•Capítulo Quarenta e Sete•
Tiziana
Dei um pulo em cima do colchão, o meu coração martelando rapidamente em meu peito quando a porta do meu antigo quarto se estilhaçou, o barulho alto, fazendo Maik chorar assustado ao meu lado.
Esperava que os russos invadissem o quarto, apontando suas armas para a minha cabeça, mas era Soszac que estava lá, me olhando como se eu tivesse voltado do além.
Franzi a testa, sentindo a raiva borbulhar pela minha garganta acima. Nunca, em momento algum, pensei que Soszac arrombaria a porta do meu quarto.
- Você está maluco?! - exclamei alto, jogando a coberta de lado e me levantando. - Que porra pensa que está fazendo?
Ele não disse nada, apenas veio até mim e me puxou para os seus braços, me apertando contra ele. Confusão me tomou, não entendia o porquê do seu carinho repentino, ou sua preocupação.
Deixei que ele me abraçasse, tentando não vacilar em seus braços. Soszac tinha realmente me machucado, não fisicamente, mas emocionalmente. Ele sabe o que ter um filho significa para mim. Ele tinha que ter pelo menos imaginado isso, a maioria das mulheres querem ser mães, e comigo não é diferente.
- O que foi? - perguntei, surpresa pela minha voz sair tão baixa e calma, quase que reconfortante.
Soszac segurou em meus ombros para me afastar um pouco e me olhou da cabeça aos pés.
- Algo está errado? - perguntei, seguindo o seu olhar para baixo.
Ele suspirou, deixando as mãos caírem ao lado do corpo.
- Sinto muito pelo que eu disse mais cedo. - fiquei ali parada, perplexa. Soszac estava se desculpando? Ou quase se desculpando? - Eu me importo com você, e eu já te disse isso. Eu... - ele olhou para baixo, parecendo relutante em continuar. Outra coisa que Soszac não fazia, ele nunca vacilava. - Eu temo muito que você engravide e acabe morrendo, você é importante para mim, eu sinto dentro de mim que, se eu te perder, eu não vou conseguir me recompor de novo, vou enlouquecer. Superei a perda de Martina, mas era muito jovem e não entendia a maioria das coisas que eu entendo hoje. Eu sei, e eu entendo, com toda a certeza do mundo, que eu não quero perder você, ou sequer arriscar perder você.
Estava prendendo a respiração e sequer tinha percebido. Soszac estava realmente se declarando para mim?
Ele me olhava atentamente, querendo ver a minha reação, mas eu não conseguia fazer mais do que ficar parada olhando para ele, incrédula.
- Você não vai dizer nada? - ele perguntou depois de um momento.
Abri a boca várias vezes, mas nada saía. Eu estava tão... Perplexa!
- Tudo bem. - ele bufou, virando-se para sair.
Segurei o seu braço o mais forte que pude, não podia deixá-lo ir. Ele tinha que ficar comigo.
Todo o meu corpo estremeceu quando ele voltou o seu olhar para mim, parecia tão... Angustiado. Era a primeira vez que ele deixava sua máscara fria cair diante de mim, e eu estava me sentindo malditamente mal com isso.
- Eu... - soltei o seu braço, dando um passo para trás. Olhei para baixo, para os meus pés, tentando formar uma resposta decente. A verdade era que eu estava muito mexida com a sua declaração. - Eu estou sem palavras. - Suspirei, mordendo o lábio com nervosismo.
Soszac se aproximou de mim, fazendo com que todo o meu corpo respondesse a sua proximidade. Ele fazia isso comigo, fazia o meu corpo responder tão facilmente, apenas estando próximo.
Ele segurou o meu queixo entre o polegar e o indicador e me fez olhar para ele, naquelas profundezas escuras quase negras que eram os seus olhos.
- Então, está tudo bem agora? - ele perguntou, olhando dentro dos meus olhos.
- Sim, está. - respondi, passando os braços ao redor do seu pescoço.
Ele me beijou devagar, tomando o seu tempo comigo. Quando se afastou, tinha em seu rosto uma expressão tensa.
- Sem filhos? - ele perguntou.
Pensei naquilo por um momento e decidi que se era isso o que ele queria, era isso que ele iria ter.
- Sim, sem filhos.
Quatro meses depois, Agosto de 2021.
Me sentei na cadeira de balanço na varanda da frente da mansão, olhando a linda vista do amplo jardim a minha frente.
Kara estava sentada ao meu lado, tomando uma taça de vinho, completamente em silêncio. Nos últimos meses, Kara e eu havíamos nos aproximado muito. Saíamos juntas, fazíamos passeios incomuns em casais com os nossos homens, até tínhamos começado a praticar mais da autodefesa juntas.
Hoje Vincenzo havia vindo para uma reunião de negócios que Soszac resolvera de última hora realizar na mansão e trouxe Kara para me fazer companhia. Ele estava feliz, e eu podia ver que ela também estava, os dois já tinham marcado a data do casamento para novembro e estavam ansiosos com isso. Eu estava feliz por ela e por ele.
Senti uma fincada em meu ventre, leve, mas que me chamou a atenção. Me sentei ereta, descruzando as pernas, sentindo o meu coração bater muito rápido em meu peito.
- Tiziana? - Kara perguntou, aparentemente preocupada. - Você está bem? Quer que eu chame Soszac?
Olhei para ela, tentando sentir mais daquilo, mas nada veio. Franzi o cenho, olhando para baixo, para o meu ventre. A idéia já vinha rondando a minha cabeça nas últimas semanas, já que minha menstruação não vinha nos últimos quatro meses, mas não me importei pois ela sempre foi desregulada. Mas agora... Agora eu tinha quase certeza.
O meu ventre estava ligeiramente inchado, como se eu estivesse segurando o xixi, mas não levei aquilo em conta, Soszac até disse que eu estava mais sexy do que nunca nos últimos meses, com o meu apetite sexual aumentado.
- Eu... - pisquei várias vezes. - Não sei.
Me recostei, vendo de esguelha Kara me fitando preocupada. Relaxei, alguns minutos se passaram, e então senti novamente a fincada no ventre. Tão ligeira quanto da primeira vez.
Prendi a respiração e me levantei rapidamente, esperando que algo ruim acontecesse, mas nada aconteceu.
- Tiziana, eu vou chamar Soszac. - antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, Kara saiu em disparada para dentro da mansão.
Coloquei a mão no ventre, bem em cima daquele inchaço, sentindo um aperto de ansiedade nas minhas entranhas.
- Tiziana? - ouvi a voz de Soszac atrás de mim, preocupado. Suas mãos seguraram os meus ombros e me viraram para ele.
Eu já estava com lágrimas nos olhos quando ele olhou para os meus olhos, e muito devagar, desceu o olhar para a mão que estava em meu ventre.
Eu tinha que estar grávida, eu sabia que estava.
- SIM, AS SUAS SUSPEITAS ESTAVAM CORRETAS, VOCÊ ESTÁ GRÁVIDA. - a doutora Sara falou.
Sorri, empolgada, e olhei para Soszac ao meu lado, buscando a mesma felicidade nele. Mas ele não estava, nem de longe, parecendo que estava feliz com a minha gravidez.
Abri a boca várias vezes, querendo gritar com ele, dizer o quanto eu estava feliz com aquele filho.
- Eu estou muito feliz! - falei, tentando não me sentir menos do que feliz , mesmo com a reação de Soszac.
- Eu imagino, é o seu sonho. - ela sorriu para mim. - Já podemos marcar o primeiro ultrassom, creio que já podemos saber o sexo do bebê, são quatro meses que esse pequeno ser está dentro de você.
Mordi o lábio inferior, emocionada.
- Para o mais rápido possível, mal posso esperar para saber se é menino ou menina.
ASSIM QUE CHEGAMOS NA MANSÃO, SENTI A URGÊNCIA de falar com Soszac, já que ele não disse uma palavra desde que descobrimos a minha gravidez. Ando mais rápido e subo as escadas da frente o mais rápido que posso, mas Soszac é mais rápido e entra na mansão como um furacão.
Corro e seguro a porta que ia bater, parando no salão de entrada e o chamo.
- Soszac! - chamei, quase gritando por ele. Ele entra no corredor e eu vou atrás dele, sentindo o meu coração bater rápido. - Ei, vamos conversar!
- Agora não. - diz sem parar de andar, e começa a subir o primeiro lance de escadas.
O meu coração aperta em meu peito com a sua recusa. Paro, observando-o subir a escada e sumir no topo da mesma. Fico ali parada, pensando em o quão sortuda eu era, e o quão triste estava por Soszac não aceitar a gravidez. Mas eu teria esse filho, com, ou sem ele.
Espero que tenham gostado!
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