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Capítulo 14 | Depois do Show

Hadassa Luz

No palco, a atmosfera era cheia de intensidade e fervor. Noah dominava cada centímetro do espaço, sua presença irradiando carisma e espiritualidade. Sua voz ressoava como um eco do céu, com emoção, alcançando cada pessoa na multidão. A energia do público era evidente — mãos erguidas, lágrimas discretas e uma conexão espiritual que unia todos naquele momento único. Noah não apenas cantava, ele ministrava. Cada nota e palavra pareciam escolhidas para tocar profundamente, como se fosse um canal direto entre a música e Deus.

Confesso, eu estava nas nuvens. Meu sonho estava sendo realizado naquele momento. Eu estava nos bastidores, no canto direito do palco, vendo tudo se desenrolar como um espetáculo grandioso. Era minha primeira vez no show do Noah Tremblay, e já sentia o peso da responsabilidade de estar em uma produção tão intensa. Meu trabalho era prático: garantir que os cabos, microfones e equipamentos estivessem funcionando perfeitamente. Mas, mesmo com tantas coisas para fazer, meus olhos sempre voltavam para ele. Era impossível não notar Noah. Sua energia era magnética, sua paixão pelo que fazia, inspiradora.

Justin estava na bateria, energizando o ambiente com suas batidas firmes e cheias de ritmo. Ele parecia estar se divertindo tanto quanto o público, até fazia caretas enquanto girava as baquetas. Dylan, na guitarra, roubava a cena com solos impressionantes, seus dedos deslizando pelas cordas com uma facilidade absurda. André mantinha o ritmo firme no baixo, enquanto Leonardo no saxofone e Pietro no violino traziam algo único, algo que fazia a banda se destacar de qualquer outra. E Caio, no teclado, dava o toque final, conectando todas as peças com melodias que preenchiam o espaço.

E então aconteceu. Entre uma nota alta e uma troca de palavras com o público, os olhos de Noah encontraram os meus. Não foi um olhar qualquer. Durou segundos que pareceram uma eternidade, mas ainda assim, foi breve o suficiente para me fazer duvidar se não era coisa da minha cabeça. Meu coração acelerou, e uma corrente elétrica percorreu meu corpo. O sorriso que ele deu logo depois, quase discreto, parecia ter sido feito só para mim. Ele sabia. De alguma forma, ele sabia o impacto que tinha sobre mim.

Enquanto eu tentava focar no meu trabalho, Noah terminou uma das músicas e começou a ministrar. Sua voz mudou de tom, ficando mais suave, mais reflexiva. Ele falava sobre a graça, sobre redenção, sobre como Deus usa as nossas fraquezas para nos transformar. Cada palavra parecia atingir diretamente o coração de quem ouvia, inclusive o meu. Eu estava ali, nos bastidores, mas me sentia parte do momento como qualquer um na plateia. Era isso que o tornava diferente. Noah não era apenas um cantor, ele era um instrumento.

A atmosfera no palco estava com muita emoção, mas dessa vez, havia algo diferente nos olhos de Noah. Ele segurava o microfone com força, como se estivesse tentando absorver cada segundo daquele momento. A multidão vibrava ao som da música, mas quando ele fez sinal para a banda diminuir o ritmo, o silêncio começou a tomar conta do lugar.

Noah suspirou profundamente, ajustando o microfone mais perto de seus lábios. Sua voz saiu firme, mas com uma vulnerabilidade que prendeu a atenção de todos.

Teve uma noite, depois de um show como este, que me senti completamente vazio. Eu me ajoelhei ao lado da cama e só consegui dizer: “Senhor, eu não vou conseguir continuar. Não tenho mais forças.”

Ele fez uma pausa, a voz embargada, enquanto o público ouvia em silêncio absoluto. As luzes suaves do palco pareciam destacar o brilho nos olhos dele.

Eu procurei palavras, tentei orar, mas tudo o que consegui foi chorar diante d’Ele. Antes de dormir, abri minha Bíblia, porque, por mais cansado que eu esteja, eu sempre leio um versículo antes de fechar os olhos. E Deus me levou a 2 Coríntios 12:9. Lá estava escrito: “Minha graça é suficiente para você, pois o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza.”

O público explodiu em palmas e gritos, emocionado, enquanto ele dava um leve sorriso, claramente tocado pela reação.

Mais adiante, no mesmo capítulo, diz: “Por isso, me gloriarei ainda mais alegremente em minhas fraquezas, para que o poder de Cristo repouse sobre mim.” E sabe o que isso significa, irmãos? Que mesmo quando não temos mais forças, mesmo quando sentimos que estamos no fim, Deus nos sustenta. Ele carrega nossos fardos. E hoje estou aqui, dizendo a vocês: se o seu coração está pesado, se as batalhas parecem maiores do que você pode suportar, entregue a Ele. Porque quando nos falta tudo, mas temos a presença de Deus, nós temos o suficiente.

Noah fez uma pausa, abaixou a cabeça e passou a mão pelo rosto, claramente emocionado. A banda começou a tocar suavemente ao fundo, criando um clima ainda mais intenso. O público, tomado por um fervor espiritual, aplaudia e glorificava.

Quando o medo tentar te paralisar, — ele continuou, com a voz mais baixa. — diga: “Senhor, eu não quero desistir. Eu quero continuar a obra que o Senhor começou em mim. Se me faltar recursos, se me faltar a voz, se me faltarem as palavras, que o Senhor me use mesmo assim.”

Nesse momento, Noah precisou dar um passo para trás, respirando fundo. Seus olhos brilhavam com lágrimas contidas. Ele olhou para a multidão por alguns instantes, como se quisesse guardar aquela cena na memória. Era evidente que havia um peso maior por trás de suas palavras. Algo que ele ainda não podia dizer, mas que estava em seu coração.

Eu ouvia gritos, aplausos e assobios da plateia. Uma multidão tocada por suas palavras. Eu estava ali, vendo tudo de perto. Não era mais na TV nem no celular, era ao vivo, também sendo profundamente tocada por aquele mover.

Olhei para Estela ao meu lado, que tinha os olhos brilhando de emoção. Ela sorriu suavemente e comentou:

— Ele sabe que vai precisar dar um tempo de tudo isso. É por isso que está assim hoje.

Assenti, sentindo a profundidade daquele momento. Noah estava enfrentando uma batalha interna, e isso era evidente em cada palavra que ele dizia, em cada nota que cantava. Ele parecia se entregar ainda mais, como se quisesse deixar cada gota de si naquele palco.

De repente, Noah voltou a segurar o microfone com firmeza. A banda tocava ao fundo, criando um clima intenso e cheio de reverência. Sua voz ecoou pelo local, com uma emoção que fez o público prender a respiração:

Pode me faltar tudo, Senhor... só não me falte a Tua presença!

Ele repetiu, a voz cheia de sinceridade e força. As palavras pareciam atravessar o ar como um fogo que incendiava os corações. A multidão explodiu em louvor, as mãos erguidas, lágrimas caindo. Era um mover que transcendia qualquer explicação, algo que só quem estava ali podia sentir.

Noah fechou os olhos por um momento, respirando fundo, enquanto a banda continuava a tocar. Ele parecia absorver aquele instante, como se estivesse se preparando para um adeus temporário, mesmo que ninguém ainda soubesse. Quando reabriu os olhos, olhou para a multidão com uma intensidade que parecia abraçar cada pessoa presente.

Estela parecia profundamente tocada enquanto observávamos Noah no palco. A energia que ele transmitia era inegável, mas havia algo em sua expressão que denunciava o peso que carregava.

Ricardo se aproximou, cruzando os braços enquanto também olhava para o palco.

— Isso vai ser muito difícil para ele — comentou, com um tom de preocupação.

Olhei para ele, tentando decifrar o que queria dizer.

— Parece que ele está tentando dizer algo ao público, mesmo sem palavras — respondi, voltando meus olhos para Noah, que continuava a ministrar com intensidade.

Ricardo assentiu devagar.

— Noah é o tipo de artista que entrega tudo no palco. Ele vive para isso, para sentir Deus agindo através dele. Mas, ao mesmo tempo, dá para perceber que o peso está começando a cair sobre ele.

Franzi o cenho, sentindo meu coração apertar com a insinuação.

— Que peso? — perguntei, tentando entender.

Ricardo e Estela se entreolharam, como se avaliassem o quanto deveriam compartilhar. Foi Estela quem quebrou o silêncio.

— O fardo da voz... — começou, mas havia mais ali que ela não disse. Mesmo assim, não insisti.

Ricardo continuou, agora mais prático:

— Precisamos garantir que ele cuide bem das cordas vocais. Lorenzo já alertou sobre os efeitos colaterais que ele pode enfrentar, e disse que vai tratar isso com o Noah assim que retornarem de viagem. E o que mais me preocupa é o impacto emocional disso. Precisamos fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para evitar que ele desenvolva ansiedade ou, pior, um quadro depressivo.

Arregalei os olhos, surpresa e preocupada.

— Por que chegaria a esse ponto? — perguntei, quase temendo a resposta.

Estela suspirou, cruzando os braços.

— Porque deixar o palco por tempo indeterminado vai ser um golpe para ele. Ele vive disso, para isso. Não será fácil, e Noah não é o tipo de pessoa que admite fraqueza facilmente. Vamos precisar ser pacientes, mas também firmes, para ajudá-lo a passar por isso.

Assenti, sentindo o peso da responsabilidade crescer. A ideia de Noah, tão forte e cheio de vida no palco, enfrentando algo assim me incomodava profundamente.

— Vou fazer o que for necessário para ajudar — respondi, determinada.

Ricardo se levantou, verificando o relógio.

— O show está quase no fim. Hadassa, pode esperar por ele no camarim? Ele vai precisar de um tempo para se recompor antes de enfrentar o resto da equipe.

Levantei-me também, assentindo.

— Claro, vou cuidar disso.

Enquanto me dirigia ao camarim, não conseguia tirar da cabeça tudo o que tinha ouvido. Eu havia passado horas no show, sentindo o impacto da música e da presença de Noah, mas agora entendia que havia muito mais acontecendo por trás daquele brilho no palco. Apesar de tudo, um pensamento me confortava: eu estava ali, com uma visão privilegiada, e faria tudo ao meu alcance para apoiar Noah em qualquer desafio que viesse.

No camarim, ajeitei as águas e organizei os papéis na mesa antes de me jogar no sofá. Com o celular em mãos, aproveitei o momento de calmaria, mas quase pulei quando a porta se abriu bruscamente. Noah entrou, suado, com uma expressão de cansaço que parecia pesar em seus ombros.

— Esse foi um dos shows mais cansativos da minha vida — ele disse, fechando a porta atrás de si.

Sem dizer mais nada, pegou uma garrafinha de água, tomou um longo gole e se sentou no sofá à minha frente. Ele parecia exausto, mais do que o normal.

— Você está bem? — perguntei, a preocupação evidente no meu tom.

— Estou — respondeu, mas sua voz estava rouca, muito mais do que o habitual de um cantor pós-show. Era impossível ignorar.

Ele colocou a mão no peito e respirou fundo, como se tentasse aliviar algo que o incomodava.

— Noah? — Levantei-me do meu lugar e fui até ele, sentando ao seu lado no sofá.

— Estou bem, relaxa — disse, tentando me tranquilizar enquanto tomava outro gole de água. — Só estou com dor na garganta. Parece que minha voz vai falhar a qualquer momento.

Meu olhar se estreitou de preocupação.

— Quer que eu chame o Lorenzo?

— Não precisa. Já disse que estou bem — respondeu rapidamente, sem muita paciência.

Mordi o lábio, relutante, mas não insisti.

— Tudo bem, então. Cadê o restante da equipe? — perguntei, analisando-o. Mesmo exausto, ele parecia carregar uma presença que não passava despercebida.

— Foram comer pizza — respondeu, recostando-se no sofá e fechando os olhos por um instante.

— E por que só eu fiquei aqui? — questionei, cruzando os braços.

Ele abriu um olho, um sorriso cansado brincando em seus lábios.

— Porque alguém precisava ficar para arrumar suas coisas e garantir que tudo estivesse pronto para o embarque.

Suspirei, sem paciência para discutir.

— Vamos ficar na cidade ou deseja voltar para casa? — perguntei, pegando o MacBook para organizar a agenda.

— Vamos voltar para casa — disse com firmeza, mas sem abrir os olhos.

— Casa? Já? E o show de amanhã?

Ele abriu os olhos e virou-se para mim. A seriedade em seu rosto me pegou de surpresa.

— Vai ser cancelado, Luz — usou o apelido que eu detestava. — Não estou aguentando. No palco, senti falta de ar e... — ele hesitou por um instante. — Preciso fazer alguns exames.

O alarme soou na minha cabeça.

— Então vá tomar um banho e se preparar para sairmos daqui — falei, tentando manter a calma enquanto organizava mentalmente o que precisava ser feito.

Noah se levantou com esforço, quase cambaleando. Ele colocou a mão no peito de novo, e dessa vez sua respiração parecia mais pesada.

— Noah? — levantei rapidamente e fui até ele. — Quer que eu chame o Lorenzo?

— Não... estou bem — respondeu, mas sua voz estava fraca e rouca.

— Está mesmo? Porque não parece.

Ele olhou para mim. Por um momento, nossos olhos se encontraram e fiquei presa naquele olhar castanho. Havia algo nele — uma mistura de cansaço, vulnerabilidade e força que me desarmava. O ar ao meu redor parecia mais denso, e um calor estranho subiu pelo meu corpo.

— Chama o Ricardo, por favor — ele pediu, desviando o olhar e se movendo em direção ao banheiro. — Pede para ele deixar os documentos em cima da mesa pra eu assinar.

— Ele não está na pizzaria?

— Droga, esqueci disso — ele bufou, já dentro do banheiro. Sua voz ecoou, ainda rouca, mas irresistivelmente grave.

— Eu aviso a ele, não se preocupe — respondi, voltando para o sofá e pegando o MacBook, mas minha atenção ainda estava em Noah.

Enquanto ouvia o som do chuveiro ao longe, fiquei pensando em tudo o que ele havia dito — e no que ele não tinha dito. Noah Tremblay estava começando a ceder, e, por mais que ele não quisesse admitir, era evidente que precisava de ajuda. E, de alguma forma, eu queria ser essa ajuda.

Depois de uns minutos, Noah saiu do banho com uma toalha nos ombros e vestindo apenas uma calça de moletom cinza, ainda com os cabelos molhados e gotículas de água escorrendo por um abdômen tão definido que parecia esculpido. A visão me fez esquecer por completo a agenda aberta no meu colo. Ele caminhou até o espelho e começou a arrumar o cabelo, alheio ao fato de que minha atenção estava completamente nele.

Eu sabia que precisava me acostumar a vê-lo assim, já que trabalharíamos juntos diariamente. Mas, naquele momento, era impossível não reparar em cada detalhe: o jeito despreocupado como ele passava a mão pelos cabelos, os músculos se movimentando a cada gesto, e o leve aroma amadeirado que ele exalava, mesmo antes de colocar o perfume.

Sem perceber, meu olhar se demorou onde não devia — nele, até que ele notou. Seus olhos castanhos encontraram os meus no reflexo do espelho, e um sorriso sutil surgiu no canto de seus lábios. Antes que pudesse dizer algo, meu celular tocou, quebrando a tensão que havia se formado no ar. O som me fez pular, e, ao olhar a tela, vi o nome de Mateus. Meu namorado. A lembrança de que eu ainda estava em um relacionamento me trouxe de volta à realidade. Não atendi. Eu já sabia o que ele queria e, naquele momento, não queria lidar com isso.

— Sérgio já chegou? — Noah perguntou casualmente, quebrando o silêncio e me puxando de volta para o presente. Ele vestiu uma regata preta enquanto falava, escondendo parcialmente a visão que me deixara distraída.

— Sim, está nos esperando — respondi, tentando parecer concentrada.

Ele pegou um perfume, borrifou no pescoço e nos pulsos, e o aroma amadeirado invadiu o ambiente. Sem querer, soltei um suspiro ao sentir o cheiro, mas rapidamente disfarcei, voltando a mexer na agenda como se nada tivesse acontecido.

Depois de organizarmos tudo, seguimos de carro para o hotel. Já era madrugada quando desci para o saguão, com um sobretudo cobrindo meu corpo, depois de arrumar as malas e deixar minha suíte. Enquanto aguardava na recepção, Noah surgiu do elevador com dois seguranças. Ele estava impecável: óculos escuros, uma jaqueta de couro e o semblante evidenciando a exaustão, mas ainda tão imponente que parecia irradiar uma energia única. Era impossível ignorar sua presença.

Do lado de fora, uma multidão aguardava, ansiosa para ver qualquer vestígio do cantor. Eu, baixinha, me escondia atrás de uma grande planta ao lado das portas de vidro, tentando passar despercebida. Noah me viu ali, com a expressão nervosa e os braços cruzados. Ele se aproximou, sua altura e postura dominando o espaço ao nosso redor.

— Prefere que o motorista nos espere no estacionamento privado do hotel? — perguntou em um tom baixo, mas tão próximo que a profundidade da voz dele fez algo em meu estômago revirar.

— Você que escolhe. O que preferir, eu encaro — respondi, tentando soar confiante, embora a proximidade dele me deixasse inquieta.

Ele sorriu de canto, como se soubesse do efeito que causava.

— Se não quer sair nas mídias, aviso ao motorista para nos esperar no estacionamento. Mas, se quiser atravessar aquela porta, vai precisar ir ao meu lado e ver mais polêmicas sobre você — ele disse, inclinando levemente a cabeça, os olhos fixos nos meus, demonstrando algo que parecia um misto de curiosidade e desafio.

Hesitei por um segundo, completamente envolvida por ele. Antes que pudesse responder, o celular de Noah tocou.

Oi, Estela. — Noah atendeu, sua voz firme. Ela respondeu algo rápido, e ele ativou o viva-voz, me lançando um olhar antes de falar: — Ela pediu para colocar no viva-voz pra você ouvir também.

— Hadassa, Noah, vocês viram as mídias? — perguntou Estela, com um tom preocupado. Noah e eu nos entreolhamos, balançando a cabeça em negação.

— O que tem? — ele perguntou, com impaciência começando a transparecer.

— Está tudo fora de controle. Não só pelas páginas de fofoca, mas alguém fez algo com a imagem de Hadassa — revelou Estela, e um arrepio gélido percorreu minha espinha. Meu rosto esquentou instantaneamente, e senti os olhos de Noah sobre mim.

— O que aconteceu, Estela? Fala logo! — ele exigiu, sua voz mais dura.

— Alguém fez um story "esclarecendo" as coisas. É melhor vocês verem. Ângela Mackenzie.

O nome caiu como uma bomba. Meus olhos se arregalaram, e Noah encerrou a ligação sem dizer mais nada. Com uma expressão séria, ele abriu o Instagram e digitou o nome dela.

Cada segundo parecia uma eternidade enquanto ele procurava. Então, ele encontrou os stories e começou a assistir. A voz de Ângela preencheu o ambiente, leve e descontraída, enquanto ela passava maquiagem no banheiro. Mas suas palavras eram como facas.

"Gente, não se preocupem. Eu e o Noah estamos juntos, sim. Essa moça é apenas a assistente dele. Jamais o Noah me trocaria por uma assistente, não se preocupem."

O sorriso dela era afiado, cruel.

"A única namorada do Noah sou eu! Ela é como as outras empregadas do Noah, apenas servindo a ele na viagem, por isso estão sempre juntos."

Minha garganta apertou, minha visão embaçou. Eu estava pálida, congelada. Noah assistia, alternando o olhar entre o celular e eu, seu maxilar travado, o olhar transbordando raiva.

A cada palavra dela, a humilhação me consumia.

Em outro story, ela adicionou o golpe final:

"Ela pode ser bonita, mas é só uma assistente. Noah jamais ficaria com ela."

Uma lágrima silenciosa deslizou pelo meu rosto. Noah viu. Ele desligou o celular abruptamente, respirando fundo. Passou a mão pelos cabelos com um gesto frustrado e ficou parado por um momento, encarando o nada antes de olhar para mim.

— Hadassa, me perdoa. — Sua voz estava cheia de culpa, quase rouca.

— Você não tem culpa, Noah. Você é famoso, a mídia corre atrás de você. Isso é... normal — consegui responder, minha voz trêmula.

— Não é normal! — ele rebateu, a raiva fervendo em seu tom. — E ela é minha... Ela era minha namorada.

— Como assim? Não vai terminar com ela por causa disso, não é? — perguntei, meu tom oscilando entre incredulidade e indignação.

— Ela humilhou você publicamente, Hadassa. O que posso esperar de alguém assim? — Ele passou a mão pela nuca, sua irritação transbordando. — Isso não é só um erro. É crueldade. Ela não pensou nas consequências.

— Realmente, ela não pensou nas consequências — murmurei, mordendo meu lábio inferior, tentando conter as emoções.

— E eu não penso isso de você — ele disse de repente, seus olhos cravados nos meus, a intensidade deles me fazendo prender a respiração.

— O que isso quer dizer, Noah? — perguntei, quase sem fôlego.

Ele não respondeu. Seus olhos vagaram pelo ambiente antes de chamar os seguranças, sua postura decidida.

— Esquece o estacionamento. Vamos pela frente.

— Depois de tudo isso, você quer que eu enfrente o público? Tá louco? — indaguei, paralisada.

— Hadassa, só confia em mim.

Eu hesitei, mas assenti. Ele era meu chefe, e apesar de tudo, não havia como recusar.

Coloquei os óculos escuros e seguimos em direção à saída principal. Dois seguranças abriram caminho na frente, outros três se juntaram ao redor. Quando a grande porta automática se abriu, flashes nos bombardearam. Gritos ecoaram, o som abafado de perguntas e assobios se misturando à multidão que nos cercava. O calor da vergonha subiu pelo meu corpo, queimando cada pedaço de autocontrole que eu ainda tentava manter.

Respirei fundo, meus passos hesitantes, lutando contra a vontade de desabar ali mesmo. Meu peito parecia apertado, as lágrimas ameaçando escapar a qualquer momento. Olhei para Noah, que estava parado ao meu lado. Sua postura era firme, o olhar sério vasculhando a multidão. Ele parecia imperturbável, mas algo em sua expressão me dizia que ele sentia minha luta.

E então, aconteceu. Quando eu pensava que iria desmoronar, senti sua mão tocar a minha. Seus dedos quentes entrelaçaram-se nos meus com firmeza, como um porto seguro em meio ao caos. A eletricidade que percorreu meu corpo me fez congelar por um instante, meu coração disparando de forma quase dolorosa.

Olhei para nossas mãos, cruzadas de uma maneira que parecia ao mesmo tempo íntima e protetora. Meu olhar subiu lentamente até encontrar o dele. Noah me observava com intensidade, um misto de determinação e algo mais que eu não conseguia identificar. Ele fez um pequeno aceno de cabeça, encorajando-me sem dizer uma palavra.

Meu corpo parecia reagir a ele de um jeito que eu não podia controlar. O calor da humilhação deu lugar a um arrepio que percorreu minha espinha, um misto de vergonha, tensão e algo perigosamente próximo à atração.

Com aquele simples gesto, Noah me dizia que eu não estava sozinha. E, pela primeira vez naquele dia, eu acreditei.

Os gritos ficaram mais altos. Cartazes erguidos no meio da multidão traziam frases como: “Who is Noah's new girlfriend?” e “And Angela? Are you guys done?”.

As palavras me feriam como lâminas, mas Noah continuava firme, guiando-me com um propósito inabalável. A pressão de sua mão na minha me dava a força que eu não sabia que tinha.

Ele deu um passo, e eu o acompanhei, lutando contra a vergonha que me consumia. Passamos pela multidão de mãos dadas, os seguranças nos protegendo. Noah não parou, não acenou. Apenas seguimos em silêncio, lado a lado, até o carro.

Dentro do veículo, o silêncio entre nós era esmagador, mas carregado de algo mais. Algo que nenhum dos dois ousava nomear.

Mais uma linha havia sido cruzada. Mais uma vez, uma cláusula rompida.

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