Capítulo 3
— Aaah… — Dei um longo suspiro. — Não quero ir para a escola…
— Mas você vai. — Minha mãe falou andando pela cozinha a procura de algo. — Você viu a minha gravata?
— Nem sabia que você usava gravata. — Falei e logo dei uma mordida no meu sanduíche.
— Hoje eu tenho uma reunião importante, então eu tenho que está mais… formal!
— Olha na sala, você não tinha deixado ela em cima do sofá?
— Vou ver. — Momentos depois eu pude ouvir os gritinhos dela. — Acheeii!! — Não pude deixar de escapar um sorriso do meu rosto. Terminei meu café da manhã e fui pegar minha bolsa.
— Mãe, eu já vou! — Gritei para ela.
— Já? — Ela colocou a cabeça para fora da porta do quarto e eu pude ver o nó que ela chamava de gravata.
— O que é isso? — Falei rindo.
— Oh! Não sei o que deu errado eu seguir o tutorial direitinho. — Ela se aproximou de mim e eu ainda estava rindo.
— Deixe eu te ajudar. — Fiz o nó de gravata nela.
— Ai, ai. Não sei o que faria sem você, minha princesinha. — Ela me abraçou e eu retribui. — Cuidado no caminho para a escola.
— Você também, cuidado no caminho para o trabalho. — Nos despedimos e eu saí de casa.
🏵️🏵️🏵️
"Não acredito nisso..."
Eu estava encarando a porta do meu armário completamente sem reação. Na porta do meu armário estava escrito mentirosa de caneta preta e tinha fotos minhas rabiscadas, eu pude ouvir algumas risadinhas atrás de mim, mas eu não confiava em mim mesma para virar e ver quem estava rindo, porque eu sabia que se eu encontrasse a pessoa que foi responsável daquilo eu iria quebrar o nariz dessa pessoa.
Minha respiração estava acelerada e não era de medo, era de raiva! Memórias da minha vida passada vieram à minha mente.
— Argh!! Que nojo!! — Eu estava sentada na minha cadeira desenhando e de repente jogaram um líquido fedorento em cima de mim. As pessoas que estavam na sala começaram a rir. — Que p@rr@ é essa??!! — Me levantei e gritei com o garoto que havia jogado aquilo em mim, mas ele simplesmente deu de ombros. Eu peguei as minhas coisas e saí de lá correndo.
— Tudo bem mesmo fazer isso com ela? — O amigo dele perguntou.
— Tá tranquilo. Os pais dela morreram e a tia dela é ocupada demais para vir à escola.
— Tu é muito p@# no c* mesmo com essa garota, eu ein.
— A culpa é dela, foi ela quem quis mostrar aquela cara feia dela aqui. — Os dois caíram na gargalhada depois desse comentário.
Naquele dia eu fui para casa por um caminho diferente, eu queria evitar me encontrar com algum conhecido, ainda bem que eu fui por aquele caminho. Naquele dia eu prometi para mim mesma que nunca mais iria abaixar a minha cabeça de novo!! Eu estava cansada das pessoas pisando em mim!!
Acabei parando de frente para uma academia, o cartaz que estava na porta dela havia me chamado a atenção, "Treinos de Muay Thai toda segunda, quarta e sexta.", depois de um tempo parada encarando aquilo um cara saiu pela porta e começou a falar comigo.
— Interessada? — Ele levantou uma sobrancelha para mim. Eu assenti timidamente com a cabeça, ele me olhou de cima a baixo. — O que é…? — Ele apontou para a própria cabeça, ele estava se referindo ao líquido estranho em cima da minha cabeça.
— Eu não sei… — Falei baixo.
— Oi? Ah, calma ae. Eu vou pedir pra minha secretária me trazer um microfone pra eu poder te ouvir melhor. — Ele fez um telefone com a mão e colocou no ouvido. — Alô, Roberta. Eu preciso que você me traga um microfone e uma caixinha de som, tô com uma menina aqui que fala mais baixo que um peixe. — Acabei rindo dessa piada boba dele. — Olha só, ela sorri. Tá bom, vamos começar de novo. Oi, meu nome é Matheus, qual é o seu?
— Emily, muito prazer. — Sorri para ele.
— Então Emily, por que você não entra e toma um banho pra tirar… isso da sua cabeça, aí eu já aproveito e faço a sua inscrição nos treinos de muay thai, que tal?
— Ok!
Daquele dia em diante eu comecei a lutar contra as pessoas que faziam bullying comigo. Depois disso, não demorou muito para que os ataques de bullying contra mim parassem. Senti um pouco de pena do Matheus, porque depois de 3 meses eu larguei os treinos.
Mas nesse exato instante eu estou passando por tudo aquilo de novo!!
Num impulso eu soquei a porta do meu armário, acho que eu acabei amassando ela um pouco.
— Quando eu voltar não quero ver mais nada disso no meu armário. — Sai de lá sem dizer mais nada.
Assim que passei pela porta percebi que minha mão estava sangrando.
"Droga!... Esse não é o meu corpo, eu preciso tomar mais cuidado com ele."
Decidir ir para a enfermaria, procurar algum remédio para colocar na minha mão.
Quando cheguei lá o cara que era o enfermeiro ficou surpreso, só pela reação dele eu já sabia que a minha mão não iria se curar tão rápido. Ele me ajudou a passar remédio na minha mão e depois colocou gaze ao redor dela.
— Prontinho já pode voltar para a sala. — Ele sorriu para mim. — Vou te recomendar um remédio para você ficar aplicando em cima. — Ele pegou um bloco de notas e começou a escrever, quando ele terminou me entregou a folha em que ele havia escrito.
— Minha mão ainda está doendo, isso é normal?
— De 1 a 10, que nota você daria para essa dor?
— 20! — Olhei para ele com olhos de cachorrinho chorão.
— Ok, você está totalmente bem. Pode ir para a aula. — Fechei a cara quando ele disse isso.
"Ah! Esquece, se ele não quer me dar um atestado eu posso simplesmente cabular aula!" — Me levantei da cadeira e saí de lá. — "Acho que vou matar o tempo em algum shopping ou coisa do tipo..."
Quando eu estava quase saindo da escola, Marinette veio falar comigo e Alya estava junto com ela.
— Lila! Eu fiquei sabendo sobre o que aconteceu, você tá bem? — Instintivamente eu escondi minha mão atrás das minhas costas.
— Oi Mari, do que você tá falando? — Me fiz de sonsa.
— Ué, tá todo mundo falando sobre o que aconteceu mais cedo, de você socar a porta do seu armário. — Alya me falou em tom um pouco rude.
— Ah! Aquilo! Aquilo não foi nada, as pessoas exageram nas histórias, eu só bati no meu armário porque eu vi um inseto na porta, eu tô voltando agora mesmo do banheiro depois de lavar a minha mão.
— Falando nisso tinha uma mancha na porta do armário. — Ela colocou a mão no queixo pensativa.
— Sim, eu esmaguei o inseto. Enfim meninas, a aula já vai começar melhor nos apressarmos.
— Ela tem razão Marinette, nós temos que ir senão vamos nos atrasar. — Alya puxou Marinette pelo braço e eu fui logo atrás delas.
"No final das contas vou ter que assistir aula de qualquer jeito."
Entrei na sala e fui pelo caminho inteiro até a minha cadeira escondendo a minha mão. Quando me sentei coloquei meus braços sobre a mesa.
— Nossa! — Nathaniel deixou escapar uma palavra de surpresa, quando ele percebeu isso colocou a mão em frente a boca.
— O que foi? — Sorri para ele, não podia descartar a possibilidade dele querer ser meu amigo.
— Então é verdade mesmo que você socou a porta do seu armário. — Acabei soltando uma risadinha pelo o que ele falou.
— Sim, cuidado comigo ein! — Dei uns soquinhos no ar na direção dele.
— Você fez isso para chamar a atenção das pessoas? — Ele me lançou um olhar desconfiado.
"É! Eu vou muito f#rr@r minha mão para chamar a atenção de pessoas que eu nem conheço!!"
— Você machucaria sua mão para que mais pessoas lessem o seus quadrinhos?
— O que?? Claro que não! Além do mais, eu preciso da minha mão para desenhar.
— Então, o mesmo para mim. Pra quê que eu vou querer chamar a atenção das pessoas?
"A minha teoria é que todo mundo dessa sala é surdo e por isso ninguém ouviu meu pedido de desculpas."
— As pessoas continuam sendo hostis comigo mesmo depois de eu ter pedido desculpas. — Falei com um ar meio triste.
— Eu que… — Olhei para ele como se quisesse dizer "Você tem alguma moral para falar?", afinal de contas ele também foi descortês comigo. — É melhor eu ficar quieto…
— Uhum. — Concordei com a cabeça.
Nathaniel pegou o seu livro e colocou por cima da mesa, eu apenas achei uma posição confortável na minha mesa e dormi.
Um tempo depois acordei com alguém me chacoalhando.
— Hãm? — Respondi sonolenta. Pisquei algumas vezes e vi que era Nathaniel que estava me agitando. — O que foi? — Me espreguicei.
— É hora do almoço.
— Eu vou pular!
— P-por que? Não deveria fazer isso.
— Eu não quero ir! Eu... apenas não quero ir, então não me peça para ir. — Voltei a abaixar minha cabeça.
Nathaniel ainda ficou parado ao meu lado por alguns segundos, depois ele saiu da sala sem falar nada.
"A mimir."
Minutos depois a porta da sala foi aberta novamente, eu simplesmente ignorei, só esperei a pessoa que havia entrado ir embora, mas não foi isso que aconteceu.
Escutei o barulho de algo sendo colocado em cima da mesa ao meu lado, levantei minha cabeça para ver o que era. Nathaniel havia voltado para a sala segurando duas bandejas de comida, ele já havia colocado uma ao meu lado.
— O que é isso? — Sorri para ele.
— Bem, já que você não vai comer no refeitório eu pensei em trazer sua comida pra cá.
— Nossa, não precisava, mas… obrigada! — Mostrei-lhe um sorriso sincero.
— Ham… e Lila sobre antes… — Ele coçou a nuca. — Me desculpa, acho que te julguei mal. — Mostrei um sorrisinho para ele.
— Você e quase toda escola. — Comecei a comer meu almoço. — Aliás… — Eu fui interrompida pelo barulho da porta sendo aberta.
— Então era aqui onde você tava se escondendo! — Marinette sorriu para mim, ela estava acompanhada de Alya novamente. — A gente tava te procurando para almoçarmos juntas, né Alya? — Mari encarou sua amiga.
— Sim… — Ela respondeu sem olhar para mim.
— Vocês chegaram no momento certo, eu estava prestes a contar sobre como eu ajudei a Ladybug e o Chatnoir ontem! Sentem-se aqui. — Dei espaço para elas se sentarem ao meu lado. — Então como eu estava dizendo… — Fui interrompida mais uma vez pelo barulho da porta, dessa vez era Adrien e Nino que haviam chegado.
— Será que tem lugar para mais duas pessoas? — Adrien perguntou um pouco sem jeito.
— Claro quanto mais, melhor! — Eu disse animada.
Adrien e Nino vieram na nossa direção e se sentaram na mesa que ficava na frente da nossa.
— A Lila estava prestes a contar sobre como ela ajudou a Ladybug e o Chatnoir ontem. — Alya falou irônica.
— Ei! É verdade isso que eu tô falando!
— Ah claro, assim como você disse que era verdade a sua visita ao palácio do príncipe Ali.
— Não isso daí foi mentira.
— Arg! Eu não sei como eu pude confiar em você! — Ela se levantou.
— Alya se acalma, também não precisa agir assim. A Lila já pediu desculpa pelo o que ela fez! — Marinette disse.
— A Marinette tá certa. — Adrien entrou na discussão também. E depois tirando eu e o Nathaniel os outros começaram a discutir.
Peguei minha bandeja de comida e minha bolsa e me levantei.
— Aonde você vai? — Nathaniel ele pegou suas coisas e andou do meu lado.
— Vou deixar minha bandeja no refeitório e depois vou para casa.
— O que?! Vai cabular aula?!
— Aham! Quer ir comigo?
— Acho que a gente não deveria fazer isso.
— Qual é, cadê seu espírito aventureiro?? — Entrei no refeitório. — É legal fazer isso pelo menos uma vez na vida.
— Não sei não hein… Você vai acabar em encrenca.
— "Encrenca em dobro." — Fiz uma pose e uma voz parecida com a do James da equipe Rocket.
— O que?
— Nada, nada. Enfim, eu já vou, até amanhã. — Me despedir dele e sair do refeitório.
"Espero que amanhã seja melhor."
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— Ai, Tikki. Eu queria poder ajudar a Lila, sabe, mostrar para as pessoas que ela não é mais uma mentirosa, que ela mudou de verdade. — Marinette se jogou na cama.
— Eu estou muito orgulhosa de você Marinette, mesmo depois do que a Lila fez com você, você quer ajudar ela.
— Eu sei que ela sente muito pelo o que ela fez no passado, não posso culpá-la pelos seus erros de antes. Além do mais… — Marinette se levantou rápido da cama. — Eu tive uma ideia para provar para as pessoas que a Lila não é mais uma mentirosa!!
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"Eu ainda estou me perguntando porque sair de casa hoje..."
Assim que eu entrei na rua da minha escola avistei de longe a Ladybug e o Chatnoir conversando em frente a minha escola.
"O que aqueles dois estão fazendo?..."
— Chatnoir o que você tá fazendo aqui? — Ladybug arqueou uma sobrancelha.
— Hãm… eu apenas estava fazendo uma patrulha! — Ele estalou os dedos.
— Mas a essa hora, você não deveria estar na escola?
— Eerr… — Chatnoir olhou para os lados procurando uma resposta. — E você Ladybug? O que faz aqui?
— E-eu apenas estava passando por aqui! — Ela cruzou os braços.
— Meu deus, vocês são péssimos em contar mentiras! — Eles não perceberam que eu havia me aproximado deles, então acabaram tomando um susto ao escutar a minha voz.
— Lila!! — Eles falaram assustados, acabei rindo da reação deles.
— Meu deus…! Vocês realmente são uma coisa! Aiai — Falei entre risadinhas. — Mas então, qual o real motivo de vocês estarem aqui?
— M-motivo?
— Não tem motivo nenhum, — Chatnoir passou o braço ao redor dos meus ombros. — a gente só queria ver a nossa querida amiga Lila, não é mesmo Ladybug? — Ele lançou um olhar sorridente para a Ladybug.
— É isso aí!
Eu percebi que havia muita gente olhando para nós.
— Aaaah… Agora eu entendi o que vocês vieram fazer aqui! — Não pude me conter e dei um sorriso de orelha a orelha.
— Do que você tá falando Lila? — Chatnoir disse nervoso.
— É Lila! A gente só passou para dar um "Oi" para a nossa grande amiga! — Ladybug sorriu nervosa.
— Obrigada. — Puxei os dois para um abraço apertado. — De verdade! — Eles me abraçaram de volta. — Mas agora é sério… — Cochichei nos ouvidos deles. — Se vocês não se apressarem, vão chegar atrasados para a escola. — Me separei deles.
— Hãã… então, eu lembrei que tinha algo para fazer, então já vou indo, bye bye!! — Ladybug disse apressada e jogou seu ioiô.
— É eu também lembrei que tinha que fazer algo!! Tchau! — Chatnoir usou seu bastão e saiu.
"Esses dois precisam arrumar desculpas melhores…"
Entrei na escola parecia que o ar do ambiente havia mudado, as pessoas estavam me olhando de um modo diferente, em vez de me olharem feio elas estavam me encarando surpresas. Acho que a pequena visita da Ladybug e do Chatnoir fez um pequeno efeito nelas. Quem sabe daqui pra frente elas me vejam com outros olhos, quando esse pensamento passou pela minha mente eu me senti um pouco feliz.
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