Capítulo II
A Vilã Quer Paz
Capítulo II
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Os pés descalços sentiam o chão de mármore se transformar em terra e grama. O coração batia rapidamente enquanto ofegava pela boca. Não sabia para onde iria, qual caminho tomar ou o que fazer. Só que precisava ir, correr!
Correu, desesperadamente, pelo campo florido, pelas árvores e plantas. Por tudo, nada ali conseguiu lhe parar. As pernas, já fracas, começavam a doer. Mas ela se negou a ceder ao cansaço. Estava desorientada, havia milhões de coisas em sua mente.
"Como? Como? Como?!"
Como verá parar dentro de um romance? Era a pergunta principal. Um romance muito clichê, que se passava na perspectiva da personagem principal e que ela era sempre favorecida. Um mundo cor de rosa onde o bem sempre vence e vivem felizes para sempre.
Em um descuido, seu pé tropeçou em um pequeno buraco. Fazendo com que seu corpo desequilibrar e cair. Rolando em um pequeno morro abaixo. Sua pele bateu e arranhou em vários galhos secos, até seu corpo parar virado para cima. Com os cabelos bagunçados e o rosto vermelho, ela encarou assustada o céu. Os olhos tremendo e as lágrimas escorrendo pelas laterais do rosto, ela não sabia o que fazer.
Muita coisa havia acontecido em pouco tempo. A raiva que sentiu quando estava no trabalho, a dor em seu peito. O medo de não conseguiu controlar o seu próprio corpo, sua ultima visão de seu mundo. E acorda em um lugar totalmente estranho fez com que seu mente começasse a entrar em pane. Principalmente por ser um mundo escrito por uma autora sem noção, um livro de romance.
Apoiando-se pelo cotovelos, ergueu o seu tronco até se sentar. Juntou as pernas, abraçando-as como uma menina assustada. Chorou. Com medo, com receio e com mil e um sentimentos embaralhados. Não que seu vida era ruim, tirando o estresse do trabalho, Ana adorava sua vida. Seus pais sempre lhe apoiaram, suas irmãs eram apegadas a si e ela mesma tinha muitos amigos e um namorado muito carinhoso. Não era uma vida perfeita, tinha altos e baixos, mas era boa.
Sim, era boa.
— E agora?
O que faria agora? Como ficava sua família? Seu namorado? Seus amigos? E como viera parar dentro de um romance mal escrito? Eram tantas perguntas. Tantos questionamentos e tudo transbordavam em lagrimas e soluços.
As Flores de Daisy era um romance chinfrim que lerá há dois anos. Na verdade, nem ao menos terminou o livro. O largou na metade, já que não gostara nenhum pouco do enredo ou dos personagens.
A história gira em torno de Daisy Russell, filha de um simples Barão do Leste. Daisy era adorada por seu povo por sua beleza, bondade e, especialmente, pelo seu poder de cura. E assim que completou sua maioridade, fora convidada a participar do um Baile de Primavera no Palácio Imperial. E foi neste maldito baile, que se deu início a história.
Daisy conhece suas cincos flores, ou melhor, pretendentes. A beleza de Daisy atraiu olhares de todos os cantos. E junto com sua majestade, o príncipe, mais quatro personagens dedicaram seu coração à jovem dama. Mas, com a atenção dos maiores pretendentes sobre si, Daisy também adquiriu inimigos.
E Zielle era um destes inimigos. Horrorizada por ter seu posto de A mais Bela Rosa da Alta Sociedade roubado em segundos, Zielle praticou diversos atos maldosos. Julgada por ser má, até seu irmão Zyran, lhe abandonou. Ele, que era umas das flores de Daisy, lhe deu as costas.
Claro que o livro continha outro vilão, mas Ana não chegou a ler sobre ele. Pois havia largado o livro assim que Zielle fora expulsa de sua família. Contudo, o que sabe era que o último vilão era um dos quatros duques.
Ergueu o queixo e observou a paisagem afrente. Zielle fora abandonada por aqueles que amavam, por causa de uma simples garota. Como a história girava em torno da maravilhosa Daisy, ninguém julgou errado o que aconteceu com Zielle.
Zielle perdeu seu irmão. Seus pais. Sua casa. E até mesmo o noivo a qual fora prometida desde o nascimento, o príncipe.
Era certo que ela tomou algumas decisões erradas e precipitadas. Mas, Zielle era só uma personagem criada para fazer a Heroína brilhar ainda mais. Fora por essas e outras coisas que Ana decidiu abandonar a leitura.
— Ahm... — lamentou-se mais um pouco. — Zielle. — pronunciou o nome deste corpo.
— Sim, é o seu nome. — uma voz ecoou perto de seus ouvidos, fazendo com que pulasse em um susto.
Um sorriso doce e um olhar caloroso fora o que encontrou ao olhar o jovem ao seu lado. Cabelos ruivos e olhos lilás, características semelhantes às dela.
— Olá, Zielle.
Ana encarou assustada o garoto. Ele seria o irmão de Zielle, não é? Zyran. Odette fora clara quando disse que a filha do tinha um irmão, o sucessor do duque. E Ana lembrava claramente das descrições de Zyran no livro. "Calmo, justo e sorridente. Zyran era como uma brasa morna, aquecendo todos ao seu redor. Porém, se provocado, poderia incendiar e queimar aquele que lhes achasse justo."
— Posso me sentar ao seu lado? — perguntou Zyran, olhando como a irmã mantinha-se rígida e em alerta. A garota balançou a cabeça concordando e o jovem sentou ao seu lado, com as pernas cruzadas e as mãos brincando com uma plantinha ao lado. — Mamãe está preocupada.
Ela não desviou o olhar do grande campo florido à sua frente. Não sabia o que dizer a ele ou a mulher chorona. Zielle não estava no controle daquele corpo, mas sim, Ana. O que faria agora? Era uma dúvida muito grande. Não sabia se existia um meio de voltar ao seu mundo ou de trazer a verdadeira Zielle de volta.
— Sei que está assustada. Todos estamos, mas somos sua família.
Aquela última frase fez com que os olhos lilases da garota enchessem de água. Ela já tinha uma família e não eram essas pessoas. Seu coração apertou em tristeza, como faria pra voltar para o seu mundo? Sua família? Seu lar?
A verdadeira Zielle não teve um final feliz. A verdadeira Zielle foi abandonada. Ela seria tratada do mesmo jeito?
"Eu não quero isso", pensou. Havia tantas coisas em sua mente que já estava entrando em desespero.
— Você não precisa se lembrar de tudo, nem se forçar a ser a Zielle de antes. — uma mão grande pousou no topo da cabeça da garota. — Apenas viva bem.
Ela não estava entendendo nada. Sabia que antes da protagonista aparecer, a relação dos irmãos Melusine era boa. Então, como Zyran estava lhe tratando bem, fazendo seus cálculos, ela deve estar em algum momento antes da história principal começar.
Tempo, ela ainda tinha tempo antes de cair em desgraça. Tinha como fazer com que Zielle não fosse mandada embora da família e ainda encontrar um jeito de voltar para o seu mundo. Claro, já que veio de lá, teria que haver um jeito de manda-la de volta.
"Serei Zielle até conseguir voltar!"
Já estava decidida.
Virou o rosto vermelho e choroso em direção ao ruivo, lhe olhando fixamente.
— Estou com fome, irmão. — aquela simples frase arrancou um enorme sorriso de Zyran.
Ele ergueu a mão para ela.
— Vamos voltar? Mamãe mandou fazer um banquete especialmente para você. — gentilmente, segurou a mão da garota e ajudou a se levantar.
— Aquele senhora chorona?
Zyran riu.
— Sim, ela mesma.
Segurando a mão do garoto que é seu irmão, Zielle o seguiu. Zyran, atento, em tudo, notou que a jovem andava descalços e que seus pés estavam sujos. Ele parou, soltou a mão dela e ergueu no colo com precisão e delicadeza.
Zielle se assustou com o ato, encolhendo- se nos braços de Zyran. Não sabia o que dizer, apenas continuou a olha-lo o resto do caminho até a mansão.
Zyran era muito bonito.
Só que ao chegar nas soleiras da porta, ficou com medo de encarar Odette e todos que viviam naquela casa. Ela não era a Zielle de antigamente e tinha medo que eles rejeitasse sua nova personalidade. Principalmente o Duque Melusine, que era descrito por ser uma forte muralha rigorosa.
— Zielle! — a voz embargada em choro de Odette ressoou por todo lugar. E correndo em direção a garota, a mulher chorona fazia uma cara preocupa. — Para onde foi? Está tudo bem? Machucou em algum lugar?
— Ela está bem. — Zyran tentou confortar a mãe. — Vou leva-la para o quarto. Preparem um banho quente. — a última frase ele direcionou as empregadas, que rapidamente entraram na mansão. Odette os seguiu, enxugando o rosto inchado.
Logo mais Zielle se encontrava sentada ao redor de uma mesa farta. Que cheirava muito bem, dando água na boca. Ela havia sido banhada em uma banheira luxuosa, com sais e óleos perfumados. Lhe vestiram com roupas finas, leves e muito bonitas e pentearam seus cabelos. Zielle se sentia mimada e adorada.
— Coma o que quiser. — Odette sorriu ao sentar à sua frente, com Zyran ao lado da irmã. — Como a doutora receitou alimentos leves nos primeiros dias, os chefes se empenharam em fazer tudo que se adequasse ao seu paladar.
Os olhos ametistas da ruiva passearam pelos pratos e focaram em um simples croissant bem douradinho. Em outro lado, havia alguns ovos mexidos com alguns legumes. Sem se importar com os olhares da mãe e do irmão, Zielle pegou um croissant e partiu-o no meio com uma faca. Pegou uma colher bem generosa de ovos mexidos e colocou tudo dentro do pão. O fechou e abocanhou.
"Uhum..." seus olhos brilharam. "Não é o tradicional pão francês que tanto adoro, mas até que é gostoso."
Sorrindo, continuou a comer.
— Tem café? — olhou ao redor, ignorando o rosto espantado da mãe.
— Tem suco. Quer? — Odette pegou a jarra de suco de laranja.
— Queria café.
— Mas, você nunca gostou de café. — com o cenho franzido, Odette olhou pra o filho mais velho, em busca de alguma resposta.
Zyran encarou a irmã por alguns minutos, olhando atentamente suas bochechas de mexerem com as enormes mordidas no pão. Por um momento ele sorriu, "Parece um hamster."
— Acho que seus gostos mudaram. — acariciou a cabeça de Zielle. — Façam café!
— Forte, por favor! — falando de boca cheia, a garota sorriu para a empregada que curvou-se e saiu.
— Oh, ela esqueceu os modos... A etiqueta adequada. — murmurou Odette.
Zielle não estava se importando muito com os modos a mesa ou ou o que a verdade Zielle gostava. Se aquela família realmente se importava com a mesma, irão lhe apoiar com o que quisesse. Sendo umas das coisas mais importantes a fazer, se afastar do palco principal. Ficar longe de toda trama original que se passava na capital.
Sim, iria para longe. Dando o pretexto de se recuperar, ela pediria para sua mãe para irem para algum lugar calmo e tranquilo. Afim de acalmar sua mente e focar em uma boa e saldável recuperação. Ficando longe dos personagens principais e do risco de ser jogada para escanteio quando Daisy aparecer.
Sim, iria sobreviver o mais confortavelmente possivel.
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