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Capítulo 60

Anastácia Narrando

Sai da praça deixando Luciana sozinha e resolvi andar mais um pouco pelo bairro, fui em algumas lojas só para olhar algumas roupas, não me agradei de nada então não comprei nada. Já estava voltando para casa e sentindo uma dor de cabeça terrível, deve ser porque acordei cedo.

A rua em que eu e Roberta moramos é tranquila, não tem muita movimentação mas é tranquila. Apressei os passos pois queria chegar logo em casa e quando me aproximei da minha casa, avistei um homem de costas e na minha porta... se não fosse pelo cabelo eu não o teria reconhecido.

Anastácia : É como diz o ditado, quem é vivo sempre aparece - Digo alterando um pouca a voz e ele rapidamente se vira para me olhar e sorrir.

Iria caminhar até ele porém, ele foi mais rápido e correu na minha direção e em seguida me abraçou.

Gabriel : Anastácia meu bem, quando foi a última vez que nos vimos? - Ele perguntou ainda me apertando nos seus braços, isso é que é um abraço de urso.

Anastácia : E-eu gostaria de mais tempo para respirar - Digo com um pouco de dificuldade e ele me solta. Ele rir e eu respiro fundo - Bem melhor, a última vez que nos vimos? Você começou a namorar e se esqueceu de mim Gabriel - Ele gargalha e eu reviro os olhos.

Mais uma vez ele me abraçou e eu retribui, nos afastamos e caminhamos até a porta da minha casa.

Gabriel : E você que começou a se envolver com o carinha lá e também me abandonou. Fala sério Anastácia - Ele disse e eu bati na porta, em seguida olhei para ele.

Anastácia : Você nem para me mandar uma mensagem de bom dia Gabriel, você nem isso me manda - Digo e ele me encara.

Gabriel : Eu mando sim sua ruiva vingativa, você que não visualiza. Sabe quando te mandei um bom dia e perguntando como você estava? Mês passado e até hoje você não visualizou - Ele disse me fazendo fechar os olhos - Está vendo? Quem abandonou quem agora.

Eu realmente tinha que parar com essa mania de deixar as pessoas no famoso "vácuo" eu tinha que responder logo, se depender de mim e eu deixar para responder depois, eu esqueço.

Anastácias : Minhas sinceras desculpas - Digo abrindo os olhos e vejo ele de braços cruzados, não demora muito para ele sorrir e apertar as minhas bochechas.

Gabriel : Desculpada anjo.

A porta foi aberta e ele afastou suas mãos das minhas bochechas e abraçou a Roberta. O que o Luan fez com o meu amigo ranzinza?

Roberta : Que milagre você por aqui - Ela disse retribuindo o abraço dele.

Gabriel : Estou de folga hoje então, resolvi passar um tempo com vocês. Tenho novidades e vocês? - Ele perguntou e passou a mão na barriga de Roberta coberta por um vestido azul claro - E como ele está?

Roberta : Eu não tenho muitas novidades e ele está bem.

Gabriel : Charlie eu acho bom você nascer logo, seu tio já está ficando velho de tanto esperar - Ele disse e Roberta gargalhou e ele também.

Gabriel está tão radiante e isso não me incomoda, na verdade me deixa muito feliz. Ver meu amigo assim... só mostra que ele só precisava ser quem ele realmente era de verdade, e não fingir ser uma pessoa que ele não era.

Anastácia : E Lana? Como ela está? - Pergunto e ele me olha, em seguida bufa e Roberta rir.

Gabriel : Me dando trabalho, muito trabalho.

Anastácia : Exagerado.

Entramos dentro de casa e eu tranquei a porta, entreguei a sacolinha do perfume para a Roberta e a mesma abriu a sacolinha, tirou a caixinha do perfume de dentro da sacolinha e me olhou.

Roberta : Quanto custou?

Anastácia : Não importa, o que importa é que é nosso - Sussurro para ela e caminho até o sofá, coloco minha bolsa em cima e Gabriel se senta em um puff perto do sofá.

Gabriel : Novidades Anastácia?

Anastácia : Minha vingança ocorrerá nessa sexta-feira, faltam poucos dias e tudo que posso dizer é que estou animada - Pisco um olho para Gabriel que faz um sinal de negação com a cabeça e Roberta também fez a mesma coisa.

Gabriel : Não desistiu não é mesmo?

Anastácia : Não tenho motivos para desistir - Digo pegando minha bolsa do sofá e saindo da sala, fui para o quarto e tirei meu celular de dentro da bolsa. O coloquei para carregar e decidi voltar para a sala e quando voltei, Gabriel parecia surpreso enquanto olhava para Roberta - Qual foi a novidade?

Gabriel : Ela estava me dizendo que a prima do Pedro praticamente se declarou para ela, mas a madame disse que não sentia nada pela garota. Poxa Roberta, coitada.

Anastácia : Ela só te contou isso? - Pergunto e olho para a Roberta que deu de ombros - Não acha que está escondendo uma novidade melhor? - Ela me olhou e foi minha vez de dá de ombros, me sentei no sofá e Gabriel olhava para nós duas.

Roberta : Anastácia...

Gabriel : O que vocês estão me escondendo? - Ele perguntou e Roberta olhou para ele.

Roberta : E-eu... beijei o Pedro, mas foi só um momento, nada demais.

Gabriel : MEU DEUS! POR QUE VOCÊ NÃO ME CONTOU ESSA NOVIDADE PRIMEIRO?

Luciana Narrando

Ok, eu agora estava encurralada.
Antes tinha tirado a ideia maluca da minha cabeça de querer conhecer a minha filha e ter o perdão dela, mas agora, aparece Anastácia sabendo de tudo e que raiva daquela ruiva intrometida.
Sei que se eu não contar a verdade para a Roberta, Anastácia é capaz de fazer alguma coisa para me prejudicar... sinto isso.

Foi tão difícil digerir que Roberta é minha filha, aquela mulher... era só um bebê quando a abandonei dentro daquele cesto e naquele morro infeliz.
Se me arrependo de ter feito isso? Talvez sim, talvez não.
O que importa é que agora, ela terá que saber da verdade.

Ainda fiquei alguns minutos pensando sobre isso no banco da praça até que chamei um Uber para me levar para a mansão. Chegando lá eu paguei o motorista e sai do carro, avistei o jardineiro que também me viu e correu para abrir os portões.

Entrei passando direto pelo jardineiro e não demorou para que eu me aproximasse da porta e a abrisse, uma das minhas empregadas estava limpando um pequeno móvel próximo a porta. Assim que ela me viu parada na porta, pareceu confusa.

Xxxx : Senhora Pacheco? O que houve?

Luciana : Precisei vim para casa, não estava me sentindo muito bem... sinceramente ainda não estou me sentindo bem, leve um chá de camomila no meu quarto por favor Alda.

Xxxx : Sim senhora Pacheco - Ela assentiu e deixou o pequeno pano que estava limpando o móvel, em cima do móvel e apressou os passos saindo do corredor.

Eu fechei a porta e caminhei na direção das escadas, subi os degraus e fui para o meu quarto. Chegando lá tirei minhas sapatilhas dos pés e as coloquei perto do meu criado mudo, me sentei na cama e escutei um pigarro.

Não olhei na direção da porta, apenas respirei fundo.

Xxx : Eu sei que a senhora não é de abandonar o seu trabalho só porque não está se sentindo bem. Pedi para que Alda deixasse eu entregar o seu chá e aqui estou.

Escutei seus passos se aproximando de mim e eu já sabia quem era, uma das minhas melhores funcionárias. Não é só uma funcionária para mim, é também uma amiga... assim como a mãe dela era para mim.

Ela colocou a bandeja com a xícara de chá em cima do criado mudo e em seguida se sentou ao meu lado. Solto um suspiro pesado e olho para ela.

Luciana : A filha dos Lessa sabe sobre eu ter tido uma filha e a abandonado - Digo sentindo meu olhos marejarem - Ela não vai me perdoar por isso Matilda, eu nem se quer tive uma escolha.

Matilda : Anastácia Lessa descobriu tudo?

Eu não era a única que sabia sobre a Roberta, Matilda também sabia e isso porque eu precisava desabafar e sempre que eu estou frustrada ou triste... é com Matilda que converso.

Luciana : Descobriu - Passo as mãos nos meus cabelos e resolvo fazer um coque.

Matilda : E o que ela te disse?

Luciana : Ela me mandou contar a verdade para a Roberta, ela me deu 24 horas... se eu não contar, aquela ruiva irá me prejudicar - Digo e olho para o teto do meu quarto, eu odeio chorar - E eu sei que assim que Roberta souber que eu sou a mãe biológica dela, ela irá me odiar.

Matilda : Luciana - Senti ela pegar na minha mão esquerda - Eu te avisei que não há nada em oculto, que não venha a ser revelado. Chegou a hora daquela mulher saber a verdade e é melhor ela saber por você do que por outra pessoa.

Luciana : Mas e se ela não querer me ouvir? - Pergunto olhando agora para a mulher dos olhos castanhos ao meu lado.

Matilda : Ela vai te ouvir, só não sei se ela irá te perdoar. Ela também precisa saber que é herdeira da herança do pai, ele deixou para ela e não para o irmão rídiculo dele.

Meu pai soube planejar tudo direitinho com o irmão de Joaquim, eu nunca desejei tanto que meu próprio pai morresse naquela época mesmo.

Luciana : Sempre detestei o irmão metido de Joaquim... ah Joaquim, ficou tão feliz quando eu disse que estava grávida dele e ele torcia para que fosse uma menina - Rir de canto lembrando dos bons momentos que tive com Joaquim.

Roberta me lembra tanto ele... não só na aparência física, mas na personalidade também.

Matilda : Seja sincera com ela Luciana, ela não é só filha de Joaquim ela também é SUA filha, lembre-se disso.

Anastácia Narrando

Gabriel passou praticamente a tarde toda comigo e com a Roberta, jogando conversa fora e comendo algumas besteiras. Nós três agora estavamos na sala assistindo algumas pegadinhas na tv quando o celular do Gabriel tocou e ele precisou atender.
Falou "com certeza" e não demorou para desligar o celular na mesma hora e colocar no bolso da sua bermuda.

Gabriel : Foi maravilhoso passar a tarde com vocês, mas agora eu preciso ir - Ele disse se levantando do sofá e olhando para nós duas.

Roberta : Mais já?

Gabriel : Já, agora vou ver... vocês sabem quem - Ele riu e eu e Roberta entendemos na hora com quem ele iria se encontrar.

Anastácia : Divirta-se - Digo e ele não demorou muito para se despedir de mim e de Rô, ele foi embora e nós duas continuamos na sala.

Roberta : Esse namoro com o Luan fez muito bem para o seu amigo, ele está mais...

Anastácia : Feliz? Eu também notei - Digo e ela rir de canto.

Roberta : Falta você - Ela me olhou e eu neguei com a cabeça.

Anastácia : Não meu bem, falta você - Rir e ela jogou uma almofada que estava no sofá, em mim. Escutamos três batidas na porta e logo nos olhamos.

Roberta : Quem será agora? - Ela perguntou e eu também fiquei me perguntando quem era, Roberta se levantou do sofá e caminhou até a porta, destrancou e em seguida a abriu.

Olha só quem está na porta da minha casa...

Roberta : Luciana? - Minha amiga parecia confusa e Luciana estava de braços cruzados e olhando para o chão, mas assim que percebeu que foi a Roberta que abriu a porta, ela pareceu ficar sem palavras.

Luciana : E-eu... posso entrar?

Roberta Narrando

O que Luciana veio fazer aqui? Suspeito que Anastácia tenha ido falar com ela sobre ela ter me bloqueado em tudo. Olhei para a ruiva que ainda estava sentada no sofá mas não demorou para que ela se levantasse.

Anastácia : Tudo bem Roberta, não é comigo que ela deseja falar então... eu irei para o quarto e se precisar, é só me chamar.

Assenti ainda um pouco confusa com aquilo e permiti que Luciana entrasse, fechei a porta e quando me virei para olhar em volta da sala, Anastácia já não estava mais lá. Apenas Luciana e eu.

Roberta : É... quanto tempo não é mesmo Luciana - Digo antes que se iniciasse um silêncio entre nós duas - Como vai você? - Pergunto caminhando na direção do sofá e me sento, em seguida abaixo o volume da tv e olho para ela.

Ao meu ver, ela parecia nervosa já que ainda continuava de braços cruzados e batendo o pé direito freneticamente no chão.

Luciana : Quanto tempo não é mesmo Roberta? - Ela perguntou e pareceu me analisar - Sua barriga está maior mas você continua encantadora.

Roberta : Vou aceitar isso como um elogio - Rir e ela deu um sorriso fechado - Por que não se senta? Você veio falar comigo não é mesmo?

Luciana : Respondendo a sua primeira pergunta, se eu te dissesse que estou bem eu estaria mentindo - Ela caminhou na direção do sofá e se sentou ao meu lado - E sim, eu estou aqui porque preciso te contar algo... - Ela desviou seu olhar de mim e mais uma vez olhou para a minha barriga - É um menino ou uma menina?

Roberta : Ãhm... é um menino, creio que você não veio aqui para saber se eu estou grávida de uma menina ou de um menino certo? - Pergunto pois já estava curiosa para saber o que ela queria me contar.

Luciana : Certo... é que... meu Deus! Como vai ser difícil te contar isso - Ela mordeu o lábio inferior desviando o olhar da minha barriga e olhando agora para a tv.

Roberta : Me contar o quê? - Pergunto desentendida e um pouco impaciente.

Já iria perguntar de novo porém, ela voltou a me olhar e com os olhos marejados. Tudo bem... ela está me deixando preocupada agora.

Luciana : Eu sou sua mãe biológica Roberta.

Aquelas palavras ficaram se repetindo por muito tempo na minha cabeça.

Roberta : Como? - Pergunto ainda não querendo acreditar no que ela havia dito.

Luciana : Eu... sou sua mãe biológica.

Roberta : Mentira! - Me levanto do sofá fazendo um sinal de negação com a cabeça e olho para ela - Olha Luciana, eu não sei porquê você está me dizendo isso mas eu com certeza não sou sua filha. Você não teria coragem de fazer o que minha mãe biológica fez comigo, eu fui abandonada dentro de um cesto como se não valesse nada e em um morro.

Percebo que ela coloca a mão direita no bolso de sua calça e retira algo pequeno e quadrado, ela estica um pouco o braço para que eu pegasse aquele objeto e eu peguei. Era uma foto, uma foto de um homem e ele é bonito.

Luciana : Este é seu pai, Joaquim Santos. Ele foi... assassinado quando eu ainda estava grávida de você e... bem, essa foto pode te responder muita coisa se você analisá-la com cuidado.

Assim que escutei as palavras de Luciana, passei a analisar a foto. O homem na foto realmente... se parece comigo, a cor dos meus olhos são iguais aos dele, o tom da minha pele, meus cabelos eram pretos como o dele e até o meu nariz era idêntico ao dele. Não pode ser, eu não acredito... acredito que pode ser coincidência ou outra coisa.

Roberta : É Photoshop? - Desvio o olhar da foto e olho para Luciana.

Luciana : Por que eu faria um photoshop com a foto de um homem para que ele se parecesse com você?

Parecia que minha ficha estava caindo agora, essa mulher... eu não queria acreditar mas ela tinha essa prova.

Luciana : Se ainda não acredita também tenho o resultado dos exames de DNA - Ela disse me fazendo a olhar confusa - Lembra quando me pediu um favor no lado de fora da mansão dos Lessa?

Passei as mãos nos cabelos e soltei um suspiro pesado, é claro que me lembro... só não acredito que ela seja mesmo a minha mãe biológica. Ela tem uma prova maior que essa foto que está na minha mão, eu sou realmente filha dela... da Luciana Pacheco.
Sinto vontade de chorar porém, encaro o teto da sala tentando fazer com que as lágrimas não rolassem pelo meu rosto. Encaro Luciana que ainda estava sentada no sofá e me olhando.

Roberta : Você me abandonou, por quê? - Pergunto séria e ela se levanta do sofá e tenta se aproximar de mim, mas dou um passo para trás.

Luciana : Eu sinto muito Roberta, sinto muito mesmo de verdade. O seu pai havia sido assassinado e quando você nasceu eu não sabia o que fazer, eu não poderia te criar sozinha e meu pai ainda era vivo na época, ele não gostou de saber que eu estava grávida de um homem que ele não gostava, ele me mandou se livrar de você e se eu não fizesse isso ele iria fazer algo pior... tive que tomar essa decisão.

Me sentei no sofá e coloquei as mãos no rosto. Em seguida as afastei e encarei Luciana que estava de pé e me olhando, percebi que seus olhos estavam marejados e os meus olhos não estavam diferentes dos dela.

Roberta : Você me abandonou em uma droga de um morro sem se importa com o que poderia acontecer comigo. Você tem noção pelo o que eu já passei graças a essa sua decisão? Eu ainda criança perdi a única pessoa que se importava comigo de verdade comigo, a mulher que eu chamava de mãe e para mim ainda continua sendo e sempre será. E a merda do marido dessa mulher que eu não devo nem chamar de pai, sabe o que ele fazia e até mesmo chegou a fazer comigo depois que minha mãe morreu? Ele me batia, me culpava pela morte dela todos os dias e advinha só, foi só meu corpo começar a se desenvolver mais um pouco e eu ficar mocinha, que ele logo resolveu abusar de mim. Foram anos ele me violentando e eu... calada, é claro, se eu ousasse em contar para alguém ele me mataria porque ele me ameaçava e não era pouco.

Eu já dizia tudo isso sentindo as lágrimas descendo pelo meu rosto e Luciana havia se sentado ao meu lado, parecia chocada e triste com a história que eu estava contando.

Roberta : Eu não tinha ninguém, estava sempre sozinha. Foi então que decidi me prostituir para poder fugir das mãos daquele homem, eu era tão ingênua que pensava que, juntando o dinheiro que eu ganhava no bordel... eu iria conseguir comprar uma casa fora do morro e estaria a salva dele. Mas não foi nada fácil, eu sentia nojo de mim mesma, nojo do meu próprio corpo, eu não suportei nem mais um mês dentro daquele inferno de bordel e cai fora. E ele? continuou me espancando, me violentando e eu... sofrendo calada durante anos. Até que um dia tive a oportunidade de escapar de casa só por uma noite, teria uma festa no morro e eu queria aproveitar já que o monstro bebia muito e provavelmente só voltaria para casa de manhã. Foi nessa festa que conheci Anastácia, ela mudou minha vida de uma forma que eu sou até hoje muito grata a ela... ela fez o que ninguém nunca teve coragem de fazer por mim, enfrentou aquele monstro e me tirou da casa dele.

Enxuguei minhas lágrimas e soltei um suspiro pesado.

Roberta : Alguns dias fora do morro e eu descobri que estava grávida, grávida do monstro que me violentava desde a minha adolescência. Quando eu descobri que estava grávida, pensei várias vezes em abortar... mas não fiz isso porque eu decidi que queria ter essa criança, ele será minha companhia e minha única família - Digo apoiando minhas mãos na minha barriga e em seguida olho para Luciana - Eu pensei que meu filho era minha única família, até agora. Diferente de você eu não irei abandoná-lo.

Luciana : E você está certa de não fazer isso. Não sabia que você tinha passado por tudo isso e de verdade Roberta eu sinto muito - Ela pareceu respirar fundo e olhou para a tv - Isso é tudo culpa minha. Esse homem que fez isso com você ainda está vivo? - Ela perguntou me olhando, agora com uma expressão séria no rosto.

Roberta : Não... - Percebi que ela queria se aproximar mais um pouco de mim e eu fechei os olhos - Por favor não encoste em mim.

Luciana : Me desculpe Roberta por tudo - Escutei a voz dela embargada e quando abri os olhos, vi que a mesma estava chorando - S-sinceramente... se eu não tivesse te abandonado, você poderia está morta e eu não iria suportar isso.

Roberta : Acredite eu preferia a morte... EU PREFERIA A MORTE DO QUE TER PASSADO PELO QUE EU PASSEI NAQUELE MORRO - Digo alterando a voz e sentindo meus olhos encherem de lágrimas de novo. Fecho os olhos sentindo as lágrimas molharem meu rosto - Olha Luciana por favor... vá embora.

Sinto sua mão tocar no meu rosto e abro os olhos, ela estava me olhando também com lágrimas nos olhos e pareceu respirar fundo.

Luciana : Eu vou... espero que um dia você possa me perdoar... filha - Ela acariciou minha bochecha e eu virei meu rosto para o lado esquerdo, não queria olhar para o rosto dela agora.

Ela afastou sua mão do meu rosto e percebi que ela se levantou do sofá.
Escutei seus passos agora se afastando de onde eu estava e em seguida escutei a porta da frente batendo, ela havia ido embora e foi quando eu comecei a chorar de novo.

Anastácia : Você precisava saber a verdade vindo da boca dela.

Enxuguei algumas das minhas lágrimas e solucei, olhei para a ruiva que estava encostada na parede e me olhando. Ela caminhou na minha direção e se sentou ao meu lado, abracei ela e ainda chorei no seu ombro enquanto ela dizia que "iria ficar tudo bem" e afagava os meus cabelos tentando me acalmar.

Roberta : Você sabia não é? Por que não me contou? - Pergunto conseguindo me acalmar aos poucos e ainda abraçada a ruiva.

Anastácia : Eu fiquei sabendo ontem Rô e foi graças a uma mulher que mora no morro e contou ao JK que sabia sobre você. Eu ontem fui no morro para conversar com essa mulher, ela já é idosa e trabalhou para os pais da Luciana há muitos anos atrás... ela me contou até coisas que eu não sabia sobre a minha família.

Me afastei um pouco do abraço e olhei para Ana que respirou fundo.

Anastácia : Irei te contar tudo quando você estiver mais calma, não fique nervosa está bem? Eu vou preparar um suco de maracujá para você - Ela disse acariciando o meu rosto e eu assenti.

Roberta : Ana... eu ainda não acredito que aquela mulher é minha mãe biológica.

Anastácia : Então também não irá acreditar que você é herdeira da herança que seu falecido pai deixou para você - Ela disse me fazendo arregalar os olhos - Pois é - Ela deu um sorriso fechado e eu pisquei os olhos várias vezes.

Roberta : Impossível. Você está brincando não é? - Pergunto desconfiada mas vejo minha amiga fazer um sinal de negação com a cabeça.

Anastácia : Não é brincadeira amiga, na verdade é bem sério porque o irmão do seu falecido pai apoderou-se de toda a herança.

Roberta : Mais uma serpente? - Pergunto incrédula e Anastácia rir de canto - E o que eu vou fazer? Chegar lá na casa dele e dizer que a herança é minha e não dele?

Anastácia : Quase isso.

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Espero que tenham gostado votem e comentem...

C a b a r é

Bjoooooooooooos 😍❤🖤

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