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Capítulo Dezenove

- Obrigada de verdade doutora Ana, por poder me atender agora.

Janaina estava escondida em uma das salas do trabalho, uma que costumeiramente ficava vazia. Ela suplicou por uma consulta com sua terapeuta fora do horário, pois achava que não suportaria o que estava acontecendo. Ela sabia que não deveria, sabia que tinha que ficar afastada das redes sociais, dos sites de fofocas, das notícias sensacionalistas e dos comentários que surgiram a seu respeito, porém, como uma mera mortal, isso não foi possível e de repente ficou de cara com tudo. A noite anterior havia terminado tão bem, ambos juntinhos em uma felicidade infinita, depois ela foi acordada com café na cama e muitos beijinhos. Na ida até o trabalho ficou longe do celular para conversar com seu amado. Mas bastou ficar um minutinho sozinha que a curiosidade por fim bateu e agora se encontrava desesperada com a quantidade de informação negativa. Sites de fofoca tentavam de tudo para saber mais de sua vida pessoal, criaram-se então várias especulações, várias mentiras fantasiosas a seu respeito. Alguém havia conseguido acesso a suas contas que eram privadas, expondo sua vida pessoal até o limite. Mas o pior de tudo eram os comentários depreciativos contra ela. Inúmeros desconhecidos a chamando de coisas horríveis, de coisas que ela jamais havia sequer imaginado.

"O que o Felipe viu nela? ".

"Quem é essa gente? Tinha mais estranha não? ".

"Aposto que é golpe! ".

"Daqui a pouco começa canal, fica famosa e chuta ele. ".

"Que mulher feia da p****, com certeza se ele se esforçasse pegaria alguém melhor. ".

"Preferia a ex dele. ".

"Tem cara de songa monga mas duvido que seja, logo, logo vai dar um golpe. ".

"Interesseeeeeeeeira. ".

"Vai ver só, daqui a pouco vai aparecer toda gostosa e o trouxa que vai bancar tudo. ".

Esses e muitos outros comentários gritavam em sua mente, muitos duvidavam de seus sentimentos, outros questionavam sua aparência, seu peso, muitos afirmavam coisas que nem sequer haviam passado em sua mente.

- Assim que eu vi a notícia explodir, eu imaginei que você precisaria da minha ajuda – disse a médica com sua voz doce como sempre.

Felipe estava distraído com seu trabalho, quando Janaina se levantou, dizendo que ia até o banheiro. Ela de fato foi, mas na hora que ele viu o ícone de um e-mail levantar na tela, também viu a imagem de Janaina entrando na sala vazia com a mão no rosto. Estaria ela chorando? Rapidamente ele se levantou de sua cadeira e foi até a sala, ouvindo parte da conversa, já que a porta estava entreaberta. Ele ouviu nitidamente ela agradecendo a doutora por atendê-la. Mas por que ela estaria ligando para a terapeuta essa hora?

- Ana, eu não sei o que fazer. Você viu aquilo tudo? Você leu tudo o que eles disseram? Eu sabia que não deveria ter lido as notícias. Eu sabia que tinha que ignorar os comentários, mas não deu, a curiosidade falou mais alto.

Felipe, logicamente só conseguia ouvir o lado de Janaina e aquilo que ela revelou lhe doeu como uma faca fincada no coração. Obviamente as pessoas estavam comentando, obviamente as pessoas estavam criticando, atacando, falando mentiras a seu respeito. Como ele já estava acostumado a simplesmente ignorar, foi isso que ele fez, se esquecendo totalmente que Janaina estava longe de ser acostumada a isso. Ele sacou o telefone do bolso, ficando chocado com alguns comentários muito maldosos.

- Eu sei que a gente já vinha se preparando pra isso, mas viver isso é totalmente diferente. Sabe, agora até eu tô me questionando o que o Felipe viu em mim, de verdade. Olha pra mim Ana, diferente demais da ex dele e de qualquer mulher que tivesse chegado perto dele.

Não saber o que a terapeuta dizia angustiava Felipe, mas ele sabia que ela diria as coisas certas.

- Tá doendo muito eles acharem que eu sou uma golpista. Caramba, eu nem sequer imaginei isso na minha vida. Eu não faço ideia de quanto ele ganha ou deixa de ganhar, eu continuo no mesmo cargo, ganhando a mesma coisa, nada mudou. Só que eu pude finalmente amar ele sem reservas.

Mais uma vez o silêncio de Janaina ouvindo a terapeuta falar. Enquanto ela falava, Janaina subiu o olhar a uma janela vendo seu reflexo nela. Há quanto tempo ela e seu reflexo eram inimigos, há quanto tempo ela odiava tudo o que via lá. Ela nunca conseguiu, ao menos, chegar perto do padrão de mulheres que a sociedade exigia, que eles diziam ser a mulher perfeita. Quantas vezes já chorou antes de sair por achar que sua aparência não condizia com aquela que lhe impunham ser a melhor. Quantas vezes deixou de sair de casa por vergonha de alguma coisa que a incomodava e agora ter tudo aquilo jogado em sua cara era cruel.

- Eu nunca tinha pensado no Felipe como o Felipe Neto, pra mim ele é só o Felipe. - Ela continuava a ver seu reflexo na janela, de repente seu sangue ferveu. – O que ele viu em mim doutora? O que ele viu em mim?

Por um impulso ela agarrou um porta lápis jogando contra a janela, o vidro se estilhaçou aos seus pés, deixando um enorme buraco na janela, fazendo-a se assustar com seu próprio gesto impensado. Felipe entrou assustado na sala, a envolvendo em seus braços, pediu licença, agradecendo a médica pela atenção e cuidado. Ela reiterou que Janaina não faltasse a próxima consulta, porque seria importante. Ele desligou o celular e colocou em seu bolso.

- Jana meu amor, calma, por favor.

Ela levantou os olhos inchados para ele, morrendo de vergonha pela janela quebrada.

- Desculpa pela janela, pode descontar do meu salário.

- Hey, não, não quero nem pensar nisso agora. Me diz o que está acontecendo, conversa comigo. Eu sempre estarei aqui por você.

- Eu sei que eu não devia ler aqueles comentários, mas foi mais forte que eu. Dói Felipe, dói muito.

Ele se sentiu impotente naquele momento. Não era culpa sua as pessoas serem tão ruins e odiosas, mas era por sua causa que ela estava chorando daquele jeito. Ambos se sentaram ao chão, com ela envolta em seus braços.

- Eu devia ter preparado melhor você pra isso. Jana meu amor, entende uma coisa, não é você, são eles. Pra eles, nunca vai estar bom. Poderia ser você, poderia ser outra mulher, poderia ser um homem, poderia ser uma pessoa mais velha, mais nova, mais magra, mais gorda, mais alta, mais baixa... eles sempre iriam arrumar uma desculpa pra fazer isso que estão fazendo com você, ainda mais por eu ser quem sou. Eles são maus, eles acham que podem tudo por estar detrás de uma tela de um computador. O que importa é o que temos um com o outro. Jamais deixe que eles distorçam quem você é, você é perfeita do jeitinho que você é. Você pode não ser perfeita aos olhos deles, mas é perfeita pra mim, nunca duvide disso.

- Você jura que você não liga Felipe? Vamos ser francos, você poderia ter quem você quisesse ao seu lado. Aquela Maya por exemplo, ou qualquer uma, qualquer mulher perfeita.

- Mas você é maravilhosa, você é perfeita. Janaina, se você pudesse ver com meus olhos, se você conseguisse se enxergar de verdade, como eu te enxergo, você ia ver o quão linda você é. Eu poderia ter qualquer uma, de fato, mas é você. De um jeito que nem eu sei explicar é você. Você é "A" pessoa, é "A" mulher. Confia em mim. Olha no fundo dos meus olhos e vê se eu tô mentindo pra você.

Ela olhou e ela viu que, de fato, era tudo verdade. De algum modo ela se viu pelos olhos de Felipe e ele tinha razão, por que se destruir pelo que os outros dizem ou pensam? Por que se deixar levar pelos achismos, pelos dedos apontados? Ela sempre havia visto a verdade nos olhos de Felipe, sempre havia percebido como ele a olhava sem julgamentos, como ele gostava de sua presença. Por que então, ela não poderia se apreciar como ele a apreciava?

- Você tem razão. É que muitos anos da minha vida eu vivi me colocando pra baixo, me comparando com as outras pessoas.

- Nunca mais faça isso. Você é incomparável. – Ele deu um beijo em sua testa. – Olha, a gente pode colocar uns filtros nas suas redes sociais pra esse tipo de coisa não chegar até você, pelo menos diminuir isso. Mas por favor, só ignore essas pessoas, isso não vai acrescentar em nada na sua, nem na nossa vida. O que importa é o que eu sei e o que eu amo. Eles não têm que achar nada.

Ela deu um sorrisinho tímido e olhou para o buraco na janela.

- E quanto a janela...

- Deixa quieto, eu mando resolver. Tá tudo bem agora.

...

Pouco passava das dez quando ela se deitou em sua cama, seu corpo e sua mente estavam cansados, o dia havia sido pesado. Por que eles colocam tanta pressão nas mulheres? Por que eles questionam tanto a aparência de uma mulher? O que quer dizer uns números em uma balança? Era seu jeito de vestir que não agradava? Talvez seria seu sorriso? Ou sua barriguinha saliente? Mas o que isso tudo tinha a ver com os outros? Sua saúde estava em dia, ela trabalhava e pagava suas próprias contas, então por que se meter em uma vida que não era deles? Por que tanta pressão em cima de quem eles mal conheciam? Era estranho como funcionava o julgamento de caráter. Você não conhece a pessoa, mas pega um compilado de fotos aleatórias e a partir dali, dá sua sentença. Mas como? O que teria em uma foto que poderia, de fato, revelar quem ela era de verdade? De repente ela própria se sentiu mal por já ter julgado relacionamentos alheios baseada na aparência, óbvio que nunca atacou ninguém na internet, mas aquela torcidinha de nariz já havia dado e vendo agora como de fato funcionava, sentia vergonha de si. Como palavras machucam. Se essas pessoas soubessem como uma palavra tem poder, eles as usariam com moderação. Não é porque uma pessoa é pública, que as pessoas têm o direito de massacrá-la na internet. Seu trabalho é público, mas sua vida e sua saúde mental não. O julgamento, aquilo que Janaina sempre temeu em sua vida, agora lhe doía de verdade. Mas ela tinha que ser forte, aquelas pessoas não a conheciam e por isso, não tinham direito de fazer o que fizeram. Claro que, nem se fossem conhecidos teriam esse direito. E também percebeu que não devia nada a ninguém, e nem que precisava de suas aprovações ou suas bênçãos. Entender isso tudo era grandioso, agora bastava exercitar aquilo, o que era totalmente diferente. Teoria e prática eram duas coisas bem distintas, porém, com persistência e ajuda, principalmente de sua terapeuta e também das pessoas que a amavam, ela sabia que ficaria bem.

Quando ela pegou o celular para mandar uma mensagem para Felipe, percebeu que ele havia acabado de mandar uma para ela.

"Espero que não fique brava comigo", seguido por um link de uma rede social. Ela apertou sobre o link que foi direto para uma das redes sociais de Felipe. Lá estavam um compilado de fotos de ambos fazendo bobice e uma ou outra era dela sozinha em algum momento de distração. Abaixo vinha um texto enorme.

"Hoje eu passei por uma das experiências mais desagradáveis da minha vida, eu fiz a pessoa que eu amo chorar. Na verdade, não fui eu o causador de suas lágrimas diretamente, mas indiretamente sim. Me senti impotente ao vê-la em prantos enquanto fitava a tela de um celular com coisas horríveis ditas a seu respeito. Todos sabem que eu sou defensor da liberdade de expressão, que todos têm o direito de poder se expressar da melhor maneira que lhes convier, porém, quando essa liberdade de expressão se transforma em ataques cruéis contra uma pessoa que nada os fez, já não é mais liberdade de expressão e sim ódio. Por que tanto ódio? Por que machucar uma pessoa inocente? Eu já estou calejado disso e por mim tanto faz, mas machucar a pessoa que eu amo é inadmissível. Vocês sabem quem ficou comigo quando eu fui diagnosticado com estafa? Foi ela! Ela cuidou de mim durante uma semana inteira, abdicando de seus afazeres, de sua privacidade, de seu lazer, de sua vida por mim. Tirando minha mãe, ninguém cuidaria tão bem de mim assim como ela cuidou. Sei que ela foi parte vital para minha plena recuperação. Vocês não a conhecem tão bem como eu conheço, então eu vou apresenta-la mesmo contra sua vontade, pois por ela ficaria em anonimato eterno. Seu nome é Janaina, eu a conheci aqui mesmo, nesta rede que vos falo e assim que a vi pela primeira vez, alguma coisa me dizia que era ela. O destino não teria a colocado em minha vida por nada. Ela é uma menina no corpo de uma mulher, tem um jeito único de ver a vida, tem a leveza de uma criança e a força de um adulto. Vocês não imaginam as coisas que ela já passou até chegar aqui e não cabe a mim dizer, porém posso garantir que ela é forte igual uma leoa. Também é doce, é preocupada demais com as pessoas, as vezes se esquece de si em prol de ajudar a quem estiver dela precisando. Tem um jeitinho muito meigo e carinhoso, é muito inteligente, é tão criativa que inventa cada coisa que nem consigo descrever, coisas que só conseguiriam sair daquela cabecinha mirabolante. É honesta demais com as pessoas, é muito tímida com quem ainda não conhece direito e tem um coração tão grande que até hoje não sei como tanto coração cabe em uma pessoa tão pequenininha. Não tem ninguém no mundo que tenha me feito sentir o que ela me fez sentir em alguns meses. Com ela eu ri de a barriga doer, eu me preocupei, eu dancei, brinquei, virei noites adentro conversando sobre as coisas mais aleatórias da vida. Ela me fez voltar a enxergar as coisas mais simples, como o desabrochar de uma flor, saber aproveitar o lindo nascer do Sol e o brilho das estrelas. Ela acha que eu salvei ela, mas na realidade ela que me salvou, chacoalhou minha vida, me tirou do eixo, me bagunçou por inteiro e eu estou amando cada segundo disso. Eu jamais permitiria que entrasse em minha vida alguém que eu não me sentisse plenamente confiante para me entregar, sem reservas ou sem medos, de corpo, de alma e de coração. É inegável que, de alguma forma, ela foi feita pra mim. E eu pra ela. Todos sabem que não sou de expor minha vida particular assim, ainda mais a contrariando, mas não permitirei de forma alguma que tratem mal um ser humano tão sensível e tão puro quanto ela, porque ela merece todo amor que há nesse mundo, a começar pelo meu. Sinceramente, FN."

Por mais que ela estivesse com vontade de enforcar ele, porque exposição era a última coisa que queria, jamais conseguiria fazer, não depois de palavras tão bonitas assim que nem as que ele escreveu. Ela não se permitiu ler os comentários dessa vez, preferia acreditar que a humanidade havia evoluído e que ali só teriam mensagens de amor. Com os olhos marejados e um sorriso bobo, mandou uma mensagem para ele.

"Como vou ficar brava com uma declaração de amor tão linda que nem essa"?

- Que bom, porque pensei que ia me matar.

Ele abriu a porta do quarto de Janaina, para sua completa surpresa.

- Felipe? O que você tá fazendo aqui em casa? – Ela se sentou em sua cama.

- Não resisti, depois que eu escrevi esse texto fiquei com saudades de você.

Ele então acendeu a luz do quarto e revelou em sua outra mão, um buquê de rosas vermelhas. Ela pegou admirando sua beleza.

- São lindas.

- Você é linda. – Ele se sentou na beira da cama, dando-lhe um beijo. – Você devia mesmo ir morar na minha casa, não aguento ficar longe de você.

- Não força Felipe.

- Tá bom, tá bom, vamos dormir então? 

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