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Capítulo 01 | Um Sonho Distante

Hadassa Luz
1 mês atrás

"Eu anseio por Te conhecer, Deus,
Ouvir Tua voz me chamando de filho,
Receber o que preparaste para mim."
♫ ♩ ♬ Noah Tremblay

— Eu não acredito que seus pais trabalham com os pais do Noah Tremblay! — exclamou Evy, os olhos brilhando de empolgação, enquanto caminhávamos apressadas pela Avenida Paulista em direção à clínica. O trânsito caótico e o som constante dos buzinaços serviam de trilha sonora para sua euforia.

Eu revirei os olhos, soltando um suspiro.

— Pode ir tirando o cavalinho da chuva, amiga. A gente não vai ter acesso nenhum ao Noah — retruquei, mal sabendo que aquela tarde terminaria com uma notícia que mudaria tudo.

— Mas ele chegou ao Brasil faz pouco tempo! Por que você não pede para o seu pai pedir ao pai dele, sei lá, um autógrafo? — insistiu ela, e, confesso, a ideia plantou uma pequena chama de esperança no meu coração.

Não era segredo que eu era fã do Noah Tremblay. Desde a adolescência, suas músicas embalavam minha vida, e a voz dele... Ah, aquela voz! Era como um bálsamo, carregada de uma paz que só Deus poderia colocar em suas canções. Claro, eu tinha um namorado e, antes que alguém me julgasse, o que eu sentia pelo Noah era só aquela admiração de fã — o tipo de paixão platônica que nunca vai a lugar nenhum. Ele era inalcançável: um cantor gospel de renome internacional, quase um ícone para a nossa geração.

Quando soube que meus pais iriam trabalhar para os pais dele, quase surtei. Meu pai, contratado como segurança da empresa, e minha mãe, nos serviços gerais, haviam sido recomendados por um velho amigo do senhor Arthur, pai do Noah. Desde então, o simples pensamento de que meus pais trabalham para os pais do Noah Tremblay transformou minha rotina monótona em algo que parecia quase emocionante.

— Você tem noção de que passou a adolescência inteira ouvindo as músicas dele, sonhando acordada com um encontro, e agora isso pode acontecer de verdade? — Evy continuava, visivelmente entretida pela fantasia.

Balancei a cabeça, rindo da imaginação fértil dela.

— Não se iluda, Evy. Esquece isso — respondi, prática. — Noah Tremblay vive em Balneário Camboriú. Você acha mesmo que ele vai aparecer na empresa dos pais só pra dar um “oi”?

— E o show da semana que vem? — ela contra-atacou.

— Ah, o show... Isso é o mais perto que eu vou chegar dele — admiti. Meu pai tinha prometido tentar conseguir ingressos com o senhor Arthur, mas nem isso era garantido. O homem parecia viver mais em reuniões e viagens do que na própria empresa.

Quando finalmente chegamos à clínica, minha rotina me aguardava como sempre: recepcionista estagiária, cercada por consultórios odontológicos e sorrisos forçados. Minha vida se resumia a isso, faculdade, trabalho e igreja. Era uma rotina previsível.

Eu sabia que, como cristã, precisava equilibrar essa admiração. Minha mãe, muitas vezes, me alertava contra a idolatria, e, com o tempo, aprendi a colocar limites. Já não escrevia o nome dele em cadernos como se fosse um namorado imaginário, mas ainda assim, ele ocupava um espaço maior do que deveria no meu coração.

Porém, havia algo que nunca mudou: minha paixão por Deus. As músicas do Noah eram especiais porque me ajudavam a me conectar com Cristo. Tudo o que eu fazia, por mais falho que fosse, tinha uma única motivação — agradar a Deus e buscar a santidade.

O que eu não imaginava era que, em breve, minha vida rotineira seria virada de cabeça para baixo, e aquele cantor inalcançável, que parecia tão distante, iria cruzar o meu caminho de uma forma que eu jamais poderia prever.

— Bom dia, seu Antônio — cumprimentei o porteiro com um sorriso automático. Ele me respondeu com aquele sorriso caloroso de sempre, mas minha mente já estava no que me esperava lá dentro.

— Atrasou, hein? — Vinícius comentou assim que entrei na recepção, sem nem tirar os olhos do monitor.

— Bom dia pra você também — respondi, soltando uma risada cansada. — O ônibus atrasou e o metrô tava lotado, você sabe como é. — Encostei no balcão, tentando recuperar o fôlego.

— E tá parada por quê, amor? — cortou Rebeca, com aquele tom que parecia um alfinete cravado. — Tem uma fila enorme hoje.

Engoli a vontade de responder à altura.

— Vou bater o ponto e já volto — falei, dando um tapinha no balcão.

— Vai logo, antes que alguém exploda aqui — Vinícius zombou, me lançando uma piscadela, num esforço evidente de aliviar o clima.

No fundo, ele sempre tentava trazer um pouco de leveza, mas Rebeca parecia adorar transformar qualquer situação num campo de batalha.

Fui até a área dos funcionários, bati meu ponto e guardei minhas coisas no armário. O coração já pesava, como se soubesse que o dia seria pior do que o habitual.

De volta à recepção, o térreo estava abarrotado de gente. Suspirei, sentindo o peso do caos antes mesmo de começar.

— Se prepara, a coisa tá feia — murmurou Vinícius ao meu lado, baixinho.

— Quero nem imaginar — murmurei de volta, já conectando meu login no sistema.

Mas Rebeca não perdeu a chance de jogar mais lenha na fogueira:

— Sem conversa paralela, gente! Vamos trabalhar.

Ignorei, me virei para atender a primeira paciente da fila e forcei um sorriso.

— Bom dia, senhora. Como posso ajudar?

A mulher, de cabelos amarelados e um semblante que parecia pronto para explodir, respondeu com a voz já elevada:

— Bom dia? Que bom dia o quê, minha filha. Quero fazer uma reclamação!

Respirei fundo, mantendo a postura profissional.

— Claro, senhora. Pode falar, estou aqui para ajudar.

— Estou aqui há HORAS com dor de dente! HORAS! E ninguém me atende! — A voz dela subiu, e senti olhares se voltarem para nós.

— Sinto muito por isso, senhora. Me informe seu nome completo para que eu possa verificar, por favor.

Ela bufou, irritada.

— Meu nome não importa! Vocês são uns incompetentes! Quero meu dinheiro de volta, agora! Cancela tudo!

Vinícius parou o que estava fazendo e olhou para mim, preocupado. Rebeca, ao meu lado, fingiu estar ocupada, mas eu sabia que ela estava atenta a cada detalhe.

— Senhora, entendo a situação e peço desculpas pelo transtorno. Mas, para cancelar, preciso localizar seu cadastro. Pode me informar seu nome, por favor?

Ela bateu as mãos no balcão, atraindo ainda mais atenção.

— Já disse que meu nome não importa! Quero que cancele e pronto! Você é tão incompetente quanto essa clínica!

As palavras dela me atingiram como um tapa no rosto. Antes que eu pudesse responder, Rebeca entrou em cena com seu tom de falsa simpatia:

— Senhora, peço desculpas por esse inconveniente. A Hadassa é nova aqui e talvez não soube auxiliá-la da melhor forma, mas eu estou aqui para resolver, certo?

Nova aqui? Não soube ajudar? Eu franzi o cenho, sentindo o sangue ferver. Rebeca estava jogando lama na minha imagem sem a menor cerimônia.

A paciente me olhou com um sorriso carregado de deboche.

— Eu percebi que ela é nova. Dá pra ver pela falta de jeito.

Engoli em seco, lutando contra o nó na garganta. Não podia desmoronar ali. Sentindo o toque leve de Vinícius no meu ombro, ouvi ele sussurrar:

— Deixa pra lá, Hadassa. Você sabe como ela é.

Mas ele não entendia. Não era questão de deixar pra lá. Era sobre respeito. Rebeca mentiu, manipulou a situação e, no fim, a mulher acabou ficando para ser atendida. Mas antes de sair, ainda me lançou um último olhar de desprezo.

— É assim que se faz, Hadassa — Rebeca disse, sorrindo com aquele ar de superioridade que fazia meu estômago revirar.

— Eu sei como se faz, mas não preciso mentir para reverter uma situação — rebati, firme, enquanto Vinícius arregalava as sobrancelhas.

— E o que ia fazer? Deixar a mulher cancelar? Se toca, garota. Aqui é na base do jogo duro. Aprende isso ou vai afundar.

Fiquei em silêncio, mas por dentro, tudo em mim gritava.

No fim do expediente, saí da clínica com a cabeça fervendo. A humilhação da cliente, a provocação de Rebeca, o toque sutil de Vinícius tentando me acalmar... Era demais.

Enquanto caminhava pela Avenida Paulista, fechei os olhos e respirei fundo. “Pai, eu sei que devo ser grata pelo que tenho, mas eu sei que posso mais. Eu quero mais. Abre uma porta pra mim, Senhor. Preciso continuar pagando minha faculdade, conquistar minha independência. Eu confio em Ti. Amém.”

No ônibus, coloquei os fones e deixei a voz de Noah Tremblay embalar meus pensamentos. Sonhei acordada: me vi dirigindo uma empresa, confiante, elegante, realizada. Mas logo os pensamentos migraram para uma casa cheia de filhos, um marido amoroso... Balancei a cabeça, afastando as imagens.

Não era errado sonhar, mas não queria criar expectativas irreais. Só Deus sabia o que vinha pela frente.

Então, um trecho da música me tocou:

"Eu anseio por Te conhecer, Deus,
Ouvir Tua voz me chamando de filho,
Receber o que preparaste para mim."

As palavras acalmaram meu coração. Eu sabia que Deus tinha algo maior para mim. Eu só precisava confiar e seguir em frente. Porque viver de humilhações? Isso não fazia parte do que Ele planejou para mim.

Depois de um longo percurso enfrentando ônibus e metrô lotados, finalmente cheguei em casa. Exausta, mas ciente de que ainda precisava encarar a faculdade à noite, subi direto para o meu quarto. Já no fim da tarde, enquanto me arrumava, ouvi minha mãe bater na porta entreaberta.

— Filha, seu pai quer falar com você — disse ela, ainda com o uniforme da empresa e aquele sorriso acolhedor que parecia nunca sair do rosto.

— Já estou descendo, mãe — respondi enquanto colocava os brincos.

Assim que ela saiu, apressei-me. A curiosidade já estava me corroendo.

Cheguei à cozinha e encontrei meu pai servindo o jantar.

— Minha mãe disse que o senhor quer falar comigo — falei, pegando o copo de suco para ajudá-lo.

— Boa noite primeiro, mocinha — ele provocou, com um sorriso divertido.

— Boa noite, mocinho — brinquei de volta, e ambos rimos.

— Tenho grandes notícias para você, mas só vou contar quando sua mãe estiver aqui — disse ele, tranquilamente, enquanto se sentava.

— Ah, não! E cadê ela? — perguntei, frustrada. — Manhêêê! — gritei, fazendo meu pai rir da minha impaciência.

— Ela está no banho, com certeza — ele disse, calmamente. — Então, espere por ela, Hadassa.

Cruzei os braços, tentando me controlar, mas não era fácil. Abri a panela para espiar.

— Ensopado de carne e feijão-fradinho? Tá de parabéns, pai.

Antes que ele respondesse, ele largou a bomba:

— Quer ir ao show do Noah Tremblay no próximo final de semana?

Meu coração quase saltou do peito.

— É lógico que sim! Você conseguiu os ingressos?! — perguntei, já quase pulando da cadeira.

— Talvez você mesma consiga — respondeu ele, enigmático.

Franzi o cenho, confusa.

— Pai, se eu tivesse como conseguir ingressos pro Noah, já teria ido em todos os shows dele no Brasil!

Ele sorriu.

— Mas desta vez ele veio pra ficar um tempo.

— Como assim? — perguntei, ainda mais curiosa.

— Tive uma conversa com meu patrão. Arthur disse que o Noah vai passar um tempo no Brasil por motivos pessoais.

Minha cabeça já estava a mil. Noah Tremblay no Brasil? Só se falava disso nas redes sociais. Mas nenhum detalhe concreto. Por que ele iria sair do Canadá para ficar no Brasil tão de repente?

— E como eu vou conseguir o ingresso? Isso é impossível, pai!

Foi então que minha mãe entrou na cozinha, com um brilho nos olhos que só me deixou mais ansiosa.

— Já contou pra ela? — perguntou ao meu pai, sentando-se à mesa.

— Estava esperando você.

— Contem logo! — implorei, quase subindo na cadeira.

Meu pai sorriu, aproveitando a minha aflição.

— Arthur me contou que a assistente pessoal do Noah acabou de ter um bebê e decidiu se dedicar integralmente à família.

Eu o interrompi com um grito abafado, tapando a boca com as mãos.

— Como eu estava dizendo — ele continuou, segurando o riso —, falei com ele sobre você. Disse que você estuda administração, é inteligente, responsável, e tem um futuro brilhante pela frente.

Minha mãe pigarreou, interrompendo:

— Mas eu comentei com seu pai que talvez não seja uma boa ideia.

— Como não seria uma boa ideia trabalhar com Noah Tremblay? — perguntei, eufórica. — Vocês têm noção de quem estamos falando?

Os dois riram da minha reação.

— Filha, você teria que se mudar para Balneário Camboriú, viajar com ele para todos os lugares e atender todas as necessidades profissionais dele. Seria uma grande mudança — explicou minha mãe, mas aquilo só me deixava mais animada.

— Pai, mãe! — levantei-me, quase saltitando. — Eu orei pedindo algo grande. Olhem só! Trabalhar com Noah Tremblay? No-ah. Trem-bley. Vocês entendem o que isso significa?

Meu pai balançou a cabeça, rindo.

— Sente-se, Hadassa. Termine de comer.

— E o que o Arthur disse? — perguntei, sem conseguir me controlar.

— Ele vai falar com o empresário do Noah e nos dar um retorno — respondeu meu pai.

— Meu Deus! O empresário do Noah? Isso é surreal! — exclamei, quase gritando. Minha mãe levantou-se para me dar um copo d’água.

— Se você está assim agora, imagine na frente dele — ela brincou enquanto eu bebia a água, tentando me acalmar.

— Preciso contar isso pra Evy! — disse, já pegando o celular.

— Não, mocinha. Precisa ir pra faculdade — meu pai cortou, terminando de raspar o prato.

Levantei as mãos em desespero.

— Eu não acredito que posso trabalhar com Noah Tremblay!

Minha mãe colocou a mão no meu ombro, com aquele olhar sério de sempre.

— Só tome cuidado, filha. Ele é um homem solteiro, e o mundo dele é completamente diferente do nosso. Não vá confundir as coisas e acabar se apaixonando.

— Ele tem namorada, mãe. A Ângela Mackenzie. Você nunca ouviu as músicas dela? — rebati, ajeitando minha jaqueta. — E eu também tenho o Mateus, né?

Meu pai riu.

— Se brincar, você gosta mais do Noah do que do Mateus.

Bufei, revirando os olhos.

— Eu amo o Mateus, pai.

Minha mãe, no entanto, lançou aquele olhar de quem não estava convencida.

— Nem tudo que brilha é ouro, filha.

— Mateus é cristão, trabalhador, toca na banda... Por que não seria pra mim? — perguntei, tentando encerrar o assunto.

Ela deu de ombros.

— Só digo que Deus sabe de todas as coisas.

Sem paciência para continuar, beijei sua bochecha e segui meu pai até o carro.

— Vai orando pra que eu seja a assistente do Noah, mãe!

— Juízo, Hadassa! — ouvi ela gritar enquanto saíamos pela porta.

Cheguei em casa às 22h, exausta, mas ainda sentindo a adrenalina correndo em meu corpo. Depois de um banho quente que parecia lavar não apenas o cansaço, mas também parte da realidade, vesti meu baby doll e me joguei na cama. Peguei o tablet e, como não conseguia pensar em outra coisa, abri o Instagram do Noah Tremblay.

Comecei a deslizar pelas fotos, admirando cada detalhe. Imaginei como seria trabalhar para ele, estar ao seu lado, viajar pelo mundo, presenciar de perto o talento que inspirava tantas pessoas. A ideia era surreal, quase mágica, mas... também impossível.

Suspirei e joguei o tablet de lado, frustrada comigo mesma. "Que idiotice! Sonhando acordada, Hadassa?" pensei.

Era tão longe da minha realidade que chegava a ser cômico. Eu, uma garota comum, trabalhando com Noah Tremblay? Não tinha cabimento. Por alguns minutos, me permiti ser iludida, mas agora era hora de voltar à terra.

Aos poucos, fechei os olhos, tentando afastar aqueles devaneios. O sono veio rápido, mas não durou muito. Um barulho me despertou de repente. Batidas na porta.

— Entra! — gritei, sonolenta, me ajeitando na cama.

Minha mãe entrou no quarto com uma empolgação tão intensa que parecia transbordar.

— Hadassa Luz! — exclamou, quase sem fôlego. — Você tem uma entrevista amanhã com Ricardo Valente!

Demorei um segundo para assimilar o que ela acabara de dizer.

— O quê?! — exclamei, me levantando tão rápido que quase derrubei o cobertor.

Ela sorriu de orelha a orelha.

— O empresário do Noah Tremblay quer te conhecer!

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