Capítulo 32
Roberta Narrando
Acordei e percebi que estava deitada em uma maca, minha cabeça doia muito e por um momento pensei que iria morrer só por estar dentro de um quarto no hospital.
Anastácia : Graças a Deus você acordou, como se sente? - Escutei a voz da ruiva e a mesma estava sentada em uma poltrona perto da maca em que eu estava, ela se levantou e se aproximou de mim.
Roberta : Com um pouco de dor de cabeça mas, estou bem... eu desmaiei de novo não foi? - Pergunto me lembrando do que havia acontecido comigo, não acredito no que o médico disse.
Foi só pensar nele que ele adentrou o quarto com alguns papéis nas mãos e caminhou na minha direção.
Lucian : Vejamos, você teve uma queda de pressão mas não precisa se preocupar, já te mediquei. Anastácia falou que você veio dirigindo então, aconselho você não dirigir agora pois você acabou de acordar e ainda está um pouco fraca.
Anastácia : E enquanto ao bebê?
Esse bebê... não merece nascer.
Lucian : O bebê está e ficará bem, agora peço que daqui a duas semanas Roberta - Ele disse me olhando e eu arqueei uma sobrancelha - Volte no meu consultório para começar os exames pré-natais está bem? - Perguntou e eu assenti - Pronto, está liberada.
Ele saiu do quarto e com a ajuda de Anastácia me levantei da maca e saimos do quarto também. Como posso começar os exames pré-natais sendo que eu nem sei se quero mesmo carregar essa criança? Fruto de um estupro.
Caminhamos pelo corredor em silêncio e quando chegamos na recepção, Ana me parou tocando no meu ombro.
Anastácia : Sei que não deve estar sendo fácil para você, saber que está grávida e... o que pretende fazer? Seja qual for a sua escolha eu irei respeitar e te ajudar.
Roberta : Eu não quero ter essa criança - Digo já sentindo meus olhos marejarem - Eu vou abortar... se eu tiver essa criança, quando ela crescer vai me perguntar sobre o pai e o que eu vou dizer? Ah você é fruto de um estupro e foi meu pai que me estuprou e foi assim que você veio ao mundo? Não Ana.
Estava triste e com raiva ao mesmo tempo, eu sempre pensei em ser mãe algum dia mas não imagina que seria desse jeito. Anastácia se aproximou de mim colocando seu braço em volta dos meus ombros.
Anastácia : É difícil o que eu vou te pedir agora mas, é preciso que você mantenha a calma - Ela disse e eu respirei fundo - Tudo bem se quer abortar, é uma escolha sua mas saiba que a criança que você espera é inocente e não tem culpa de nada do que te aconteceu, não tenha raiva do seu bebê e sim do monstro que te estuprou.
O bebê é inocente claro mas... eu não sei, deveria sentir raiva dele também mas não consigo. Só de pensar que tem um serzinho crescendo dentro de mim é tão... estranho e ao mesmo tempo a sensação é boa.
Roberta : Não tenho raiva do bebê, ele só foi feito da pior forma possível - Digo enxugando as lágrimas que escorriam pelas minhas bochechas - Eu não sei - Apoiei minha mão direita sobre minha barriga e a acariciei - Eu preciso pensar.
Anastácia : Se vai...
Roberta : Sim - Interrompi a mesma antes que ela terminasse de falar a frase e ela assentiu.
Anastácia : Tudo bem mas agora vamos, Gabriel e Lana estão nos esperando lá no lado de fora. Enquanto você era medicada eu liguei para ele para que ele vinhesse buscar o carro dele e para nos levar para a casa dele de novo. Eu não sei dirigir mas se eu soubesse não teria ligado para ele - Voltamos a caminhar e eu encostei minha cabeça no ombro de Anastácia.
Roberta : Obrigada.
Anastácia Narrando
Saimos do hospital e Gabriel já estava próximo do seu carro e Lana estava dentro do carro sentada no banco de trás. Quando me aproximei com Roberta ele disse que ainda não acreditava que tinha pagado um Uber para estar ali, ele percebendo como Roberta estava calada não hesitou em perguntar o que ela tinha.
Nós entramos no carro e Gabriel deu partida, foi então que decidi responder a pergunta dele mesmo ele não sabendo de nada sobre a Roberta.
Anastácia : Ela está grávida - Digo e recebo um olhar surpreso da Lana e Gabriel parecia ter ficado surpreso também já que o vi abrir a boca formando um perfeito "O".
Lana : Nossa que legal - A garota pegou nas mãos da Roberta que logo olhou para ela, ela estava sentada ao lado da sunshine no banco de trás - Você vai ser mamãe, e quem é o pai?
Roberta : Ele não existe - Ela disse desviando o olhar da garota e eu me apressei em falar algo antes que Lana inocentemente fizesse mais perguntas.
Anastácia : Sunshine é uma história complicada - Digo chamando a sua atenção e a mesma sorrir, acho que por eu a chamar de "sunshine" - Quando eu tiver tempo contarei a você e ao Gabriel.
Lana : Entendi - Ela disse ainda com as mãos apoiadas nas mãos de Roberta - Me desculpe Roberta.
A morena voltou a olhar para a garota que pareceu apertar as suas mãos.
Lana : Eu só tenho onze anos mas sei quando algum adulto está triste, vai ficar tudo bem... pode contar comigo para o que precisar - Ela abraçou Roberta que não demorou para retribuir, dei um sorriso fechado ao ver que as duas se davam bem. Lana é uma garota muito inteligente para a idade dela, é um amor de pessoa.
Meus pensamentos são interrompidos pelo toque do meu celular no bolso do meu short, pego o mesmo e olho para a tela, número desconhecido. Pelo menos não é de São Paulo.
Ligação On 📲
Anastácia : Alô, quem fala? - Pergunto já atendendo a ligação.
Xxxx : Anastácia Lessa?
Anastácia : Sim sou eu.
Xxxx : Estou te telefonando pois o seu número foi o primeiro que achei escrito na agenda de Paula Lessa, estava dentro do carro.
Dentro do carro?
Anastácia : Perdão, agenda de minha mãe dentro do carro? - Pergunto desentendida.
Xxxx : Queira me desculpar, sou o Dr. Christian... não tenho uma notícia muito boa para te dizer Anastácia Lessa. Paula Lessa sofreu um acidente de carro na rodoviária próxima ao hospital em que trabalho, e por ela ter sofrido esse acidente próximo a esse hospital... encaminharam ela para cá.
Merda um acidente e de carro, meu jesus e ela está grávida. Fiquei preocupada e afastei o celular da orelha ainda não querendo acreditar no que o homem me dissera no outro lado da linha.
Percebi os olhares de Roberta e Lana na minha direção, inclusive de Gabriel que me olhava atráves do retrovisor.
Voltei a aproximar o celular da orelha e respirei fundo.
Anastácia : Onde fica esse hospital? - Pergunto e ele me diz o endereço, assenti já sabendo onde ficava o hospital - E você sabe se minha mãe está bem?
Christian : No momento não senhorita Lessa, me desculpe.
Ligação Off 📲
Encerrei a ligação e passei as mãos entre os meus cabelos. Coloquei o celular no bolso do short e mais uma vez respirei fundo, minha mãe nem ouse morrer agora.
Anastácia : Minha mãe... sofreu um acidente na rodoviária, aquela Biel que fica próxima a um hospital - Digo e ele acelera um pouco o carro - Estou preocupada com ela e com o bebê, acho que foi grave - Sinto meus olhos marejarem porém não derramei uma lágrima se quer, passei a odiar chorar na frente das pessoas.
Gabriel : Eu te levo nesse hospital, só vou deixar Lana em casa que é melhor e por favor pirralha tranque a porta assim que entrar dentro de casa e não abra para ninguém - Ele alertou e vi a garota assentir.
Fiquei pensando como minha mãe poderia estar até que sentir uma mão tocando no meu ombro.
Roberta : Sua mãe é uma mulher forte, ela vai sair dessa - Olhei para a morena e agradeci com um meneio de cabeça pelas palavras.
Lana : Ela vai ficar bem - A garota disse também para me reconfortar.
27 minutos depois...
Gabriel deixou Lana em casa e depois disso seguimos caminho para o hospital, demorou um pouco porém logo chegamos. Quando adentrei o hospital apressei os passos na direção da recepção, me aproximei de uma mulher que tinha o cabelo preso em um rabo de cavalo, usava óculos e uma camisa social branca.
Anastácia : Com licença, Paula Lessa que sofreu um acidente de carro próximo a rodoviária, poderia me dizer em que quarto ela está? - Perguntei preocupada e a mulher apenas desviou seu olhar do computador para mim e em seguida voltou a olhar para o computador de novo. Tentei ser legal - Caralho não me ignore, eu estou pedindo apenas uma informação então trate de me responder - Digo alterada e a mulher agora presta atenção em mim já que me olhou assustada.
Sinto alguém pegar no meu braço e quando me viro para olhar para a pessoa, era o Gabriel e ao lado dele estava Roberta. Por um momento havia esquecido que os dois estavam atrás de mim.
Gabriel : Anastácia calma, muita calma nessa hora - Ele disse me puxando para um abraço que eu não retribuir, eu queria saber sobre a minha mãe e só iria descansar quando soubesse o estado dela.
Roberta : Eu falo com essa mulher estranha - Ela sussurrou para mim e para Gabriel, o mesmo riu de canto e eu também.
Gabriel : A mulher estranha é a recepcionista - Ele disse e Roberta deu de ombros e caminhou na direção do balcão.
Retribuir o abraço de Gabriel e soltei um suspiro pesado, não demorou muito para que Roberta voltasse a se aproximar de nós e com notícias.
Roberta : Ela disse que a sua mãe está no quarto B-13 e que no momento não está liberado o horário de visitas - A morena disse cruzando os braços, o que me deixou preocupada porque não estavam informando como ela realmente estava.
Gabriel : É o jeito aguardamos um pouco, será que aquele doutor que você nos falou sobre ele no caminho, ligou para seu pai e sua irmã? - Perguntou e eu me afastei de seu abraço.
Anastácia : Se ligou, os dois imbecis já deveriam estar aqui.
Ficamos aguardando na sala de espera por notícias até que um homem alto dos cabelos negros se aproximou de nós, me levantei da cadeira em que estava sentada quando o vi se aproximar.
Christian : Sou o Dr. Christian, vocês são os parentes de Paula Lessa?
Anastácia : Sou a filha, foi para mim que o senhor telefonou a algumas horas atrás. Como minha mãe está? - Pergunto olhando nos olhos dele e percebo que o mesmo respira fundo antes de falar qualquer coisa.
Algo me diz que ele não tem uma notícia muito boa.
Christian : Serei direto senhorita Lessa, sua mãe Paula Lessa está bem. Acordou a alguns minutos atrás e tem alguns ferimentos pelo corpo porém ela está bem, já a criança que ela esperava não resistiu e acabou falecendo, eu sinto muito.
Merda, ela perdeu o bebê. Ela estava tão feliz com essa gravidez... confesso que eu também estava, gostaria de ter um novo irmão ou uma nova irmã mas agora, agora ele ou ela se foi.
Minha mãe deve estar arrasada.
Gabriel : Podemos visitar Paula Lessa? - Meu amigo perguntou se levantando da cadeira e ficando ao meu lado, Roberta permanecia sentada e parecia pensativa.
Christian : Só uma pessoa por enquanto.
Anastácia : Eu vou - Digo e o doutor assente, soltei um suspiro aliviada por minha mãe estar bem porém fiquei triste por ela ter perdido o bebê.
Segui o Dr. Christian pelos corredores do hospital até que ele apontou para uma porta de um dos quartos do corredor em que estavamos. O quarto em que minha mãe estava, agradeci a ele e em seguida me aproximei da porta.
Abri a mesma entrando dentro do quarto e vi minha mãe deitada em uma maca e seus olhos estavam marejados, a mesma encarava a janela do quarto. Era notável sua tristeza, fechei a porta e caminhei na sua direção.
Analisei os ferimentos nos seus braços, alguns arranhões e cortes mas não tão profundos, o canto de sua boca estava com um leve corte também.
Ela não percebeu que eu estava observando a mesma, na verdade ela não percebeu nem quando entrei no quarto.
Anastácia : Mãe - Chamei por ela e ela desviou seu olhar da janela para mim, vê-la triste e com esse olhar é de partir o coração. Uma das piores coisas é ver a pessoa que você ama... triste.
Paula : Que vida difícil Ana - Ela disse com a voz embargada, me aproximei mais ainda dela e a abracei. Escutei o seu choro e ali mesmo permitir que algumas lágrimas escorresem pelo meu rosto. Ambas tristes e tentando consolar uma a outra.
Anastácia : Eu... sinto muito - Sussurro e beijo o topo de sua cabeça, ficamos mais alguns minutos abraçadas até que precisei me afastar já que minhas costas estavam doendo por ficar curvada tempo demais.
Paula : Era um menininho - Ela disse dando um sorriso fechado, peguei na sua mão e acariciei as costas da mesma. A porta foi aberta e tive que me segurar para não revirar os olhos, meu pai e Paola haviam acabado de chegar.
Aurélio : Querida, o médico me ligou e me disse que você havia sofrido um acidente - Ele disse preocupado e Paola correu na direção de nossa mãe, ela a abraçou e eu tive que afastar minha mão da mão de minha mãe.
Paula : Eu perdi o nosso filho, Aurélio - Ela disse ainda com a voz embargada, tanto meu pai como Paola pareciam não querer acreditar no que ela estava falando porém, quando ela começou a chorar novamente eles passaram a ter uma expressão de tristeza no rosto, a ficha foi caindo aos poucos.
Paola : Mas como foi esse acidente mãe? - Pergunto a cobra pegando nas mãos da nossa mãe.
Paula : Por favor filha... não quero falar sobre isso agora - Ela soltou um suspiro pesado e eu já iria me despedir quando Paola me encarou.
Paola : Vi seus amiguinhos na recepção.
Anastácia : Eles estão me esperando - Digo cruzando os braços e encarando a mesma de volta.
Paola : E por que não vai embora? Eu e meu pai já estamos aqui, não precisamos de você. Você abandonou todo mundo há dois anos atrás e só agora você se importa com o que acontece com alguém da família? Me poupe - Ela disse irônica e eu a fuzilei com o olhar.
Paula : Paola por favor agora não...
Anastácia : Eu posso ter ido embora há dois anos atrás e ter ficado sem saber nada sobre vocês mas agora eu voltei. E como sempre, quando acontece algo com minha mãe eu sou a primeira a estar por perto para consolá-la - Digo encarando ela e encaro também Aurélio - Diferente de vocês dois, eu jamais irei trocar minha mãe pelo trabalho ou por um homem que não vale nada.
Digo me lembrando perfeitamente de quando minha mãe precisava de ajuda, era eu que sempre estava por perto, meu pai dizia que estava trabalhando e Paola nunca estava disponível. Ai agora querem bancar os preocupados, ah vão tomar no cacete.
Paula : Anastácia... por favor.
Paola : Mas não estava aqui para consolá-la há dois anos atrás quando você fugiu do seu próprio casamento e deixou seu ex noivo que agora atualmente é meu marido, plantado no altar. Deixou todos preocupados e a nossa família envergonhada - Ela alterou a voz e eu rir irônica.
Respira fundo Anastácia, ela é prostituta e nem por isso estou jogando as palavras na cara dela. Mas o meu momento vai chegar e ela vai pagar pelo que fez e pelo que está fazendo comigo.
Anastácia : Olha só Paola - Digo ainda de braços cruzados e encarando ela, o que nos separava era a maca e nossa mãe que estava nela porque se não fosse isso, já teria acertado um soco no rosto de Paola - Eu não vou continuar discutindo com você aqui dentro desse quarto porque irei respeitar o estado em que minha mãe se encontra, se quiser terminar essa discussão? Sugiro que vá ao hotel em que estou hospedada que a gente se resolve mas, que eu vou continuar discutindo com você aqui dentro desse quarto e ainda mais com minha mãe nesse estado... não mesmo - Digo também alterada, desvio o olhar dela e volto a olhar para minha mãe, me aproximo da mesma e beijono topo de sua cabeça - Me perdoe por isso.
Paula : Está tudo bem filha - Ela acariciou meu rosto e infelizmente tive que me afastar dela. Era melhor eu ir embora antes que eu acabasse matando uma pessoa naquele quarto.
Anastácia : É melhor eu ir agora, te ligo mais tarde mãe tchau - Beijo mais uma vez o topo de sua cabeça e me afasto dela, Paola permaneceu calada apenas me encarando com muita raiva - Não se esqueça do que eu te disse maninha.
Rir de canto e caminhei na direção da porta, sabia que Paola não teria coragem de ir me afrontar. Ela sabe que se brigar comigo ela apanha e não é pouco.
Quando me aproximo da porta sou puxada para um abraço repentino, meu pai estava me abraçando? Já sei até o que pode ser.
Aurélio : Eu preferia que você morresse em um acidente de carro e não a criança que sua mãe carregava no ventre - Ele sussurrou as palavras na minha orelha direita, logo retribuir o seu abraço e percebi que ele estranhou o meu ato.
Anastácia : Se conforme de que eu não serei a primeira a ir para um caixão, você ainda terá que me aguentar muito e se não conseguir... sugiro que enfie uma madeira bem naquele canto que ambos sabemos onde fica. Quem sabe você não morre primeiro? Eu irei assistir ao seu velório degustando de uma bela água gelada em um copo descartável, irei sorrir enquanto te analiso no caixão e falar na minha mente Já vai tarde alma miserável - Sussurro de volta na sua orelha e ironizo minhas últimas palavras, me afasto do seu abraço falso e dou um sorriso fechado. O mesmo me encarava com raiva e não demorei para sair daquele quarto batendo a porta com um pouco de força.
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