Capítulo 59
Roberta Narrando
Graças ao Charlie que resolveu "dançar" fora de hora dentro da minha barriga, acabei acordando. Coçei os olhos e peguei meu celular que estava embaixo do travesseiro, olhei a hora e eram oito e meia da noite... eu poderia estar dormindo ainda Charlie.
Me levantei da cama ainda meio sonolenta e abri a porta do quarto, fui para a cozinha e caminhei na direção da geladeira, peguei uma jarra de suco de uva e em seguida coloquei em cima da mesa.
Peguei um copo de vidro no armário e logo preenchi o mesmo com suco de uva. Me dei conta de que Anastácia ainda não havia chegado em casa, deve estar com o JK... vou ligar depois para saber se ela irá passar mais uma noite fora de casa. Acho que não já que ela provavelmente levou a chave.
Quando deu nove horas da noite eu resolvi ligar para ela porém, ela não me atendeu. Nesse momento estou na sala assistindo jornal e o copo de vidro se encontra vazio em cima da pequena mesinha próxima ao sofá, senti Charlie chutar e passei a mão direita no lado em que ele havia chutado, mais uma vez ele chutou e eu rir de canto.
Roberta : Tá agitado em, vai ser dançarino quando crescer? - Pergunto e em seguida rir da minha própria pergunta, um filho dançarino... jesus kkk iria ser demais.
Escutei a porta sendo destrancada e em seguida aberta, era Anastácia. Ela entrou dentro de casa e fechou a porta.
Roberta : Cheguei a pensar que você iria dormir fora - Digo e vejo ela dar um pequeno pulo, ela havia se assustado e eu estranhei mas acabei rindo porque nunca vi ela se assustando com alguma coisa.
Vi ela trancar a porta e em seguida me olhar.
Anastácia : Me assustei - Ela riu de canto.
Roberta : Eu percebi - Digo e ela caminha na minha direção e se senta ao meu lado - Acordei faz alguns minutos, Charlie resolveu dançar justo na hora que eu estava dormindo - Rir e ela também, ficamos em silêncio durante alguns minutos e percebi que Anastácia estava me olhando demais... como se quisesse me contar algo - O que quer me contar?
Anastácia : O que eu quero te contar? - Olho para ela que parecia confusa.
Roberta : Você estava me olhando demais e quando faz isso, é porque quer me dizer alguma coisa. O que foi? JK finalmente te pediu em namoro? - Pergunto e vejo ela sorrir e fazer um sinal de negação com a cabeça.
Anastácia : Não, pelo amor de Deus. Falando nele, ele que me trouxe de moto até aqui - Ela disse desviando o olhar de mim para a tv e consegui notar o pequeno sorriso que surgiu nos seus lábios.
Roberta : O noivado sai quando?
Anastácia : Nunca - Ela riu e se levantou do sofá - Eu ainda estou cansada então vou tomar outro banho para poder dormir. Você vai ficar aí assistindo?
Roberta : Vou, até me dar sono - Rir e mais uma vez percebi que ela ficou me olhando - O que você quer me contar? Olha eu sei que está... digamos que perto do Charlie nascer, eu sei que deveria também arrumar um trabalho mas é que eu fiquei dependendo da mulher que você não gosta - Desabafo, só deveria ser isso que Ana gostaria de me dizer. Que ela está praticamente me bancando e eu não a ajudo com o dinheiro de nada porque não tenho trabalho.
Anastácia : Não é isso Roberta, você sabe que agora eu não aconselho você arrumar nenhum trabalho. Fique tranquila que eu faço questão de dar o que você precisa ou que irá precisar - Ela disse se sentando perto de mim novamente.
Solto um suspiro frustrada e olho para ela.
Roberta : Ana, já tivemos tanto essa mesma conversa... você sabe que não é sua obrigação e
Anastácia : E eu já te disse várias vezes que não faço nada por obrigação, faço porque gosto muito de você e irei ajudar você com seu filho - Ela disse me interrompendo e logo pegou na minha mão direita - Não fique se preocupando em arrumar trabalho agora, quando Charlie vinher ao mundo você se preocupa em arrumar um emprego está me entendendo? - Ela perguntou me olhando nos olhos e eu assenti - Ótimo, não fique se preocupando com isso.
Roberta : Está bem.
Anastácia : Agora voltando um pouco essa conversa, você me disse que ficou dependendo da mulher que eu não gosto? - Ela perguntou e eu rir.
Roberta : Sim a Luciana, lembra quando sua mãe estava quase entrando em depressão? E que quando ela estava melhorando, você ficou conversando com a sua mãe na sala e eu com a Luciana no lado de fora da mansão dos seus pais? Assim, como eu e Luciana nos demos bem ela disse que iria me ajudar a arrumar um emprego certo? E na loja de sapatos que hoje em dia não existe mais - Digo e vejo Anastácia fazer um maneio de cabeça para que me continuasse - Estava tudo certo então, eu também havia pegado o número dela para entrar em contato com ela só que, ela passou a rejeitar as minhas ligações e as mensagens também, você acredita? Bem que você disse que essa mulher era e é uma cobra.
Olho para Anastácia que tinha uma expressão confusa no rosto, pensei que ela iria ficar brava comigo por eu não ter dito nada disso para ela e isso já faz meses que aconteceu.
Roberta : Me desculpe por não ter te contado antes. Mas eu queria entender o porquê ela rejeitou minhas ligações e minhas mensagens, ela até me bloqueou - Digo e Anastácia arquea uma sobrancelha.
Anastácia : Ela te bloqueou? Estranho.
Roberta : Eu não acho, fui boba por ter acreditado nela. Somos amigas e ela te odeia, por que iria me contratar para trabalhar para ela? - Pergunto irônica e em seguida comecei a rir - Sério, me desculpe por não ter te contado isso antes. Também acabei me esquecendo um pouco disso e não dei muita importância.
Olho para a tv e havia acabado de terminar o jornal, iria passar um filme... que maravilha.
Anastácia : Eu irei tomar banho para poder ir dormir, infelizmente amanhã irei sair - Ela se levantou do sofá e caminhou na direção do corredor.
Roberta : E qual será seu destino? - Pergunto alterando um pouco a voz e ela para de caminhar, em seguida me olha e dar um sorriso fechado.
Anastácia : Uma perfumaria.
No Dia Seguinte...
Anastácia Narrando
O dia amanheceu nublado mas mesmo assim eu iria a perfumaria, a perfumaria Pacheco. O que Roberta me contou ontem me fez suspeitar de algo... mas eu não iria e não vou ficar criando teorias na minha cabeça. Roberta tem que saber que é herdeira da herança do pai dela e infelizmente ela terá que saber quem é a mãe biológica dela também.
Sai de casa eram dez horas da manhã, Roberta ficou dormindo mas eu já havia feito os afazeres da casa e também deixei o almoço pronto.
Estava caminhando pelas ruas do bairro e o tempo estava frio, provavelmente irá chover mais tarde. Demorou alguns minutos de caminhada até que cheguei na perfumaria Pacheco, ficava próxima a uma loja de roupas. Eu preferi vim caminhando até aqui do que pagar um táxi para vim.
A frente da perfumaria era bonita, as paredes eram brancas e a fachada com letreiros grandes e vermelhos "Perfumaria Pacheco" estava bem destacado, com certeza isso chama atenção até de quem está no outro lado da calçada. Já na entrada da perfumaria senti o aroma floral que vinha de dentro do local, que cheiro maravilhoso.
Adentrei a perfumaria e comecei olhando alguns perfumes por de trás da estante de vidro modulado. Não entendo muito de perfumes mas já ouvi falar de alguns e que são muito bons como alguns que estou vendo agora, o Proive da Caron, Notorious Ralph Lauren, Bond No. 9... entre outros. O perfume que eu realmente queria ainda não havia encontrado, procurei no lado esquerdo da loja e encontrei.
Lalique aphrodite, meu preferido. Não demorou para que eu escutasse uma voz familiar vindo de trás de mim, é claro que ela iria notar minha presença.
Me virei para olhar para ela que estava de braços cruzados e me encarando.
Luciana : Estou surpresa, você na minha perfumaria? - Ela perguntou com uma sobrancelha arqueada.
Anastácia : Não vai me dizer que você nunca me imaginou vindo aqui comprar um perfume?
Luciana : Para ser sincera, não - Ela disse dando um sorriso fechado e eu também retribui o sorriso.
Por que Deus essa mulher tinha que ser a mãe biológica da Roberta? Por quê?
Anastácia : Sinto muito por seu filho ter se tornado um alcoólatra - Digo atraindo atenção de algumas funcionárias e vejo Luciana revirar os olhos.
Luciana : Não fale dele aqui - Ela disse se aproximando de mim - Ele já me perdeu como mãe desde que me acusou de ter desviado dinheiro da empresa dele - Ela sussurrou para mim e eu a olhei surpresa.
A briga foi feia... que triste.
Anastácia : A briga de mãe e filho foi feia, estou certa? - Pergunto com um tom de voz baixo e com um sorriso cínico nos lábios.
Luciana : Não te interessa. Acredito que você não veio aqui para iniciar uma discussão comigo, ou veio... o que você quer? - Ela perguntou séria.
Anastácia : Eu? Quero comprar um lalique aphrodite - Digo cruzando os braços e ela me encara - É sério.
Ela me analisou de cima a baixo e me mandou segui-lá. Caminhamos até um balcão que eu acredito que era feito o pagamento, uma mulher estava pegando a sacola em cima do balcão que tinha o nome da loja e o símbolo pequeno de uma rosa em baixo do nome. Ela agradeceu a balconista e foi embora, parei de prestar atenção nisso quando escutei a voz de Luciana.
Luciana : Já sabe o preço do perfume não é? Duvido que você use cartão de crédito.
Anastácia : E eu não uso - Digo e em seguida abro a minha bolsa de tamanho médio e pego minha carteira. Retiro a quantia de dinheiro que custa o perfume e entrego para a Luciana, guardo a minha carteira na bolsa e a fecho.
Olho para Luciana que estava contando o dinheiro e eu revirei os olhos, quando ela terminou de contar o dinheiro, olhou para mim com um sorriso nos lábios.
Luciana : Volte sempre senhorita Lessa.
A balconista me entregou o perfume dentro de uma sacola alça fita preta pequena com um símbolo da loja na frente. Agradeci a ela com um maneio de cabeça e voltei meu olhar para Luciana que agora conversava com uma de suas funcionárias.
Eu realmente estava precisando de um perfume novo, agora preciso ter uma conversa com a serpente disfarçada de gente.
Anastácia : Peço perdão por interromper a conversa de vocês duas, mas preciso falar com você Luciana e agora - Digo e as duas mulheres param de conversa e me olham, Luciana cochicha algo no ouvido da balconista e eu caminho até a saída da perfumaria.
Chegando no lado de fora da perfumaria, algumas pessoas entraram na perfumaria e começaram a olhar os perfumes na vitrine.
Luciana logo saiu do local e veio ao meu encontro, ela me encarou e cruzou os braços.
Luciana : Se é sobre o Pietro eu não...
Resolvi interromper ela antes que ela continuasse falando.
Anastácia : Não é sobre o inútil do Pietro. Quero falar sobre outra pessoa, na verdade sobre uma criança que você abandonou há muitos anos atrás... você se lembra? Poxa Luciana, sua própria filha - Digo vendo a mesma arregalar os olhos e ficar um pouco pálida, me aproximo dela e apoio minha mão no seu ombro - Não vai desmaiar para poder escapar dessa conversa, eu só vou embora quando nós duas conversarmos sobre isso.
Ela logo me encarou ainda um pouco pálida, o tom de pele dela poderia ser comparado ao das paredes da perfumaria, ambas brancas. Só que pelo meu ver Luciana estava passando mal, coloquei meu braço em volta da sua cintura e ela soltou um suspiro.
Anastácia : Vamos para a praça, aqui não é um bom lugar para conversarmos - Vejo ela assentir e ainda bem que a praça não era tão longe da perfumaria, só era atravessar a pista e pronto.
Quando chegamos na praça ajudei ela a se sentar em um banco branco e eu fui comprar uma água para ela. Desmaiar agora ela não vai e se eu quiser obter alguma resposta, tenho que ajudá-la.
Comprei uma água mineral e logo voltei para perto de Luciana, entreguei a garrafa de água para ela e a mesma bebeu um pouco.
Me sentei ao lado dela e observei que o tom de pele da mesma estava voltando ao normal. Ela me olhou e piscou os olhos duas vezes.
Luciana : Como você...
Anastácia : Descobri? - Interrompo ela - Isso não importa, eu só quero saber se você sabe onde está a sua filha - Encaro ela vendo a mesma olhar para o chão - Sabe, você poderia ter deixado ela em um orfanato mas decidiu abandonar ela em um morro. Sabendo que existe tantas pessoas maldosas no mundo, tudo poderia ter acontecido com aquela criança.
Luciana : Eu não sabia o que fazer tá legal? Você não estava na minha pele quando eu tive que tomar essa decisão - Ela disse com a voz um pouco alterada e ainda olhando para o chão da praça - Eu estava triste, abalada, eu não queria abandonar aquela criança... mas eu também não sabia como iria criá-la, ninguém iria me ajudar e meu próprio pai foi bem claro na época, ou eu abandonava aquela criança ou ele iria mandar matá-la - Notei que sua voz estava embargada e não demorou para que ela começasse a chorar.
Uma coisa que nunca imaginei presenciar e ver, foi Luciana Pacheco chorando.
Luciana : Quem te contou? Foi a Matilda? - Ela perguntou enxugando as lágrimas e quando me olhou, notei que ela havia borrado o rímel.
Matilda... demorei alguns segundos para me lembrar a última vez que havia escutado esse nome e conclui que foi ontem a noite. Lisete me contou sobre Mary ter tido uma filha e que achava que a menina se chamava Matilda.
Anastácia : Não foi Matilda, e falando nela onde ela se encontra? - Pergunto e Luciana me encara.
Luciana : Você sabe demais, eu não vou responder as suas perguntas.
Anastácia : Pior para você, vou agora mesmo anunciar para todo mundo que você abandonou a sua própria filha quando ela ainda era um bebê - Digo me levantando do banco e sinto sua mão segurar o meu pulso.
Luciana : Por favor não.
Olho para ela que tinha um olhar triste, voltei a sentar perto dela e ela soltou um suspiro.
Luciana : Tudo bem Anastácia, você venceu. Matilda trabalha para mim desde que me casei com o pai do Pietro.
Anastácia : Que bom que não a deixou desamparada - Digo vendo a loira assentir - Vou repetir a pergunta, você sabe onde está a sua filha? Sabe se ela ainda está viva? E a pergunta principal, você sabe quem ela é?
Luciana : Sei - Ela fechou os olhos - Sei onde ela está, sei que também está viva e...
Ela parou de falar e cruzou os braços ainda de olhos fechados.
Anastácia : Você sempre soube que ela era sua filha não é? Desde o momento em que a viu comigo, certo? - Pergunto e ela abre os olhos, passo a mão nos meus cabelos e respiro fundo aguardando uma resposta de Luciana.
Luciana : Desconfiava... ela se parece muito com Joaquim, os olhos, o sorriso, o tom de pele, o nariz... Joaquim foi o primeiro homem que amei de verdade - Ela disse encarando o chão e percebi que um sorriso surgiu nos seus lábios - Ele ficou tão feliz quando eu disse que estava grávida dele. Só que tinha um problema, eu não conseguia enfrentar meu pai e quando Joaquim foi assassinado... eu deixei meu pai me dominar e como Mary dizia, eu iria acabar ficando que nem ele e eu fiquei.
Anastácia : Luciana sinto muito por tudo que você passou, de verdade - Digo e ela me olha - Mas sua filha precisa saber quem realmente ela é - Vejo ela respirar fundo e encostar as costas no banco - Quando você confirmou suas suspeitas?
Luciana : Quando conversei com ela pela última vez no lado de fora da mansão dos seus pais. Elogiei o corte de cabelo dela e ela começou a falar que alguns fios estavam caindo mas segundo ela era porque ela não cuidava do cabelo, mas iria começar a cuidar... ainda me pediu um favor, ela havia penteado os cabelos com a escova da sua mãe e me pediu para que eu tirasse os fios de cabelo que poderiam ter ficado na escova porque ela, só lembrou disso quando começamos a falar sobre cabelo - Ela riu de canto - E eu voltei para a mansão dos seus pais e procurei pela escova de cabelo, realmente ainda tinha alguns fios de cabelo ali mas eu não os joguei fora. Eu peguei e coloquei dentro de uma sacolinha pequena e eu acho que você já sabe o porquê fiz isso.
Anastácia : Foi para fazer o exame de DNA estou certa? - Pergunto e ela assente.
Luciana : Roberta não merece saber que sou a mãe dela, eu a abandonei e isso deve responder a todas as pergunta dela. Uma mãe que não quis a filha, e quando eu descobrir que ela realmente é minha filha... passei a rejeitar todas as ligações e mensagens dela, até mesmo bloqueei o número dela. Está sendo melhor assim - Ela disse ainda me olhando e eu coçei a nuca.
Anastácia : Na verdade Luciana ela queria saber quem eram os pais biológicos dela, mas ela desistiu a alguns dias atrás.
Luciana : É melhor assim.
Anastácia : Não é não, ela precisa saber de toda a verdade mas não será de mim que ela irá ouvir, será de você. Você sabe que ela está grávida e que é herdeira da herança que o pai dela deixou, com a herança que o pai dela deixou para ela, ela vai poder dar um futuro melhor para o filho.
Luciana : Filho que o namorado dela abandonou não é mesmo? Não se preveniu e deu nisso - Ela disse me fazendo encará-la.
Anastácia : Você não sabe pelo o que ela passou de verdade para está julgando assim, tenho certeza de que quando ela te contar a verdade... você irá se arrepender de ter dito isso - Me levanto do banco e Luciana ainda me olhava - Ah e você tem 24 horas para contar tudo para ela, começando de agora - Ela arregala os olhos e também se levanta do banco.
Luciana : Mas isso é pouco tempo.
Anastácia : Tic Toc Tic Toc - Digo juntando meu dedo indicador e o dedo médio da mão direita e batendo no meu braço esquerdo em sinal de que o tempo, estava se passando.
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