"Você sabe, não sabe?

Sei o quê?

Que quando nós amamos alguém, nós vamos até o inferno por ela."

Eu poderia dizer que gostava de várias coisas, desde roupas que estão na moda na Vila, até filhotes de cachorros; mas se tinha algo que eu não gostava de maneira alguma, era Chace Franklin. Era de se esperar que eu o odiasse, pela forma que anda, a maneira que age e aquele sorrisinho de lado que deveria apaixonar a todas, menos eu. Chace Franklin era tudo, menos alguém que eu poderia gostar. Nós crescemos juntos, nossas famílias sempre foram muito amigas e desde sempre acharam que nós formaríamos um casal, felizmente para mim e infelizmente para eles, isso estava longe de acontecer. Eu me recordava muito bem de um dia que ele jogou uma lagartixa em minha blusa e do dia que eu coloquei um sapo em sua cama... É, nós nunca formaríamos um casal.

Meu nome é Meredith Riley, 17 anos, linda, ruiva, sardas fofas, sorriso de um milhão de dólares, porém grossa demais para conseguir alguém, nas palavras de outra pessoa, não minhas. Eu não me consideraria uma pessoa grossa, apenas alguém que poucos conhecem para saberem como eu sou de verdade. Como eu minha mãe sempre disse, as pessoas costumam julgar sem nos conhecer de verdade, isso era o que acontecia dia e noite comigo.

Eu nasci e vivo a 17 anos na Vila dos Perdidos, uma Vila pequena no interior da Inglaterra, que apenas ganhou esse nome porque somente as pessoas que não sabiam o que fazer da vida iam morar aí para terem um novo começo.

Perdidos, um ótimo nome para definir todos daquele lugar.

Veja bem, nós não temos carros, apenas carroças, a energia elétrica mal funciona e pifa toda a hora, além de que ninguém tinha internet e a única escola da Vila fosse péssima e tivesse poucos professores, nada de faculdade... A condição era horrível, por isso que para mim o melhor seria sair da Vila, infelizmente veria pouco meus pais e eu não tinha dinheiro nem para alugar um cavalo.

Meus pais são conhecidos pela a história de como se conheceram, que toda a Vila faz questão de contar para mim milhões e milhões de vezes, como se eu não me lembrasse da última vez. Eles se conheceram na Festa da Colheita que ocorre uma vez por ano, é uma festa enorme que ocorre nos limites da Vila dos Perdidos, onde as plantações se encontram vazias porque tudo foi colhido dias antes pelos trabalhadores. Meu pai disse uma vez que quando viu minha mãe seu coração errara duas batidas, bem, eu não acredito. Ele levara ela até a pista de dança e dançara com ela uma música lenta a qual todos pararam para ver. Dois dias depois eles cometeram um erro, e duas semanas depois minha mãe descobriu que estava grávida de mim. Ela tinha 16 e meu pai 18... Bem, é uma história péssima, eu sei.

Eu tenho uma irmã, seu nome é Rosa Riley, uma garotinha de 10 anos, sonhadora, sem um dente graças a seu erro de cair das escadas da escola, e como a Vila não tinha dentistas, ficaria daquele jeito para sempre. Ela é linda, seu cabelo ruivo é perfeito, seu rosto é de um anjo... Eu nunca cheguei a entender o porquê de desperdiçar tudo aquilo com uma queda por Philips, o irmão mais novo de Chace, e como vocês bem sabem, tudo que tem a ver com o Chace é péssimo, então eu tinha muita pena de Rosa, que parecia não ter nenhum neurônio funcionando no cérebro.

A única coisa que eu poderia dizer que gosto na Vila dos Perdidos é Elizabeth Franklin. E sim, eu disse que tudo que vem com Chace Franklin é péssimo, mas a irmãzinha de 5 anos ainda não havia aprendido a ser parecida com Chace Franklin, então sim, eu só precisava salvar a doce Elizabeth do irmão impossível da mesma.

Chace Franklin era, como eu posso dizer? Alguém bonito, porém também péssimo. Cabelos que vão até metade da nuca, escuros, olhos azuis, magro, alto... Como todas as garotas, menos eu, sempre falavam: gostoso... Bando de oferecidas.

A Vila dos Perdidos só tem mil e quatrocentos habitantes. Um número que cada vez mais aumentava. É uma Vila pequena, mais conhecida por suas fazendas, que só servem para abastecer a cidade. Ela tem um riacho pequeno, no qual ninguém pode se banhar, já que é a única água que podemos beber. Para tomarmos banho e comermos, tínhamos que cruzar toda a Vila para pegarmos baldes de água. Esse riacho cruza a floresta, por isso dizem que quem se perder, tem que seguir o riacho para achar a Vila novamente... O que eu acho estúpido.

A Festa da Colheita ocorreria de novo naquele ano, algo horrível, já que ano passado eu fora forçada a dançar com Chace, e vocês já imaginam como eu sair com meus pés machucados. Não, neste ano eu não iria me rebaixar ao nível de meus pais e dos Franklin's.