Capítulo 03 | Será Um Teste?
Hadassa Luz
— Seja bem-vinda, Hadassa — disse Ricardo, levantando-se para me cumprimentar com um sorriso educado.
— Sente-se — acrescentou Estela, apontando para a cadeira à minha frente.
Eu estava imóvel. Totalmente paralisada. Minha mente girava em um turbilhão de pensamentos enquanto tentava assimilar o que estava acontecendo. Noah Tremblay, o cantor cuja voz havia embalado tantos momentos da minha vida, estava ali, me encarando com um olhar intenso. E eu... eu estava completamente perdida naquele olhar. Ele era ainda mais bonito ao vivo: o corpo atlético impecavelmente moldado, os olhos castanhos profundos e aquele sorriso que parecia projetado para desarmar qualquer pessoa.
Aceitar esse emprego, percebi ali mesmo, me custaria muitas orações e uma boa dose de disciplina espiritual. Afinal, eu não era uma moça solteira. Precisava lembrar disso.
Noah pigarreou, e meu coração saltou no peito ao ouvir sua voz pela primeira vez. Era grave e encantadora, como um acorde perfeito.
— É um prazer conhecê-la, senhorita Hadassa — ele disse enquanto se levantava.
Eu quase engasguei. Ele veio em minha direção, e o perfume dele — amadeirado, intenso, mas não exagerado — parecia envolver todo o ambiente. Cada passo que ele dava em minha direção fazia minhas pernas tremerem mais. Era como se ele soubesse o efeito que estava causando, porque o olhar dele não me deixava escapar.
— Espero que esteja confortável — continuou, estendendo a mão para me cumprimentar quando parou à minha frente.
Meu cérebro entrou em pane. "Diga algo! Fale, Hadassa!"
— O-o prazer é-é todo meu, senhor Noah! — gaguejei miseravelmente, e ele sorriu. Não um sorriso qualquer, mas aquele sorriso travesso que dizia "eu sei o que estou fazendo com você".
— Não precisa me chamar de senhor. Sou novo demais para isso — brincou, e eu tentei sorrir de volta, ainda hipnotizada.
— Sentem-se — chamou Estela, e eu finalmente consegui dar um passo, com o coração disparado.
Noah voltou ao seu lugar e, de forma deliberada, manteve aquela postura confiante, com a coluna reta e os olhos fixos em mim. Isso só dificultava minha tentativa de agir naturalmente.
— Você se considera fã do Noah, Hadassa? — perguntou Estela casualmente, mas a pergunta soou como uma armadilha.
— B-bom... — comecei, juntando as sobrancelhas e tentando lembrar como se formavam frases. — Conheço algumas músicas.
"Algumas músicas?" Minha mente gritava. Você conhece TODAS as músicas, Hadassa!
Estela não pareceu convencida, mas continuou:
— Isso é importante, porque como você vai trabalhar para o Noah, será necessário conhecer bem a vida dele.
Eu assenti, tentando parecer profissional, mas minha mente já começava a listar mentalmente a data de nascimento dele, comida favorita, cor preferida, tudo o que eu sabia.
— E minha vida é bem agitada — comentou Noah, com um sorriso divertido e uma piscadela rápida que me deixou sem chão.
Era um teste, só podia ser. Ele estava tentando descobrir se eu era mais uma fã deslumbrada ou alguém que poderia lidar com a realidade caótica de sua rotina. E eu precisava mostrar que estava à altura desse desafio.
— Você já foi a algum show meu, Hadassa? — perguntou Noah, brincando com uma caneta enquanto me olhava com intensidade.
— Bom, a maioria dos seus shows nos últimos anos foi no exterior, então eu não tive a oportunidade de ir — respondi, forçando-me a desviar o olhar daqueles olhos castanhos hipnotizantes.
— Espero que não enjoe da minha voz, porque terá que me acompanhar em todos os shows — ele disse, com um tom provocante.
"Enjoar da sua voz? Impossível", pensei, mas apenas respondi com um sorriso tímido:
— Tranquilo.
— Já te informamos tudo acerca do emprego. A reunião hoje é mais para vocês se conhecerem e para assinarem o contrato — disse Ricardo, retirando alguns papéis organizados de sua pasta de couro preta. — Hadassa começa daqui a um mês. Até lá, terá tempo para organizar toda essa mudança na sua vida.
— Lisa, nossa estilista, irá acompanhá-la na compra de roupas, maquiagens e acessórios, enquanto você também ajusta seus estudos à nova modalidade e prepara a mudança para Balneário Camboriú — completou Estela com um sorriso confiante.
Eu assenti, tentando manter a calma, mas a menção de “Balneário Camboriú” e “mudança” fazia meu coração bater acelerado.
— Como sabe, Noah viaja muito, então aqui não é uma residência fixa. Hoje você pode estar neste hotel, amanhã nos Estados Unidos. Tudo dependerá da agenda dele, que ficará sob sua responsabilidade — disse Ricardo.
Eu engoli seco. Viajar pelo mundo ao lado de Noah Tremblay não parecia real.
— Durante este mês, você ficará hospedada neste hotel, mas, após esse período, se mudará para o apartamento do Noah. Alguns funcionários também moram lá, mas haverá privacidade para você, com cômodos exclusivos — explicou Estela.
Na casa do Noah? Meu coração disparou.
— Este é o contrato de trabalho — Ricardo deslizou o papel pela mesa, junto com uma caneta elegante. — E este é o contrato entre ambos.
Entre ambos? A frase despertou minha curiosidade, mas também uma ponta de nervosismo.
— Fique à vontade para ler — disse ele, indicando os papéis.
Assinei o contrato de trabalho sem hesitar, sentindo o peso da responsabilidade. Em seguida, comecei a ler o “contrato entre mim e Noah”, e cada cláusula me deixava mais inquieta:
"É terminantemente proibido qualquer tipo de envolvimento amoroso, afetivo ou íntimo entre as partes durante a vigência deste contrato...; Hadassa deverá respeitar integralmente a privacidade de Noah, não questionando ou interferindo em qualquer aspecto de sua vida pessoal...; Hadassa deverá executar as instruções e tarefas dadas por Noah de forma direta, sem questionamentos, desde que estejam de acordo com suas funções de assistente e respeitem os princípios de legalidade e ética..."
Minha mão tremia levemente enquanto folheava as páginas. Olhei para Noah, que me encarava com uma intensidade desconcertante, como se tentasse decifrar cada pensamento que passava pela minha mente.
— Esse contrato é apenas uma formalidade — começou ele, com a voz baixa e segura, mas ainda assim gentil. — Sei que você será profissional. Não leve as cláusulas para o lado pessoal, mas elas são realmente necessárias.
A explicação fez meu estômago revirar, mais pelo tom firme e provocante dele do que pelas palavras. Olhei para Estela, que assentiu de forma encorajadora, e então assinei o contrato, mesmo sentindo como se cada assinatura cravasse uma nova etapa na minha vida.
Respirei fundo, percebendo que era oficial. Não havia mais volta: eu acabara de me tornar a assistente de Noah Tremblay.
— Por hoje é isso, Hadassa — disse Estela, levantando-se da cadeira. Noah e eu a acompanhamos com gestos sincronizados. — Irei orientá-la sobre os próximos passos e treiná-la para essa nova jornada.
— Obrigada — agradeci com a voz sutil, tentando esconder meu nervosismo.
— Boa sorte — disse Ricardo com um sorriso formal, enquanto eu retribuía com um pequeno aceno de cabeça.
Minha cabeça ainda girava. Eu tinha aceitado. Eu era oficialmente parte da equipe de Noah Tremblay.
Peguei minha bolsa e me virei para ir até a porta, mas Noah parou à minha frente. Estela e Ricardo haviam acabado de sair, fechando a porta atrás deles, e de repente éramos só eu e ele — o grande astro pelo qual eu sempre fui fascinada.
— Estou confiando em você, Hadassa. Não quebre essa confiança — disse ele, sua voz rouca e suave ecoando na sala silenciosa.
— Eu não vou quebrar sua confiança, Noah — respondi, tentando manter a calma, mas a intensidade do olhar dele fazia meu coração disparar.
Por alguns instantes, ele apenas me observou, como se estivesse tentando decifrar algo em mim. Então, colocou seus óculos escuros com a mesma confiança que parecia exalar e, antes de sair, disse:
— Te vejo em breve.
Assim que a porta se fechou atrás dele, soltei um suspiro longo, tentando afastar o nervosismo. Me sentei novamente na cadeira, olhando para a sala agora vazia. O perfume hipnotizante de Noah ainda pairava no ar, me deixando inquieta.
"Será que eu estava fazendo o certo? Será que era isso mesmo que Deus queria de mim? Esse era o plano dEle?", me perguntei enquanto tentava processar tudo.
Meus pensamentos foram interrompidos pelo celular vibrando sobre a mesa. Era Mateus. Atendi a ligação enquanto saía da sala e ia para a minha suíte.
— E aí, como foi a reunião? — ele perguntou, direto como sempre.
— Foi tranquila. Assinei o contrato — respondi, ainda pensativa. — Mas será que estou fazendo a coisa certa, Mat? Será que é isso que Deus quer pra mim?
— Hadassa, Deus usa as coisas loucas para confundir as sábias. Se Ele te colocou aí, é porque sabe o rumo de tudo isso. Relaxa, confia — disse ele, com aquela segurança que sempre me fazia sentir um pouco mais calma.
Respirei fundo, me recostando na cadeira, enquanto sentia a tensão aos poucos diminuir.
— Bom, pelo menos vou ganhar roupas novas, maquiagens e até um cartão de crédito — falei, tentando me animar.
— Sério? Cartão de crédito pra usar como quiser?
— Exatamente.
— Amor, você ganhou na loteria! — brincou, e eu ri com o tom exagerado dele.
— Estou com saudades, amor — confessei, com a voz mais suave.
— Também estou morrendo de saudades, mas sei que tudo isso é para o nosso bem.
— Obrigada por entender.
— Claro, gata. Estamos falando de euros! Vamos casar e conquistar nossos sonhos.
— E o nosso tão sonhado carro...
— Você é minha heroína!
Sorri, achando graça no jeito descontraído dele.
— Eu te amo, Mat.
— Também te amo, princesa.
Desliguei a ligação e me joguei na cama do quarto de hotel. Por mais que estivesse vivendo uma mudança extraordinária, uma vida que muita gente sonharia em ter, o vazio começava a pesar. A cidade era um universo desconhecido, e, embora o hotel fosse luxuoso, eu me sentia perdida, sem saber o que fazer ou para onde ir.
Mas, mesmo sozinha, o pensamento em Noah voltava, insistente. Havia algo nele que mexia comigo de uma forma que eu não sabia explicar. O olhar profundo, as palavras medidas, o perfume que parecia impregnado em mim. Com ele, eu sentia uma mistura de admiração e algo mais profundo, mais intenso.
Ao mesmo tempo, havia Mateus, sempre tão presente, tão envolvente com suas palavras doces e seu apoio inabalável. Mas, se eu fosse honesta comigo mesma, algo no entusiasmo dele parecia deslocado, como se estivesse mais interessado nos benefícios que essa nova fase traria do que no que eu realmente estava sentindo.
Tudo isso me fazia questionar quem eu era e o que eu queria. Minha vida estava mudando completamente: uma nova cidade, novas oportunidades e pessoas que, de alguma forma, me faziam enxergar um mundo completamente diferente, o qual eu não estava acostumada. E no meio de tudo isso, eu precisava descobrir para onde realmente queria ir.
Fiquei alguns minutos na cama, tentando pensar em algo para fazer, mas a cabeça parecia um turbilhão de dúvidas. De repente, decidi agir. Pulei da cama, peguei minha bolsa e fui até a porta. No instante em que a abri, me deparei com uma garota prestes a bater. Ela tinha um sorriso radiante que iluminava o corredor.
— Já estava fugindo antes mesmo de começar? — brincou ela, sem cerimônia. — Sei que o Noah é complicado, quase impossível, mas, olha, se eu consigo lidar com ele, você também consegue.
Sem pedir permissão, ela entrou no quarto com um sorriso confiante, como se já nos conhecêssemos há anos.
Franzi o cenho, confusa. Quem era ela?
— Ah, desculpa, que boba eu sou! — Ela estendeu a mão. — Lisa. Sou estilista de todos que orbitam ao redor do Noah. Literalmente, porque ninguém só trabalha para ele, a gente vive para ele.
Eu ri da espontaneidade dela, ainda tentando entender o que estava acontecendo. Lisa tinha uma energia contagiante, era alegre, falante e completamente despojada. Ela se jogou na cama como se fosse dela e sacou um tablet.
— Tá, vamos falar de você — disse, me analisando dos pés à cabeça. — Quando olho para você, vejo uma mulher poderosa, elegante, com roupas formais, maquiagem discreta e uma postura de quem sabe o que quer. Acertei?
Enquanto ela me estudava, eu não pude deixar de rir nervosamente.
— Que tal isso? — disse, virando o tablet para mim.
Me aproximei e arregalei os olhos. Na tela, uma seleção impecável de roupas formais e elegantes: blazers, vestidos, calças e até shorts, tudo com cortes sofisticados e claramente desenhado por alguém com muito talento.
— Uau! — exclamei, segurando o tablet.
— O que achou?
— São incríveis! — respondi, ainda admirada.
— Eu que desenhei — disse com um sorriso de orgulho. — E adivinha? Elas podem ser suas.
Fiquei surpresa, mas também impressionada com a confiança dela.
— Parabéns, são perfeitas.
— Obrigada! — Ela se levantou rapidamente. — Olha, essas você vai receber em uma semana, mas hoje precisamos comprar algumas coisas.
— Comprar o quê? — perguntei, me levantando e pegando a bolsa.
— Roupas casuais, pijamas, maquiagens... Coisas básicas. Vamos!
Saímos do hotel e entramos no carro dela, um Tesla supermoderno e confortável. Ela ligou uma música gospel suave, que encheu o ambiente com uma sensação de calma. Enquanto dirigia, Lisa falava sem parar sobre sua vida como estilista.
— Você vai adorar a cidade. É um lugar incrível — disse, mudando de assunto repentinamente. Eu observava a paisagem tropical pela janela, tentando absorver tudo.
— Há quanto tempo você trabalha para o Noah? — perguntei, curiosa.
— Há anos. E falando nele... chegamos.
Franzi o cenho ao perceber que não estávamos em um shopping, mas na portaria de um prédio luxuoso e imponente.
— Onde estamos? — perguntei, tirando o cinto de segurança.
— Na casa do Noah, oras. — Ela falou com naturalidade, como se isso fosse completamente normal.
Entramos pelo portão e seguimos até o estacionamento privado. Desci do carro ainda meio incrédula, acompanhando Lisa pelo elevador enquanto ela continuava falando com seu jeito descontraído.
— Como o mundo inteiro já sabe, Noah e Ângela têm um relacionamento... complicado. — Ela revirou os olhos. — É aquele tipo de casal que vai e volta. Uma hora esfriam, outra hora esquentam, mas nunca decidem o que querem de verdade.
Minha cabeça girava. Eu estava prestes a entrar na casa do Noah — o Noah! Tentei esconder meu nervosismo, mas meu coração parecia prestes a explodir. Lisa, por outro lado, agia como se fosse um dia comum, totalmente alheia à minha ansiedade.
Enquanto o elevador subia, percebi que, em menos de uma hora, Lisa havia transformado aquele dia vazio e solitário em algo imprevisível e empolgante. Talvez ela fosse exatamente a amizade de que eu precisava para essa nova fase da minha vida.
— Então, algumas vezes você vai ver ela por aqui — concluiu, eu levantei as sobrancelhas.
Entrar na cobertura de Noah Tremblay foi como atravessar um portal para outro mundo. Assim que a porta se abriu, fiquei paralisada por alguns segundos, tentando absorver tudo ao meu redor. A grandiosidade do lugar era quase intimidante. A sala principal, com suas enormes janelas de vidro que iam do chão ao teto, parecia se fundir com o oceano do lado de fora. A luz natural iluminava cada detalhe impecável, desde os móveis em tons neutros e sofisticados até os toques dourados que davam uma sensação de elegância sem exageros.
Enquanto eu tentava processar aquilo, Lisa apenas suspirou, impassível. Para ela, aquele ambiente parecia tão comum quanto um café da manhã qualquer.
— Incrível, não é? O Noah tem um senso estético impecável, mas confesso que dei alguns toques por aqui — disse ela casualmente, deixando a bolsa sobre um dos sofás. — Mas você se acostuma.
— Duvido — murmurei, ainda deslumbrada, meus olhos viajando por cada canto da sala.
Lisa riu e me lançou um olhar divertido.
— Ah, vai por mim, Hadassa. Depois de um tempo, tudo isso vira só... o cenário de sempre.
Ela começou a me guiar pela cobertura como uma anfitriã experiente. Passamos pela cozinha, que parecia mais um showroom do que um espaço funcional, com suas superfícies de mármore impecável e eletrodomésticos de aço inox que brilhavam sob a luz do sol. Lisa abriu a geladeira com a mesma naturalidade de quem faz isso todos os dias.
— Essa cozinha é linda, mas ele mal a usa. É mais pra decoração do que qualquer outra coisa — comentou, pegando uma garrafa de água e me entregando um copo. — Mas o café é ótimo, então aproveite enquanto estiver aqui.
Subimos ao terraço, e se eu já estava impressionada, aquele espaço conseguiu me deixar sem palavras. A piscina de borda infinita parecia se misturar com o horizonte, enquanto o vento leve trazia o aroma salgado do mar. Espreguiçadeiras elegantes estavam perfeitamente alinhadas, e uma área de estar ao ar livre completava o cenário de revista.
Lisa se encostou na grade e olhou para o mar com um leve sorriso.
— Esse é o cantinho favorito do Noah. Sempre que ele precisa compor, é pra cá que ele vem. Acho que ele gosta de sentir que está longe de tudo... mesmo estando bem no centro do mundo.
Fiquei em silêncio, absorvendo suas palavras e a energia do lugar. Era como se aquele espaço refletisse algo mais profundo sobre Noah – não apenas seu gosto pelo luxo, mas uma busca constante por calma e equilíbrio que ele parecia esconder bem.
— É tudo tão... imponente — comentei finalmente, mais para mim mesma do que para Lisa.
Ela me lançou um olhar rápido e deu um pequeno sorriso.
— Você vai se acostumar. Essa é a sua nova realidade agora.
Voltamos para a sala de estar, e Lisa parecia à vontade enquanto pegava um tablet e fazia anotações. Cada movimento dela mostrava o quanto estava familiarizada com o ambiente, enquanto eu ainda sentia como se estivesse invadindo um espaço quase sagrado.
— Vou precisar ir ao quarto do Noah buscar algumas roupas pra tirar medidas. Você pode esperar aqui, está bem? — disse ela, com a mesma tranquilidade de sempre.
Assenti, me acomodando em um dos sofás. O tecido era macio, e o perfume leve que impregnava o ambiente me fazia relaxar um pouco. Observava os detalhes – desde os quadros abstratos nas paredes até os livros perfeitamente alinhados na estante – quando o som suave do elevador cortou o silêncio.
Meu coração acelerou involuntariamente. Virei a cabeça na direção do barulho, e o tempo pareceu passar em câmera lenta. As portas de aço escovado deslizaram suavemente para os lados, revelando uma figura imponente que acabara de entrar.
Minha respiração falhou. A presença dele preencheu o ambiente instantaneamente, como se o espaço ao meu redor encolhesse. Senti meu corpo tenso, mas ao mesmo tempo um calor inesperado percorreu minha pele, fazendo meu coração bater ainda mais rápido.
E então, ele deu o primeiro passo para dentro da sala.
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