Ano 1
Aarinth levou Hadassa até seu carro, ainda nua. A colocou ali dentro e seguiu estrada até sua casa. Durante o caminho ele não parava de sorrir, o que fez Hadassa fazer o mesmo, mas ambos se utilizaram dessa expressão mortal de maneiras diferentes. Ele estava assim, pois o treinamento de Hadassa seria a melhor parte disso tudo para ele, ela iria se tornar a serva perfeita, e em 15 dias já poderia sair da reclusão. Já ela estava sorrindo com a expectativa de um lugar desconhecido. Hadassa era ingênua de mais, sempre havia acreditado que todos tinham um lado bom, mas ela não notava que o único lado bom de Aarinth seria seu pênis, e mesmo assim ele a machucava.
Aarinth era um demônio, podia parecer fofo e as vezes de fato ser aos olhos de uma humana inocente, mas tudo tinha um preço, e ele sabia o que ela pagaria, e por isso, toda essa situação em que ele se pôs, valeria a pena.
Ao chegar à casa de Aarinth, Hadassa ficou surpresa, não era nada como ela estava pensando. Desde o primeiro momento ele lhe pareceu pomposo, um demônio de muita luxúria, o que de fato ele era. Mas sua casa não chegava nem perto disso. Era uma cabana na parte mais afastada da cidade, no meio do nada, e estava caindo aos pedaços. Suas paredes de madeira estavam úmidas e mofadas, além de descascando.
Eles saíram do carro e entraram na casa, dentro dela não havia nada, apenas mais paredes mofadas e descascando. Mas aquele não era o ponto final de Aarinth, ele foi até um tapete no chão, que Hadassa não havia notado, pois ele já havia se misturado com a poeira e se igualado ao chão. Aarinth pegou o tapete e o puxou fazendo a poeira subir e Hadassa espirrar, e ali estava uma porta no chão, mais parecida com uma entrada de um calabouço. Havia diversos desenhos nela, de diversos demônios e anjos em uma batalha, mas Hadassa mau pode ver, pois logo Aarinth estava abrindo a porta, ao puxar o arco de ferro que tinha como maçaneta. Aquela porta já estava ali a muito tempo.
Eles desceram por uma escada e ao chegar em baixo, Aarinth acendeu a luz. O impossível aconteceu, ali embaixo era pior do que a parte de cima da casa. O cheiro de mofo era dobrado, a poeira era tanta que ali parecia nunca ter sido limpo. Havia um sofá nojento em uma parede, e no centro do quarto um colchão manchado pelo tempo e por sangue. No teto havia muitas correntes penduradas e embaixo da escada, num canto escuro um armário enorme, que Hadassa não queria saber o que tinha dentro.
— Você vai ficar aqui por um tempo. — Aarinth disse para Hadassa, que estava parada no meio do cômodo em um princípio de medo acompanhado de nojo. —Pelo menos até se tornar extremamente obediente.
— Mas, eu sou. — Ela olhou para ele indignada. — Como você pode dizer que eu não sou obediente, você mal chegou.
— E você já está me contrariando. — Aarinth chegou mais perto de Hadassa e segurou em seu queixo o apertando com força, para que machucasse a mandíbula dela. — Quando eu falar algo, qualquer coisa que seja ela se torna verdade absoluta. Então se eu digo que você não é obediente, então você não é.
Ele a empurrou na cama e lhe deu um chute na cabeça, a fazendo desmaiar na hora. Depois disso Aarinth saiu do quarto, e a trancou ali. No dia seguinte ele começaria o treinamento dela, a transformaria na humana perfeita para ele, para que quando ela chegasse no inferno seu gosto fosse amargo e sua carne fosse seca. Ele queria a fazer ficar despedaçada, só para que depois ele pudesse forma-la novamente a partir de seu molde, por isso ele não negou o pedido de seu tio, quando este o visitou.
Leviatã era alto, loiro e forte aos olhos de humanos, mas Aarinth enxergava mais a fundo. Via os animais gosmentos rastejando pela pele do tio, e via a falta que ele tinha do olho esquerdo. Seus cabelos não eram fartos e bagunçados de maneira sexy, e sim tufos em alguns pedaços e extremamente ralos. E seus dentes, eles eram podres.
— Aarinth, porque você me mandou aquelas roupas ridículas. —Seu tio esbravejou com ele, ao entrar no bar em que ele estava, mas as pessoas ao redor não perceberam a entonação de sua voz, nem o quanto ela incomodava.
— Leviatã, que honra te receber aqui na Terra. — Ele caçoou do tio. — O que está fazendo aqui?
— Vim brigar com você, mas pensei melhor. — Ele sorriu para Aarinth que sentiu nojo ao ver vermes entre os dentes do tio.
— Eu quero a garota.
— Não. — Ele negou na hora, seu tio não iria levar a alma de Hadassa, Aarinth queria fazer isso, ele se excitava só de pensar no momento em que a arrastaria para o inferno junto com ele.
— Não quero a alma dela como você pensa, quero apenas um tempo com o corpo. — Leviatã sabia o quanto Aarinth detestava dividir suas mulheres, e este sabia que aquele era o limite do tio, e que seu próximo passo poderia levar a uma guerra.
— Tudo bem. — Aarinth concordou sabendo dos riscos que seria negar um pedido daquele demônio. — Mas o cu dela é meu, e se você pensar em entrar nele terá problemas.
Leviatã levantou as mãos em sinal de rendição e se levantou indo embora enquanto ria de uma maneira que fez o chão tremer, mas com exceção de Aarinth, todos ali acharam que fosse um pequeno terremoto, muito comum na região. Quando Hadassa acordou e viu um homem diferente em sua frente, e no fundo, sentado à escada, Aarinth.
— O que está acontecendo? — Ela tentou se tapar ao lembrar que ainda estava nua, o que só fez aquele homem estranho gargalhar diante de um gesto tão inocente e desnecessário.
— O seu demônio de estimação me permitiu ter alguns momentos com você. — Ela entendia o que estava acontecendo e se preocupava com seus próximos minutos, ou talvez horas...
— Ele não poderia. — Ela começou a negar com a cabeça, permitindo que lágrimas caíssem. — Ele não faria.
— Não nos leve a mal, é necessário. — Aquele homem nojento e desconhecido, não, ele não era um homem, ela conseguia ver isso agora, era um demônio nojento. Ele andava até ela para se aproveitar de seu corpo. — Você vai manter a paz.
A próxima hora foi desesperadora para Hadassa e agoniante para Aarinth. Ele odiava ter que ver sua mulher sendo usada por outro homem. Só quem podia fazer isso com ela era ele, mas nada poderia fazer, eram negócios. Quando Leviatã se satisfez, foi embora, deixando Hadassa machucada no chão e Aarinth em pé no escuro a olhando. Ele foi até ela, querendo consola-la, mas ela se encolheu ao mais leve toque, não querendo que ele chegasse perto dela.
— Eu não tive escolha. — Ele tentou se explicar, carregando uma leve culpa na voz que fez com que Hadassa, mesmo que despedaçada de diversas maneiras, confiasse nas palavras dele. — Você terá que passar por certas coisas às vezes, são sacrifícios por nós, eu também os farei.
— Sim, faremos. — Ele deu um beijo nos lábios de Hadassa, que estava cortado de tantas dentadas e chupões.
— Descanse, por favor. — Ele se deitou no colchão velho junto com ela, e esperou que Hadassa se ajeitasse na cama e em seus braços, de maneira a não sentir tanta dor.
Apesar de machucada, Hadassa sabia que isso fazia parte do contrato, e que era seu dever manter um equilíbrio na vida de ambos, por isso ela optou por manter todos os seus sentimentos angustiantes dentro de si. Até porque ela concordou em fazer tudo por ele, e se ele precisasse usar seu corpo para algo, ela precisava permitir, mesmo que isso a fizesse se sentir um lixo de ser humano.
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