•Capítulo Sete•
Tiziana
Engoli em seco quando coloquei a minha mão na dele, prendendo o ar quando ele a apertou com um pouco de força - desnecessária - e sorriu de boca fechada.
- A-ah, é um prazer c-conhecê-lo.
Segurei a vontade de gritar por causa do seu aperto, Soszac soltou a minha mão e se recompôs, ele estava visivelmente vermelho de nervosismo. Agora sim, eu tinha um bom motivo para tême-lo.
- Então, já podemos marcar a data do casamento? - papai perguntou, dando-lhe um sorriso.
Se eu não fosse filha dele e o conhecesse bem, diria até que ele é interesseiro, mas o conhecia desde que nasci e sabia que aqueles sorrisos e bom-humor eram forçados, apenas porquê Enrico pedira para ele ser amistoso.
- Como combinamos, para o próximo mês. - Soszac respondeu, mas ele não desviou o olhar de mim.
- Certo. - papai ficou calado por alguns segundos, apenas observando como nós nos olhavámos.
- Giorgio... - Soszac começou de repente, me lançando um olhar de aviso que dizia, "fique quieta", antes de encarar papai. - ...eu quero conversar com você e Enrico em particular, quero que Tiziana também venha.
A minha respiração acelerou, meu coração começou a bater forte no meu peito. Ele não ia fazer isso, ele não ia me fazer passar essa vergonha.
- Agora? No meio da comemoração? - papai perguntou, confuso.
O maxilar de Soszac estalou com a impaciência.
- Agora, é algo sério, e eu quero resolver isso ainda hoje. - ele voltou a olhar para mim, me fulminando com os olhos.
- Tudo bem, espere aqui. - papai disse, antes de sair.
Pati passou o braço no meu e me puxou para trás, me afastando alguns centímetros de onde eu estava.
- Tizi, o que está acontecendo? Por que Soszac te olhou desse jeito? Parece que ele quer te matar!
Balancei a cabeça, começando a sentir o desespero subir pela minha garganta.
Estava tão ferrada, tão ferrada!
- É ele Pati, ele é o Lucca!
Pati tapou a boca com a mão, surpresa.
- Não!
- Sim!
Ela agarrou os meus ombros.
- Tizi, você está ferrada!
- Eu sei disso! - respondi, chorosa.
- E se ele desistir do casamento? - coloquei a mão na testa.
- Meu deus, eu nunca pensei nisso! Poderia ter exigido o nome dele, ou visto uma foto! Meu deus, meu deus!
- Tiziana. - ouvi papai me chamar.
Me virei para trás e encontrei papai me encarando, agora sério, muito sério. Engoli em seco e meus olhos viajaram até o homem que eu me entregara apenas algumas noites atrás, e esse mesmo homem me fitava com ódio, ódio que queimava em seus olhos.
Lá atrás, no arco da entrada do salão principal, estava Enrico, alto e forte, exalando perigo. Ele parecia nervoso também, seus olhos cinzas intensos enquanto olhava para nós.
- Venha. - papai chamou.
Olhei para Patrizia, a mesma me lançou um olhar encorajador antes que eu me afastasse e passasse por papai e Soszac, que me olhou sério.
Suspirei pesadamente enquanto seguia na direção de Enrico com a cabeça baixa, papai e o meu futuro - ou não mais - "marido" atrás de mim, e isso chamou a atenção de todos ali na festa, "todos".
Enrico se virou e atravessou outro salão, - o de visitas, - e entrou em um longo corredor cheio de portas.
Ele foi até a última porta e a abriu, eu podia ver a coronha da sua arma no cós traseiro da sua calça social, ele sempre andava com meia dúzia de armas pelo corpo, pelo menos era o que todos diziam.
Ele entrou na sala e eu entrei atrás dele, parando de lado. Papai e Soszac "o meu Lucca, talvez não mais", entraram e fecharam a porta antes de irem se sentar nas únicas poltronas que tinham na frente da mesa de Enrico.
Assim que todos estavam acomodados e eu estava em pé ao lado da poltrona de papai, as mãos juntas na frente do corpo e a cabeça baixa, Enrico quebrou o gelo.
- Soszac. - ele começou. - Espero que seja algo muito importante.
De esguelha, eu vi Soszac menear a cabeça, mas em nenhum momento olhara para mim.
- É sim, algo muito sério. - sua voz onipotente, fria, agora estava carregada de raiva, um elemento a mais. - Giorgio... - falou para papai. - ...eu fodi a sua filha.
Segurei a vontade de sair correndo dali, a vergonha era demais.
Papai instantâneamente levou a mão ao cós da calça, retirando a arma de lá.
- Acalme-se! - Enrico ordenou, seus olhos agora brilhando com frieza para Soszac. - Você sabe que quebrou uma regra muito severa da famiglia, certo?
Papai ainda estava segurando a arma, atento, sua respiração saindo em bufos rápidos.
- Sim, mas não acho que pensará assim depois que eu esclarecer tudo. - Soszac olhou para mim, mas não levantei a cabeça, permaneci quieta.
- Pois então, esclareça. - incitou Enrico, impaciente.
- Eu estava em uma das boates da Cosa Nostra quando essa menina apareceu e se ofereceu para mim, ela estava vestida com um vestido de paetês vermelhos e saltos altos, não se parecia nem um pouco com as meninas que costumo ver na sua famiglia. - Enrico olhou para mim, sério, mas papai continuou a fitar o chão, como se abismado, envergonhado.
Se eu pudesse, cavaria um buraco no chão e me enfiaria dentro de tanta vergonha, e agora tinha o pior, Soszac poderia cancelar o casamento e eu ficaria com o meu nome sujo. O meu nome, e o de minha família, o da minha irmã.
- Como nunca a tinha visto antes, nem sequer por foto, a levei para um dos quartos da boate e a fodi. - franzi os lábios ao ouvir o seu tom, ele parecia odioso, realmente, chato. Precisava usar a palavra "fodi"? - Agora, Enrico, eu o pergunto, "o que uma menina da sua famiglia estava fazendo em uma boate altas horas da madrugada, atrás de homem?". Certamente se eu soubesse quem ela era, a teria levado para casa e cancelaria o casamento...
"Cancelaria", está no passado, então, ele não vai cancelar...
- E agora, ainda acha que "eu" quebrei uma regra sua? - ele perguntou com sarcasmo.
Enrico respirou fundo, seus olhos cinzas se movendo para mim, decepcionados, e "envergonhados". Minhas pernas começaram a tremer sob o olhar intenso, papai continuava quieto, olhando para o chão.
- Tiziana, isso é verdade? - ele perguntou, pelo seu tom, ele estava ordenando, como fazia com os seus soldados.
Apertei as minhas mãos com nervosismo, suando frio de puro medo.
- E-e...
- Tenho certeza que as marcas da minha posse ainda estão nas coxas dela, e em outros lugares... - Soszac atiçou, despreocupado.
Olhei para ele furiosa, ardendo com raiva repentina. Fodido filho da mãe, ele não podia ficar quieto? Tinha que continuar a me rebaixar assim?
- Sim, Enrico, é verdade, e eu estou disposta a concertar o meu erro, mesmo se precisar cancelar o casamento e...
- Não, eu não vou cancelar o casamento. - Soszac interrompeu.
Enrico olhou para ele surpreso.
- Não vai? - perguntou, cauteloso.
- Não, mas eu quero que você cancele a apresentação de lençóis.
- Não podemos fazer isso, é uma tradição antiga da famiglia! - papai se manifestou de repente.
Soszac continuou sério, não se abalando pelo tom de papai.
- A sua filha não é mais virgem, ela sangrou na sua primeira vez, e eu me lembro bem disso.
- Seu desgraçado! - papai amaldiçoou se levantando, Enrico se levantou também, o parando.
- Se contenha, Giorgio!
Papai enfiou a arma no cós da calça de novo.
- Eu não permitirei esse casamento, Tiziana não irá se casar com você! - Soszac continuou olhando para ele, sério, o desafiando abertamente, o incitando a seguir em frente.
- Giorgio, isso não é mais sua escolha. - Enrico disse, ainda de pé.
- Se a garota não se casar comigo, então eu me encarregarei pessoalmente de que a guerra entre nossas sociedades comecem. - Soszac foi inflexível quando disse isso.
- A última coisa que precisamos agora é que isso aconteça, já estamos cheios com os russos. - Enrico disse para Soszac. - Agora, Giorgio, Tiziana se casará com Soszac, ela não devia ter quebrado uma das nossas regras mais duras.
Suspirei frustrada.
- Não teremos apresentação de lençóis, seguiremos as tradições da família do noivo. - a voz de Enrico estava calma. - Mas em troca Soszac, você não dirá o ocorrido a ninguém.
Soszac deu de ombros.
- Eu não me importo. - me segurei para não pular em cima dele e esganá-lo. - Mas eu quero ter um tempo sozinho com Tiziana mais tarde, tenho que entregar a nossa "aliança" de noivado a ela.
Papai meneou a cabeça negativamente, mas o que mais estava me incomodando era que ele não me olhara uma vez sequer.
- Eu vou voltar para a festa. - papai disse.
- Creio que já estamos resolvidos aqui. - Enrico complementou, dando a volta na mesa.
- Eu também gostaria de deixar homens de confiança para vigiarem Tiziana. - olhei para Soszac, incrédula.
- Já temos os nossos. - papai retrucou.
- Mas eles não foram eficientes o suficiente, não é mesmo? - ele provocou.
Enrico levantou a mão, passando por eles.
- Está resolvido, vamos voltar. - ele apontou a porta. - E você Tiziana, se mantenha, pelo menos o que lhe resta.
Ei meninas, quem quiser um Capítulo dedicado, me mandem msg no privado!
Cada dia postarei o capítulo de um dos livros, amanhã teremos "Atração Proibida". ❤
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