Aberto 24h
A rua estava bem movimentada, mas a farmácia contemplava a briga de duas mosquinhas no balcão. Eu poderia ter ido para casa ou ter encontrado meus amigos na festa que o Eunhyuk me convidou, mas simplesmente troquei de turno com minha colega de trabalho para que ela pudesse viajar com seu marido.
A farmácia funcionava 24 horas por dia, todos os dias incluindo final de semana e feriados. Eu ainda não tinha ficado com o turno da noite, que para a primeira experiência parecia bem menos ativo que o dia. Geralmente eu ficava no balcão atendendo os clientes, lendo receitas médicas, sugerindo medicamentos até onde era permitido para um farmacêutico. Mas naquela noite eu estava sozinho, sem ninguém para usar a caixa registradora, outro colega de profissão e sem um gerente. Ninguém queria passar a virada do ano trabalhando, eu também não queria, mas meus colegas estavam tão melancólicos, e sendo meu primeiro mês trabalhando ali, me senti levemente pressionado a trocar de lugar com a senhora Kim.
Deixei o rádio ligado, e estava tendo uma longa playlist festiva para comemorar a virada do ano. Era o único som real naquele ambiente.
Encostei na porta de braços cruzados e apenas observei a rua sem nada para fazer desde que comecei a trabalhar naquele dia. Tinha tido um dia inútil por conta disso. Estava acostumado a trabalhar pela manhã e tarde. Mas quando acordei naquele dia, não soube o que fazer e vivi um ócio de espera chato.
Talvez tivesse uma festa no prédio da esquina, porque passaram muitas pessoas arrumadas, quase todas vestidas de branco, e entraram no local. Pelo menos eu também estava vestindo branco, mesmo que fosse o jaleco.
Tentei encontrar o que fazer e me concentrei em ajeitar a prateleira com as fraldas.
— Eu sou ou não a melhor amiga que você poderia ter? — Uma mulher com uma boina vermelha entrou empolgada na farmácia.
Ela assustou-se em me ver e abraçou a sacola que estava segurando. Soltei a fralda e fui até o balcão pronto para atendê-la, mas a moça continuou olhando em volta como se tivesse entrado no lugar errado.
— Em que posso ajudá-la? — Perguntei trazendo sua atenção para mim.
— O-Oi. — Ela se aproximou tentando olhar para os fundos. — A Eun Ji ainda não chegou?
— Ela não vem. — Respondi.
— Por quê? — Ela arregalou os olhos. — Aconteceu algo com ela?
— Bom... Acho que ela tinha um compromisso muito importante. — Esclareci para a figura colorida no meio da farmácia branca, porque além de uma boina vermelha, ela usava um casaco amarelo e por baixo um suéter verde. — Estarei aqui no turno da noite e madrugada.
— Nunca te vi por aqui. — Ela acusou parecendo chateada. — E eu moro nesse bairro há cinco anos.
— É meu primeiro mês aqui.
— Aff. — Ela bateu o pé no chão. — Ela nem me avisou. — Torceu a boca e ergui as sobrancelhas quando arregalou seus olhos para mim. — Então ela foi viajar com o traste do marido?
— É... Bem... Não sei os detalhes. — Gaguejei sem saber bem por que motivo.
— Verdade, não tem como você saber. — A mulher pareceu desanimada e deixou seu braço cair, deixando a grande sacola ficar pendurada, quase tocando o chão. — Mas poxa!
Minha atenção foi levada para duas meninas que entraram sussurrando. Continuei no balcão esperando que elas se aproximassem e uma empurrou a outra de repente. A garota me sorriu sem jeito e continuou olhando em volta.
— Em que posso ajudar? — Perguntei.
— Então, eu vou querer remédio para dor de cabeça. — Disse parecendo perdida.
Peguei o analgésico, depois ela pediu relaxantes musculares, balas de menta, gengibre, lenços umedecidos, protetor labial, pastilhas de cânfora... Eu podia ser meio lerdo na maioria das vezes, mas parecia que na verdade não era nada daquilo que ela queria levar.
— Pede logo. — A amiga a cutucou e depois limpou a garganta quando me olhou. Elas eram muito jovens, talvez ainda estivessem no ensino médio.
As duas garotas continuaram me observando com grandes olhos pidões, parecia até que elas queriam que eu lesse suas mentes, o que era impossível.
— É absorvente? — A mulher da boina vermelha se aproximou das meninas. — Querem que eu peça?
— Não é. — Uma respondeu sem graça.
Logo ela sussurrou algo no ouvido da mulher colorida, que abriu a boca surpresa e as três se juntaram aos cochichos. Eu não sabia se elas estavam comemorando ou lamentando. Vez ou outra eu era encarado como se fosse culpado de algo.
Ajeitei meu jaleco quando a mulher da boina se aproximou. Ela encostou o cotovelo no balcão e não me encarou diretamente, pareceu que estava gravando uma cena dramática quando suspirou profundamente enquanto fitava a porta.
— Um teste de gravidez, por favor. — Ela disse e fez um gesto com a mão como se estivesse pedindo um drink num bar.
Apenas peguei o teste e tentei não manifestar nada enquanto uma das meninas efetuava o pagamento. Me senti observado pela mulher da boina como se ela fosse uma policial e eu um criminoso.
— É assunto confidencial. — A mulher da boina me disse e assenti com a cabeça, não era como se eu fosse contar para alguém que um teste de gravidez foi comprado.
As três saíram apressadas e nem parecia que haviam acabado de se conhecer. Até suspirei aliviado, mas enchi o peito de ar novamente quando a mulher colorida voltou.
— Eu não as conheço. — Disse-me rindo. — Nem sei porque fui junto.
Concordei sem dizer nada.
— Meu nome é Nam Hee. — Ela falou de repente. — Não me apresentei.
— Sou Dong Hae.
— Eu sei. — Ela sorriu e ergui as sobrancelhas. — Você está usando um crachá. — Apontou para o bolso do meu jaleco.
— Você é policial? — Perguntei sem entender porque me sentia tão acuado por aquela mulher.
— Como você sabe? — Ela disse analisando suas próprias roupas.
— Foi só um palpite. — Sorri um pouco.
— Aah. — Riu e questionei internamente se ela não iria embora. — Eu ia ficar de plantão hoje também, mas consegui uma folga de última hora e como minha amiga ficaria aqui... Eu quis fazer uma surpresa e passar a virada do ano com ela. E agora quem vai ficar sozinha sou eu. — Gargalhou sozinha e eu tentei sorrir. — Não é triste?
Nenhum amigo meu se ofereceria para ficar comigo no meu turno, estavam todos indo à festas e planejando beijar alguém na virada do ano.
— Bom, agora você pode fazer algo. — Falei.
— É... — Murmurou desanimada. — Então, boa noite.
A observei sair arrastando a sacola que carregava. Mas antes que eu pudesse respirar, ela virou-se novamente e voltou como se fosse me acusar de algo.
— Você... — Ela disse me encarando, com apenas o balcão entre nós. Nem percebi que mantive a respiração presa. — Pode aumentar o rádio? Eu amo essa música!
Então percebi que estava tocando alguma música de kpop de um grupo feminino. Estiquei meu braço e aumentei o som. A mulher ficou ali encostada cantarolando o som.
— Hit you with that ddu-du ddu-du du... ah yeah, ah yeah. — Ela cantou olhando para fora. — Você aceita um café? Eu vim equipada, sabe?
E da sacola ela tirou uma garrafa térmica e dois copos descartáveis.
— Aqui. — Empurrou um copo para mim. — Café é minha bebida favorita, é a única droga que eu consumo.
— Também gosto muito. — Assenti sentindo o aroma agradável da bebida. — É uma pena que eu sofra de insônia, porque gostaria de poder beber mais café.
— Eu também! — Ela disse empolgada, meio emotiva. — Mas como hoje estamos de plantão, um cafézinho não faz mal, não é?
Nam Hee deu uma risadinha e eu assenti logo aproveitando um gole do café quentinho. Mas, espera. Estamos de plantão?
— Você não vai para casa? — Murmurei, mas ela não prestou atenção em mim, já que um senhor entrou na farmácia.
O senhor, que certamente já era idoso, se aproximou do balcão sorridente. Eu deixei o café de lado para atendê-lo.
— Boa noite, jovens! — Ele disse e acenei com a cabeça.
— Boa noite! — Nam Hee respondeu sorridente debruçada sobre o balcão, bebendo seu café.
— Onde ficam os preservativos, meu rapaz? — Ele perguntou com os olhos piscando.
— Ali. — Apontei para a direção das prateleiras.
Me voltei para a garota colorida quando o senhor foi às prateleiras, pronto para questionar se ela não iria embora. Mas antes que eu pudesse abrir a boca, o senhor voltou quase correndo para o balcão e despejando embalagens diversas na superfície.
— Me diga, qual é melhor, esse ou esse aqui? — O homem de cabelos grisalhos a minha frente ergueu dois pacotes e mirou em mim com olhos arregalados.
— Bem... — Gaguejei sem jeito.
— Hoje em dia tem tantas novidades para esse mundo sexual. — Ele riu e sorri sem jeito assentindo. — Você é um rapaz muito bonito e atraente. — Disse de repente. — Me diga, o que você faz para agradar as mulheres? Tem algum truque na hora H que... Pam! Você sabe.
Sorri sem jeito, principalmente quando Nam Hee soltou uma risadinha.
— Bem... — Pigarreei sem saber o que dizer para aquela situação. — Isso é algo pessoal entre o senhor e sua parceira.
— Vou contar algo a vocês, é a primeira vez que vou fazer sexo com alguém depois de 20 anos. — Ele contou empolgado alternando o olhar entre mim e Nam Hee. — Sinto que perdi o jeito. Quero fazer algo especial, entende? É sério... — Ele aproximou seu rosto de mim e fez gestos com a mão que eu me aproximasse. — Compartilhe uns truques com esse velho.
Nam Hee também se aproximou curiosa e os dois me observaram com expectativa. Não tinha isso no contrato do emprego. Era até simples conversar sobre coisas idiotas de homens com meus amigos, mas aquela situação fez minhas mãos gelarem.
— Bem... — Limpei a garganta. — Eu acho que o senhor precisa conhecer sua parceira, saber o que ela... gosta. — Olhei em volta, e até afastei minha camisa preta do pescoço tentando respirar melhor. — Ser paciente e gentil... Eu acho.
— Que sensível. — Nam Hee comentou e se afastou me dando um pouco de espaço. — Legal.
Quando uma senhora entrou na farmácia não foi difícil entender que ela era a parceira em questão. Os dois idosos trocaram um olhar engraçado.
— Você já comprou? — Ela perguntou tentando olhar se ele segurava algo.
— Vou levar todos esses. — O velhinho me deu um cartão. — Me desejem sorte.
Nam Hee assistiu tudo e até acompanhou os dois até a saída.
— Fighting! — Ela disse na porta e só percebi a careta que eu estava fazendo quando vi minha cara pelo reflexo do meu celular, largado sobre a bancada. — Que fofos, não acha? — Acordei do momento com a garota já perto de mim outra vez.
— Sim. — Concordei apenas sem saber porquê ela me encarava tão sugestiva.
— Você se formou em farmácia, não é? — Assenti com a cabeça. — Deve ter estudado muito... — Meneei com a cabeça. — Aposto que não teve tanto tempo para namorar.
— Quê? Como assim? — Ri nervoso.
— Você tem namorada?
— N-Não. — Respondi desconfiado.
— Sabia! — Estalou os dedos e soltou uma risadinha.
— Por quê? — Questionei já me sentindo ofendido, a conversa não era nada favorável para mim.
— Seu discurso para o velhinho... — Ela riu. — Te entregou. Mas convenhamos, você é muito bonito para estar solteiro. — Franzi o cenho e entendi menos ainda quando ela abriu a boca numa surpresa repentina. — Ahh... Como não percebi antes? Você é gay? — Sussurrou a última frase.
O turno da noite estava se mostrando mais estranho do que minha imaginação conseguia prever. Eu achei que talvez aparecesse algum bêbado ou pessoas com problemas normais, porém aquela mulher de roupa colorida estava fazendo tudo se tornar dramático e constrangedor.
— Me vê umas balinhas de menta também. — Me deparei com um homem já no balcão.
Respirei fundo e virei-me para o cliente, que já havia despejado mais preservativos sobre o balcão. Ele estava mascando chicletes e eu devia estar estressado, porque o som da mastigação contínua estava começando a me irritar.
— Aqui, senhor. — Falei juntando o pacote de balas aos preservativos. — Algo mais?
E precisei bater no balcão como se fosse uma porta para chamar sua atenção, porque o homem de topete lambido de gel estava concentrado na figura colorida. Nam Hee estava encarando de volta o rapaz, que até soltou um beijinho para ela.
— Senhor? — Aumentei a voz em perceber a careta da garota. Ele voltou-se para mim então. — Vai querer algo mais?
— É... Não. — Ele murmurou. — Aah, então... — Pigarreou. — Preciso comprar um remédio.
— Pode dizer.
— Minha... Tia! — Disse como se tivesse acabado de ganhar uma tia. — Anda sentindo uma coceirinha, sabe? — Assenti esperando que ele continuasse. — Uma coceira lá...
— Na região íntima? — Perguntei naturalmente.
— Não! — O homem riu. — Veja só, 180 graus depois disso. — Ele gesticulou com a mão e estreitei meus olhos tentando entender.
Talvez ele só quisesse ser engraçado, mas não parava de olhar para a garota e dar piscadelas ou fazer expressões sugestivas.
— No ânus. — Nam Hee disse de prontidão.
— É... — O homem assentiu com uma voz rouca.
— É apenas coceira ou tem mais sintomas? — Perguntei. — Coceira? Sangramento na região? Dificuldade pra defecar?
— Isso mesmo. — Ele assentiu fazendo careta. — Quer dizer, foi o que minha tia explicou.
Fui as prateleiras em busca do remédio e logo apresentei uma pomada.
— Pode ser hemorroida. — Avisei segurando a caixa com o remédio.
— Hemor... — Ele tossiu e terminou com uma risada. — E esse remédio vai resolver?
— Bom, o senhor vai precisar passar na região limpa. De preferência pegue o remédio com um cotonete para evitar infectá-lo com as bactérias.
— Não sou eu não. — Ele riu desengonçado. — Quer dizer, que bizarro eu ter que passar na minha tia, não é? — Gargalhou.
— Tudo bem, senhor. — Encolhi os ombros. — Se os sintomas persistirem procure um médico.
Nam Hee riu um pouco e o rapaz logo ficou impaciente.
— Mas não sou eu! — Ele pigarreou. — Vocês não estão me reconhecendo? — Ela negou com a cabeça e apoiou o rosto na mão. — Fui modelo da capa da revista dos bombeiros em 2012, fui contratado pelo meu corpo lindo, nem bombeiro eu sou.
— Calendário, você quer dizer. — Nam Hee disse.
— É! Calendário, revista... Tanto faz!
— Estamos em 2018. — Murmurei.
— Mas foi memorável! — O cliente pareceu aproveitar da lembrança que se projetou.
— Blé! — Nam Hee mostrou a língua.
— O senhor vai pagar com dinheiro ou cartão? — Falei.
Quando finalmente consegui despachar o cliente com hemorroida, que pareceu levemente desconfortável com certa coceira enquanto passava o cartão de crédito, me virei para a garota colorida, a qual de repente me ofereceu um sanduíche.
— Tem queijo e presunto. — Avisou já mordendo o seu. — Estava quentinho quando saí de casa, mas agora há chances de o queijo estar borrachudo.
— Obrigado. — Murmurei aceitando.
Eu não tinha pensado muito sobre minha noite lá, tinha levado apenas algumas barrinhas de cereal.
— Ah! — Lembrei chamando sua atenção. — Não sou gay.
— Ah é? — Ela riu. — Então tá bom. Que noite hein? Ainda falta uma hora para a virada e só apareceu gente esquisita aqui.
— Pois é... — Respondi, e na minha lista de gente esquisita, ela estava inclusa. — Por que tantas roupas coloridas?
A mulher me observou mastigando e apressou o processo para poder falar.
— Paixão e intensidade! — Apontou para a boina vermelha. — Dinheiro! — Ajeitou o casaco amarelo. — Esperança. — Alisou o suéter verde. — E a calça é preta, porque preto não pode faltar. — Riu sozinha. — E nem queira ver minha calcinha arco-íris só pra reforçar meu pedido.
— Você é bem supersticiosa, não é?
Ela suspirou deixando o sanduíche de lado. — Eu só quero um ano diferente, sabe? Um ano bom... Estou apostando em tudo. Vai que dá certo?
— Entendo. Espero o mesmo. — Concordei e ela sorriu um pouco antes de continuar comendo.
Me rendi a companhia colorida da Nam Hee sem questionar mais nada. Ela me contou um pouco sobre sua rotina como policial e me fez várias perguntas sobre remédios e efeitos colaterais.
— Você não tem mesmo onde passar a virada? — Perguntei sentado nos degraus da entrada, ao lado da garota. Ela negou com a cabeça em silêncio. — E seus pais? Seus amigos?
— Meus pais viajaram e minha única amiga viajou com o traste do marido... Tsc, tsc, tsc. A culpa é sua de ter trocado de turno com a Eun Ji. — Me cutucou e acabei rindo. — É a primeira vez que te vejo rindo de verdade.
— É... Acho que consegui aceitar minha noite só agora. — A encarei e sorri para a careta que ela fez. — Sabe, mesmo tendo que atender várias pessoas todos os dias, nunca tive situações assim.
Ela riu. — Na polícia é treta todo dia.
De repente fogos surgiram no céu, do prédio onde estava acontecendo a festa.
— Feliz ano novo, Dong Hae. — Ela bateu seu ombro no meu.
— Feliz ano novo, Nam Hee. — Respondi e até sorri para o céu.
— Eu tenho champanhe na minha sacola. — Ela sussurrou. — Só um golinho. Se quiser a gente brinda em potinho de xarope só pra não levantar suspeita.
— Aceito. — Respondi rindo e ela levantou no mesmo instante indo atrás da sua bolsa.
Pouco depois de tomarmos um pouquinho da bebida um cliente aparentemente desnorteado surgiu na farmácia. Ele estava nitidamente bêbado.
— Eu só vim me pesar. — Ele disse com a língua embolada.
— Por que um bêbado iria querer saber seu peso em plena madrugada? — Murmurei observando a cena. — Se mais alguém estranho aparecer hoje... Nunca mais aceito o turno da noite.
— Relaxa! — Nam Hee riu. — Falta a madrugada inteira para coisas acontecerem. Bêbados, ladrões, prostitutas, vampiros, fantasmas e Deus sabe mais o quê. — Ela deu tapinhas no meu ombro. — Ainda bem que você tem insônia, bonitão.
Nota autora: Obrigada por ter lido! Espero que tenha se divertido com esse desafio do Random Play Writing hahahhaha Um feliz 2021 para você! Que esse ano seja repleto de coisas boas para todos nós! Beijo beijo ❤❤❤
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