00.Prólogo
Prólogo
— Abaixa...! — esta palavra foi a única coisa que Amanda conseguira ouvir antes do barulho do parabrisas estilhaçando por conta de uma bala, e do impacto avassalador encobrir o mundo a sua volta.
Lucas nunca fora um bom motorista, mas havia urgência hoje, o objetivo era chegar em São Paulo antes do amanhecer, claro, parecia fácil na teoria. Na prática, havia toda uma força policial os perseguindo.
O carro saíra da pista descendo por uma ribanceira, árvores frágeis amorteceram os grandes danos, mesmo assim, o carro havia capotado duas vezes e agora permanecia de cabeça para baixo e sem condições de retorno. Amanda parecia desacordada e com um visível corte no braço, devido aos estilhaços do parabrisas provavelmente, mas estava inteira, graças a Deus. Lucas a abraçara e fizera de seu corpo um escudo na hora da queda também. Agora estavam os dois adolescentes dentro de um carro virado, caído na vala na beira da estrada, onde conseguia-se ouvir as sirenes da polícia, pronta para resgata-los do buraco onde se meteram.
Lucas estava oficialmente desesperado, conseguia ver o rastro de lanternas sendo lançadas ao carro capotado, logo os tirariam dali, o Hospital iria por suas mãos não só nele, mas em Amanda também... A menos que ele se concentrasse.
Fechou os olhos com força, procurando, revirando seu cérebro procurando a alavanca certa. Das outras vezes foram apenas acidente, mas agora precisava ser de propósito. Repassou a paisagem de alguns minutos atrás em sua cabeça, tentando deixa-la vivida, pensou em todos os detalhes possíveis e os focalizou com a maior força que conseguia...
Mas não, tudo o que conseguira sentir fora suas mãos ficando cada vez mais suaves, elas estavam ficando mornas, tão aconchegantes quanto cobertores. Sua habilidade inútil estava se mostrando de novo, infelizmente.
— Droga...
Eles iriam ser presos, na melhor das hipóteses, e tudo isso era culpa dele. Aquelas pessoas terríveis iriam não somente colocar as mãos nele, mas também nela, a linda garota em seus braços. Lucas olhou novamente para ela, tocou em suas mãos e entrelaçou seus dedos no dela.
— Desculpe, Amanda... — a memória de seus dias na igreja com ela vieram a sua cabeça em flashes rápidos, mas não confusos. O filme de sua vida estava rodando em sua cabeça como se ele estivesse prestes a morrer, ele realmente se sentia assim.
— Já desistiu? — ela se mexeu, virando — se para ficar de frente para ele, sua voz estava rouca e ela tossiu — Você não é de fazer isso... Vamos lá, bobo, concentre-se...
Ela segurou a mão dele, suspirou e olhou em seus olhos, e lá estava ela, a conexão que os dois tiveram desde o primeiro momento, escancarada. Ele sentia que ela podia entende-lo, entender seus sentimentos mais profundos se quisesse, e, de fato, ela podia, e se sentia sortuda por isso. A garota que observa suas memórias e emoções, literalmente.
— Eu estou contigo — ela se aproximou do rosto do rapaz e o beijou.
As mãos do rapaz se esquentaram, seu beijo o acalmou, o fez ver a saída de sua confusão, Amanda levou as mãos dele até seu rosto, ele sentiu lágrimas descendo pelo rosto dela. E então, fechou os olhos e prendeu a respiração, deixando aquele mundo de ferragens para trás.
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