Capítulo Quinze
Janaina mal havia dormido naquela noite, tamanha a ansiedade pelo que viria a seguir, também pudera, Ruan mandava mensagem de cinco em cinco minutos durante toda a madrugada, denunciando que também estava ansioso e com insônia. Ela estava tão feliz com sua felicidade, talvez aquela fosse sua maior realização pessoal, pois nada a deixava mais feliz do que fazer as pessoas felizes.
Finalmente o dia amanheceu e as nove da manhã o carro de seus pais entrava no condomínio, parando à frente da casa de Felipe. Ambos aguardavam pela chegada deles na sala, onde Felipe fez questão de abrir a porta para que eles, principalmente Ruan, entrassem.
- Obrigada mesmo pelo que você tá fazendo Felipe, depois de tudo, ainda tô te arrancando tão cedo da sua cama. –Ambos estavam atrás da porta.
- Imagina Jana, faço isso com o maior gosto. – Felipe já segurava a maçaneta, aguardando seus convidados. Era engraçado, mas ele sentia uma pequena ansiedade batendo em finalmente conhecer a família dela.
Antes mesmo que batessem na porta, Felipe a escancarou, sendo Ruan a primeira pessoa na frente. Janaina se emocionou ao ver seu irmãozinho tão feliz quando viu a figura de seu ídolo se materializar em sua frente. Primeiro Ruan tremeu e paralisou pelo susto e depois o agarrou pela cintura, sem dizer uma palavra.
- Então você é o famoso Ruan, sua irmã fala muito de você.
Ruan não respondeu nada, só ficou olhando admirado com Felipe. Ele era um menino muito doce e sensível, seu rosto vermelho denunciava claramente que ele queria chorar, mas ele se conteve o máximo para que isso não ocorresse. Janaina estava com vontade de apertar ele, mas ela ali estava longe de ser a protagonista naquele dia e tudo bem, não é todo dia que a gente encontra nosso ídolo por aí.
- E você não fala nada? Parece sua irmã quando veio aqui pela primeira vez.
- Oi...
Todos acharam graça de sua timidez. Enquanto Felipe e Ruan protagonizavam aquela cena fofa, Janaina estava abraçada aos pais, matando a saudade.
- Então Felipe, essa é minha mãe, Denise e meu pai Jean.
- Prazer em conhecê-los. – Ele estendeu a mão, cumprimentando ambos, ainda com Ruan agarrado a sua cintura. – Isso aqui, é para a senhora.
Juliana saiu de algum lugar, chegando com um buquê de rosas vermelhas e entregou a Felipe que passou para a mãe de Janaina.
- Senhora está no céu, você, pode me chamar de você. – Ela pegou o buquê em seus braços. – Nossa, são lindas. Muito obrigada.
- De nada. E isso é para você Jean, Janaina disse que você é fã de vinho. – Juliana lhe passou uma garrafa de vinho e ele repassou ao convidado.
- Ô rapaz, aí sim hein!
Aquele com certeza era o vinho mais caro que ele já havia segurado em toda sua vida.
- Hey, e eu? - Ruan perguntou, impaciente.
- Que isso menino, isso são modos? – repreendeu Denise.
- Pode deixar Denise, não tem problema. – Ele voltou-se a Ruan. – O seu está ali no sofá, aquela caixa enorme.
Ruan correu para o sofá e já saiu abrindo a caixa sem reservas, com aquele jeitinho infantil. Seu rostinho se iluminou na hora em que viu o que tinha na caixa.
- Mãe, olha isso, aquele jogo que eu queria. – Ele remexia a caixa com toda afobação. – Olha mãe, as blusas do Felipe.
Ele retirou tudo de dentro da caixa, virando e revirando cada coisinha que havia lá dentro.
- Eu fiz questão de separar toda minha linha de roupa pra ele e pelo visto ele gostou.
- Agora ele só vai usar essas roupas por um longo tempo – disse Denise, admirando a felicidade do filho.
- Vamos tomar café então? Depois temos muita coisa pra fazer!
Após o café, Ruan quis fazer um tour pela casa toda, incluindo o quarto de Felipe, que ele abriu sem pestanejar. Ruan, aproveitando cada segundo, subiu na cama de Felipe para tirar foto. Denise tentava segurar o filho um pouco, mas Felipe sempre passava a mão na cabeça do menino, o deixando à vontade. Ruan também não era uma criança mal-educada, ele sabia exatamente onde podia ir, só estava empolgado demais para lembrar de algumas regras básicas, que Felipe o deixava quebrar sem problemas.
Os três ficaram, então, no quarto de Felipe jogando vídeo game, enquanto Janaina foi com sua mãe para o quarto em que estava hospedada, ela queria terminar de arrumar suas coisas e conversar um pouco com a mãe. Esta estava sentada na cama enquanto Janaina terminava de dobrar umas roupas.
- Ual hein filha, essa casa é espetacular.
- Eu me lembro de quando entrei aqui pela primeira vez, fiquei extasiada.
- E esse Felipe hein? Eu já gostava dele antes, mas agora conhecendo pessoalmente, ele parece ser um homem muito bom.
- Ah é sim, ele é incrível. – Ela começou a guardar as últimas peças na mala.
- E...?
- E o que?
- Só isso?
- É mãe, só isso. O que você tá querendo dizer com isso?
- Não sei... só que ele é tão atencioso com você, te convidou pra ficar aqui, chamou a gente, viu aquele vinho que ele deu pro teu pai? E aquele jogo que ele deu pro Ruan? Eu estava fazendo ele economizar dinheiro há meses pra comprar um, sem dizer que aquele buquê de rosas não se dá a alguém sem que se queira impressionar.
- Eu também comprei um buquê pra mãe dele quando a busquei no aeroporto.
- Pra ela você compra buquê né filha de uma égua. Tu tem mãe sabia? – Ela jogou uma almofada na filha.
- Para, desse jeito vai parecer que não me preocupo com você.
- Tô só brincando, você sabe. Mas... se não foi pra impressionar a futura sogrinha, foi por que então?
Janaina riu do "futura sogrinha. ".
- Foi pra ser gentil, igual ele foi com vocês, igual ele é comigo.
- Ah para minha filha, você já é minha filha há mais de vinte anos, te conheço, sei quanto tá apaixonada. Esses olhinhos não mentem pra mim.
Janaina sentou-se ao lado da mãe, dando um longo suspiro.
- Também, e se for? Quando que o Felipe Neto vai se apaixonar por mim? Ele é uma pessoa influente, é famoso, é rico. E eu sou só... eu.
- Hey, nada disso, ele pode ser o Felipe Neto, mas você é a Janaina Fernandes. Ele não é mais e nem menos que você minha filha. Não se menospreze nem se rebaixe tanto.
- Não é me menosprezar mãe, mas...
- Não tem mais nem meio mais, minha filha você é uma mulher forte, decidida, inteligente, linda, eu sei que você passou por uns períodos difíceis, mas isso passou, mudou, ficou lá trás. Não esquece disso, jamais. Você é tão boa quanto qualquer mulher que passe na vida dele.
- E olha que são muitas, eu vejo o tempo todo. No trabalho, na rua, na festa, todas tentam tirar uma casquinha dele.
- Mas quantas você acha que gostam de verdade dele? Não pelo que ele tem, mas por quem ele é?
- Bom... sabendo-se que quase ninguém conhece ele tão bem assim. – De repente, um sorriso bobo se formou. – Sabe, eu percebi que o Felipe não é tão aberto assim com qualquer um, mas sinto que ele é tão real comigo, tão transparente. Sinto como se o conhecesse tão bem. Espero não estar enganada.
- Tenho certeza que não está, tenho certeza que ele não colocaria uma pessoa estranha no convívio de seu lar. Não é pra qualquer um que abrimos as portas da nossa casa, da nossa intimidade. Filha, você só vai saber se falar com ele.
- E se ficar estranho? Se der errado? Como a gente vai trabalhar com um clima ruim?
- Minha filha, vocês são dois adultos, se o relacionamento não der certo continuam trabalhando. Uma coisa é a vida profissional e a outra é a pessoal.
- Mas mãe, você viu como terminou mal com o E...
- Nem termina essa frase. O Eduardo foi um idiota, no fundo sempre desconfiei que uma coisa dessas ia acontecer. Mas o Felipe não é ele, você não pode generalizar todos os homens do mundo. Se é que o Eduardo era um homem, porque a atitude dele foi de um moleque.
- Você pode ter razão. Ou não. Ah não sei o que pensar. Eu gosto muito desse trabalho pra arriscar tudo em abrir meu coração sem nem saber se vou ser correspondida.
- Bom... eu já te dei minha opinião minha filha, mas você é dona da sua vida, do seu nariz. Faça o que achar que deve ser feito.
Como a vida é mais fácil quando nossa mãe decide as coisas por nós. "Veste isso! Não come aquilo! Faz o que eu estou mandando porque eu sei o que é melhor para você! "... Se seu eu do passado soubesse como era a vida de um adulto, jamais teria desejado ser um. Elas decidiram se juntar a todos, encontrando eles ainda no quarto disputando um torneio de futebol.
Janaina não conseguia parar de olhar a carinha feliz de Ruan na presença de Felipe e não conseguia parar de admirar todo o esforço que ele fazia para deixar seu irmãozinho a vontade e feliz, via-se nitidamente que ele estava se esforçando ao máximo para que o dia do pequeno fosse o mais perfeito possível. Ruan estava empolgado para voltar para a escola e mostrar todas as fotos divertidas que tiraram juntos a todos os seus amiguinhos. Tudo não podia estar mais perfeito, mas pena que até dias perfeitos como aquele, uma hora chegariam ao fim.
- Poxa, a Janaina te vê todos os dias e eu não.
Ao fim do dia, Ruan protestava para não ir embora.
- Mas como não? Você vê a cara do Felipe todos os dias pelo computador – disse Jean.
- Mas não é a mesma coisa pai!
- Hey amiguinho, agora você é meu amigo, não é? – Felipe abaixou-se na altura de Ruan. O menino balançou afirmativamente a cabeça respondendo à pergunta. – Então, a gente vai se ver de novo, eu prometo pra você. Ah e de vez em quando eu roubo o celular da sua irmã pra falar contigo, combinado?
- Combinado! – respondeu ele animado.
- Então bate aqui moleque! – Ambos bateram as mãos.
Os pais de Janaina foram para o carro na frente, os deixando a sós, na porta de Felipe.
- Muito obrigada mesmo por esse dia, nunca vi o Ruan tão feliz em toda minha vida.
- Não precisa agradecer, adorei passar esse dia com ele.
- Mas mesmo assim, muito obrigada Felipe, de coração.
Ambos trocaram um sorriso e ela o abraçou.
- Você é o cara mais incrível que eu já conheci.
De repente, em um impulso inesperado, ela deu um beijo nele. Do nada, sem explicação nenhuma, um beijo rápido, um "selinho" como é comumente conhecido. No mesmo momento, o rosto queimando de vergonha, ela se afastou e correu para o carro, o deixando ali parado, sem nem conseguir se mexer. De onde eles estavam, as plantas os cobriram, não permitindo que ninguém visse aquele beijo, somente ambos sabiam disso.
Ele viu o carro se afastar e de repente sumir. Ele quis correr atrás do carro, o parar, a tirar lá de dentro e beijá-la verdadeiramente, com tudo o que estava sentindo, porém ficou ali, parado, olhando para o lugar onde o carro esteve fazia pouco. Por um longo tempo ele permaneceu assim, com mil pensamentos passando em sua mente. Tocou os lábios com as pontas dos dedos, no lugar onde os lábios de Janaina haviam tocado e finalmente resolveu entrar. Um pequeno sorriso se fez, assim que ele fechou a porta e soltou a maçaneta.
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