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Capítulo 2


O sol já estava quase surgindo no horizonte, quando terminaram o buraco e se esconderam dentro. Jogaram um pequeno montículo de terra na abertura, para escondê-la e esperaram pelos vários sons de passos dos inimigos passarem por eles e atravessarem para todos os lados, seguindo viagem. Assim que ficou mais seguro, cavaram uma pequena abertura, transformaram-se em pequenos mosquitos e partiram, deixando um felpudo ansioso e preocupado para trás.

Abigail, Miguel e Elisa tentavam constantemente voar juntos em linha reta, mas a cada pequena brisa eles eram retirados das suas rotas. Um imenso esforço estava sendo feito apenas com a transformação e não perceberam que ainda tinham também o desafio do voo.

Eles conseguiram voar muito bem até a metade do percurso. Já podiam avistar os escravos abaixo deles. Estavam passando agora por uma zona perigosíssima para qualquer pequena criatura. Um cheiro extremamente rançoso e moribundo vinha de baixo e os meninos notaram com grande surpresa e desanimo que mesmo em forma dessas pequenas criaturas, eles tinham um olfato muito bom e o mais curioso é que sentiam o cheiro através de suas pequeninas antenas.

Não foi nada agradável passar por aquele fedor todo, mas o pior ainda estava por vir e infelizmente nem tudo vai bem, conforme planejamos. Às vezes a vida nos surpreende e não de uma forma muito boa.

O primeiro a demonstrar sinal de fraqueza foi Miguel. Ele estava voando cada vez mais baixo e sendo levado com o vento para o leste.

Elisa viu o seu amigo se distanciando, mas não conseguia mover-se nem um pouco fora da rota para ajudá-lo. Ela mesma se encontrava quase no limite das suas forças.

Abigail demorou um pouco para perceber que seu amigo não estava mais perto das duas, ela estava mais preocupada com a distância para olhar para trás. Eles ainda estavam um pouco longe da fortaleza. Não tinham previsto que o caminho seria tão árduo e precisavam alçar uma maior altitude, por causa dos escravos.

Foi então que ela ouviu uma espécie de silvo muito baixo, se misturando quase com o vento. Era Elisa, ela estava logo atrás, tentando chamar a sua atenção, mas sem conseguir pronunciar qualquer som mais alto. Abi viu a pequenina cabeça de Elisa apontar para o lado direito, mas distante e quase no chão. E para o horror de Abigail, uma pequena muriçoca estava quase pousando, muito perto do calcanhar de uma jovem escrava que se movimentava lentamente para frente e para trás.

Não havia alternativa, Abi precisava retornar urgentemente para ajudar o amigo e torceu com todas as forças para que a escrava não pisasse um pouco mais para trás, onde o amigo já se encontrava semiconsciente no chão. Com uma velocidade surpreendente, a garota partiu para resgatá-lo e em poucos segundos o tinha alcançado. Assim que se aproximou viu Miguel de olhos semiabertos, quase fechando.

Ela tentou empurrá-lo com suas perninhas para reanimá-lo. Não havia muito o que pudesse fazer naquela forma. Ela não conseguia carrega-lo. Suas patinhas de muriçoca eram tão finas e frágeis que não suportavam carregar o peso do amigo.

Tentou então falar alguma coisa, mas nada saía a não ser um silvo extremamente baixo. O calcanhar da escrava estava se aproximando cada vez mais deles. A qualquer momento eles seriam esmagados.

Abigail então rezou, "Deus, se houver alguma forma de eu conseguir transmitir algum poder meu para ele, permita-me fazer isso". Ela pôs as patinhas em Miguel, mas não conseguiu obter resultado algum. Ficava cada vez mais desesperada.

– Isso tem que dar certo! – pensou – Isso vai dar certo! Tem que ser possível!

Ela parou com tudo que estava fazendo, puxou longamente o ar. Não sabia se seria possível, mas ia morrer tentando. Só esperou que tivesse concentração o bastante para o que pretendia fazer.

Procurou sentir seu poder e o de Miguel. O do amigo era quase imperceptível, mas estava lá, ainda pulsante! Colocou duas patinhas em cima dele mais uma vez. O imenso calcanhar estava agora a centímetros deles no alto e começou a baixar para o solo. Iam ser esmagados a qualquer momento. Porém Abigail nada via, a não ser Miguel na sua frente e com toda a sua vontade tentando passar parte do seu poder a ele novamente.

O calcanhar agora estava a centímetros do chão. Uma pequenina rajada de ar com uma quantidade grande de terra suspensa passava entre eles, quase tirando os dois mosquitos do solo. Ainda assim, Abi não soltava o amigo de maneira alguma.

Se Abi olhasse para o pé gigante, poderia ter visto todas as fissuras e feridas que estavam ali. Mas ela não abria mais os olhos para nada. Ela apostou sua vida nessa sua empreitada e se não conseguisse dessa forma, iria morrer na tentativa.

Os segundos foram se arrastando. Talvez fosse os últimos segundos da sua breve vida. Mas foi então que ela sentiu.


🐍 E aí, povo? O que acharam?

Gostou, clica lá na estrelinha que ficarei profundamente grata ;)

Alguém aqui acha que teria uma solução melhor do que a que Abigail encontrou? Lembrando do ambiente em que se encontram. Cheio de escravos, olhando para todos os cantos a procura de insetos e animais maiores para se alimentarem. xD

Desculpem-me pelo capítulo curto essa semana, fiquei muito atarefada e terminei tendo pouco tempo. Mas espero que ele tenha sido bom. ^~^ 

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