Capítulo 26 | Uma Noite Sob as Estrelas
Inspiração da cena na proa ❤️
Hadassa Luz
Depois de aceitar jantar com Noah, passamos um tempo assistindo a um filme de ação na Netflix na TV do salão principal. Quando o sol começou a se pôr, ele me lembrou, com um olhar suave, que eu poderia me arrumar para encontrá-lo na parte externa do iate. Eu concordei, tremendo por dentro, mas concordei.
Fui até o quarto, onde avistei a caixa branca que ele havia mencionado. Quando a abri, meus olhos brilharam de admiração. Lá estava um vestido deslumbrante, longo e de cetim verde-esmeralda, cravejado de minúsculos cristais que capturavam a luz e a refletiam em suaves lampejos, cintilando a cada movimento. Ele deslizava entre meus dedos como seda, irradiando um brilho hipnotizante. O tecido reluzia sob a luz suave do quarto, exalando uma elegância que parecia feita sob medida para mim. O decote em forma de coração era delicado, com alças finas que realçavam meus ombros e meu colo. A cintura era justa, delineando minha silhueta, e a saia fluía com leveza, com uma fenda discreta que revelava um vislumbre da perna a cada movimento.
Segurei o vestido contra o corpo e sorri, fascinada com a escolha dele. Noah realmente sabia como surpreender. Após o banho, vesti a peça, sentindo o cetim frio deslizar sobre minha pele quente. No espelho, vi uma versão de mim mesma que raramente mostrava ao mundo — sofisticada, segura, mas, ao mesmo tempo, vulnerável à ideia de estar ali, tão perto dele.
Na escrivaninha, encontrei um conjunto de joias delicadas ao lado de um bilhete dobrado. Peguei o papel e li em silêncio:
“Quero que se sinta especial. Porque você é.”
Meu coração acelerou. Prendi os cabelos em um coque baixo, deixando algumas mechas soltas para emoldurar o rosto, e coloquei os brincos finos que combinavam perfeitamente com o vestido. Calcei os saltos e, após um último olhar no espelho e algumas borrifadas de perfume, confirmei que estava pronta.
Ao sair do quarto e caminhar pelo iate, avistei Noah de costas, olhando para o mar. O vento brincava com seus cabelos, e ele parecia tão à vontade, tão sereno. Quando ouviu meus passos, ele se virou devagar. Seus olhos me percorreram dos pés à cabeça, e um sorriso suave surgiu em seus lábios.
Mas ele também me deixou sem fôlego. Noah estava impecável. O terno azul-marinho caía perfeitamente em seu corpo, destacando seus ombros largos e sua postura confiante. A camisa branca, com o primeiro botão desabotoado, trazia um ar descontraído que ele transparecia com naturalidade. Seus cabelos balançavam levemente com o vento do mar, e o perfume dele já havia vindo ao meu encontro antes mesmo que ele se aproximasse.
Ele deu alguns passos em minha direção, as mãos nos bolsos da calça, o sorriso ainda estampado no rosto.
— Você está… incrível — disse Noah, a voz suave e o olhar profundo.
Senti o calor subir pelo rosto, mas mantive a compostura e sorri de leve, tentando não deixar transparecer o turbilhão de emoções que aquela simples frase despertou em mim.
— Obrigada, Noah — respondi, a voz quase um sussurro, enquanto ele estendia a mão para mim.
Por um instante, pensei em hesitar. O contrato, as regras, tudo aquilo que nos mantinha distantes parecia pairar no ar, mas eu ignorei. Ignorei a cláusula, ignorei as consequências e coloquei minha mão na dele, sentindo o toque firme e quente que me guiou até a mesa perfeitamente disposta.
A cena era de tirar o fôlego. Além dos pratos, talheres e taças reluzentes, havia velas e rosas vermelhas que espalhavam um aroma doce e intenso, criando um ambiente romântico sob o céu estrelado. O oceano sussurrava ao fundo, as ondas batendo suavemente contra as rochas, enquanto o vento dançava ao nosso redor, trazendo consigo a sensação de que tudo estava em perfeita harmonia. Aquele jantar não era apenas uma refeição, era um encontro. Um primeiro encontro.
O maître entrou com uma postura impecável, trazendo o primeiro prato com elegância. Ele era calmo e discreto, com um sorriso respeitoso, como se soubesse que estava prestes a proporcionar uma experiência única. Colocou o prato à nossa frente com movimentos suaves, revelando uma apresentação impecável — um risoto de frutos do mar, adornado com ervas frescas e uma fatia fina de limão para dar um toque cítrico. O aroma delicado preencheu o ambiente, misturando-se com a brisa suave do mar.
— O primeiro prato, senhor e senhora — disse ele com uma voz suave, fazendo um gesto de respeito enquanto se retirava discretamente para dar-nos privacidade.
Acompanhando o prato, o maître retornou trazendo uma garrafa de vidro com um líquido dourado, como se fosse uma mistura cítrica e gelada, servindo-a em taças de cristal, o líquido refletindo a luz suave das velas. Ele colocou a garrafa com cuidado sobre a mesa, sempre mantendo a postura refinada, e deu um pequeno aceno com a cabeça antes de se afastar, deixando-nos sozinhos novamente.
Noah olhou para mim, e nosso olhar se encontrou por um breve instante antes de sorrirmos.
— Por que esse jantar? — indaguei, tentando disfarçar a curiosidade que ardia em mim.
Ele sorriu, os olhos brilhando com uma mistura de mistério e diversão.
— Não posso ter a honra de jantar com a Cinderela? — ele retrucou, um sorriso brincando nos lábios, os olhos brilhando com diversão.
Meu coração acelerou, e um rubor aqueceu meu rosto. Sorri, tentando manter a compostura.
— Depende… Se você for o príncipe encantado, sim. Mas se for apenas alguém que vai desaparecer antes do amanhecer, acho que prefiro esperar pelo baile certo — brinquei, mas minha voz traía a verdade do que eu sentia, o coração ainda batendo forte no peito.
Ele riu, o som suave e envolvente, inclinando levemente a cabeça como se ponderasse minhas palavras.
— E quem disse que sou eu quem vai desaparecer? Cinderela é quem sempre foge antes da meia-noite. Como posso ser seu príncipe encantado se a princesa não me der tempo para provar isso?
Sua voz era ao mesmo tempo desafiadora e doce, e seus olhos prenderam os meus, me desarmando por completo.
Respirei fundo, sentindo o calor do momento nos envolver. Engoli em seco, mas mantive o olhar firme.
— Talvez, desta vez, a Cinderela decida ficar — respondi, disfarçando o tanto que as borboletas brincavam em meu estômago.
Ele ergueu as sobrancelhas, surpreso, e então sorriu, um sorriso que iluminou o rosto dele e fez meu coração acelerar ainda mais.
— Então, me sentirei privilegiado por isso — respondeu, a voz suave como a brisa que nos rodeava, deixando-me vermelha como um tomate.
Eu sorri, tentando disfarçar o rubor, mas claro, ele já havia percebido.
— Lembra do que te disse mais cedo, que se aceitasse jantar comigo, eu falaria mais sobre o meu passado? — perguntou ele, despertando a minha curiosidade.
— Sim — respondi, enquanto ele suspirava e ajustava a postura, como se estivesse se preparando para algo que há muito guardava.
Dei um gole na minha bebida, mantendo os olhos fixos nele, perdida naquele olhar que parecia refletir as estrelas acima de nós. Mas, ao mesmo tempo, estava completamente atenta a cada palavra que ele ia dizer.
— Falei sobre confiança porque já fui traído por alguém que eu considerava um irmão — começou Noah, sua expressão tensa.
Arqueei as sobrancelhas, surpresa.
— Ele era meu melhor amigo desde a infância, mas, no fim, só queria usar minha imagem para subir na vida. E eu estava cego, nunca percebi. Até que um dia ele me apunhalou pelas costas... Não só no sentido figurado. O que ele fez quase destruiu minha carreira. E o pior é que eu não fui muito melhor que ele. Fiz coisas contra Deus que me tornaram tão culpado quanto. Por isso, não posso mais voltar ao Canadá. Não apenas pelo que ele fez comigo, mas por coisas que também fiz.
A voz de Noah carregava um peso difícil de descrever, um misto de dor e arrependimento. Ele respirou fundo antes de continuar:
— E agora, estou colhendo as consequências. Deus permitiu que eu parasse de cantar, que minha voz falhasse, que esses nódulos surgissem... Talvez seja a forma dEle me fazer refletir sobre as escolhas que fiz contra Ele.
Fiquei atônita, as sobrancelhas ainda arqueadas, a curiosidade crescendo dentro de mim. Queria saber mais, entender o que tinha sido tão grave assim.
— Noah... O que foi que aconteceu? O que foi tão grave? — perguntei, com um tom suave, mas insistente.
Ele desviou o olhar, fixando-o no oceano, como se procurasse respostas nas ondas que se quebravam à distância. Abanou a cabeça lentamente, como se lutasse consigo mesmo.
— Desculpa, Cinderela... Ainda não me sinto confortável para falar sobre isso — disse ele, inclinando-se para a frente, os olhos agora fixos nos meus, profundos e cheios de emoção. — Só quero aproveitar esta noite com você.
Suspirei, sentindo uma mistura de frustração e compreensão. Assenti, respeitando o seu espaço, mas sabia que ele estava perto, muito perto de partilhar mais. Queria que ele falasse, que se abrisse, mas percebia que não era por falta de confiança em mim. Era medo. Medo do seu próprio passado, das sombras que ainda o assombravam.
O que ele teria feito de tão grave assim?
Apesar da curiosidade e das incertezas que pairavam no ar, algo dentro de mim não me deixava ter medo do passado do Noah. Pelo contrário, sentia uma paz diferente ao seu lado. Conseguia ver o quanto ele temia a Deus, o quanto parecia arrependido através das suas canções. E, mais do que tudo, Deus me fazia enxergar uma essência leve nele, como se estivesse trabalhando na sua vida de uma forma profunda e transformadora.
— Eu entendo, Noah. E respeito o seu tempo — disse finalmente, sorvendo um gole de água. Ele sorriu para mim, um sorriso que parecia aliviado, e relaxou um pouco mais, como se a minha resposta tivesse tirado um peso dos seus ombros.
Depois de saborearmos cada prato, desde o primeiro até a sobremesa, Noah me olhou com um sorriso suave nos lábios. Ele então ajustou a postura, endireitando-se na cadeira, como se se preparasse para algo importante.
— Sabe o que melhoraria essa noite? — ele perguntou, levantando-se com aquela calma que ele tinha.
Noah olhou para trás, como se estivesse dando algum sinal para alguém, e de repente uma música suave começou a tocar. Era um ritmo lento, convidativo, que parecia sussurrar apenas uma coisa: dança. Sorri, sentindo um calor subir pelo meu rosto, e ajeitei uma mecha do meu cabelo, tentando disfarçar a ansiedade que já tomava conta de mim. Noah se aproximou, com um sorriso que me deixou sem ar, e estendeu a mão.
— Cinderela, me concede essa dança? — ele perguntou, e eu senti um enxame de borboletas no estômago. Meu coração acelerou de uma forma que eu nem sabia ser possível.
Coloquei minha mão na dele, e ele me puxou suavemente para perto. Minhas pernas tremiam, mas meus olhos não se desgrudavam dos seus. Era como se eu estivesse hipnotizada, presa naquele momento que parecia saído de um sonho.
Ele me puxou para mais perto, e meu corpo se encaixou no dele como se fosse o único lugar onde eu deveria estar. Seu braço envolveu minha cintura com firmeza, e sua mão segurou a minha com uma suavidade que contrastava com a intensidade do seu olhar. A música parecia envolver o cenário, misturando-se ao som das ondas e ao calor que crescia entre nós.
Noah começou a me conduzir em passos lentos e precisos, como se soubesse exatamente como guiar cada movimento meu. Eu não era uma dançarina experiente, mas com ele, parecia impossível errar. Seus movimentos eram tão elegantes que eu mal conseguia pensar.
— Você está tentando me impressionar? — murmurei, com um sorriso brincalhão nos lábios.
— Eu não preciso tentar — ele respondeu, com uma ousadia que fez minha pele arrepiar.
Eu ri, mas o som se perdeu no ar quando ele deslizou a mão pela curva da minha cintura, me puxando para ainda mais perto. Nossos corpos quase se tocavam completamente, separados apenas pelo ritmo da dança e pela tensão que parecia vibrar entre nós.
Meus olhos encontraram os dele, e a intensidade do seu olhar fez meu coração tropeçar. Havia algo ali, algo que se comunicava na maneira como ele me segurava, na forma como seus dedos traçavam círculos sutis nas minhas costas.
Ele me girou devagar, e quando voltei para seus braços, nossos rostos ficaram perigosamente próximos. Sua respiração roçou minha pele, e, por um segundo, eu achei que ele fosse me beijar. Minha pele formigou em expectativa. Eu queria. Estava certa de que queria.
Mas ele apenas sorriu, um sorriso que me fez prender a respiração.
— Você dança bem — eu disse, tentando manter a compostura, mas meu sorriso traía a emoção que sentia.
Ele sorriu de volta, seus olhos nunca se afastando dos meus.
— Sabia que você está quebrando o contrato de novo? — perguntei, enquanto ele me guiava com delicadeza.
— Hadassa... Ninguém está vendo, estamos apenas eu e você aqui, por que se preocupar com isso? — ele respondeu, com uma calma que me deixou ainda mais ansiosa.
— Mas Deus está vendo que estamos quebrando regras — eu retruquei, tentando manter um tom de brincadeira, mas meu coração batia forte.
Ele parou por um segundo, segurou meu queixo suavemente, alisando-o, e soltou um riso baixo.
— Não sei se estamos quebrando regras, mas sei que Deus conhece nosso coração — ele disse, e meu coração acelerou ainda mais. — Quero que esqueça o contrato e todas aquelas cláusulas idiotas que criei antes de conhecer você, Hadassa, e apenas se entregue a esse momento, porque a única coisa que estou pensando é em você.
Ergui as sobrancelhas, quase hipnotizada por suas palavras. Noah ainda segurava minha cintura, e sua outra mão deslizou suavemente sobre meu pescoço. Eu senti o maxilar dele se tensionar, e soube que algo estava prestes a acontecer. De novo.
— O que tá fazendo? — perguntei, com um sorriso nervoso estampado no rosto. Mas ele não riu. Seus olhos estavam sérios, intensos, e ele não riu dessa vez.
— O que sinto vontade de fazer todas as vezes que te vejo — ele confessou, e eu senti o ar faltar em meus pulmões. Antes que eu pudesse pensar, nossos lábios colidiram em um beijo intenso e apaixonado. Ali, sob as estrelas, com o vento suave do oceano nos envolvendo, eu senti a melhor sensação do mundo. Estava imersa naquele beijo, no toque delicado de Noah, na maneira como ele fazia as borboletas no meu estômago dançarem sem parar.
A cada segundo, nosso beijo se intensificava, mas de uma maneira cautelosa, como se ambos soubéssemos que havia um limite que não podíamos ultrapassar. Seu toque era firme e delicado ao mesmo tempo, como se ele quisesse me ter por completo, mas sem jamais perder o controle. Suas mãos deslizaram pela minha cintura, segurando-me com um carinho que fazia meu coração tropeçar.
A brisa do mar envolvia nossos corpos, mas nada poderia ser mais eletrizante do que o calor que crescia entre nós. Quando ele deslizou a mão para o meu rosto, traçando a maçã do meu rosto com o polegar, um arrepio percorreu minha espinha.
Naquele beijo, o mundo ao nosso redor desaparecia um pouco mais. Não existia o mar, o céu estrelado ou a música ao fundo. Apenas nós dois, presos na força daquele beijo que parecia soltar fogos de artifício no céu.
Quando nossos lábios finalmente se separaram, minha respiração estava entrecortada, e os olhos de Noah refletiam o mesmo turbilhão de emoções que os meus. Ele encostou a testa na minha, mantendo-me perto, como se ainda não estivesse pronto para me soltar.
— Isso foi… — comecei, mas ele me interrompeu, colidindo os lábios nos meus de novo, como se já soubesse exatamente o que eu queria dizer.
— Perfeito — completou, sua voz rouca e baixa, como se tivesse acabado de fazer a melhor descoberta da sua vida.
Sorrimos juntos, tentando nos afastar daquele ímã que nos mantinha tão próximos, mas sabíamos que aquilo deveria ser interrompido. Precisávamos de um espaço, de compostura.
— Não é uma boa ideia continuar essa dança, certo? — brincou, rindo, e eu também não conseguia parar de sorrir.
— Com certeza — respondi, suave, mas senti o toque firme e quente da mão de Noah me puxando delicadamente, me guiando. Era como se ele soubesse que, mesmo que precisássemos parar, não conseguiríamos nos afastar completamente. E, naquele momento, eu não queria me afastar. Eu só queria ficar ali, naquele espaço entre o céu e o mar, onde só existíamos nós dois.
— Quero te mostrar um negócio.
Ele me guiou até a proa do iate, e o que vi me tirou o fôlego. Sob o céu estrelado, um cenário cuidadosamente preparado nos aguardava. Almofadas macias e um cobertor estavam dispostos ali, como um convite para nos acomodarmos. Pequenas luzes indiretas criavam um brilho suave, que não ofuscava o espetáculo natural acima de nós. O mar se estendia ao redor, vasto e silencioso, refletindo a lua com um brilho prateado que ondulava suavemente na superfície da água. O som das ondas embalava o momento, tornando tudo ainda mais mágico.
— Noah... — murmurei, virando-me para ele, sem palavras para descrever o que sentia. — Isso é incrível.
Ele sorriu, satisfeito com minha reação, e puxou minha mão com delicadeza, conduzindo-me até as almofadas. Meu coração acelerou, não só pela beleza do cenário, mas pela sensação de que aquele instante seria inesquecível.
Ficamos ali, observando as estrelas por um instante, sentindo o vento suave nos envolver. Noah pegou a manta e nos cobriu, e eu senti meu mundo parar quando ele envolveu o braço por trás do meu pescoço, me puxando para mais perto. Seu toque era quente, reconfortante, e eu me senti segura.
Ele acariciava meu braço com os dedos, e eu senti um arrepio percorrer minha pele. Tentei disfarçar, dizendo que estava com frio, mas Noah não era bobo. Ele sabia. Sabia que aquela reação não tinha nada a ver com a temperatura.
Eu não resisti. Deitei minha cabeça em seu ombro e fiquei ali, olhando para o céu, para as estrelas, para a imensidão ao nosso redor e para a imponência daquele iate. A realidade de tudo o que estava vivendo ao lado de Noah Tremblay começou a cair sobre mim, e eu me senti pequena e grandiosa ao mesmo tempo.
— Sabe aquelas estrelas ali? — ele apontou, e eu segui seu olhar. — Algumas delas já deixaram de existir há muito tempo, mas ainda brilham para nós.
— Isso é meio triste — comentei, refletindo sobre suas palavras.
— Eu acho bonito — ele disse, virando-se para mim. — Porque significa que algumas coisas são tão intensas que continuam a brilhar mesmo depois de partirem.
Eu encarei o céu, sentindo o peso de suas palavras. Ele então se aproximou um pouco mais, e eu senti o calor do seu corpo se misturando ao meu.
— Mas sabe o que eu acho mais incrível? — sua voz saiu baixa, quase um sussurro.
— O quê? — perguntei, virando o rosto para ele.
— Seus olhos brilham mais do que todas elas juntas — disse, e eu senti o ar faltar em meus pulmões.
Sorri, tentando disfarçar o impacto que aquilo causou em mim.
— Você sempre sabe usar as palavras, não é? — ri, tentando aliviar a tensão que crescia entre nós.
Ele sorriu, meneando a cabeça.
— Você me deixa inspirado — confessou, e eu mordi os lábios, completamente imersa naquele momento.
A noite estava serena, e o céu parecia um manto escuro salpicado de diamantes cintilantes. Depois de alguns segundos observando as estrelas em silêncio, comecei a ponderar, e algo despertou minha atenção.
— Já parou para pensar como Deus criou tudo isso em apenas seis dias? — perguntei, minha voz suave quebrando o silêncio da noite. — E nós, muitas vezes, demoramos tanto para concluir um simples projeto... É incrível como somos frágeis diante da grandiosidade dEle.
Noah virou-se para mim, seus olhos refletindo a luz das estrelas, e prestou atenção às minhas palavras, como se cada uma delas fosse importante.
— O primeiro capítulo de Gênesis mostra justamente isso — ele respondeu, sua voz calma e profunda. — Deus é um Deus de detalhes. Muitos pensam que Ele só se importa com as grandes coisas, mas Ele cuida de tudo, até do que parece insignificante.
Ergui as sobrancelhas, concordando com ele, e um sorriso escapou dos meus lábios.
— É engraçado que eu estava ministrando sobre isso pouco antes de vir para cá — confessei, meu sorriso se ampliando. — Já aconteceram tantas coisas pequenas, que pareciam irrelevantes, mas precisei da ajuda de Deus, e Ele cuidou de cada uma de uma maneira tão linda.
— Porque Ele cuida até dos mínimos detalhes — completou Noah, sua voz quase um sussurro.
No exato momento em que ele terminou de falar, algo incrível aconteceu: uma estrela cadente riscou o céu. Meu coração acelerou, e eu não consegui conter o sorriso que se espalhou pelo meu rosto.
— Noah, faz um pedido! — exclamei, animada, apontando para o céu.
Ele soltou aquela risada gostosa, que sempre me fazia sentir quente por dentro.
— Você acredita nisso? — perguntou, divertido.
— Vai, Noah, tem que ser rápido! — insisti, me virando para ele, meu sorriso ainda estampado no rosto.
Ele suspirou, mas acabou cedendo, fechando os olhos por alguns instantes. Quando os abriu, seu olhar era tão intenso que quase me fez desmoronar ali mesmo. Eu me vi presa naquele momento, incapaz de desviar o olhar.
— Você também pediu? — ele perguntou, sua voz grave e suave, quase um sussurro, enquanto sua mão deslizava pela minha pele, causando arrepios.
Sim, eu pedi. Pedi para que Noah nunca se esquecesse de mim, e que eu pudesse fazer uma grande diferença na vida dele.
— Pedi — respondi, minha voz um pouco trêmula. — E você, o que pediu?
Ele sorriu, um sorriso misterioso que me deixou ainda mais curiosa.
— Sabe que não posso dizer, senão não se realiza — respondeu, seu tom de voz brincalhão.
Fiz beicinho, frustrada por não conseguir arrancar a resposta dele.
— Ah, Noah, você vai me deixar curiosa assim? — reclamei, apertando a manta sobre mim, tentando me aquecer.
— Foi você quem deu a ideia de fazer um pedido — ele lembrou, rindo baixinho.
Bufei, me contentando com aquilo, mas meu coração disparou quando ele subiu a mão e a deslizou suavemente pelo meu cabelo, parando na nuca. Seu toque era delicado, carinhoso, e acabou com todas as minhas defesas.
Ele se inclinou levemente para frente, e eu senti o calor do seu hálito próximo ao meu rosto. Meu coração batia tão forte que eu tinha certeza de que ele podia ouvir. Seus olhos pareciam mergulhar nos meus, como se estivessem lendo cada pensamento, cada desejo que eu tentava esconder.
— Noah, como é ser famoso? — minha voz soou suave, quase hesitante, enquanto eu olhava para frente, evitando seu olhar por um instante. — Sempre tive vontade de perguntar isso à alguma celebridade.
Ele soltou um suspiro profundo, como se organizasse os pensamentos antes de falar. Sua voz, grave e envolvente, preencheu o silêncio entre nós.
— Por um lado, é uma bênção. Sei que estou cumprindo meu chamado, levando minhas músicas e espalhando o evangelho como Jesus nos instrui. — Ele fez uma pausa, sua expressão ficando mais séria. — Mas, ao mesmo tempo, é uma pressão constante. Cada passo meu está sob os holofotes. As pessoas criam expectativas em mim, e qualquer deslize vira notícia. Se quero sair sem ser notado, preciso de boné, óculos escuros… e mesmo assim, os flashes vêm, os paparazzi, os fãs pedindo fotos.
Ele respirou fundo, desviando o olhar para o chão por um instante antes de continuar.
— Não reclamo. Sei que sou privilegiado, sou grato a Deus por tudo isso… Mas, às vezes, só queria um instante de anonimato, sabe?
Virei-me para ele, sentindo uma pontada no peito. Ele parecia forte e seguro por fora, mas ali, naquele momento, eu via o fardo que carregava.
— Hm. Eu acho que você é incrível no que faz. E Deus, mais do que qualquer um, se agrada de você — minha voz saiu doce, sincera.
Ele sorriu de canto, um sorriso pequeno, mas que iluminou sua expressão por um instante.
— Espero que sim — murmurou, sua voz rouca carregando um calor inexplicável.
Fiquei quieta por um momento, mas a curiosidade me corroía. Então, sem pensar muito, soltei:
— Tenho outra dúvida.
Noah riu, balançando a cabeça.
— Sabia que vinha mais. Fala.
Respirei fundo, hesitante, mas disparei a pergunta:
— Já se envolveu com alguma fã antes?
Assim que as palavras saíram, ousei olhar para ele. E me arrependi — ou talvez não. Seu olhar estava preso em mim, intenso, indecifrável. Meu coração falhou uma batida.
Noah não respondeu de imediato. Apenas ergueu uma das mãos devagar, seus dedos roçando de leve minha bochecha. O toque era quente, íntimo e suave que eu quase perdi o fôlego.
— Acreditaria se eu dissesse que não? — sua voz saiu baixa, quase provocativa.
Minhas sobrancelhas se ergueram, e um riso nervoso escapou dos meus lábios.
— Sério? Nunca? Meu Deus…
Ele riu também, um som rouco e gostoso que fez minha pele arrepiar.
— Sempre fui cuidadoso com isso. Nunca quis virar manchete por causa de um envolvimento.
Eu absorvi suas palavras, ainda surpresa.
— Então… só famosas?
Ele inclinou a cabeça, analisando minha expressão.
— Não exatamente. Você perguntou sobre fãs. Mas é sobre isso mesmo que quer falar agora? — seus olhos escureceram, sua voz ganhou um tom mais baixo, mais perigoso.
Engoli em seco. Algo dentro de mim dizia que aquilo estava saindo do meu controle.
— É só curiosidade — tentei dizer, mas minha voz saiu um pouco fraca.
Noah sorriu de lado, aproximando-se um pouco mais.
— Sempre quis saber disso, é?
Minha respiração falhou. Eu deveria desviar o olhar, mas não conseguia.
— Sim… — sussurrei, sentindo meu rosto esquentar.
Ele riu baixinho, e aquele som me envolveu como um abraço quente. O espaço entre nós parecia diminuir, e por um momento, tive certeza de que, se ele quisesse, não haveria mais nenhuma distância.
Ficamos ali, um bom tempo, observando as estrelas que brilhavam como pequenos diamantes espalhados pelo céu. A conversa fluía fácil, sobre coisas aleatórias. Quando finalmente nos levantamos, o ar estava fresco, e a noite ainda estava perfeita para aquele cenário. Noah me guiou até o quarto onde eu iria dormir, sua mão quente na minha cintura, como se não quisesse me soltar.
Tudo no quarto estava perfeito, preparado com cuidado. Até o baby doll que estava sobre a cama, que eu sabia que tinha a assinatura da Lisa, me fez sorrir. Era algo tão dela, tão pensado. Noah parou no batente da porta, encostado na madeira, seus olhos me observando com uma intensidade que quase me fez tremer. Eu olhei para ele, um sorriso nos lábios, esperando o que ele diria ou faria.
— O que foi, Noah? — perguntei, rindo, meu coração começando a acelerar.
Ele se desencostou da porta, seus passos lentos, calculados, como se cada movimento fosse pensado para me deixar sem fôlego.
— Obrigado por ter aceitado jantar comigo — disse, sua voz era suave, e eu já estava quase em êxtase.
Alerta...
Ele estava perto demais...
— Jamais esquecerei dessa noite — respondi, minha voz quase um sussurro. Ele sorriu, e aquele sorriso fez meu estômago embrulhar.
— Posso te fazer um pedido? — indagou, e eu assenti, sem conseguir desviar o olhar dos seus. — Não fique se martelando depois com o contrato, tá? Só... Esquece isso.
Eu suspirei, sentindo a intensidade daquelas palavras, o significado delas ecoando dentro de mim.
— Tudo bem — respondi, minha voz suave, quase trêmula.
— Tenha uma boa noite, Cinderela — ele disse, seus olhos cravados nos meus.
— Boa noite, Noah — respondi, mas sabia que aquilo não era um adeus.
E não foi.
Ele se aproximou mais um pouco, sua mão quente encontrando a minha nuca, e então, num movimento lento, quase reverente, ele se inclinou e me beijou. Foi um beijo breve, mas intenso, como se ele estivesse tentando transmitir tudo o que sentia naquele único momento. Quando ele se afastou, senti vontade de segurá-lo ali — embora não pudesse. Minha respiração estava falhando, meu coração martelando contra o peito. Eu mal conseguia me mover, mal conseguia pensar. Só sabia que algo dentro de mim tinha mudado para sempre depois dessa noite.
Respirei fundo e entrei no quarto, fechando a porta atrás de mim. Meu coração batia forte, e eu sabia que não adiantava mais negar. A noite inteira, cada olhar, cada toque, cada palavra... tudo culminara naquele beijo. E eu não podia mais fugir da verdade que estava clara, óbvia, inegável.
Eu estava apaixonada por Noah Tremblay.
⏳
Inspiração do vestido de Hadassa 🩷
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