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Capitulo 6 - Sonho Alaranjado

Aos pés da velha Samaúma[1], o pássaro Abaruna e a pequena Dinahi sossegavam e se preparavam para tirar uma soneca. Ao cair da tarde e com o gosto das frutinhas ainda que saboreava, Dinahi começava a sonhar de olhos abertos com um mundo alaranjado. E se não sonhava com um mundo, bastava-lhe a ideia de um rio dourado e reluzente, com o resplandecer de suas ondas que se intensificadas com o brilho dos raios de sol poente do horizonte para mover as mãozinhas e fazer de conta que mergulhava sem perigo de se afogar...

—Minha pequena, por que teu silêncio?

—Ontem sonhei com meu sonho. Com o sonho de viver na floresta, com o sonho de viver no rio, com o sonho de viver num mundo da cor e do jeito de Abaruna...

—Mas um mundo de minha cor? Tem vezes que o laranja-amarelado de meu corpo e o vermelho-rubro de minhas asas não agrada tanta gente, principalmente de manhã!

—Das cores que conheço, a de Abaruna é a que mais gosto. A cor que Abaruna me dá de presente todo dia, sempre que passa perto de mim e me chega pra brincar... E Abaruna também deseja?

—Na verdade, eu desejo... Desejo chegar perto de uma coisa que já existe e que não vem de mim, mas ainda não consigo porque ela se esconde nas mãos de quem acredita que essa mesma coisa não precisa de remédio ou de cuidado... – E no abrir dos olhos, Dinahi erguia a cabeça e engolia em seco. À essas alturas a ferida do calcanhar já não doía tanto, mas vez ou outra a pequena ainda se aproveitava das folhas que encontrava pelo caminho e da água barrenta das poças por onde pisava para continuar a escondê-la sobre o paninho de Pedro...

—Pai Eirapuã... Pai Eirapuã é quem ensina guerreiro a esconder o que tá doendo pra não fraquejar e de cair perto do inimigo...

—Dos guerreiros de Eirapuã, eu me lembro. E de todos eles, também me lembro dos que se livraram de flechas e dos inimigos, mas não de cada ferida malcuidada sem remédio e cicatriz… 

—Então minha ferida vira bicho e nunca vai se curar?!

—Não se você deixar de escondê-la de mim e aceitar o remédio que te preparei agora mesmo. Escolha uma de minhas penas, escolha qualquer uma, daí você arranca de uma vez e encosta bem no calcanhar... Arranca Dinahi, arranca sem medo!

“Arranca Dinahi, arranca sem medo!”

 E pensar que justamente era este desejo de Dinahi. O mesmo desejo que guardava consigo e alimentava desde o dia em que o havia conhecido. Tudo bem que estava longe dela mesma considerá-lo como um tesouro que preferia se manter numa espécie de vitrine ou relicário, sempre conservado e protegido de quem o pudesse desejar, mas ainda que tivesse toda a vontade e a permissão suficientes para conseguir o que tanto desejava, só de imaginar, o quanto lhe doía...

—Me jura... Me jura que não vai doer?

—Pode ser que sim, pode ser que não... É só uma pena como as outras, e se Dinahi me arranca uma, ela me cresce de novo!

Num segundo, Dinahi conseguia ter em mãos o que se assemelhava à chama incandescente de uma fogueira e chegava a se lamentar por perdê-la, mas nada em comparação à dor aguda que viria pela frente, poderosa o suficiente para despertar as dores que até então adormeciam no coração. A solidão na floresta, a saudade da família de seu povo guaharí, o medo da noite e dos ataques de Juripuri... Até se dar conta que já não era ela mesma, mas o próprio Abaruna quem chorava de mansinho e se agitava como se alguma coisa o estivesse machucando ao mesmo tempo em que a pena alaranjada já lhe estancava o sangue da ferida e a cicatrizava de uma vez.

—Abaruna minha ferida, minha ferida não tá mais aqui!

—Não te disse que ia passar? E passou. Passou rapidinha como a passagem de chuva fina e serena. Pois afinal...

—Se Dinahi me arranca uma pena...

—... A pena de Abaruna cresce de novo! Em seguida, os dois se divertiam ao perceber que haviam respondido ao mesmo tempo e se entretinham em uma espécie de pega-pega, o que despertava sem querer e acabava aborrecendo ao pequeno grupo de japins[2] que se retiravam à procura de outro ninho... E Dinahi se alegrava, sentindo como se estivesse a adquirir o próprio par de asas e a voar de um lado, ou simplesmente a fazer de conta de que estava à mergulhar em meio as ondas no rio alaranjado e luminoso que tanto desejava, e quando parecia que ela mesma estava prestes a conseguir capturá-lo, ele desaparecia para depois reaparecer quando ela menos imaginava...

—Olha Dinahi, olha que já está ficando tarde. Se você quiser eu posso continuar com a história que te prometi!

—A da pena do uirapuru e da filha de caraíba?

Sem imaginar que a essas horas ela mesma poderia pertencer aos dizeres de um pássaro encantado e distante como um sonho, a princesa Maria Berenice continuava em silêncio, fechada num círculo de pensamentos que se revestiam não somente do que restavam das lágrimas que secavam como também pelo esperado sentimento de culpa pelo inesperado rompante de nervosismo. Por sua vez, a rainha Verônica continuava a bater e pedir para que a filha viesse a abrir a porta, trazendo consigo uma bonita capa cor de sonho, tecida por ela mesma para presentear a filha por ocasião de seu aniversário, mas logo se dava por vencida e se retirava apreensiva para se reencontrar com o esposo Hildegardo Camilo de Serruya no corredor.

—E nossa filha, como está?

—Camilo eu fiz o que pude, mas a menina sabe-se lá porque não quer sair daquele quarto.

—Querida com todo respeito, já está na hora de nossa filha aceitar as coisas sem se abalar tanto ou chorar por qualquer coisa, inclusive por um pedido que não posso conceder!

—Pedido?! E que espécie de pedido foi esse? Por D. Carlos Maria, você me jura que não disse nada que pudesse magoá-la ou...

—E se eu dissesse?! – Respondia o monarca. – Nossa filha tem quase dezessete anos, não é possível que depois de tanto tempo e por qualquer motivo ela continue me atuando e reagindo como se fosse...

De repente, ambos percebiam que Maria Berenice estava por perto e tentava se aproximar, mas não resistia ao calor da discussão e se trancava novamente no quarto. Com sorte repentina, intuição inesperada ou o que pudesse imaginar, a rainha Verônica sentia que deveria se abaixar diante da porta e erguer um pedaço do tapete, de onde se revelava o pequenino alçapão onde se guardava uma cópia exata da chave do quarto. Por fim, o rei Hildegardo Camilo deixava-a tomar a frente da situação e balançava a cabeça enquanto suspirava consigo mesmo. Como poderia reger a tantos guardas e cavaleiros reais de Angustura se não sabia lidar com a única filha?

[1] Também conhecida como Sumaúma, a Samaúma costuma ser encontrada em florestas na região da Amazônia. Tida como sagrada pelos povos indígenas, a Samaúma cresce entre 60–70m de altura e o seu tronco é muito volumoso, podendo chegar até 3 m de diâmetro com contrafortes. Alguns exemplares chegam a atingir os 90m de altura, sendo, por isso, uma das maiores árvores da flora mundial.

[2] Do singular, o japim é um passarinho atrevido de plumagem preta e amarelada que consegue imitar a cantoria dos pássaros que habitam na mesma região onde ele mora. Intitulado o "Protetor da Floresta", a depender de onde mora, também é denominado é conhecido como “japim-soldado”, “xexéu”, ou “tecelão”.

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