com sua carinha de cachorrinho carente. Sorri e me abaixei, pegando ele em meus braços. Maik lambeu o meu queixo, todo assanhado.

— Você está com fome, rapazinho? — perguntei, descendo as escadas com ele.

Quando cheguei na cozinha, peguei a pequena tigela de porcelana e a enchi com ração para Maik, enquanto isso fui para o fogão ver o que tínhamos para hoje. Nada.

Bufei, mas não desisti. Faria massa, afinal, era a única coisa que eu sabia fazer.

Fui para a geladeira e a abri, encontrei uma garrafa de vinho tinto pela metade. Peguei-a e também o queijo que tinha ali. Seria o melhor macarrão que eu faria. Ou o pior.

Peguei uma taça do armário e a enchi com vinho, tomei um grande gole, suspirando pelo nariz com o gosto forte e doce.

Coloquei a água no fogo para ferver em uma panela e me sentei em uma das cadeiras da mesa comprida que ficava ali, bebericando o vinho.

Passos na escada chamaram a minha atenção, olhei para a mesma, esperando Soszac aparecer, e não demorou muito para isso acontecer.

Prendi o fôlego quando o vi. Lindo como sempre, vestindo uma calça de moletom, seus pés descalços. Soszac atravessou a cozinha sem olhar para mim, estava sério.

Então esse seria o seu castigo, ele iria me ignorar?

Dei de ombros e continuei a bebericar o meu vinho. Não era conhecida por correr atrás de ninguém, mesmo que nunca tivera a chance. Não ia começar com Soszac.



A LUZ FOI ACESA NO MEIO DA MADRUGADA, ABRI os olhos atordoada, tentando entender o que merda estava acontecendo ali. Mais um ataque russo? Japoneses?

Olhei para cima, esfregando os olhos, e me sentei devagar, gemendo de sono. Suspirei e olhei para a frente, prendendo o ar quando encontrei os olhos escuros de Soszac me fitando.

— O que foi? — perguntei, me irritando com a sua intrusão. Não, não intrusão, já que eu estava no quarto dele.

Soszac estava parado ao lado do interruptor de luz, o dorso nu, usando uma bermuda de box vermelha. Estreitei os olhos, tentando entender o que ele estava aprontando.

— Saia da cama. — ele disse, não, ordenou.

— O quê? — exclamei alto. — Você sabe que horas são isso?

— Sei, são quase quatro da manhã. — ele andou até o meu lado da cama e puxou o edredom que me cobria.

Segurei o mesmo, tentando impedí-lo de fazer alguma babaquice.

— O que você está fazendo? — gritei, me debatendo debaixo do edredom.

— Você queria treinar, não queria?

Levantei as sombrancelhas surpresa, e vacilei por um momento.

— O-o quê?

Soszac bufou e puxou o edredom de cima de mim, me deixando só de camisola. Ele percorreu o meu corpo com o olhar, mas não se deixou abalar por isso.

— Levante-se.

— Mas agora? No meio da noite? — perguntei, não crendo que aquilo estava realmente acontecendo.

— Sim. — ele se virou e foi na direção da porta, mas parou e olhou sobre um dos ombros largos. — Não demore, vou te esperar na cozinha.

Meneei a cabeça e o observei sair, eufórica.





Olhei descrente a academia ao meu redor. Era grande e bem equipada, com um ringue no meio da mesma.

— Uau! — exclamei, seguindo Soszac para dentro. — Eu não sabia que tinha essa academia dentro da mansão.

Soszac não me respondeu, ele continuou andando até o lado do ringue, onde tirou a camisa — que eu não tinha idéia de como ele conseguiu — e a deixou pendurada nas cordas.

Apertei o meu rabo de cavalo alto e fui pra perto dele, querendo tocar seu abdômen trincado. E foi isso que eu fiz, sem pensar duas vezes. Estendi a mão e espalmei nos cumes do abdômen definido, suspirando quando ele contraiu.

Levantei o meu olhar para ele, o queria e estava deixando isso bem explícito. Ele era o meu marido, é o dever dele, certo? Já que ele não me deixou gozar mais cedo...

— Você vai fazer aquecimentos. — ele falou antes que eu fizesse alguma coisa, se afastando e ficando de costas para mim.

Mordi o lábio e fui atrás dele, abraçando-o por trás. Me ergui na ponta dos pés, deixando um beijo molhado em sua nuca. Soszac ficou rígido, segurando as minhas mãos na barriga dele quando tentei deslizá-las para baixo.

— Eu quero me aquecer... — falei em tom baixo, mordendo seu ombro levemente. — ...mas de outro jeito.

Ele suspirou, mas me surpreendeu quando afastou as minhas mãos dele e se afastou, me deixando petrificada no meu lugar.

Ele tinha acabado de me rejeitar?

— Aquecimentos. — foi a última coisa que ele falou antes de entrar no ringue e me deixar  sozinha.








— ASSIM? — PERGUNTEI, INCLINADA PARA FRENTE, tocando as pontas dos pés com os dedos.

Soszac segurava o meu quadril em um aperto estrangulador enquanto eu fazia os alongamentos que ele me mandara.

— Sim. — rosnou.

Sorri, não tinha sequer trinta minutos que ele estava me ajudando com os alongamentos e já estava pondo-o louco.

— Ai, ai, ai! Minha coluna! — exclamei com fingimento, ficando rígida.

Soszac pressionou a mão aberta na base da minha coluna, empurrando para baixo.

— Está melhor? — perguntou, uma pitada de preocupação em sua voz.

— Sim... Ai..

Um sorriso malicioso tomou os meus lábios, sabendo que aquele jogo já estava ganho.


ESTIQUEI OS BRAÇOS ACIMA DA CABEÇA, ESPREGUIÇANDO-ME. Um pequeno show para Soszac que estava deitado na cama ao meu lado. Treinamos nos últimos dias, ele veio me acordando durante a madrugada para me treinar, me mostrou golpes básicos de alto-defesa e me ensinou um pouco de Muay Thai.

Todos os músculos do meu corpo estavam doloridos pelo esforço, pelos exercícios e pela musculação que ele estava me obrigando a fazer.

Não era como se eu pudesse contestá-lo, não queria irritá-lo mais do que já estava por causa do meu pequeno show dias atrás.

Me levantei e fui para o banheiro, ignorando aquela pequena fincada no ventre. Tinha alguns dias antes da minha menstruação chegar e eu queria aproveitá-los, mas não tinha como, quando o meu marido se recusava a me tocar de forma íntima. Não pediria a Soszac para foder comigo, não quando sabia que receberia um não.

Depois de um banho, vesti um vestido liso leve que descia até o meio das minhas coxas e vesti um casaco grosso. Desci para a cozinha com Maik em meu encalço, abanando o rabinho.

Depois de colocar sua ração e água para ele, preparei um copo com leite para mim e fiz um sanduíche com pão-de-forma e queijo.

Saí pela porta dos fundos, estremecendo quando o vento frio bateu em meu rosto. Depois de um momento, andei na direção das espreguiçadeiras e me sentei, olhando para a piscina coberta.

Com o inverno sobre nós, não tinha como nadar, e eu sentia que não era só isso.

Desde o dia que me afoguei na piscina,  Soszac vêm ficando mais cauteloso quanto a minha segurança.

Comi o meu sanduíche em silêncio, tomando o leite. Olhei para a vegetação além da mansão, me perguntando se estava tudo bem com isso, comigo e Soszac. As vezes, recebemos o troco na mesma moeda, eu não fiz diferente com ele ao subir naquele palco.

Então por que eu estava sentindo falta dele, querendo que ele voltasse a ser o bruto, arrogante e fodível de antes?

Suspirei, pegando um movimento de esguelha. Olhei para o lugar que vira o movimento, encontrando o olhar daquele mesmo soldado que vinha me observando nos últimos dias.

Devolvi a ele o olhar que me lançava, um arrepio frio subindo pela minha coluna.

Passos atrás de mim me fizeram desviar o olhar dele. Encontrei os olhos frios de Soszac em mim, furiosos. Ele olhou para onde eu estava olhando segundos atrás, para o soldado que estava parado lá, olhando para o outro lado como se não me encarasse a poucos momentos.

Encarei o copo em minha mão, sentindo o formigamento na mão enquanto Soszac parava na minha frente.

Engoli em seco, segurando a vontade de olhar para cima e encontrar seu olhar penetrante, mas cruel.

— Tiziana. — não cedi ao seu tom de comando, ao contrário, continuei olhando para o copo na minha mão. — Tiziana... — rosnou, fazendo-me estremecer.

Com um suspiro derrotado, olhei para cima.

— O que foi?

Soszac estreitou seus olhos em mim, como se procurando algo. Depois de um momento, ele disse: — Nada. — e saiu sem dizer mais nada, me deixando ali sozinha e estranhamente, me sentindo vazia enquanto olhava ele voltar para dentro da mansão.











































Hahahaha, não era o castigo que vocês esperavam, era? Kakakakaka.

Espero que tenham gostado.

Até o próximo capítulo!

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