Capítulo Vinte e Sete
Me volto lentamente para as Coisas e Chace, imaginando as suas expressões de puro espanto expressando a quão tola eu era por ter feito o que acabara de fazer, mas agora não havia volta, eu precisava explicar o plano maluco que tivera.
O que. Você. Pensa. Que. Fez?
Meu olhar rapidamente cai em Bastiel, que parecia prestes a ter um ataque em meio a todos, porém se controlava para não ter, tendo plena certeza que se tivesse, não se controlaria e acabaria fazendo uma grande besteira.
--Eu fiz o que tinha que fazer. Tenho um plano, mortal, mas tenho.--Me volto para Clarisse.--Clarisse, você é uma parte extremamente importante do plano!
Escuto Bastiel bufar, estando com meus olhos focados em seu rosto irritado, esperando que ele perguntasse sobre o meu plano, ou apenas raiasse comigo pela minha ideia de girino, mas eu não recebo nenhuma dessas coisas.
Bastiel joga as mãos para o alto, dando meia volta com seus cascos, passando a andar para o mais longe possível de mim. Avalio a cena com as sobrancelhas arqueadas, me sentindo levemente mal ao vê-lo se sentar abaixo de uma árvore afastada.
--Meredith, você acabou de assinar a nossa morte.
Olho para Chace, suspirando diante daquelas palavras. Eu não tinha assinado a nossa morte, poderia ter metido a gente em um buraco, mas conseguiríamos sair, eu só precisava que escutassem o meu plano, assim poderíamos executá-lo.
--Vocês querem ao menos escutar o meu plano?
Vejo todas se olharem, me deixando irritada enquanto avaliava o pouco tempo que tínhamos para formular tudo, já que no próximo dia eu e Chace estaríamos sendo caçados até a nossa morte por qualquer coisa que Mãe Natureza quisesse.
Pelo menos você nos deixou de fora.
Me contenho a soltar um risinho com aquela frase. Eu não poderia deixá-los dentro do plano daquela forma, principalmente depois de tantos terem sido aniquilados na clareira com os Lobisomens. Eu apenas temia que a Floresta não cumprisse sua palavra e tentasse os matar também... Eu me culparia eternamente se ela fizesse isso.
--Então, vocês vão me escutar?
Todos se olham novamente, no exato momento que eu arrisco um olhar para onde Bastiel ainda se encontrava sentado, focando seus olhos em um ponto ao longe, novamente em um lugar específico, o que me faz bufar.
Nós iremos a escutar, só esperamos que você tenha uma explicação convincente.
Sorrio para Clarisse, pensando meticulosamente nas palavras que usaria para propor o plano a eles. Lanço o meu olhar em direção a Chace, que me fitava como se buscasse qualquer coisa em mim. Qualquer coisa, poderia até ser uma manchinha de barro. Reviro meus olhos pelo pensamento tolo.
--Eu preciso que Bastiel escute o plano...--Lanço o meu olhar novamente para a Coisa derrotada, vendo todos olharem culpados para a sua figura embaixo daquela árvore qualquer.
Olho para qualquer uma das Coisas, pedindo silenciosamente para que uma delas fosse até lá, mas nenhuma se move, deixando o trabalho para mim.
Suspiro, dando um aceno de cabeça para Chace antes de começar a caminhar até aquele pinheiro qualquer em meio a vários outros, como se fosse insignificante em meio a tantos. Mas ele fazia parte do equilíbrio, sem ele teria um buraco imenso sendo invadido pela luz do sol, quebrando a ordem perfeita feita pela Mãe Natureza, a mesma que queria me matar... Nos matar.
Me paro ao seu lado, olhando para o alto como se temesse que uma noz caísse, ou fosse jogada em mim. Me lembrava muito bem de pouco tempo atrás, quando Nozes, justamente o doce esquilo que tentara ajudar a mim e Chace, jogara nozes em nós, mesmo que as árvores que estavam por perto não fossem pinheiros. Eu nunca entendi como que aquele mini esquilo havia conseguido levar nozes até aquele local para jogá-las em nós, também sabia que perderia muito tempo criando teorias se começasse agora, então balanço a cabeça, ignorando a minha vontade.
--Preciso que você me escute...--Digo baixo, mas alto o suficiente para Bastiel escutar.
Um suspiro sai de seus lábios. Era possível ver que ele tinha um beicinho, como se segurasse as lágrimas que queriam sair de seus olhos escuros.
Você tem ideia da idiotice que você fez?
Tento não bufar com aquelas palavras, me ajeitando para sentar ao seu lado no chão, com uma leve dificuldade.
--Se você me escutar junto a todos, tenho certeza que você irá me entender.
Ele bufa, fazendo eu suspirar devido à exaustão... Estava cansada, cansada por toda a estupidez da Floresta, cansada pelo drama de Bastiel, mesmo que ele tivesse seus motivos, e, acima de tudo, cansada de imaginar a minha morte... Estava simplesmente cansada.
--Bastiel,--Digo com toda a minha angustia.--Apenas se levante e ouça o meu plano, nós temos apenas o dia de hoje para executá-lo. Não seja teimoso, temos interesses em comuns, derrotar a Floresta é o maior deles, então me escute, nós iremos derrotá-la, apenas tenha fé.
Eu me levanto, tirando as folhas do meu vestido antes de andar calmamente em direção a todos, não olhando para trás enquanto rezava silenciosamente para Bastiel me seguir e deixar aquela teimosia de lado. Claro que eu sabia que não era apenas teimosia, ele tinha medo que colocássemos tudo a perder, ainda mais agora que ele queria vingança pela morte de Richard.
Me paro em frente à todas as Coisas restantes e Chace, temendo olhar para trás e ver que Bastiel não havia me seguido, mas sorrio presunçosa ao escutar um pigarreio vindo do meu lado esquerdo. Bastiel havia vencido a batalha contra sua teimosia.
Comece, só espero que seu plano não seja impossível.
Reviro meus olhos, respiro fundo e suspiro, começando a falar:
--Nós precisamos procurar as fadas que me ajudaram quando eu desmaiei. --Vejo seus rostos confusos enquanto indicavam para eu continuar a falar. Então eu respiro fundo, rezando para eles não acharem totalmente besta.-- Quando eu fiz essa proposta para ela, meu plano era encontrar as fadas. Elas me levaram para um lugar totalmente calmo, belo, onde parecia que nenhum mal alcançava. Eu sinto que eu não perguntei para elas o suficiente sobre tudo o que eu deveria, principalmente sobre aquele lugar e o quão importante elas são para a Floresta, para serem capazes de ver o riacho sempre quando elas quiserem... Elas possuem magia, eu tenho certeza que elas possuem uma magia muito poderosa.
Então seu plano é procurar umas fadas, mais nada?
Reviro meus olhos pela interrupção.
--Não apenas isso. A Floresta não pode escutar o que falamos, ela pelo menos parece estar cumprindo sua palavra, o que significa que temos esse dia interior para discutirmos sobre o que fazer e arrumar um jeito de acharmos as fadas, além de que eu e Chace precisaremos de vocês para sobrevivermos a parti do dia de amanhã. Clarisse e as fadas podem fazer magia para mim e Chace não morrermos fácil, além de serem a nossa principal arma contra ela. E mais, quando vencemos ela pode não cumprir sua palavra de deixar com que a gente saia da Vila, mas caso ela cumprir, isso pode ser de extrema ajuda para nós. Além de que nós estaremos a ferindo gravemente no ego caso sobrevivermos, ainda mais por ela não ter mais vocês para a ajudarem na eliminação dos residentes da Vila que caem aqui dentro.
Ou seja?
Suspiro, meu rosto voltado para o alto.
--Ou seja, se tivermos sorte depois de tudo isso, se eu e Chace sobrevivermos, ela irá acordar e notar que não há forma de vencer e quem sabe nos escute e pare de fazer o que faz.
Um dia é muito pouco, Meredith...
Olho para Bastiel, um olhar totalmente severo presente em sua face taurina.
--Podemos nos separar! Eu posso ir com um grupinho procurar as fadas enquanto Chace fica com outro discutindo sobre o que faremos.
Um bufo sai de seus lábios.
Mas como essas fadas podem nos ajudar a arrancarmos uma mescla de sentimentos da Floresta? Tudo bem que elas possuem magia e podem nos ajudar, mas elas são pequenas, muito pequenas.
Então eu sorrio e suspiro, tendo plena certeza que as palavras que eu diria a seguir não seriam compreendidas.
--Eu acho que elas são a chave para a nossa salvação, entende? Não é preciso que vocês entendam, apenas que tenham fé.
E pela expressão incrédula que tomou conta de seu rosto, eu soube que ele não havia sido capaz de entender as minhas palavras, mas que de alguma maneira aceitaria fazer parte do meu grupo para procurar as fadas.
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