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Capítulo Seis

Três meses e um pouquinho se passaram e Janaina já estava mais integrada a equipe do que achava que fosse ficar em tão pouco tempo. Todos a tratavam muito bem, muito amigáveis e receptivos. O que cansava um pouco era a longa viagem que fazia todo santo dia de casa até o escritório, mas ela estava tão feliz em estar no meio de algo tão importante que nem ligava para isso, sua sede era aprender cada vez mais. Ela enfim aceitou a ajuda de Felipe para fazer terapia e tinha que admitir aquilo fez a grande diferença em sua vida, o ponto alto da semana era quando podia falar com sua terapeuta. Ela conheceu um pouquinho do que todo mundo fazia, o que ajudava muito na hora de ter que segurar alguma ponta, mas agora ela realmente ficava mais com Felipe todo o tempo.

Ele até colocou uma mesa para ela dentro de seu próprio escritório, causando imediatamente um burburinho entre todos, porque o seu escritório era tão particular, tão inviolável, que parecia uma heresia colocar alguém lá dentro. Mas como ele tinha que estar sempre em contato com ela para que ela cumprisse sua função, nada melhor do que mantê-la por perto.

- E os convites da festa?

- Ah sim, ficaram do jeitinho que você queria.

- Eu nem consegui ver eles prontos.

- Ficaram iguaizinhos o que você pediu, aqui, tenho um modelo comigo. – Ela passou o convite a ele.

O convite era para uma festa que ele ia dar em sua mansão para arrecadar fundos para uma ação social.

- Perfeito, já pode postar então.

- Já foi tudo postado e já tem gente até confirmando a presença.

- E o restante?

- Já conseguimos fechar buffet, decoração, o DJ que ainda falta confirmar, mas duvido muito que ele diga não. De resto, está tudo fluindo perfeitamente bem.

- E...

- O voo da sua mãe já está agendado e ela virá sim, já até marquei com um motorista de ir lá buscá-la.

- Eita porra, lê mentes agora?

- Não foi difícil. – Ela deu uma piscadinha. - Eu já vou almoçar, você vem também?

- Agora não, não estou com fome e também ultimamente não ando muito bem do estômago. Deve ter sido alguma coisa que eu comi.

- Você quem sabe. Vou almoçar e depois vou dar uma passada no correio para fazer uma retirada. Aquela encomenda ficou presa lá.

Ela levantou-se para sair, colocando sua bolsa no ombro, quando Felipe recostou-se em sua cadeira dando um longo suspiro.

-T á tudo bem Felipe?

Ele não ouviu de primeira, olhando para o nada.

- Felipe? – Ela se aproximou dele.

- Oi, você falou comigo?

- Falei. Perguntei se você está bem, tô te achando meio abatido.

- Não, só não venho dormindo muito bem ultimamente.

- As olheiras não negam.

Ele fez um leve aceno positivo com a cabeça.

- Você vai hoje no correio retirar aquela encomenda? Alguém me disse que ficou retida.

- Fui eu quem te falou isso, eu hein, se toca! – Ela empurrou a testa dele com o indicador. – Você tá bem mesmo?

- Eu já falei que sim! – Ele usou um tom pouco usual com ela, chegando a ser um pouco grosso.

- Tá bom, não tá mais aqui quem falou. – Ela colocou as duas mãos para cima. - Vou logo pra não atrasar meu dia. Já volto.

Janaina saiu deixando-o sozinho em sua sala. Ele fitou seu computador uns minutos com o olhar vazio, não conseguindo focar em nada e em alguns momentos aquele monte de letras parecia perder o sentido. Ele cerrou fortemente os olhos e balançou a cabeça, conseguindo ler novamente as palavras, percebendo ter uma reunião em breve e então levantou-se abruptamente sentindo uma leve tontura. A tontura teria que esperar um pouco, ele já estava bem atrasado para seu compromisso.

A ida ao Correio foi tranquila e ela resolveu tudo em menos de meia hora na rua. No caminho de volta comprou um milk-shake de paçoca, que era o seu favorito e voltou andando sentindo o Sol em seu rosto. O geladinho da sobremesa ajudava a equilibrar o Sol escaldante, mas que por ser carioca já estava acostumada. Ao entrar no trabalho, um rebuliço (usando a própria expressão de Felipe) estava em andamento. Uma gritaria misturada com som de coisa caindo e vidro quebrando, uma confusão tal qual ela não esperava. Ela largou seu milk-shake em qualquer lugar e saiu correndo em direção ao barulho, se deparando com uma cena que jamais imaginaria em toda sua vida. Felipe estava brigando com alguém que ela não sabia quem era. Bruno segurava ele de um lado, seguranças seguravam o tal cara do outro, as meninas no meio tentando apartar. Ela se aproximou com Bruno pedindo que tirasse Felipe dali. Um segurança os levou até sua sala enquanto tudo se resolvia lá fora. Ela ajudou-o a sentar em sua cadeira.

- Felipe, o que aconteceu? Você não é de brigar, não assim.

- Aquele cara é um merda! UM MERDA! – gritou ele, com a raiva ainda correndo em suas veias.

- Hey, calma. Olha só você, tá sangrando. – Ela passou a mão direita em seu rosto machucado.

Em instantes, o segurança que estava na porta lhe trouxe um kit de primeiros socorros.

- Deixa eu cuidar disso. – Ela embebeu um chumaço de algodão com álcool iodado e passou nos machucados. Ele contraía-se levemente. – Eu sei, isso arde, é álcool.

Ela limpou todos os esfolados, até os dos nós de suas mãos. Ao término segurou uma das mãos de Felipe nas suas.

- O que tá acontecendo Felipe? – perguntou calmamente, mantendo o tom de voz baixo. - Você não é assim...

- Eu posso ficar sozinho um pouco? – Seus olhos estavam exaustos.

- Claro. Qualquer coisa só chamar, vou estar ali fora. – Ela deu um beijo em sua mão e se levantou.

Ela chegou na porta, colocou a mão na maçaneta e olhou para trás. Alguma coisa em Felipe remetia caos e ela estava preocupada com isso. Então voltou e deu um abraço nele, beijando o topo de sua cabeça.

- Vai ficar tudo bem viu? Qualquer coisa, só chamar.

E por fim saiu, deixando-o sozinho. Lá fora todos aguardavam apreensivos.

- Gente, o que foi que aconteceu? – perguntou Janaina, fechando a porta por detrás de si.

- Ninguém sabe Jana, eles estavam conversando e de repente gritos e socos – respondeu Samanta. Ela fazia um coque em seu cabelo, estava suando de nervoso.

- Como ele está? – falou Bruno, já colocando a mão na maçaneta.

- Não Bruno, deixa ele. Ele quer ficar sozinho.

- Mas não seria bom alguém ir lá?

- Bruno, deixa ele – interviu Claysson. – Às vezes tudo o que a gente precisa é ficar sozinho.

Cada um foi para um canto e Janaina sentou-se no chão, ao lado da porta de Felipe. Ela só sairia dali quando ele desse sinais que estava bem. Aos poucos as horas se passaram, os funcionários foram indo embora a pedido da própria Janaina, pois ela garantiu que daria notícias a todos. Bruno ficou ali com ela.

- Eu tô realmente preocupada com ele Bruno, o Felipe não é assim. Ele disse que vem dormindo mal, com dores no estômago, anda muito irritado, distraído.

- Cara, eu não sei, mas tem alguma coisa de errado acontecendo. Em anos de convivência, nunca vi ele desse jeito. Caramba a ponto de trocar socos com alguém? – Ele olhou seu celular. - Olha a hora, será que tá tudo bem lá dentro?

- Eu ainda acho que devemos dar um tempo pra ele. Vai pra casa Bruno, eu fico aqui com ele. Essa hora nem tem mais ônibus pra eu voltar pra casa mesmo.

- E agora?

- Não esquenta, eu dou meu jeito. Vai lá que amanhã você tem vídeo pra gravar.

- Verdade. Fica bem?

- Fico.

- Se precisar, me liga que eu venho correndo.

- Pode deixar.

Ele deu um beijo na testa de Janaina e levantou-se indo embora. Agora somente ela, Felipe e os seguranças estavam no local. Ela avisou a família que não voltaria para casa naquela noite e que tudo estava bem. Depois ficou navegando em suas redes sociais até não aguentar mais e adormecer ali sentada no chão.

Ela já havia perdido a noção do tempo quando Felipe abriu a porta do escritório vendo-a dormindo ali sentada, toda sem jeito. Ele abaixou-se para acordá-la e ajudá-la a se levantar.

- Janaina? Eu não esperava você aqui. Na verdade, eu não esperava mais ninguém aqui.

- Eu não podia deixar você aqui sem saber se estava bem ou não. Mandei todo mundo ir embora e prometi que ia ficar pra cuidar de você. E aqui estou.

- Você não devia...

- Hey, esquece isso. Vai pra casa, toma um banho, tenta dormir um pouco e depois vem trabalhar.

- E você?

- Ér... meio que não tem ônibus esse horário onde eu moro. Eu posso dormir aqui mesmo em algum lugar. Só queria ter certeza que você ia estar bem.

- Nada disso, você ficou aqui por mim, nada mais justo do que você ir pra minha casa comigo. E nem tenta dizer que não.

- Nem se eu quisesse, aquela cama e aquele chuveiro estão gritando meu nome nesse momento.

Pegando seu próprio carro, Felipe conduziu-os até sua casa. Ambos não tocaram no assunto de o que havia acontecido naquele dia, pois Janaina sabia que haviam coisas que não valiam a pena insistir, que o melhor era a pessoa falar por vontade própria e ela sabia que ele sabia que ela estaria ali no momento em que ele precisasse desabafar. Não só ela, mas todos que amavam ele.

Ao contrário do sono conturbado que Felipe teve, Janaina dormiu muito bem e muito rápido, ela estava exausta, mesmo não trabalhando nem metade do que Felipe trabalhava. Seu celular despertou no horário de sempre, mas como estava perto do trabalho, poderia dormir mais umas horinhas sem problemas. Como ela gostaria de morar mais perto do trabalho, talvez conseguisse em mais alguns meses, alugar alguma coisa por ali, o que facilitaria e ajudaria muito. Mesmo querendo e podendo, não conseguiu voltar seu sono, pois seu pensamento agora estava em Felipe.

Felipe estava sentado à bancada da cozinha com um chá fumegante em suas mãos, ele tentava entender porque ultimamente seu sono estava tão perturbado, já que tudo estava indo bem, tinha Janaina por perto o que ainda garantia poder delegar parte de algumas de suas tarefas a ela, se bem que, por mais que pudesse dividir algumas destas tarefas com ela, parece que o nível de trabalho havia dobrado ao ponto de ter ainda mais trabalho que antes. E aquele investimento, ah aquele investimento não havia sido um bom negócio, se ele pudesse voltar no tempo.

Entediada de encarar o teto e com sua barriga roncando por não ter comido mais nada depois do almoço, ela decidiu ir até a cozinha para fazer um assalto a geladeira. Ao chegar na cozinha deparou-se com a figura de seu anfitrião sentado à bancada, encarando uma xícara. Ela fechou o robe antes de chegar perto dele.

- Felipe?

Ele a olhou, mas parece que seu olhar a atravessava.

- Já acordada?

- Fiquei com um pouquinho de fome, não comi mais nada ontem depois do almoço.

- Fica à vontade, pode pegar o que quiser.

Ela passou por ele, fitando suas feições que agora pareciam fantasmagóricas. Ele estava pálido ou era somente impressão? Abriu a geladeira sentindo o geladinho tocar em sua pele, fazendo seus pelos arrepiarem e no momento que ia esticar a mão para pegar um iogurte grego escutou o barulho oco de algo caindo no chão. Olhou rapidamente e viu Felipe caído ao chão, com a caneca, partida de um lado e o banco do outro. Com o coração em pulos correu até ele sacudindo-o e gritando por ajuda.

- Felipe, pelo amor de Deus, acorda.

Ela chamava por seu irmão, que por sorte estava passando a semana lá, mas ele não ouvia, aqueles quartos com certeza eram a prova de som. Ela não conseguiria levantá-lo, então correu até o quarto de Luccas, batendo freneticamente na porta.

- Mas que porr...quem é você? – Luccas e Janaina ainda não tinham sido apresentados.

- O Felipe...ele... ele... desmaiou... na cozinha... – disse Janaina sem fôlego, principalmente pelo nervoso.

Tudo aconteceu muito rápido. Em um minuto estavam na cozinha, em outro, Luccas o colocou no sofá da sala, já meio consciente. Um médico que morava no condomínio foi chamado para dar os primeiros socorros a ele. Por ter havido uma briga mais cedo, ele achou melhor que Felipe fosse encaminhado a um hospital a fim de fazer alguns exames, pois poderia ter sofrido alguma concussão. Mesmo muito a contragosto, Luccas o colocou no carro e os três foram para o hospital. Janaina ia calçando o tênis ainda no carro, tendo conseguido apenas enfiar a calça jeans de qualquer jeito para não sair só com o blusão que dormiu.

Enquanto Luccas dava a entrada dele no hospital, Janaina estava sentada na sala de espera, extremamente preocupada. Depois de resolver a papelada, Luccas se juntou a ela.

- Então me explica, quem é você? - questionou ele, sentando-se em uma cadeira.

- Realmente acho que lhe devo uma explicação. Meu nome é Janaina, sou funcionária do Felipe.

- E o que você estava fazendo lá em casa?

- O Felipe teve uma briga hoje mais cedo e se trancou no escritório e eu não quis deixar ele sozinho, então fiquei lá, as horas passaram e bem... estamos aqui agora.

- E que história é essa de briga?

- Luccas, ninguém sabe ao certo o que aconteceu. Você notou alguma coisa, sei lá, qualquer coisa errada nele?

- Não, mas também quase não vejo o Felipe. A gente trabalha tanto que nem temos tempo direito um para o outro.

- É, vamos esperar o que os médicos têm a dizer.

Os ponteiros do relógio pareciam não se mover e todo aquele branco do ambiente já começavam a enlouquece-la. Luccas muito cavalheiro, trouxe um copo de café e biscoitinhos para ela, que nem lembrava mais que tinha fome, mas apesar da ansiedade, comeu pois não ia fazer bem ficar tanto tempo assim sem nada no estômago. Agora ela percebia que estava sem sutiã e aquilo a deixou meio desconfortável, pois estava tão acostumada com ele que se sentia nua quando não o usava, mas também isso não importava mais. Tudo o que queria eram notícias de Felipe.

Ambos já haviam avisado a todos que conheciam o que havia acontecido a Felipe e eles acharam melhor que ninguém viesse ao hospital pois de nada adiantaria, ninguém iria poder fazer nada. O melhor era continuar o trabalho e eles iriam informar a todos tudo o que acontecesse. Algumas horas depois o médico finalmente deu as caras, chamando algum parente de Felipe. Ele saiu lá de dentro com papeis em mãos e o estetoscópio em volta do pescoço, igual cena de novela. Luccas e Janaina foram até ele, ela sabia que não era nada de Felipe, mas não importava, porque queria saber se ele estava bem.

- Não precisam se preocupar, o Felipe não tem nenhuma lesão na cabeça, está tudo perfeitamente normal com ele. Mas juntando tudo o que ele disse com o que vocês disseram, achamos que ele está com estafa.

- E qual o tratamento para isso doutor? - Luccas perguntou, deixando transparecer o nervosismo em sua voz.

- Ele tem que descansar. Ele me contou sobre sua rotina de trabalho e eu recomendo que ele pare, por no mínimo, uma semana e que depois pegue mais leve e tudo voltará ao normal.

Menos mal, ambos já respiraram mais aliviados.

- Ele já vai receber alta e pode ir para casa. Por favor, um de vocês dois pode ir lá assinar os papeis e depois podem ir buscar ele.

Luccas foi mais uma vez resolver a papelada e Janaina correu atrás do doutor.

- Doutor, um minuto. Então, como seria essa pausa?

- Ah eu recomendo que ele fique totalmente longe do trabalho, que se distancie de tudo.

- Vamos dizer que a casa dele também remeta a trabalho, seria bom ele sair dela?

- Seria o ideal, se ele trabalha em casa. O importante agora é que ele descanse e se afaste de tudo que remeta trabalho. Eu receitei alguns remédios para ajudar com o sono e com o estômago que ele reclamou. Mas assim que ele relaxar, as coisas vão voltando ao normal. Ele só tem que descansar e principalmente, desacelerar.

- Ok doutor muito obrigada, pode deixar que eu pessoalmente vou cuidar dele.

...

- Onde?

Os três já estavam no carro, rumo sua casa.

- Na minha casa oras! Meus pais estão em um cruzeiro de duas semanas, lá vai ficar vazio e eu vou poder cuidar de você e de quebra você fica longe de tudo que lembre trabalho.

- Não precisa, eu tô bem.

- Felipe, você escutou o médico, precisa parar e descansar. – Luccas dividia a atenção entre a conversa e o trânsito.

- Felipe, por favor. Lá você vai poder espairecer, vai respirar um novo ar, vai poder se desligar do trabalho de verdade.

- Mas eu posso ficar em um hotel e contratar uma enfermeira pra ficar comigo.

- Pra que isso? Minha casa tem três quartos, tá vazia, é em um lugar bem tranquilo, afastado. E ninguém vai tomar conta de você melhor que eu. Sorry Luccas.

- Mas é verdade mesmo, tô com a agenda lotada essa semana.

- Então? – insistia ela.

- Não quero te dar trabalho.

- Que trabalho Felipe, eu faço com todo carinho do mundo.

- Não querendo me meter, mas já me metendo, eu ia com ela, é uma pessoa conhecida, vai conversar contigo, ajudar a passar o tempo, te fazer companhia – opinou Luccas, olhando rapidamente para nós pelo retrovisor.

- Tá bom, eu aceito. Depois a gente acerta isso então.

- Acerta? Não entendi, a gente não vai agora?

- Acerta monetariamente falando, já que eu ia contratar uma enfermeira, posso pagar você o que pagaria a ela.

- Ai Felipe, assim você me ofende, eu não estou em papel de enfermeira ou de funcionária e sim de uma amiga que está se oferecendo para cuidar de um amigo.

- Mas assim não seria justo, vou tomar uma semana da sua vida.

- Felipe deixa eu te falar uma coisa, eu sei porque você me contratou. Eu sei porque, no último minuto você mudou de ideia e me chamou pra trabalhar com você.

- Olha, não foi por pena ou algo parecido, por favor não pense isso. – Ele ficou na defensiva.

- Eu sei, eu juro que sei. Você me contratou porque queria cuidar de mim. Queria ficar de olho em mim, saber como eu estava, não somente atrás de uma tela fria de celular, mas pessoalmente, me vendo, me cuidando, todos os dias.

Luccas não entendia nada do que estava acontecendo, então só ouvia atento. Felipe abaixou o olhar, meio sem jeito e depois olhou para ela.

- E eu pretendo fazer a mesma coisa, cuidar de você, do mesmo jeitinho carinhoso que você se preocupou e cuidou de mim.

- Ah, mas falando assim parece que você tem uma dívida comigo e você não tem, você não me deve nada.

- Não encaro isso como uma dívida, só encaro como gratidão, carinho, afeto, amizade. Eu tô fazendo isso de coração.

- Ai gente, que lindo esse momento, acho que vou chorar aqui, nunca tive uma amiga assim –brincou Luccas, fingindo secar lágrimas imaginárias.

Todos riram.

Rapidamente Janaina arrumou uma pequena mala para que Felipe, enquanto este estava tomando um banho para se livrar daquela sensação de hospital que estava sobre ele. Quando ele saiu do banheiro, ela estava separando suas cuecas com toda normalidade e naturalidade que havia nela.

- Quantas você acha que são necessárias?

- Nossa, invasiva ela.

- Ah para, são só cuecas. Mas eu deixo você arrumar então. – Ela jogou uma cueca nele, que a pegou no ar.

- Se é assim a primeira coisa que vou fazer é mexer na sua gaveta de calcinhas. – Ele estava terminando de arrumar suas coisas.

- Ha, boa sorte. Vai ver uma montoeira de calcinha embolada. – Ela estava sentada ao lado na mala que estava sobre a cama.

- Jura que você é bagunceira assim? Não parece, tem cara de ser tão certinha.

- Não, minhas outras gavetas são arrumadinhas, mas minhas calcinhas... juro, não sei o que acontece, parece que eu arrumo e pela noite elas entram em guerra entre si e no dia seguinte tá tudo embolado. – ela fez uma pausa. - Pera... porque estamos falando sobre minhas calcinhas mesmo?

A viagem até a casa de Janaina foi bem tranquila, Sergio, o amigo motorista de Felipe que os levou lá, já até sabendo o caminho pela primeira vez que deixou Janaina em casa. Tudo ficou certo e mesmo havendo resistência de algumas pessoas, eles foram para lá. Como o grande público não sabia nem quem era Janaina, ele estava em segurança, Sergio não falaria nada a respeito e depois de uma semana voltaria para buscar Felipe.

A cidade era praiana, mas como não estava em época de férias ou feriado, estava vazia e monótona como sempre. Para chegar à casa, não necessariamente precisaria passar na praia, mas Felipe pediu para eles passarem por lá. Sérgio parou rapidamente na orla, com o alerta ligado.

- Nossa, nem sei quanto tempo eu não fico assim – referiu-se Felipe a algumas poucas pessoas que estavam na areia.

- Acredita que eu moro aqui há alguns anos e nunca fiquei nessa praia? Por isso tenho essa cor de burro quando foge, não tomo Sol.

- Quer comparar cores comigo?

Sergio por fim subiu a rua e em cinco minutos deixou os dois no portão, partindo rumo a outra chamada. Ela sacou as chaves de dentro de sua bolsa e abriu o portão. O carro de seus pais estava na garagem, mas eles não estavam em casa, pois passariam duas semanas viajando em um cruzeiro junto com seu irmão mais novo.

- Eu até ia, eles já vinham pagando isso há meses, mas com o trabalho eu não pude ir.

- Poxa, perdeu um passeio maravilhoso.

- Mas ganhei um trabalho que não trocaria por nenhum cruzeiro desse mundo.

- Babá de Youtuber, que trabalho hein! – ironizou ele, em tom de brincadeira. Ela mostrou a língua para ele.

- Bem-vindo a minha humilde residência e por favor não repara a bagunça. -Ela colocou suas chaves sobre a mesa da cozinha.

- Humilde? Sua casa é bem grande pra ser uma "humilde residência".

- É só modo de falar, eu sei que ela não é pequena, quem varre e passa pano nesse chão todo aqui sou eu. Minha coluna grita só de pensar. Vem, vou te levar pro meu quarto, onde você vai ficar e depois vou tomar um bom banho porque tô doida pra trocar essa roupa. – Ela adentrou a casa seguida por ele.

Eles subiram as escadas para o segundo andar e a primeira porta já era seu quarto. "Graças a Deus arrumei ele antes de sair", pensou ela. A porta foi aberta e ambos entraram.

- Ual – falou Felipe, assim que atravessou a porta.

- Que foi? – Ela colocou a mala sobre a cama.

- Esse quarto é tão seu que se eu tivesse que apostar entre esse e outros trinta quartos eu ganharia a aposta.

- Ahn? – Ela olhou em volta.

- Não sei, é sua cara. Mano, é sua cara. Até o jeito que você arruma seus livros é sua cara, não sei explicar, mas tudo aqui parece exatamente com você.

- É, fui eu que arrumei cada detalhezinho aqui... – Olhando a sua volta, seus olhos se esbarraram na gaveta da cômoda. – Ah, a terceira gaveta daquela cômoda está vazia, veja que coincidência, eu esvaziei ela esses dias, estava cheia de tranqueiras. Você pode colocar alguma coisa ali se você quiser. Deixa eu descer e tomar um banho, pelo amor, tô precisando. Se quiser descer e ficar na sala, a vontade, o controle da TV deve estar jogado entre as almofadas.

Ela começou a catar roupas no guarda-roupas e ele viu quando ela abriu sua gaveta de calcinhas e sim era uma bagunça, mas ele reservou os comentários a sua própria cabeça.

Saindo do banheiro com uma toalha enrolada em sua cabeça, trajando um shortinho jeans surrado e uma blusinha qualquer, ela foi atrás de Felipe que estava sentado no sofá com o celular em mãos.

- Nananão. – Ela puxou o celular por cima. – Nada de celular, de computador, nada de joguinho, só TV se quiser.

Enquanto ela desligava o celular, jogou o controle para ele.

- Nem o jogo, eu adoro meu jogo.

- Ninguém mandou transformar em trabalho, agora nem jogo e ponto final. Tá com fome?

- Um pouco.

Ela se sentou no braço do sofá.

- Então aqui nós não temos muita opção de delivery, ainda mais essa hora e já tá tarde pra fazer comida. Diz que você come miojo.

- Um miojão? Claro garota, que tipo de pessoa você acha que eu sou? 

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