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Capítulo 14 - Das mães, a mais feliz

"Mãezinha,

Esta cartinha aqui me serve pra avisar que eu já cheguei no quartel da Cavalaria de Angustura e já virei aspirante como manda a tradição. Olha, a senhora que me perdoe, mas é que ainda não tive tempo e nem nem coragem de contar o tanto de coisa que eu vivi pra chegar até aqui e te deixar passando o dia preocupada comigo...

E vê se não deixa de chamar a Luisinha, a minha Luísa do meu tio Bastião e do primo Juca pra ficar te ajudando e fazendo companhia no trabalho porque ainda vou demorar por aqui por causa do treinamento, mas logo, logo tô chegando aí!

A Bença, minha mãe!"

-Deus te abençoe e te guarde, meu filho!

Naquele exato momento, esta era a cartinha que fazia de dona Rosaura a mais rica e feliz das senhoras de Rio Adentro. Por vários dias, não somente os empregados que trabalhavam na hospedaria como também a vizinhança a questionava sobre a ausência repentina de Pedro enquanto ela mesma buscava a apaziguar os ânimos e responder cada pergunta da melhor forma possível, ainda que não viesse a impedir a curiosidade reinar entre os que não a deixavam sossegar até a chegada de Luísa Pontes e Souza, a tão esperada sobrinha. Mocinha alegre, prendada e graciosa em pouco tempo se revelava excelente companhia ao mesmo tempo em que começava a atrair os olhares e elogios dos rapazes de Rio Adentro, e os gracejos de meninos que se divertiam cutucando-a de um lado e puxando suas tranças de outro, mas nada que ela mesma não pudesse revidar...

-Deixa tia Rosaura, deixa que vou varrendo aqui na frente pra senhora vai descansar mais um pouquinho!

-Deus lhe pague, minha filha, de tanta gente nova que vem chegando pra dormir aqui na hospedaria nem terminei de arrumar o quarto de meu Pedro, e ainda me chamam pra lavar a louça!

-E eu que nunca vi tanta gente se levantando depois de comer e repetir a comida mais de duas, três vezes... Ah, mas desde que Pedrinho mandou notícia a senhora não vê a hora dele chegar, não é?

-E de um jeito que eu já quero deixar tudo arrumadinho pra quando ele chegar... E nosso Juca, por onde anda?

-Ah, tia, nem me fale... - Suspirava a garota, interrompendo seu varrer de chão com certa melancolia. - De tanta briga lá em casa meu mano Juca se zangou e caiu no mundo... Sortuda é a senhora com o Pedro e o Pedro com a senhora, sempre se cuidaram, sempre se gostaram um do outro e nunca foram de brigar!

-Ô menina, de vez em quando a gente se complica com uma ideiazinha que não bate ou num probleminha difícil de resolver, mas quando menos se espera a gente se resolve e daí tudo se ajeita... Por tudo isso e muito mais que eu não deixo de acreditar, daqui a pouco meu sobrinho há de voltar e se entender com o pai dele também...

No instante em que dona Rosaura e Luísa continuavam a prosseguir na tranquilidade de cada tarefa, sob a montaria do cavalo Diamante D. Domingos já se aproximava da hospedaria que havia sido indicada por frei Salvador Infante. Vez ou outra, ele levava suas mãos ao coração e suspirava, temendo pela própria saúde e pelo segredo cuja força e intensidade eram suficientes para sacudi-lo por dentro e conceder-lhe a impressão de explodir a qualquer momento enquanto não viesse a se apresentar diante de Luísa que chegava na varanda.

-Por gentileza, a mãe de Pedro de Souza Antunes se encontra? Eu estou aqui em nome da Cavalaria Real de Angustura!

-Ah sim, o senhor tem notícia dele?

-Ah sim, é que faz parte do meu código de honra como chefe da Cavalaria Real de Angustura visitar as famílias de alguns aspirantes para verificar onde eles moram e se precisam de alguma coisa, estão passando por alguma necessidade e etc. E se por acaso a mãe de... A mãe de Pedro de Souza Antunes estiver por aqui...

-Então o senhor espera, o senhor espera mais um pouquinho que eu já vou chamar! - E Luísa corria para chamar dona Rosaura que até então se distraia com as recordações de Pedro e a contagem dos dias para vê-lo retornar enquanto o chefe da Cavalaria Real de Angustura se sentava à mesa farta do café da manhã e preferia se manter em sua postura recolhida, sem grandes firulas.

-Olha, o senhor fica à vontade e se serve do meu cafezinho que Luísa se encarrega de meu serviço e meu patrão ainda vai demorar...

-Não se preocupe, Rosaura, não se preocupe que não vou demorar... Aliás, não me dissesse que esta menina é sua sobrinha, eu lhe diria que as duas poderiam ser mãe e filha de tão parecidas!

- Filha... Filha de meu irmão de criação e neta de Madalena. Madalena Pontes e Souza, viúva de meu pai a quem chamo de mãe desde pequena... - Respondia dona Rosaura ao fazer as contas e observar à Luísa que se retirava. - ... Desde que eu tinha uns quatro, cinco anos sabe? E com tudo isso e muito mais e do jeito que me trata, quase do jeito do meu filho mais novo, além de sobrinha é como se Luísa fosse também a minha filha de coração!

-Filho mais novo... E o mais velho, por onde anda?

-É que antes de Pedro, cheguei a ser mãe de outro menino, mas ele não vingou. E eu sofri, sofri muito quando meu Manoel levou ele daqui, mas... Mas, nunca, nunca deixei de sentir como se ele estivesse andando por aqui. Sempre andando por aqui e crescendo com o irmãozinho dele... - E D. Domingos confessava a si mesmo a incapacidade de resistir à serenidade da senhora-mãe de Rio Adentro que lhe contava a sua história; serenidade transmitida através de cada palavra e o mover das mãos que pareciam e reviver recordações e sentimentos como se estivessem a ocorrer naquele instante.

-Minha senhora, faz pouco tempo, alias já fazem poucos dias que frei Salvador Infante me orientou a te encontrar... A te encontrar assim que eu estivesse pronto para contar... Para contar um pouco de minha história. Talvez seja meio difícil de entender, mas desde já eu posso garantir que ela carrega um pouco da tua história também!

-Ô meu Deus, o senhor também perdeu um filhinho?

-Fazia pouco tempo...

Em menos de um ano eu perdia a minha esposa Anna Rita no parto de meu herdeiro que também se foi, e a Cavalaria Real de Angustura era a única coisa a qual eu poderia recorrer para apaziguar a dor... E enquanto eu retornava de minha primeira visita ao povoado de Rio Adentro, houve uma noite onde o meu caminho se cruzou com o desespero de um homem com o embrulho nos braços... O embrulho de um garotinho que não respirava e nem se mexia. Levar, levar, era o máximo que ele pedia, pois já não tinha coragem o suficiente para levá-lo até aonde deveria levar e se despedir e nem ao menos a voz para dizer alguma coisa que não fosse o próprio nome... O nome de Manoel.

-Manoel... O nome de meu Manoel?!

-O mesmo Manoel da família dos Antunes, que segundo os registros que frei Salvador Infante conseguiu vasculhar depois de tanto tempo, se mudaram daqui há bastante tempo...

Em nome da caridade, tive que enfrentar aquela realidade outra vez e aceitar a missão de levar o pequeno para ser enterrado conforme as instruções da Cavalaria Real. E eu já estava quase na capital quando me deparei com a presença de frei Salvador, que naqueles tempos ainda se preparava para se consagrar e eu estranhei quando ele me pediu para carregar aquele garotinho, jurando por Deus que seria somente com o objetivo de adiantar a minha tarefa com algumas orações e depois entregá-lo para mim. Entre discussões e queixas de minha comitiva, estávamos prestes a nos dividir e guerrear quando de repente, nós fomos interrompidos por um choro... Um choro de criança que despertava, respirava e vivia, a mesma criança que recebi das mãos de seu esposo Manoel como se já não estivesse mais aqui!

-E pensar que depois... Depois de tanto tempo, o pobre de Manoel me chegou tão tarde da noite e estava de um jeito que eu já não tinha coragem de perguntar... De perguntar mais nada...

-... Aos olhos de frei Salvador e de quem me acompanhava, era como se Deus estivesse compadecido de minha dor e me concedido a missão de criar um novo herdeiro para perpetuar o nome de minha família. A princípio relutei e quis devolver, tentei buscar a família daquela criança logo nos primeiros dias, mas a cada dia que passava eu me apegava e minha irmã já se oferecia para se tornar a madrinha...

Detrás da porta, Luísa permanecia quieta e surpreendida com o desenrolar da conversa que parecia durar uma eternidade... Ou quem sabe, o tempo equivalente aos anos de ausência e preenchidas com a existência de Pedro e a necessidade de trabalhar na hospedaria em troca de abrigo e comida. E dona Rosaura, que estava tão alegre com o bilhete de quem aos seus olhos era o melhor dos filhos de Rio Adentro, e a certeza de que ele retornaria, já não sabia se explodia de felicidade por seu primogênito estar vivo ou se entristecia por todos os anos que não pôde vê-lo crescer. Em meio às lágrimas e os sentimentos que se confundiam, tanto D. Domingos quanto o arrependimento que sentia por não a ter encontrado o quanto antes finalmente sossegavam.

-Agora consigo entender... Consigo entender porque nunca deixei esse meu filho, esse meu primeiro menino morrer no meu coração... Mesmo depois de meu marido se perder na tempestade e de meu Deus e minha Santinha me trazer com meu Pedrinho até aqui, eu vivia acompanhada de uma graça que me consolava e fortalecia, como se eu nunca... Como se eu nunca tivesse perdido esse menino!

-Sem contar que durante a criação de meu filho... Quer dizer, durante a criação do nosso filho, não pude sossegar enquanto não soubesse do paradeiro de vosso esposo ou de algum familiar até se descobrir que haviam chances de se investigar com a ajuda de frei Salvador Infante e de minha irmã Teresa Lavínia, e a permissão dos parentes de Anna Rita que também quiseram adotar Alexandre como sobrinho e chegaram a brigar comigo quando anunciei a decisão de lhe procurar. É uma lástima que os Antunes tenham lhe abandonado depois da tragédia, mas nada, nada foi tão gratificante para mim quanto encontrar a senhora e assim reconhecer o quanto as raízes de meu filho Alexandre continuaram a se fortalecer a ponto de resistir, enfrentar e vencer tanta coisa... De longe se reconhece!

-Alexandre... Alexandre é o nome desse meu filho!

D. Domingos ainda teve tempo de revelar mais detalhes sobre a infância de D. Alexandre e a sua vida como cavaleiro real de Angustura, o seu noivado com Maria Berenice (sem revelar imediatamente que ela era de fato, a mesma princesa Maria Berenice de Serruya) antes de se despedir e retornar para o Quartel da Cavalaria Real de Angustura, sem deixar de prometer que viria buscá-la dali a poucos dias para conhecer o filho Alexandre ou então trazê-lo até a hospedaria de Rio Adentro, sempre de acordo com o que ela viesse a desejar. Do fidalgo que se distanciava ao interior da hospedaria à parede onde se encontrava seu pequenino oratório, Rosaura silenciava e continuava a se deter numa chama de vela acesa, até se reencontrar com a presença encabulada de Luísa, sozinha e encostada na parede...

-Tia... Ô tia, me perdoa...

-Perdoar... Mas, perdoar de quê, minha filha?

-Me perdoa, é que eu não resisti... Não resisti e ouvi tudinho...

-Ô Luisinha, chega mais perto, chega mais perto e vem agradecer, vem agradecer comigo aos pés de minha Santinha... - E pensar que dona Rosaura, justamente dona Rosaura que não era de desejar ou pedir tanta se tornava a que recebia muito mais do que desejava, com o que transbordava do coração até o abraço de sua querida e pequena Luísa. Alegria sobrenatural, quase divina, que a transformava dentre as mães de Rio Adentro, com todo o respeito e entendimento que poderia caber a cada uma, das mães, a mais feliz!

E se das mães de Rio Adentro, Rosaura se tornava a mais feliz, Pedro não poderia deixar de tornar o mais sortudo dentre os filhos de Rio Adentro enquanto se acostumava com a sua nova rotina como aspirante no quartel da Cavalaria Real de Angustura. Após o café da manhã, todos os aspirantes deveriam acompanhar, além das aulas teóricas sobre os conhecimentos gerais e específicos da Cavalaria, a prática do manejo das espadas e da postura mais adequada para cavalgar e caminhar, as montagens de várias estratégias de caça e etc. E nos intervalos de descanso, Pedro se divertia e até se emocionava com a sorte de reencontrar à D. Jerônimo dos Anjos e seu filho Antoninho, o cavaleiro Tomásio, e alguns conhecidos de Rio Adentro que também se animavam com os dias de treinamento.

-Ei, você aí! Você não é o tal de Pedro que outro dia tentava fugir de D. Alexandre e depois caiu da janela do palácio?

-E ainda por cima não ajudou com a prisão de Odivelas? Olha, desde já fica sabendo que você anda bem famoso por aqui, viu?

-Nem sei se famoso é a palavra certa, mas depois de tudo, eu só posso dizer o quanto que Maria Berenice me ajudou até aqui!

-E como nossa princesinha te ajudou tanto assim? - E Pedro se dedicava a contar mais de sua história aos aspirantes e também aos veteranos que se aproximavam, se empolgando de maneira que nem se dava conta do estranho fidalgo que se aproximava com um chapéu de plumas negras e a máscara tão escura quanto as próprias vestes.

-E é por tudo isso e muito mais que sempre digo, que se não fosse pela princesinha... Ei Jerônimo, o que você tem?

-Não se mexa, fique onde está e não se mexa! - Ordenava D. Jerônimo ao desembainhar a espada e se preparar juntamente com o seu filho Antônio para defender a Pedro. - Fique onde está e não se mexa, não se mexa que a gente resolve...

-Alto lá! É com esse daí que eu venho lutar! - Respondia em voz alta e irreconhecível o mascarado que não hesitava em agarrar a Pedro através da gola de seu uniforme e o erguer para sacudi-lo algumas vezes. Segundo o que diziam Tomásio e Antoninho, tratava-se de um personagem criado por alguns veteranos para escolher um aspirante e testar sua habilidade com o manejo das espadas e na autodefesa; e se fosse derrotado, acabaria se tornando motivo de piadas o ano inteiro, mesmo depois de se formar como cavaleiro...

-Pois então o senhor pode vir, pode vir que eu não tenho medo não, viu? - Respondia Pedro que logo se desvencilhava do misterioso personagem e desembainhava sua espada para se colocar em posição de ataque, enquanto os demais se divertiam e o incentivavam a revidar. - Pode vir que não tenho medo nem de Boiúna, viu?

-Ah, mas bem se vê que a mamãezinha não te ensinou que criança pequena não deve mexer com peixe grande, não é?

-E saiba também que depois dessa jornada que vivi que não vou ter medo de peixe grande, nem de cavaleiro que tira prosa pra cima de mim e... Égua, não me diz que você tá falando de minha mãe?!

E quem tivera a sorte de presenciar aquela cena, jurava muito bem que havia visto aquele jovenzinho simpático e franzino de se transformando numa espécie de gladiador! De espada e tudo ele avançava sobre o mascarado que de início levava certa vantagem, mas era surpreendido com a velocidade de Pedro que apesar dos tropeços e ataques desajeitados pouco a pouco conseguia revidar como se pudesse adivinhar o modo de agir daquele estranho personagem e se antecipar em seus ataques até que de repente, todos estivessem a prender a respiração e arregalar os olhos com a vista uma espada que voava longe, e a figura do cavaleiro misterioso, a cair como derrotado e a se manter ali mesmo, sem esboçar nenhuma reação...

-Agora esse já sabe que não se mexe com a mãe de ninguém!

-Tira Pedro, tira a máscara desse idiota de uma vez e mostra aí quem é a figura! - Com as mãos no peito e a respiração ofegante, mais assustado do que orgulhoso de si mesmo diante do que acontecia, Pedro pedia licença antes de imobilizar seu oponente e retirar-lhe a máscara como bem lhe pediam. E qual não fora a surpresa, assim que tivera a sorte de encarar-lhe o rosto e nele reconhecer...

-É o danado de Jeromão, o danado de Jeromão que me perseguia na floresta! - E como prêmio da vitória inesperada, Pedro também conquistava o direito de acompanhar o dito mascarado até a enfermaria sob uma divertida salva de vaias e provocações. E de maneira serena e discreta, talvez um tanto constrangida através da dificuldade para disfarçar o que pretendia fazer, ele continuava a se aproveitar da brincadeira e se retirava à sua maneira, sem ter que revelar a identidade de D. Alexandre por trás daquele disfarce.

-Meus amigos estavam brigando para decidir quem iria se vestir de mascarado para desafiar a você e depois te prejudicar, por isso me adiantei para assumir o disfarce antes que soubessem...

-E do jeito que eles são, melhor você trocar de roupa e tomar banho só depois de se tratar... - Murmurava Pedro antes de se apresentar na enfermaria. - Daí você só fica dizendo que Corre-Campo te derrubou da montaria sem querer que ninguém desconfia!

-Hoje... Hoje pode me acontecer o que for, mas ainda não deixo de te agradecer por me acobertar, nem sei porque meus amigos continuam com essa tradição maluca e se eles me descobrem...

-Mas ainda tem coisa que não posso deixar de perguntar... É que de vez em quando te vejo com essa cara de sofrimento, sabe?

-Cara de sofrimento? Como assim?

-Cara de sofrimento, de insatisfeito... Nem depois da briga feia que você teve com Jeromão lá na floresta eu te via desse jeito!

-Ah Pedro, só você mesmo... Pois bem, se é você quem me pergunta, eu te digo. Preciso reconhecer que não é de hoje que me descobri... Me descobri apaixonado por Maria Berenice!

-E isso é ruim? Pior seria se fosse daquele negócio de se casar ou de querer se juntar sem se gostar de verdade!

-Mas aí é que está! Cresci implicando com ela, fiz de tudo para tentar rejeitar e cancelar o bendito acordo de casamento, não tenho como voltar atrás e dizer que tanta coisa mudou dentro de mim!

-Ah, e depois de tanto tempo você acha que ela não entende que tudo muda? - Respondia o jovenzinho de Rio Adentro. - O tempo muda, a gente muda, o pensamento muda! Digo por mim que pensava um monte de coisa dela, coisa que me vinha de quem me dizia um monte e de mim também. De mim que nem esperava conhecer a princesinha do jeito que conheci, mas que logo descobri que o que ela tem de doce, tem de amiga e corajosa, e gosta de você de um jeito...

-Gosta de mim... Do jeito dela?

-E de um jeito, maninho, de um jeito que mesmo de longe ela não deixava de cuidar e nem largava de mão do espelhinho que carregava, o mesmo que outro dia você deu presente...

-O espelhinho!

Das normas e lições que D. Alexandre havia aprendido de cor e salteado e desde que se entendia por gente, e das que deveria continuar aprendendo como herdeiro de D. Domingos e do sobrenome da família "Fuas Nolasco", e também como futuro chefe da Cavalaria Real de Angustura, um pequeno susto ou um estalinho no coração poderiam ser o bastante para fazer com que ele viesse a se esquecer de todas elas... Ou da maioria simplesmente, mas quando se tratava de uma das lições a serem deixadas por frei Salvador Infante...

"Pois saiba Alexandre, saiba que você também é forte o suficiente para derrotar teus resmungos e doar gentileza. Gentileza, do teu coração para as mãozinhas de nossa pequena dama..."

-Engraçado, o quanto que a gente consegue enfrentar e vencer tanta coisa, mas quando se trata do coração... E se não dá pra chegar perto dela com tudo o que você sente pra dizer, o jeito é escrever!

-Escrever... Escrever! Por D. Carlos Maria, como que não pensei nisso antes?! Problema é que já me faz tanto que não escrevo nada parecido com canção e poesia que nem sei se levo jeito pra coisa...

-Ah, mas frei Salvador bem me dizia que quando se trata do que se sente a gente nem precisa de treino... E você não vai saber se leva jeito se não tenta! - E pensar que dessa mesma conversa, despretensiosa e corriqueira ao entardecer na enfermaria estava prestes a surgir e se juntar à história literária de Angustura, unida às narrativas e composições a serem tecidas, preservadas e mantidas através de tantos escritos e na memória do povo, a mais bonita e sincera gentileza a ser traduzida em forma de poesia, escrita e dedicada à princesa Maria Berenice de Serruya em tempo recorde...

Quando o amor faz o poeta

Escrito por Alexandre Fuas Nolasco

Quando o amor faz o poeta,

Dele o que se espera? Talvez uma semente...

Ou uma enxurrada de rimas para um coração!

Do Amor confesso, eu escapava enquanto menino.

Ah, o quanto que custei a perceber

Na gentileza de tuas mãos, o resgate de mim mesmo reconhecer?

Do teu bolso, um espelho. Do meu coração, a espera do sorriso

O mesmo que pressinto que já vai, já vai, já vai chegar!

E no instante em que ele chega, o amor também se atreve e pergunta:

De ser poeta a poetisa, de mim, o que prefere?

Quanto ao menino que por ti escreve

Te amando ele cresce e reescreve

Cem vezes "amor" até o sol se pôr

Com o mesmo sentimento que te faz poeta

ou poetisa, se te agrada ao teu querer!


(Para quem gosta de uniformes, eis aí os nossos meninos com os da Cavalaria Real de Angustura!)

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