Capítulo 31 | Manhã de Jogos
Hadassa Luz
Evy ainda custava acreditar que estava tão perto de Noah, e arregalou os olhos ao vê-lo sentado ali no sofá, casualmente mexendo no celular, como se não fosse um dos cantores mais famosos do mundo.
Ela ficou imóvel por um segundo. Depois, olhou para mim, depois para ele, depois para mim de novo, piscando rápido.
— Hadassa… — sussurrou. — É ele.
Mordi o lábio para não rir.
— Sim, Evy. É ele.
Ela respirou fundo e ajeitou o cabelo, tentando manter a compostura. Mas, quando Noah ergueu o olhar e sorriu para ela — aquele sorriso meio de canto, irresistível, que ele fazia sem esforço —, a pobre coitada soltou um risinho nervoso e cobriu o rosto com as mãos.
Noah arqueou a sobrancelha, divertido.
— Eu assustei você?
— N-não! — Ela abaixou as mãos rápido, vermelha. — Eu só… Ai, meu Deus. Eu sou sua fã.
Ele se levantou do sofá, despretensioso, e enfiou as mãos nos bolsos, o olhar brilhando com diversão.
— Sério? Nunca teria percebido.
Eu não aguentei e comecei a rir.
Eu já o conhecia muito bem para saber que não era arrogância, mas sim fato dele se divertir com essas reações.
E eu começava a me divertir também.
— Amiga, quer tirar uma foto com ele?
Evy me lançou um olhar de puro desespero, mas depois assentiu freneticamente.
— Posso? De verdade?
— Claro — Noah respondeu antes que eu pudesse falar. — Não mordo. Bom… pelo menos, não fãs.
Evy soltou outro risinho nervoso e me entregou o celular com as mãos trêmulas.
— Tira, por favor!
Ela se posicionou ao lado dele, e Noah, sempre carismático, se aproximou dela — sem tocá-la —, para que coubesse melhor na foto. Tirei algumas e devolvi o celular para ela, que saiu quase saltitando.
Então Noah se inclinou na minha direção, a voz baixa o suficiente para só eu ouvir:
— Tá vendo, ciumenta? Foi isso que aconteceu ontem com a loira e a ruiva.
Senti meu rosto esquentar na hora.
— Eu não sou ciumenta!
Ele sorriu, me estudando, claramente gostando da minha reação.
— Ah, é? Então por que tá corando?
Revirei os olhos e cruzei os braços.
— O engraçado é que você tira foto com o mundo inteiro… mas eu não tenho nenhuma com você.
Noah arqueou a sobrancelha, pensativo.
— Hmm… que injusto.
— Super injusto.
Ele passou a mão pelo cabelo, fingindo considerar a questão.
— Mas, pensando bem… por que preocupar com uma foto se, no futuro, teremos um álbum inteiro?
Franzi a testa.
— Á… álbum?
Noah se aproximou um pouco mais, o olhar intenso.
— É. Com nossos filhos.
Meu corpo inteiro congelou.
Meus… filhos?
Com Noah Tremblay?
Ele deu um meio sorriso e me lançou uma piscadela antes de se afastar, completamente tranquilo. Calmo. Sereno. Já eu…?
Eu podia desmaiar ali mesmo.
Evy percebeu meu estado e se aproximou com as sobrancelhas franzidas, acenando na frente do meu rosto.
— Hadassa? Tá pálida?
— E-eu? — pisquei, tentando me recompor.
— Vo-você — ela me imitou, rindo. — Ai, meu Deus, amiga, Noah é muito gato, sério. Com todo respeito. Mas ele é LINDO, Hadassa! Como você resiste tanto a esse homem? E tipo, o cara já se declarou pra você e você ainda não disse um “eu te amo”? Nem um “também estou loucamente apaixonada por você, Noahzinho”?
Ela se jogou no sofá dramaticamente.
— Você é muito boba! Se um homem como ele dissesse isso pra mim, eu falaria: “me dá um minuto”. Aí corria, voltava com um vestido de noiva e buquê de flores.
Soltei uma gargalhada e me joguei ao lado dela.
— Eu não sei o que deu em mim, amiga. Na hora que ele disse aquilo, eu travei. E ele repetiu hoje no café da manhã… e eu travei de novo! Sério, eu não consigo dizer isso olhando nos olhos dele, porque… ele é o Noah Tremblay. O cara que sou fã há anos. De repente… o amor da minha vida. — Soltei um suspiro, sentindo o coração acelerar só de falar isso em voz alta. — Eu amo ele, Evy. E não é só amor de fã.
— Eu sei, amiga. Até ELE sabe disso. Mas ele quer ouvir de você. — Ela me encarou com intensidade. — Em que mundo um galã saído da capa de revista se declararia pra você assim, num dia normal? Acorda! Você GANHOU na loteria, minha irmã!
Gemi, enterrando o rosto nas mãos.
— Eu fui muito idiota de ficar calada todas as vezes que ele confessou estar apaixonado por mim.
— Mas ainda dá tempo! — Evy bateu palmas, empolgada. — Procura uma oportunidade e fala. Olha nos olhos dele e solta um “eu também te amo, seu lindo”.
Fiquei ponderando aquilo. A verdade era que eu estava muito — tipo, MUITO — apaixonada por Noah. Todo mundo sabia. Ele sabia. Eu só precisava de coragem para falar.
— Noah não tem algum irmão famoso não? — Evy brincou, me fazendo rir.
— Não, mas tem um primo lindo também.
Os olhos dela brilharam.
— Se for o Dr. Lorenzo… juro que tô começando a me sentir um pouco mal desde o voo. — Ela levou a mão ao peito, dramatizando.
Revirei os olhos, rindo.
— Você não existe, amiga.
— Sério, eu acho que tô sonhando em estar na cobertura de um famosasso. — Ela olhou em volta, encantada.
Ia responder, mas o interfone tocou. Pamela atendeu prontamente e autorizou a entrada. Olhei para Evy, que me encarou com expectativa.
— Ai, meu Deus! Quem será?
Dei de ombros.
— Se for o Lorenzo, chegou na hora certa.
— ENTÃO PRECISO ME ARRUMAR! — Evy se levantou num pulo. — Amiga, eu tô de roupa de avião!
Olhei para ela, que vestia uma legging preta, blusa soltinha e tênis.
— Bora, eu te ajudo a escolher algo.
A puxei pela mão e fomos correndo para o meu quarto.
Enquanto Evy tomava banho, batidas soaram na porta do meu quarto. Levantei-me para abrir.
Noah.
Encostado no batente, braços cruzados, um meio sorriso jogado nos lábios. O olhar dele percorreu meu rosto, depois deslizou devagar pelo meu corpo, sem pressa, sem disfarces. Meu coração tropeçou.
— Por que tá me olhando assim? — perguntei, tentando parecer indiferente, mas minha voz saiu mais suave do que eu queria.
Ele baixou a cabeça por um instante, um riso curto escapando antes de voltar a me encarar.
— Porque você tá linda nesse vestido — disse, rouco, como se fosse um pensamento em voz alta.
Mordi o canto do lábio, desviando o olhar, mas senti quando ele inclinou ligeiramente o corpo para mais perto.
— Acho que você tem visitas, Cinderela — continuou, as mãos enfiadas nos bolsos da calça.
— Quem?
— Por que não sobe pra ver?
— Preciso esperar a Evy sair do banho.
Ele descruzou os braços e deu um passo à frente.
— Então… já que estamos só nós dois, quero te dar meu segundo presente.
Ergui as sobrancelhas.
— Segundo? Quantos são?
O sorriso dele ficou ainda mais perigoso.
— Quero te surpreender por toda a vida, se você deixar. Mas agora… tenho algo especial.
Minha respiração vacilou quando ele ergueu uma caixa elegante, de madeira escura com detalhes dourados.
— Pra você.
A voz dele soou mais baixa, contendo um tom que fez um arrepio percorrer minha pele. Expectativa.
Meus dedos roçaram a tampa enquanto a abria, sentindo um calor diferente crescer dentro de mim. A primeira coisa que vi foi um frasco de perfume. Peguei-o com cuidado, destampando-o, e uma fragrância me envolveu — brisa salgada misturada a flores do Mediterrâneo. Meu peito subiu e desceu mais rápido.
Abaixo do perfume, uma miniatura prateada de avião reluziu sob a luz suave do quarto. Toquei o metal frio, sentindo que aquilo significava algo mais. Então, vi o envelope.
Com as mãos ligeiramente trêmulas, desdobrei o papel grosso, a caligrafia de Noah marcada ali, fazendo meu coração disparar.
“Cinderela,
Quero te levar para onde o céu toca o mar, onde o tempo desacelera e tudo que importa somos nós dois. O destino? Santorini. Nosso refúgio, nossa viagem. Apenas nós.
Me permite te dar esse presente?”
Minhas pernas perderam um pouco da firmeza. Minha boca se abriu, mas nenhuma palavra saiu de imediato. Levantei os olhos para Noah, que me observava com um brilho intenso, um meio sorriso à espreita.
Irresistível. Como sempre.
— Claro que aceito! — As palavras escaparam antes que eu percebesse, e no instante seguinte, já estava agarrada ao pescoço de Noah, envolvendo-o em um abraço apertado.
Ele me segurou firme, o calor do seu corpo colando no meu, mas, claro, suas mãos já estavam na minha cintura, como se aquele fosse o lugar natural delas. Quando me afastei apenas o suficiente para respirar, percebi que não tinha escapatória.
Noah me beijou.
Um beijo breve, mas que queimou feito brasa viva. Delicioso, intenso, apaixonado. O tipo de beijo que deixa os joelhos fracos e o coração galopando.
Quando nos afastamos, ele sorriu daquele jeito irresistível, os olhos brilhando com travessura.
— Não disse que estou proibido de lhe beijar? — provocou, com a voz cheia de diversão.
Ri, dando um leve tapinha em seu peito.
— Esse foi um agradecimento, não valeu — rebati, e ele balançou a cabeça, ainda sorrindo.
Meus olhos voltaram para o convite em minhas mãos, percorrendo cada detalhe.
— Mas, sério, amei o presente, Noah.
Santorini. Quem imaginava que eu iria a um lugar como esse um dia?
Ele me observava, satisfeito, como se pudesse ler meus pensamentos.
— Quando vamos?
Noah inclinou a cabeça levemente, como se estivesse saboreando a pergunta antes de responder.
— Será surpresa também. — Sua voz saiu baixa e rouca, contendo um tipo de provocação que fez minha pele arrepiar.
Suspirei, cruzando os braços com um sorriso.
— Então... vou pedir pra Lisa me ajudar com uns looks gregos. — Brinquei, mas já imaginando os vestidos esvoaçantes e os tons de azul e branco que combinariam com aquele cenário dos sonhos.
A gargalhada dele veio grave, rouca, uma melodia perfeita aos meus ouvidos.
— Você vai continuar perfeita, Cinderela.
Antes que eu pudesse responder, ele piscou para mim e se afastou, deixando para trás seu perfume e uma onda de expectativa borbulhando dentro de mim.
Fechei a porta devagar, abraçando a caixa e o convite contra o peito, ainda tentando absorver tudo o que tinha acabado de acontecer. Foi nesse momento que Evy saiu do banheiro, já vestida, me olhando com curiosidade.
— Falou pra ele que tá apaixonada? — Evy perguntou. Eu me joguei na cama e ela se jogou ao meu lado.
Soltei um suspiro pesado.
— Não, amiga, não consegui. — Fechei os olhos por um instante. — Mas eu vou criar coragem, eu prometo.
Evy me lançou um olhar divertido.
— Espero que crie a tempo.
Senti um frio percorrer meu estômago.
Ela terminou de se arrumar, e vestia um short alfaiataria bege e uma blusa preta sem mangas. Quando saímos do quarto e nos aproximamos da escada, ela comentou, analisando o ambiente:
— Agora tô entendendo a dinâmica desse palácio. O elevador para no andar principal, que é onde ficam todos os cômodos, e o andar de baixo funciona tipo um apartamento para os funcionários?
Assenti.
— Sim, e lá em cima, no topo, tem o salão de jogos, a academia do Noah e até uma pista para helicóptero.
Evy arregalou os olhos.
— É, amiga… você literalmente ganhou na loteria.
Soltei uma gargalhada, e seguimos escada acima, já ouvindo vozes e risadas vindas da sala. Ao chegarmos, sorrisos se abriram para nós. Lisa, Dylan e Lorenzo tinham acabado de chegar.
Os abraços vieram acompanhados de presentes e felicitações. Mas o que me chamou atenção foi o olhar de Lorenzo, que passou por mim apenas para pousar em Evelyn. Ela ficou ligeiramente tímida sob aquele olhar intenso, e ele pareceu notar.
Noah estava sentado em um dos sofás, tranquilo, observando tudo.
— Bom, essa é minha melhor amiga, Evelyn. Ela vai ficar aqui por uns dias, aproveitando as férias do trabalho — apresentei.
— Bem-vinda ao mundo do Noah, querida — Lisa brincou, lançando um olhar malicioso para o primo, que apenas balançou a cabeça.
— Não exagera, Lisa. Você é quem mais curte aqui, nem vive presa a mim como tanto diz — Noah rebateu, despreocupado.
— Como eu poderia, se Dylan não sai do meu pé? — provocou, cruzando os braços.
Dylan franziu o cenho, fingindo indignação.
— Eu? Logo eu?
— Sim, logo você. — Lisa zombou, arrancando risadas.
Dylan ergueu as mãos em rendição.
— Acho que não viemos só pra parabenizar Hadassa e ficar batendo papo no sofá — Lorenzo disse, levantando-se com uma garrafa de água de coco na mão. — Que tal uma partida de sinuca?
Os meninos concordaram sem hesitar. Noah se levantou e veio até mim, sua presença tão natural quanto avassaladora.
— Preparada pra perder pra mim, Cinderela? — Sua voz saiu baixa, apenas para mim.
Senti o arrepio antes mesmo de sorrir.
— Com certeza, Noah. Até porque… eu nem sei jogar sinuca.
Ele passou a língua nos lábios, como se ponderasse.
— Melhor ainda. Vai ser minha aprendiz.
Cruzei os braços, mordendo o lábio.
— Se souber ensinar bem, te dou os créditos quando ganhar de você.
Lancei-lhe uma piscadela e virei as costas, sentindo o olhar dele me acompanhar.
Evy e Lorenzo trocaram um olhar rápido antes de seguirmos para o andar de cima, para a sala de jogos.
Dylan colocou uma música animada, dando à sala um clima descontraído. Lorenzo, sempre com sua presença marcante, abriu a geladeira e pegou algumas bebidas — todas sem álcool — enquanto Noah ajeitava a imponente mesa de sinuca, como se aquele fosse seu território particular.
Lisa já dominava o jogo, cortesia do irmão. Evy… bom, não era tão boa assim. E eu? A aprendiz oficial do Noah.
Encostada na mesa, observava tudo quando Evy se aproximou e sussurrou:
— Esse é o momento em que eu finjo passar mal pra Lorenzo me acudir?
Segui o olhar dela e vi Lorenzo lançar-lhe um sorriso de canto, sem o menor esforço para disfarçar. Ri, cruzando os braços.
— Sério que você quer fazer isso?
— Amiga, ele é um gato, fala sério! Tá, sei que ele é ateu e tudo mais, mas nada que uma moça cristã como eu não consiga resolver.
Soltei uma risada. Clássica Evy. Ela adorava uma ideia mirabolante, mas, no final, sempre sabia onde pisar.
Só que a brincadeira se dissipou no instante em que Lorenzo deu um passo na nossa direção. O ar ao redor de Evy pareceu mudar, e vi seus ombros ficarem um pouco mais tensos.
— Como você sobreviveu a esses dois galãs de filme americano? — murmurou, desviando o olhar, mas já era tarde. Lorenzo estava perto demais para ignorar.
— Eu não sobrevivi, olha eu caidinha pelo Noah — respondi, rindo.
Lorenzo encostou-se na mesa de sinuca ao lado de Evy, e o sorriso dela entregou mais do que qualquer palavra. Ele se movia com uma confiança natural, sem pressa, mas cada passo parecia calculado. Ele não precisava se esforçar para chamar atenção.
Evy notou. E muito.
— Dassa, já te dei os parabéns agora há pouco, mas acho que ainda não tive a honra de conhecer sua amiga — ele disse, os olhos fixos nela.
— Evy — respondeu ela, apertando a mão que ele ofereceu.
Demorado demais. O suficiente para que eu notasse o interesse dos dois.
— Lorenzo — ele se apresentou, sem desviar o olhar.
Eu já ia provocá-los, mas antes que pudesse dizer algo, um calor atrás de mim me fez gelar.
Noah.
Ele se inclinou com um braço apoiado na mesa, a voz baixa e divertida:
— Acho que você tá segurando vela, Cinderela.
Travei, sentindo meu coração bater mais forte.
— É… bom… tá meio evidente, né?
Ele soltou um riso baixo, os olhos brilhando com travessura.
— Mas você não precisa segurar vela já que tem eu aqui.
Revirei os olhos, rindo.
— Você não perde uma, né, Noah?
Ele riu junto, então deu uma leve batida na mesa, chamando a atenção de todos.
— Vamos encarar uma partida ou só ficar flertando? — lançou, fazendo Evy corar e Lorenzo arquear uma sobrancelha, divertido.
Dylan logo se animou, pegando um taco.
— Primeiro você assiste, depois o mestre te ensina — Noah murmurou para mim, piscando antes de ir buscar os tacos.
Suspirei, rindo, e me juntei a Lisa e Evy, pronta para ver o espetáculo.
A competição na mesa de sinuca estava cada vez mais acirrada. Dylan, Noah e Lorenzo jogavam como se disputassem um campeonato mundial, cada um tentando superar o outro — e, claro, impressionar a plateia feminina. Lisa, Evy e eu assistíamos do sofá de couro preto, rindo e, obviamente, colocando ainda mais pressão.
Noah se inclinou sobre a mesa com aquela confiança irritante — e irresistível — que já era sua marca registrada. Mirou com precisão, mas antes de acertar, lançou um olhar direto para mim, um sorriso provocador brincando nos lábios.
— Hadassa, presta atenção, porque isso aqui é aula vip.
Revirei os olhos, cruzando os braços.
— Você fala demais. Vamos ver se joga tudo isso.
Ele riu baixo e, com um movimento certeiro, encaçapou duas bolas de uma vez. Soltou o taco com um ar vitorioso e ergueu os braços como se tivesse acabado de vencer um torneio mundial.
— Fácil demais — disse, um sorriso vitorioso.
Dylan bufou e pegou seu taco, se preparando:
— Grande coisa. Se liga nessa, Hadassa. Isso sim é habilidade.
Ele se posicionou, fez a jogada e... errou feio. A bola quicou na lateral da mesa sem acertar nenhuma caçapa.
Lisa levou a mão à boca para conter o riso, e Evy teve que morder o lábio para não gargalhar.
— Foi só um aquecimento — Dylan tentou disfarçar, girando o taco na mão como se tivesse tudo sob controle.
Lorenzo, que até então só observava, deu um passo à frente com um sorriso confiante. Pegou o taco e olhou diretamente para Evy antes de falar:
— Essa aqui é pra você.
Ela cruzou as pernas, os olhos brilhando de curiosidade:
— Vamos ver se é melhor que eles.
Com uma jogada impecável, ele encaçapou duas bolas seguidas. Evy bateu palmas de leve, e Lorenzo sorriu satisfeito:
— Acho que já ganhei uns pontos aqui.
Noah revirou os olhos, pegando o taco de volta.
— Impressionar alguém que acabou de te conhecer é fácil. Quero ver segurar a atenção dela, meu amigo.
Lorenzo arqueou a sobrancelha.
— Tá falando do jogo ou de outra coisa?
Noah sorriu de canto e lançou um olhar para mim antes de responder:
— Dos dois.
Senti meu rosto esquentar, mas tentei disfarçar, mordendo o canto do lábio para conter o sorriso.
Lisa, com um suspiro dramático, apoiou o queixo na mão.
— Vocês já terminaram de brincar ou isso vai durar o dia inteiro?
Lorenzo sorriu de canto, lançando um olhar para a irmã.
— A partida só acaba quando eu competir diretamente com o Noah.
O clima ficou tenso.
🎱
A sala de jogos estava carregada de eletricidade quando Noah e Lorenzo assumiram posições opostas na mesa de sinuca. Não era apenas uma partida. Nunca era. Entre eles, tudo se resumia a uma disputa de supremacia, um duelo onde a habilidade e o puro desejo de vencer se entrelaçavam como fogo e gasolina.
Dylan, já conhecendo bem o terreno, recuou para um canto, um sorriso divertido brincando em seus lábios. Lisa, Evy e eu nos acomodamos para assistir ao embate, sentindo o peso daquela disputa como se estivéssemos na primeira fileira de um combate épico.
Lorenzo girou o taco entre os dedos, o olhar fixo em Noah com um brilho desafiador.
— Tá valendo o quê? — perguntou, como se a aposta fosse apenas um detalhe, mas seus olhos diziam o contrário.
Noah inclinou a cabeça ligeiramente, analisando o primo. Então, antes de responder, lançou-me um olhar cheio de intenção.
— O Falcão Negro.
Os olhos de Lorenzo estreitaram num instante. A tensão subiu como um trovão abafado.
— Então você já perdeu, irmão — ele rebateu, dando um passo à frente e apoiando-se na mesa. — Porque o Falcão Negro continua comigo.
Minha testa franziu.
— O que é Falcão Negro? — sussurrei para Lisa.
Ela reprimiu um sorriso antes de responder.
— Uma Lamborghini Revuelto preta. Imponente, caríssima. Noah comprou no Canadá, mas perdeu para Lorenzo na última aposta. Eles fazem isso há anos. Quem ganha, fica com o Falcão Negro. A última foi uma corrida nos EUA, Lorenzo venceu e ficou com o carro.
Meus olhos se arregalaram.
— Noah aposta corrida? — perguntei, surpresa.
Lisa sorriu de canto, um brilho travesso no olhar.
— Sempre apostaram. E sempre vão.
O ar ao redor deles parecia vibrar. Lorenzo mirou com precisão e encaçapou duas bolas seguidas, um sorriso satisfeito se formando. Evy bateu palmas devagar, claramente se divertindo com o embate.
Noah permaneceu impassível. Pegou o taco com a calma de quem já sabia o resultado final. Seus olhos percorreram a mesa antes de um sorriso torto surgir em seus lábios.
— Bonito de ver — disse, abaixando-se para jogar. — Mas agora é a vez do profissional.
Lorenzo soltou um riso curto, descrente.
— Profissional do ego inflado, talvez.
Noah nem piscou. O som do impacto ecoou na sala quando ele encaçapou três bolas de uma vez, levantando-se com a confiança de um rei diante do trono. Ergueu a sobrancelha para Lorenzo.
— Quer desistir agora ou precisa de mais uma lição?
Lorenzo inclinou ligeiramente a cabeça, um meio sorriso se formando.
— Você realmente se acha, hein?
Noah deu um passo à frente, os olhos brilhando.
— Eu não acho. Eu sei.
Dylan assobiou baixo.
— Eu deveria ter trazido pipoca.
A disputa seguiu em um ritmo avassalador. Nenhum dos dois errava. Cada tacada era executada com precisão cirúrgica, transformando o jogo em uma batalha de resistência e controle.
As provocações continuavam afiadas, cortantes como lâminas. A cada jogada bem-sucedida, um sorriso desafiador, um comentário ácido, um olhar provocativo. Nós apenas assistíamos, rindo da necessidade absurda dos dois de se provar.
Então, finalmente, Noah ficou com a bola 8 na mira. Ele se inclinou sobre a mesa, os olhos cravados no alvo. Mas, antes de executar o golpe final, desviou o olhar para mim e piscou, um sorriso torto brincando em seus lábios.
— Essa aqui vai ser pra você, Cinderela.
Meu estômago revirou. Eu nem precisei olhar ao redor para saber que todos tinham ouvido.
Lorenzo bufou, cruzando os braços.
— É um milagre você não errar com a Hadassa te distraindo.
Noah apenas sorriu e, com um movimento preciso, encaçapou a bola 8 com perfeição. O som ecoou pelo ambiente, selando sua vitória.
Ele largou o taco e abriu os braços, teatral.
— E o campeão do dia é…
— Um babaca convencido — Lorenzo interrompeu, mas havia um brilho divertido em seus olhos.
— Um babaca convencido que ganhou — Noah rebateu sem perder o ritmo, pegando um copo de suco e erguendo-o como se fosse um troféu. — O Falcão Negro volta pra mim.
Lisa e Evy aplaudiram, não pelo jogo, mas pela rivalidade engraçada entre os dois. Eu balancei a cabeça, rindo, ainda sentindo meu coração bater forte pela forma como Noah tinha me colocado no meio daquela disputa.
Lorenzo apontou para ele.
— Eu vou querer uma revanche.
— Quando quiser, irmão. Mas até lá… — Noah virou-se para mim, os olhos brilhando com algo intenso. — Tenho uma aniversariante pra ensinar a jogar.
Meu coração acelerou.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro