Ano 2
No dia seguinte quando Hadassa acordou, já estava se sentindo melhor, graças à gosma nojenta que Aarinth havia dado para ela. Um pouco depois de ela ter acordado, Aarinth apareceu nas escadas com uma bandeja de comida para ela, que decidiu tomar a vitamina de abacate e comer o croissant. O demônio a olhava com maldoso interesse, pensando em como ela era facilmente manipulável por ele.
— Não vai comer mais?— Ele a perguntou enquanto pegava toda a comida que tinha feito para ela e jogava no chão. Mesmo assim, sua expressão aparentava calma.— Quando nos conhecemos você comia mais.
— Sim, mas eu estou tentando melhorar minha alimentação Aarinth, achei que já tínhamos conversado sobre isso e concordado. — Hadassa estava animada com a possibilidade de melhorar sua saúde, mas sentia medo da reação que viria de Aarinth, ele era imprevisível.
— Mas agora eu tive que jogar comida no chão. — Ele gritou com ela.—Porra você é gorda, deveria comer o que eu te dou.
— Eu sou gorda, mas isso não significa que eu queira comer tudo que vejo pela frente. — Hadassa já havia sofrido diversas vezes preconceitos pelo seu peso, e ouvir isso daquele demônio que a chamava de linda, e havia feitor com que ela acreditasse nisso, a deixava, em certa parte, devastada.
Além disso, ela ser gorda não era uma questão de saúde, como era para alguns, era genética, esse era seu corpo e ela o amava, havia aprendido isso com ele. Apesar de concordar com Aarinth pela grande maioria das coisas, ela não ia aceitar que ele falasse assim do seu corpo.
— Eu sou linda assim.
Aarinth riu, riu tanto que se curvou de dor e lágrimas saíram de seus olhos. Ele foi para as escadas novamente, para sair daquele lugar.
— Eu se fosse você catava essa comida do chão. — Ele disse antes de tranca-la lá dentro. — Vai ser tudo o que você terá até a noite.
No resto do dia, Hadassa ficou sozinha naquele lugar que estava fedendo por causa de seus dejetos que eram feitos em um balde que Aarinth retirava a noite. Havia racionado a comida e dormido na maior parte do tempo, já que não havia o que fazer. Ela não podia sair, então não podia trabalhar á essa altura do campeonato, ela provavelmente já havia sido demitida com justa causa, e a causa era o seu mestre.
Hadassa gostava dele, mas ele já estava bagunçando a sua vida de uma maneira que ela não acreditava que ele iria fazer. O que é isso que está acontecendo? Domesticação? Submissão? Hadassa se perguntava o que ela significava para aquele demônio, e o porque de ter sido escolhida por ele para enfrentar tudo isso. Mas de todas essas coisas, a maior dúvida dela, era se no futuro, algo de bom iria ocorrer como ele lhe havia prometido. Ou se todas aquelas palavras bonitas e juras que faziam seus olhos brilharem, fora apenas uma mentira para que sua alma fosse entregue de bandeja para que ele se se alimentasse. Por mais que tivesse mil dúvidas sobre ele, ela não deixaria de lutar pelo que assinou.
Estava cumprindo sua parte esperando pacientemente que ele fizesse o mesmo, pelo menos a parte em que fala sobre os benefícios que Hadassa receberia, já que a parte ruim ele estava cumprindo com grande disposição. Ela poderia desistir fugir, ninguém a culparia por isso, até porque ninguém se importava o suficiente. A única pessoa que a amou e que cuidou de Hadassa durante toda a sua vida, havia sido sua mãe, que a criou sozinha, já que o pai dela havia desaparecido do mapa. Ali ela encontrou suporte para a vida e uma pessoa a quem podia se espelhar. Mas sua mãe já havia falecido havia 5 anos, quando Hadassa tinha apenas 19 anos.
Desde aquela época ela vivia solitária, por mais que tivesse uma amiga, com quem não conversava mais, nada substituía a mãe dela. Até que Marcos chegou, falando um monte de coisas bonitas e confortantes para ela. Onde estava Marcos? Ele havia lhe feito juras de amor mas sumira na hora em que ela mais precisou dele, sumiu assim que Aarinth apareceu.
E falando no diabo... Hadassa ouviu a porta que dá para a escada abrindo e Aarinth passou por ela segurando uma bandeja de comida, em que tinha uma caixa de comida de drive thru que reconheci ser do Habbib's.
— Te trouxe algumas esfiras sabor carne e queijo e quibe recheado com catupiry.— Ele se sentou ao lado dela, naquele colchão imundo e ainda sujo de sangue.— Eu não tive tempo de fazer comida, então comprei algo que achei que você iria gostar.
— Sim, eu gosto.
Eles comeram tudo em silêncio, bebendo refrigerante que Aarinth também havia levado. Quando terminaram a refeição, Hadassa colocou as coisas para fora do colchão e se deitou, estava cansada de ficar acordada olhando para as paredes daquele lugar, então dormir cedo era uma opção viável e bem aceita por ela. Aarinth também se deitou, e a puxou para si, querendo que ela dormisse perto dele. Hadassa olhou em seus olhos escuros e pela primeira vez enxergou o vazio neles, era assustador e frio a maneira com que eles não passavam nenhuma emoção, apenas uma grande escuridão que não se movia para lugar nenhum.
— Já vai dormir?— Aarinth perguntou para Hadassa, e lhe deu um beijo na testa em seguida. — Eu queria ficar conversando.
— O dia foi ruim hoje. — Ela se encolheu no corpo de Aarinth, que ela sabia que era quente acima do normal e que afugentava o frio que ela sentia naquele porão. — Eu estou cansada.
— Tudo bem. — Ele deu um beijo na boca dela, apenas um selinho mais lento do que o normal e se levantou. — Vou deixar você descansar.
Quando Aarinth saiu de perto dela, ela sentiu frio. Não porque ele aquecia seu coração, era físico o que ela sentia. Ele saiu do quarto a trancando ali novamente. Hadassa dormiu enquanto procurava em sua mente coisas positivas sobre Aarinth.
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