Capítulo Dezessete
- Quer dizer que agora você namora minha irmã? – Ruan estava empolgadíssimo, sentado ao lado de Felipe no sofá da casa da Janaina.
Ambos fugiram sem rumo e acabaram indo para uma praia dos lados onde Janaina morava. Assim que chegaram na praia, alugaram um barco que os levou até uma ilha onde não havia ninguém. O barqueiro deveria voltar quando o Sol estivesse começando a cair para busca-los ou então eles ficariam presos lá sem conseguir se comunicar com ninguém, pois nenhum dos dois tinha celular em mãos. Felipe dobrou sua calça até onde conseguiu e tirou sua blusa, Janaina, por sorte, naquele dia estava com um vestido florido bem levinho. Eles estavam deitados na areia, lado a lado, um segurando a mão do outro.
- Somos loucos mesmo, olha onde viemos parar... numa ilha, sem ninguém, sem nada – disse Janaina, entre sorrisos.
- Quem disse que não temos nada? – Ele se virou, ficando por cima dela. – Eu tenho você, você tem a mim.
Ele a beijou.
- Isso é um sonho? Se for eu não quero acordar nunca mais!
Dessa vez ela o puxou para um beijo, depois ele saiu de cima dela, sentando-se ao seu lado. Ela também se sentou.
- Eu nem acredito que fiz isso, amanhã vão me matar lá no escritório. – Ele sorria de um jeito infantil. – Mas eu não ligo, caramba, como eu tô feliz, fazia muito tempo que eu não me sentia assim.
- E eu sou a responsável por isso?
- Você ainda tem dúvidas? – Ele a puxou para mais um beijo. Depois se levantou, ajudando-a a levantar-se também. – Eu queria que eu tivesse tido tempo de planejar uma coisa linda, espetacular, tudo do jeitinho que você merece, mas tudo aconteceu tão de repente. Você aceita ser minha namorada?
Ele se ajoelhou na frente dela, segurando uma de suas mãos. Ela sorriu de felicidade e caiu de joelhos a sua frente, ambos ficaram olho no olho.
- Mais perfeito que isso tudo? – Ela apontou para a paisagem. – Não importa onde a gente esteja Felipe, do seu lado tudo fica perfeito e eu acho que está mais do que claro que eu quero ser sua namorada.
Depois de mais um beijo, ele puxou ela para a beira do mar, os dois correndo e jogando água um no outro, numa felicidade pura e genuína. Ele pegou uma flor, limpou e depois de se certificar que não havia nenhum bicho, colocou em seu cabelo. Aquilo tudo parecia tão mágico, só ele e ela ali, em um pedacinho escondido do mundo, celebrando o amor. Ele tão acostumado com câmeras o cercando, achava que aquilo tudo parecia cena de um filme romântico da TV. Parecia que a qualquer momento um diretor iria pular detrás das pedras para dizer um "Corta! ". Porém a parte mais legal era que era vida real, era sua própria vida, com dois rumos totalmente inesperados. O primeiro lá de trás quando começou a lançar seus vídeos e agora, tendo aquele momento tenro com Janaina.
Ambos estavam sentados sobre uma enorme pedra, tendo o mar como testemunha de tudo o que estava acontecendo.
- Obrigado viu? – disse ele, sua voz bem baixa.
- Pelo que?
- Por isso tudo, por vir e chacoalhar minha vida um pouco. Eu não sabia que precisava disso até ter isso.
- Nem eu. – Ela ouviu o motor do barco ao longe. – Olha, o barqueiro chegou. Hora de ir.
Ela ia se levantar quando ele a segurou no lugar, arrancando-lhe outro beijo. Tão apaixonado, tão intenso, tão verdadeiro que a deixou sem fôlego. Agora sim, hora de ir.
Como a casa de Janaina ficava perto, eles decidiram por ir contar a novidade a família e aproveitar para descansar por lá mesmo, já que no dia seguinte teriam que voltar juntos ao trabalho.
- Pois é, eu sou namorado da sua irmã agora. – Todos estavam sentados divididos entre os dois sofás. Eles de mãos dadas.
- Que legal! Meus amigos vão morrer de inveja –comemorou Ruan.
- Nada disso Ruan, você vai ter que me prometer que não vai contar isso pra ninguém, nem pro Rafael, seu melhor amigo – interveio sua irmã mais velha.
- Aaaaah, mas por quê? – Ele cruzou os braços, com o rostinho fechado.
- É minha filha, por que isso?
- Quero deixar bem claro que por mim eu alugava um avião com uma faixa escrito que ela é minha namorada. – Felipe se explicou antes de qualquer coisa.
- Eu que pedi isso mãe, agora no início quero que tudo fique como está, principalmente sem pressão de ninguém. Por isso Ruan, por favor, não conta pra ninguém, ou... ou nunca mais deixo o Felipe falar com você.
- Tadinho Jana... – Felipe se compadeceu de Ruan.
- Não, isso não! Tudo bem, eu não falo nada, eu prometo!
- Bom garoto! – Ela bagunçou os cabelos de Ruan. – Se vocês não se importam, nós vamos subir para dormir, estamos cansados.
- Eu já deixei roupa de cama pro Felipe lá no seu quarto minha filha.
- Obrigada mãe!
- E Jean, obrigado pela roupa de dormir e pela roupa de amanhã, juro que devolvo tudo logo.
- Se preocupa não.
Janaina arrastou Felipe pela mão até seu quarto e logo se jogou em sua cama, seguida por ele.
- Olha eu aqui de novo – disse ele.
- Olha você aqui de novo.
- Mas agora como namorado.
- Agora como namorado! – repetiu ela, dando um beijinho na ponta de seu nariz.
- Hoje o dia foi...
- Inacreditável – interrompeu ela, concluindo sua frase.
- Só não concordo com isso da gente se esconder, quero gritar para os quatro cantos do mundo que você é minha namorada.
- Por enquanto não, por favor, juro que não vou me esconder pra sempre.
Ele a puxou para perto de si, ela se aconchegou em seu peito.
- E o que você me pede sorrindo que eu não faço chorando?
...
O dia seguinte só começou depois que Felipe deixou Ruan na porta da escola pela manhã, o menino queria tanto exibir seu novo cunhado, mas se contentou em ser deixado lá por ele. Ao estacionarem na porta do trabalho, Felipe olhou para ela com cara de culpa.
- Pronta para os esporros?
- Eeeeu? – Ela apontou dramaticamente para o próprio peito. – Foi você que me arrancou daqui e todo mundo viu.
- Agora vai tirar o seu da reta?
- Claro! Os mais fracos sempre caem primeiro, vou morrer dizendo que a culpa é sua.
- E preparada pra contar a novidade pra eles?
- Você me garante que ninguém vai dar com a língua nos dentes?
- Não posso garantir, mas confio neles. E também eu não ia conseguir ficar longe dessa boca tanto tempo assim - ele a beijou –, uma hora ou outra eles iam acabar nos flagrando.
- Nisso você tem razão. Então vamos?
- Vamos!
Eles desceram do carro e ao passarem na portaria todos já vieram, ao mesmo tempo.
- &%$@#!*&£% Felipe, onde você se meteu ontem o dia todo? – Samanta veio como um leão em cima dele.
Bruno observava ao longe, rindo, já imaginando o que seria.
- Ontem isso aqui virou uma loucura sem você. Você perdeu aquela reunião lembra? – disse alguém lá detrás.
- E as gravações? Você atrasou o cronograma todo! –disse mais outro.
- A gente te ligou o dia todo e depois vimos que tanto você, quanto a Jana deixaram os celulares na mesa. Afinal, o que aconteceu hein?
Bruno saiu lá detrás, vindo a passos lentos em direção a eles.
- Gente, gente, calma. Aposto que tudo tem uma explicação plausível e considerável. Explica para os outros o que houve, se bem que, sem querer me gabar, eu já sei. – Bruno e Janaina trocaram um sorriso cúmplice.
- Gente, me perdoem pela minha irresponsabilidade, eu sei que faltei com todo mundo ontem, mas eu quis fugir. Sequestrei a Janaina e fugi.
- Como assim sequestrou? Você tá doido? – Samanta ainda não havia chegado ao "x" da questão.
- Eles estão namorando gente! – Bruno não aguentou e falou logo.
Todos olharam espantados e um burburinho se fez.
- Valeu Bruno, por acabar com nosso momento. – Ele pegou a mão de Janaina. – Sim, é verdade, nós estamos juntos. Ontem me deu a louca e eu sai correndo com ela daqui.
- Perdoem a gente, eu prometo que isso nunca mais vai acontecer, eu garanto isso a vocês. – Ela olhou duro a Felipe. – Prometo que vamos separar a vida pessoal da profissional e não vou mais seguir as loucuras dele em horário de trabalho.
- Vocês estão perdoados! – Com um abraço de urso, Bruno abraçou Janaina e Felipe ao mesmo tempo.
Os demais vieram depois, um a um, parabenizar eles pelo novo relacionamento.
- Só queria pedir uma coisa a vocês, que isso não saísse daqui por enquanto. A gente ainda está no comecinho, e ela quer ir com calma. – Ele apontou para sua namorada.
- Eita... – alguém disse lá detrás.
- Eita? Quem disse eita? – alarmou-se Janaina.
- Por que vocês não falaram isso primeiro? Eu postei tudo nos stories e já teve visualizações o suficiente para não dar tempo de apagar – disse o responsável pelas redes sociais.
Ele havia gravado o exato momento que Bruno dizia que eles estavam namorando e depois colocado uma foto deles abraçados escrito "Love is in the Lab...".
- É, durou pouco nosso sossego – concluiu ela.
- Devo mandar alguma nota pela imprensa?
- Claro que não, eu mesmo cuido disso. – Ainda de mãos dadas, eles foram rumo sua sala.
- Eu estou demitido? – Via-se no olhar do rapaz o desespero.
- Não, não, tudo bem, fica tranquilo, uma hora ou outra todo mundo ia ficar sabendo mesmo. – Janaina tranquilizou o rapaz.
Eles entraram na sala de Felipe, ele sentou-se na cadeira e ela na mesa a sua frente. Ele já aproveitou para ligar o computador.
- E agora? Como é que vai ser? Não sei se tô preparada para ser a "nova namorada do Felipe Neto".
- Vai ter que se acostumar, vai ter comentário, mas logo acontece outra coisa e eles largam do osso. Mas sobre anunciar sobre nosso relacionamento, eu faço questão de fazer isso pessoalmente. Nada de nota de assessoria. Eu quero que todo mundo saiba o quanto eu te amo. – Ele deixou escapar essas três últimas palavras.
Ela arregalou os olhos, as bochechas vermelhas.
- Você me ama? – Ela começou a morder as cutículas das unhas.
- Acho que desde o primeiro caractere. – Ele se referia as mensagens que Janaina deixava toda noite em sua rede social.
Ela sorriu, desceu da mesa e sentou em seu colo.
- Eu também te amo, da pontinha do seu dedinho do pé, até o topo do topete. – Ela brincou com o cabelo dele, o olhar totalmente apaixonado.
De onde vem o amor? Quanto tempo ele demora para florescer? Existe um tempo certo para dizer "eu te amo"? Essas perguntas não faziam a menor diferença para eles, pois para que esperar? Por que não abrir logo o coração e dizer tudo de uma vez? O amor é o sentimento mais puro e mais verdadeiro que uma pessoa pode sentir, então por que guardá-lo para si? Tanta coisa ruim acontecendo de uma vez no mundo, então quando se há amor, para que omitir? Amar, dar amor, compartilhar, repartir, sentir, é tão gratificante, tão genuíno, que esse sentimento não deve ser enterrado em algum canto fundo do coração e sim ser colocado para fora na primeira oportunidade. Não devemos sentir medo ou vergonha de amar alguém e demonstrar isso. Medo devemos sentir quando não há amor. A esperança é de que ainda haja amor o bastante para todos e que o amor sempre vença.
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