Capítulo 1
Flash Back On °
Anastácia Narrando
Finalmente o grande dia chegou... EU VOU ME CASAR!
Eu ainda não acredito nisso... eu e o Pietro fomos feitos um para o outro e eu o amo e ele também me ama, e hoje finalmente vamos nos casar.
Ele me pediu em casamento há alguns meses atrás e eu aceitei. Fiquei ansiosa durante todos esses meses só aguardando esse tão esperado dia chegar e olha só... ele chegou e eu estou tão feliz.
Nesse momento só estou esperando o carro para me levar a igreja, acho que todos os convidados já devem estar por lá e o meu noivo também.
Enquanto o carro não chegava, eu me admirava no espelho do meu quarto. Caramba, eu estou muito linda e esse vestido de noiva... é tão lindo.
Escuto o meu celular tocar e me afasto do espelho. Caminho na direção da minha penteadeira, onde o meu celular se encontrava tocando e vibrando. Peguei o meu celular e ri de canto quando vi que era a minha mãe.
Ligação On 📲
— Oi mãe.
— Olá querida, estou te ligando para saber se a Paola já chegou.
Ao aproximar o meu celular do ouvido, escutei e estranhei as palavras de minha mãe.
— Paola? O que tem a minha irmã? Ela está vindo para cá agora? Mas ela não deveria estar na igreja com a senhora e os outros convidados?
— Ela disse que esqueceu alguma coisa no quarto. Não disse exatamente o que esqueceu, mas saiu que nem uma louca aqui da igreja.
Mais uma vez estranhei.
— Eu não escutei a porta da frente sendo destrancada.
— E a porta dos fundos? — Minha mãe perguntou.
É... ela pode ter entrado pela porta dos fundos, mas porquê a Paola entraria pela porta dos fundos?
Mais que coisa! Estou vendo que vai sobrar para mim. Como eu sei que a minha mãe costuma ser insistente, ela vai me pedir para verificar se a Paola chegou mesmo.
Mas a Paola pode ter inventado essa mentira para poder "fugir" e ir ficar com algum homem por aí, porque ela é assim. Estava até comentando isso com o meu noivo ontem pelo celular.
E pior que a minha irmã não quer ouvir conselhos de ninguém, ela só quer tá certa.
— Veja se ela já chegou, qualquer coisa você liga para mim. Ela já deveria ter voltado para cá.
— E se ela inventou essa mentira mãe? Você sabe como ela é.
E mesmo minha mãe sabendo como Paola era, ela ainda tinha esperanças de que minha irmã pudesse entrar em um relacionamento sério com alguém.
O que eu acho difícil porque já conversei tantas vezes com a Paola e ela sempre diz que a vida é dela e ela faz o que quiser. Depois ela agradece pelos meus conselhos que eu sei que não serviram de nada para ela e depois ela diz que eu sou a melhor irmã do mundo.
E eu? Eu gosto da minha irmã, na verdade eu confio muito nela.
— Não acredito que ela tenha inventado isso Anastácia, ela não saíria do seu casamento assim. Ah e o seu noivo chegou na igreja há algumas horas atrás, mas... eu acho que já faz uns trinta minutos que eu o vi saíndo. Fui até perguntar para a mãe dele para onde ele estava indo e segundo ela, ele precisou voltar para casa para realizar uma ligação muito importante mas que não demoraria para voltar a igreja.
Era só o que estava faltando.
— Uma ligação importante? Justo hoje? — Perguntei calmamente.
Mas a verdade é que eu estava ficando sem paciência, sem paciência para a Paola e também para essa ligação que o Pietro foi fazer.
Porém, eu não gostava de demonstrar que estava impaciente porque eu não sou do tipo "Anastácia, a impaciente" não, não. Eu sou do tipo "Anastácia, a que tem muita paciência".
Para as pessoas... eu sou assim, calma, simpática, é o meu jeito e é o que todos pensam de mim.
— Sim filha, achei isso estranho.
— Ah mãe, eu também acho isso estranho mas não quero me preocupar com isso agora. Eu estou preocupada agora em chegar nessa igreja e ele não estar aí, me esperando. — Digo preocupada.
— Calma Anastácia, vai dar tudo certo. Vou falar com a mãe dele agora, mas te garanto filha que ele vai estar aqui antes mesmo de você chegar, ele não abandonaria você e ele não é nem louco de pensar em fazer uma coisa dessas. Agora tenho que desligar, tchau.
— Tchau mãe.
Ligação Off 📲
Deixei meu celular em cima da penteadeira e parei para pensar, que ligação importante seria essa que Pietro teve que fazer? E justo hoje?
Levantei um pouco o meu vestido branco de renda para que ele não arrastasse muito no chão, ainda bem que não é um vestido muito pesado. Tem um decote V na frente que deixam os meus seios um pouco a mostra, o tecido do vestido tem um certo brilho porém, não é um brilho tão chamativo mas é muito bonito.
Me olhei uma última vez no espelho e escutei o som de algo vindo de dentro de algum cômodo da casa. Deve ser a Paola que acabou de chegar e vai me pedir para eu ficar calada porque ela provavelmente não esqueceu nada aqui e estava fazendo sexo com algum homem por aí.
Abri a porta do meu quarto, levantando mais uma vez um pouco do meu vestido para que não arrastasse no chão e olhei para o final do corredor. Estava silencioso e o quarto de Paola é um dos últimos do corredor.
Eu iria descer as escadas para ver se Paola estava no andar debaixo quando escutei alguns sons estranhos vindo do corredor.
Fui caminhando em passos lentos no corredor e senti as batidas do meu coração acelerarem de repente.
Não entendi o porquê disso, mas quanto mais eu ia caminhando na direção do quarto da Paola, mais os sons estranhos ficavam altos e se pareciam com gemidos. Ah não, não acredito que a Paola trouxe um dos ficantes dela para dentro de casa.
Nosso pai ficará uma fera se souber disso, ou talvez não já que a filha preferida dele é a própria Paola e tudo que ela faz de errado, ele faz questão de dizer que todo mundo erra. Agora se eu errar ou desobedecer, estou sendo uma péssima filha na opinião dele.
Como não estou com os meus saltos ainda, comecei a caminhar na pontinha dos pés para não fazer barulho. Eu só pretendia colocar os meus saltos quando eu estivesse dentro do carro então sim, eu ainda estou descalça.
Avistei a porta do quarto de Paola entreaberta, ela não havia fechado a porta por completo e foi quando me aproximei mais um pouco para ver com quem ela estava. Eu deveria ter ligado para a minha mãe para avisar? Deveria, e iria fazer isso quando visse e comprovasse que a Paola estava ali trepando com algum ficante dela.
Mas foi então que meu mundo pareceu desabar e eu senti meus olhos lacrimejarem. De todos os homens que se passou pela minha cabeça e que poderia estar com a Paola agora, eu jamais iria pensar que seria o Pietro, o meu noivo.
Os dois estavam se beijando como se não houvesse amanhã em cima da cama de Paola, ela já estava sem as roupas e ele usava apenas a calça social porém, a calça estava abaixada junto da cueca, perto dos joelhos. Ele estava penetrando na intimidade da Paola enquanto a beijava e ela pedia por mais entre o beijo, infelizmente deu para ouvir graças ao silêncio que se encontrava na casa e eles eram os únicos que estavam fazendo barulho ali, mesmo sendo baixo.
Cambaleei para trás e apoiei minha mão direita na boca, eu queria gritar... xingar os dois... que nojo... é isso que estou sentindo dos dois nesse momento, nojo.
Senti as lágrimas ameaçarem em escorrer pelas minhas bochechas e antes que eu desmoronasse ali mesmo, apressei os passos, saindo silenciosamente daquele corredor e também da casa.
Esse tempo todo eu estava sendo enganada e feita de trouxa. Esse tempo todo eu não duvido, que a Paola e o Peitro estavam se envolvendo e o pior de tudo é que ele iria se casar comigo!
Eu iria me casar com ele sem saber dessa traição e eu estava perdidamente apaixonada por esse infeliz.
Meu coração parecia que iria sair pela boca e eu permiti que as lágrimas escorressem pelo meu rosto, não estava mais aguentando segurá-las. Não me importava mais com o vestido, agora ele arrastava nas calçadas das ruas e algumas pessoas que passavam naquele momento, me olhavam preocupadas e eu só conseguia ignorar todos aqueles olhares e apressar mais ainda os passos.
Eu ainda não acredito no que vi... eu estava esse tempo todo sendo traída, meu Deus! Eu iria me casar com aquele nojento que dizia que me amava... e a Paola, outra infeliz e que dizia que eu era a melhor irmã do mundo para ela.
Será que, o que um velho amigo meu, disse para mim era... verdade?
"Sua irmã não gosta muito de você, ela só finge."
Foi o que ele disse há muitos anos atrás e só agora é que estou me recordando dessas palavras. Que merda!
Eu sempre a amei, nunca fui falsa e se tem duas coisas que odeio é mentira e falsidade. Pietro... eu o amei, e olha o que ele fez... o que os dois fizeram comigo.
Os dois me traíram e nem se importaram com isso.
Isso dói tanto... dói demais você descobri que confiava cegamente em duas pessoas e que no final de tudo, essas duas pessoas nunca se importaram com você e sempre mentiram e foram falsas com você. Angustia é tudo o que sinto agora.
Consegui pegar um táxi que estava na esquina de uma das ruas por onde andei e mandei ele me levar a um endereço não muito longe dali. Eu precisava falar com o meu único amigo...
Minha maquiagem provavelmente está toda borrada, mas eu não me importo mais com isso, não me importo mais com nada. Eu só gostaria de sumir agora ou ir para longe, para bem longe.
Demorou alguns minutos para eu chegar na casa do meu amigo e a cena do Pietro e da Paola não saia da minha cabeça, estava me dando até mesmo náuseas.
Quando o motorista parou o carro, ele me disse o preço da corrida e só naquele momento eu havia percebido que sai de casa só com a roupa do corpo. Não peguei nem o meu celular, imagina dinheiro.
Tive que tirar o meu colar banhado a ouro de 18K que tinha um pequeno e delicado pingente de coração, respirei fundo antes de entregar para o motorista. Ele me olhou desconfiado e eu disse que ele não precisava desconfiar de nada, o colar era realmente de ouro e ele poderia vender que ganharia mais do que o valor que ele cobrou da minha corrida.
Ele vendo que realmente era de ouro, aceitou e eu percebi que ele me analisou por alguns segundos. Parecia preocupado.
Também... uma mulher vestida de noiva, com os olhos marejados e a maquiagem completamente borrada, isso não se ver todos os dias.
Sai do carro e agradeci ao motorista por ele ter me levado ali, caminhei até a casa de número oitenta e quando me aproximei da porta, bati duas vezes.
Essa casa é a casa do meu melhor e único amigo Gabriel, ele iria para o meu casamento mas acabou ficando resfriado e decidiu não ir. Eu até insisti para que ele fosse mas ele não quis, e eu também não quis obrigar ele a nada.
Outro detalhe: ele não gosta do... Pietro.
A porta foi aberta e Gabriel assim que me viu, arregalou os olhos. Com certeza o meu semblante está assustando muitas pessoas nesta tarde.
Eu poderia ser a nova noiva cadáver... não estou morta, mas por dentro eu sinto como se estivesse morrendo aos poucos.
— Meu Deus! O que houve com você Ana? — Gabriel perguntou ainda me olhando assustado e eu não consegui segurar mais as lágrimas.
Foi naquele momento que desabei e Gabriel me socorreu, antes que eu caísse de joelhos e cara no chão. Ele me ajudou a entrar dentro de sua casa e me guiou até uma poltrona de couro marrom, eu me sentei e continuei chorando ali mesmo.
Não estava conseguindo nem se quer falar, eu estou tão angustiada, estou me sentindo horrível...
Meu amigo fechou a porta de sua casa e veio até mim, minha vista estava um pouco embaçada por causa das lágrimas mas consegui visualizar o semblante preocupado dele.
— O que aconteceu Ana? Você não deveria estar indo para a igreja para se casar? Por que está chorando? — Ele tocou no meu ombro e eu tentei controlar as minhas lágrimas.
Depois de alguns minutos chorando, consegui me acalmar e parar de chorar. Enxuguei as minhas lágrimas com as costas da mão e vi boa parte da maquiagem agora, nas costas da minha mão... que ótimo.
Soltei um suspiro e olhei para o meu amigo que havia esperado eu me acalmar.
— E-eu sou feia, não é? Sou uma mulher iludida... pensei que teria uma final feliz como nos filmes românticos que já assisti, mas na verdade estou sendo muito infeliz. — Digo com a voz embargada e olho para o meu vestido de noiva.
E só de raiva tento rasgá-lo com minhas próprias mãos porém, meu amigo me impede de fazer isso, segurando firmemente os meus pulsos.
— Ei, ei! Se acalma, respira fundo — Ele pede e eu faço isso. — Isso, agora mais uma vez — Faço novamente o que ele me pede e consigo me acalmar mais um pouco. — Isso, agora me conte o que foi que houve e que ideia é essa de que você é feia? Você é perfeita.
— Biel... — Olho para ele que solta os meus pulsos, percebendo que eu havia me acalmado. — Eu flagrei o Pietro e o Paola transando há alguns minutos atrás e tudo isso dentro do quarto da Paola, dentro do quarto da minha própria irmã... não, irmã não. Irmã um cacete — A raiva toma conta de mim e eu fecho minha mão direita com força. — O Pietro... eu pensei que ele me amava, mas me enganei com ele e me enganei com a Paola. São dois miseráveis.
E eu? Fui uma idiota, fui ingênua demais...
— Meu Deus! Eu sempre soube que a sua irmã não valia nada, mas nunca pensei que ela seria capaz de fazer algo assim. E o infeliz do Pietro, isso explica o porquê nunca fui com a cara dele. — Biel ficou irritado também e eu parei para pensar em tudo isso.
Tudo foi se passando como um filme na minha cabeça e quando relembrei a última cena de Paola e Pietro, só consegui senti raiva. Não era só angustia que eu sentia naquele momento.
Eu fui muito boa com eles, na verdade eu sempre fui boa com todos ao meu redor, eu sou a ingênua e delicada Anastácia.
Sempre fui a mulher calma e paciente com todos, colocava sempre os outros em primeiro lugar e sempre preferi pensar bem de todos, mesmo sabendo os defeitos de alguns eu preferia ignorá-los.
Mas o que a Paola e o Pietro fizeram agora... foi demais para mim, eu já estava com o Pietro há um bom tempo e só agora descubro tudo isso.
Mas isso não vai ficar assim... ah mais não vai mesmo.
Pela última vez naquele dia, enxuguei as poucas lágrimas que escorriam dos meus olhos e não me permiti derramar mais uma lágrima se quer. Tudo que eu conseguia senti agora era raiva, revolta...
— Ana? Como você está? Ficou séria de repente — Escutei o tom de voz preocupado de Biel e isso fez com que eu voltasse para a realidade, e olhasse para ele. — Que carinha é essa Ana? Você não é de ficar séria... eu imagino que isso tudo deve ser muito difícil agora para você. Isso foi e é uma traição da grandes e eu lamento muito pelo que Pietro e Paola fizeram com você, de verdade.
Respirei fundo e me levantei da poltrona.
— Eu também lamento muito por mim, mas essa traição me fez acordar para a vida.
— O que quer dizer com isso? — Meu amigo também ficou de pé e ao meu lado.
— Quero dizer que acabei de concluir que o amor não vale a pena e que eu não acredito mais nessa bobagem de que todo mundo tem uma alma gêmea, eu pelo menos não acredito que tenho e nem quero ter. Se apaixonar por alguém é o mesmo que estar correndo um risco de ser iludida ou traída, e eu não quero mais sentir o que a Anastácia do passado sentiu. — Digo olhando para o meu amigo que coloca uma de suas mãos no bolso da sua bermuda jeans.
— Anastácia, o Pietro não vale e nunca valeu nada. Mas tem outros homens pelo mundo e você pode encontrar outro que te faça fel
— Eu não quero outro homem e nunca vou querer — Interrompi o meu amigo e caminhei na direção do quarto dele. — Vou me livrar desse vestido agora e irei pegar uma camiseta sua emprestada.
Ele assentiu e eu fui para o quarto dele, entrei e fechei a porta atrás de mim. Tirei aquele vestido que eu havia amado tanto e sorte a minha que eu estava usando um short cotton preto, fui até o guarda-roupa de Biel e peguei uma camiseta preta, assim que a vesti sai de dentro do quarto de Biel.
Ele estava na sala me esperando e assim que me viu, riu de canto.
— Você pretende ir na igreja assim para desmascarar o safado do Pietro e da sua irmã?
— Aquela miserável deixou de ser uma irmã para mim assim que eu a vi com o Pietro. E respondendo a sua pergunta, não, eu não vou para a igreja desmascarar ninguém — Digo e Biel me olha confuso. — Eu vou embora Biel, preciso ir para um lugar onde sei que ninguém irá me perturbar.
— Mais que história é essa agora Anastácia?
— A história de uma noiva infeliz que vai para o México e só voltará daqui a dois anos para o Rio de Janeiro, mas ela voltará apenas para se vingar do ex noivo e da irmã e depois que tiver concluído sua vingança, ela retornará para o México. Prontinho, quase um final feliz — Dou um sorriso fechado e vejo meu amigo fazer um sinal de negação com a cabeça. — O que foi agora?
— México? Vingança? Anastácia isso é...
— Loucura? Sim, é loucura eu ir sem me despedir de ninguém mas eu preciso.
— Precisa? E que diabos você está pensando em fazer para se vingar? — Ele perguntou e eu cruzei os braços.
— Se eu te dissesse você não concordaria — Digo e vejo meu amigo passar as mãos nos seus cabelos, que eram um pouco grandes. — Biel eu vou ligar para a Luiza e irei contar tudo o que aconteceu para ela, ela vai aceitar me ajudar.
Luiza é uma velha amiga minha e de Biel, estudamos juntos na mesma escola. Mas quando a mãe de Luiza faleceu, o pai dela foi embora com ela e eles foram para o México, onde os pais do pai dela moram e desde então Luiza mora por lá.
— Se ela souber dessa história de vingança ela não vai concordar.
— Ah em relação a isso, ela só vai saber quando eu estiver lá. Mas preciso da sua ajuda agora Biel, preciso que voc
— Anastácia você está pensando bem? Você iria se casar hoje e os convidados ainda estão na igreja te aguardando, os seus pais...
— Só me preocupo com a minha mãe — Fico cabisbaixa. — Gostaria de contar para ela o que houve mas se eu contar agora, ela é capaz de vim atrás de mim e então, meus planos vão por água abaixo.
Ela não pode saber que eu vou para o México Biel, e é por isso que você vai ficar responsável de dar a notícia a ela, terá que dizer para ela e para todos que eu apenas decidi ir embora.
— Você enlouqueceu de vez!
— Não meu amigo, eu vou enlouquecer se eu ficar aqui... darei tempo ao tempo. Agora preciso da sua ajuda, preciso que vá até a minha casa e entre pela porta dos fundos, essa porta quase sempre está aberta e então você discretamente vai subir as escadas e vai para o meu quarto, vai pegar uma bolsa preta que fica na primeira gaveta do meu guarda-roupa. Dentro dessa bolsa está todos os meus documentos, cartões e dinheiro e pelo amor de Deus... tenha o máximo de cuidado para não ser visto por ninguém. Nos encontramos no aeroporto internacional Tom Jobim.
Gabriel não estava concordando comigo mas disse que iria fazer o que eu estava pedindo só porque eu o já ajudei muitas vezes.
— Ah e também pegue a minha mala que fica embaixo da cama, pode ir colocando todas as minhas roupas que você consegui colocar e não precisa dobrar. Pegue o meu celular também que está em cima da penteadeira, isso é tudo... acho que antes de mim ir para o aeroporto terei que ir ao banco e vai ser depois da minha ligação com a Luiza. Não posso perder tempo — Vou até o Biel que faz um sinal de negação com a cabeça e relutante, me entrega o celular dele. — O que eu faria sem você, não é Biel? Obrigado.
Eu iria abraçá-lo mas ele se afastou.
— O que foi?
— Você está agindo diferente — Ele respondeu. — E você poderia resolver tudo isso hoje mesmo e desmascarar o Pietro e a Paola.
— Mas se eu fizesse isso, eles nem teriam a chance de serem humilhados. Seria tudo muito fácil para eles — Digo desviando o olhar do Biel e só de lembrar do Pietro e da Paola, sinto a raiva me consumi e fecho os olhos. — Eles tem que sofrer, do mesmo jeito que eu estou sofrendo.
— Meu Deus... você quer realmente se vingar.
Abri os olhos e voltei meu olhar para o meu amigo. Ele tinha um semblante preocupado e eu o conhecia perfeitamente para saber que ele não concordava com essa minha ideia.
Mas ele teria que aceitar.
— Biel eu preciso que você guarde segredo, eu vou embora mas como eu disse, ninguém pode saber a minha localização. Só você saberá.
— Mas vão começar a perguntar por você assim que perceberem que você não vai chegar na igreja. O que eu vou dizer? Que você desistiu do Pietro e que decidiu ir embora, sem mais nem menos? — Ele perguntou e eu dei de ombros.
— Invente qualquer coisa, eles acreditarão. Só sei de uma pessoa que não irá acreditar nisso e será a minha mãe, converse com ela em particular e diga que eu estou bem... que eu vou voltar para cá e ela saberá o motivo para eu ter ido embora — Toco no ombro do Biel que solta um suspiro. — Cuide bem dela.
— Cuidarei, mas Ana — Ele tocou na minha mão que estava apoiada em seu ombro. — Ana... eu imagino o quanto deve estar sendo difícil passar pelo que você está passando agora. Mas vingança não é a melhor solução, arrisco dizer que... sinto que não estou te reconhecendo mais.
Nem eu mesma estou me reconhecendo, a Anastácia do passado jamais tomaria uma decisão dessas. Mas se a nova Anastácia está conseguindo ter mais atitude que a antiga... eu não posso fazer nada.
— Biel... acredito que a Anastácia que você conheceu, a que era sorridente e alegre, deixou de existir há uma hora atrás. Essa que está na sua frente agora, é uma nova versão minha e eu... estou começando a gostar mais dessa minha nova versão. Você está entendendo? — Pergunto e ele assente.
— Mas você só vai voltar para o Rio de Janeiro para se vingar?
— Sim, mas eu também voltarei para rever você e a minha mãe... eu nunca irei me esquecer de vocês. Pode dizer a minha mãe que eu estive aqui, só não diga para onde estou indo e nem o que estou planejando.
Me afasto um pouco do meu amigo e começo a discar o número da Luiza no celular dele.
Eu ainda tenho que lavar o meu rosto, devo estar parecendo um panda agora.
— Ana... a vingança não é um bom caminho, não dá em nada.
Sinto muito Biel, mas terei que discordar disso.
— Não dá em nada? Certo, então vamos ver se daqui a dois anos ela não vai dar em nada, porque se amargo foi o sabor da traição... doce será o sabor da minha vingança.
Flash Back Off °
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Bjooooos×
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