Capítulo Dez
Costumavam falar que eu era muito lenta na Vila. Tinham a mania de apostar corrida comigo, as quais eu sempre perdia. Eu não me importava, não me importava nenhum pouco com as piadas que faziam com as minhas pernas curtas. Eu apenas fazia de conta que tudo estava bem, que eu era muito melhor que todos. Mas era idiota pensar assim, pensar que por ser inteligente, por querer sair na Vila, eu era melhor que todos. Eu nunca pensei que eu precisaria usar minhas pernas para algo, sempre achei que usaria a minha mente, somente a minha mente, mas eu estava enganada, perfeitamente enganada, já que agora eu tinha certeza que precisaria correr em um momento ou outro.
Me encontrava paralisada, eu não fazia ideia de como sair daquela situação, mas era tarde para lamentações. Eu podia ouvir vozes, muitas vozes, essas que eu não conseguia entender, mas eu tinha certeza que havia chegado onde eu queria. Estava escondida atrás de uma árvore. Eu não fazia ideia de como havia chegado aí, mas quando me dei conta, havia visto uma criatura estranha, com a parte de baixo do corpo toda peluda e o resto humano. E de repente, o lugar estava cheio de criaturas metade humanas e metade animais, e com isso, tive que procurar um lugar rápido para me esconder, esse que acabou sendo atrás de uma árvore de um tronco grosso.
Eu tinha que sair daí e achar Chace, mas era extremamente perigoso, aquelas criaturas não pareciam dispostas a cooperarem. Haviam dois guardas protegendo a entrada de uma caverna enorme. Eu sabia que dentro dela haviam mais daqueles seres, então o que eu poderia fazer? Eu não fazia ideia, estava perfeitamente assustada.
Suspiro, eu precisava de uma arma, acima de tudo de um disfarce. Precisava dar um jeito de passar por aquelas criaturas assustadoras, entrar na caverna e tirar Chace de lá.
Ei, eu estou sentindo cheiro de suor humano.
Me assusto com a fala de um dos guardas, logo certificando que ninguém poderia me ver atrás daquela árvore.
É claro que você estar sentindo cheiro de suor humano, ontem nós pegamos um, esqueceu? Ele deve estar suando dentro da Jaula, ela é extremamente quente, e mais, nós também possuímos um pouco desse cheiro, nós somos meio humanos, idiota.
Sinto meu coração acelerar, aquilo só poderia significar que Chace estava vivo, vivo e preso dentro de uma jaula dentro daquela caverna.
Mas esse cheiro não parece está vindo de lá dentro, e nós não temos um cheiro tão forte. Tem certeza que não tem nenhum humano aqui fora?
Ouço o segundo guarda bufar.
Tenho, se tivesse um humano aqui por perto, já teríamos pego.
Respiro fundo, eles não sabiam que tinha mais eu como humana aí, significava que eu tinha um ponto. Se conseguisse um disfarce, poderia entrar. Era só eu saber aonde achar esse disfarce.
Vago o meu olhar pelo local. Eu não podia ouvir o riacho, achava estranho. Desde cedo eu havia me esquecido dele e só me lembrara naquele momento. Era engraçado como a floresta gostava de brincar com a nossa cara.
Os pássaros cantavam alto. Eu ouvia milhões de vozes diferentes, essas que eu não sabia se vinham dos meios humanos/animais ou dos animais falantes, era muito confuso.
Suspiro, e seu eu matasse um animal, tirasse a pele e fizesse um disfarce? Não... Isso levaria muito tempo... Dias! E no final das contas, Chace já teria virado churrasco a muito tempo.
Precisa de ajuda?
Levo um susto, quase saindo de trás da árvore, e no processo fazendo uma pedra rolar para longe, o que deveria ter chamado a atenção dos meios animais/humanos, porém, felizmente, não escuto a voz de nenhum dos dois.
Desculpa.
Olho para cima, vendo um dos vários pássaros que viviam na floresta, esses que ainda cantavam sem parar, como se não precisassem de fôlego.
--Oi, você quase me fez ser descoberta.--O cumprimento, ao mesmo tempo que o e repreendo.
Vejo ele voar um pouco para o lado, olhando em direção aos guardas. Ele era um Magpie, sua pelagem era azul escuro, era lindo. Eu me lembrava de ver esse tipo de pássaro inúmeras vezes na Vila. Era uns dos poucos pássaros que eu reconhecia pelo livro antigo que havia na Biblioteca da Escola, esse que mostrava diferente tipos de pássaros. Eu gostava de vigiá-los quando eu era pequena, pegava aquele livro no colo e me sentava perto do gado, apenas vigiando os pássaros que apareciam.
Eles não estão olhando para cá, significa que eu não chamei a atenção deles.
Presto a atenção no pássaro, com uma ideia aparecendo em minha mente. Era maluquice, eu sabia bem, mas parecia uma ideia até que boa, claro, se os amigos do pássaro aceitassem.
--Ei, como é o seu nome?
Will, por quê?
--Will, de William?
Não, apenas Will.
Pisco, um pássaro com nome de Will? Okay, não chegava a ser tão estranho quanto Willian, que deixaria o nome muito mais estranho vindo de um pássaro, mas já havia visto cada coisa estranha desde que acordei na floresta que era muito mais prático deixar aquilo passar, sem perguntas da minha parte.
--Will, você me ajudaria a passar pelos guardas?
Vejo ele olhar novamente em direção aos guardas, antes de voltar a sua atenção para mim.
Claro, mas você precisa de uma arma e pelo o que eu estou vendo, você não tem nenhuma.
Pisco algumas vezes e suspiro, era verdade, não tinha como eu passar pelas Coisas sem uma arma. Acabaria sendo morta antes de cruzar a entrada da caverna, o que seria trágico, tanto para mim, quanto para Chace.
--Okay, eu não tenho uma arma...
Então você precisa conseguir uma arma.
Olho para ele de forma irritada, onde eu conseguiria uma arma?
--Onde você acha que eu irei conseguir uma arma?
Vejo ele olha ao redor, caindo o seu olhar nos galhos ao chão. E seu olhar dizia que estava pensando em algo enquanto batia as asas, essas que pareciam nunca ficar cansadas.
Eu andei a observando, vi que largou uma lança em algum lugar da floresta, infelizmente não poderia voltar para pegar. De qualquer maneira, uma lança não seria nada eficaz contra essas criaturas.
Bufo, tudo que ele disse não me ajudava em nada, só piorava a minha situação. Tudo bem que uma lança não seria eficaz, mas pelo menos eu teria uma arma.
--Okay, me ajude, como conseguir uma arma, salvar Chace e sair dessa situação toda? E também, por que você quer me ajudar?
Eu não fazia ideia do motivo de Will ter decidido me ajudar. Eu nem conhecia aquele pássaro, ele simplesmente havia aparecido, me assustado e perguntado se eu precisava de ajudar. Não necessariamente nessa ordem.
Bem, digamos que eu sempre vi você observando os pássaros na Vila. Você se senta perto do gado e coloca um livro em suas coxas. Você sorrir quando nós vê voando e folha as páginas procurando o pássaro certo... Você é extremamente inteligente, assim como a minha espécie. E você tem muito para viver, seria trágico morrer agora.
Sorrio de forma sincera. Will estava me ajudando por algo tão simples, porém que soava tão sincero e grande em suas palavras.
--Muito obrigada, Will... Mas você não tem medo da Floresta, do que ela pode fazer com você?
Ele sorrir, pousando em uma pedra grande em minha frente.
Ela não fará nada para mim. Nós pássaros não somos animais necessariamente da Floresta. Nós podemos sair, ir para qualquer lugar. Ela não tem poder sobre nós, e mais, ela gosta muito no nosso cantar, por isso vivemos cantando, dificilmente tentará fazer algo, e se por acaso fizesse, só seria por algo extremamente sério.
Pisco várias vezes. Se a Floresta não poderia fazer nada com os pássaros, por que poderia fazer comigo, que também não era um ser que vivia nela?
--Espera, mas por que ela pode me ferir, matar, se eu também não sou da floresta, não hábito ela?
Ouço um suspiro sair de Will, eu não sabia que pássaros suspiravam, mas prefiro deixar de lado. Eram animais afinal, se cachorros suspiravam, coisa que eu já vi, por que pássaros não iriam suspirar?
Ela não gosta de vocês, humanos, pois vocês desmatam, acabam com a fauna. Já nós, ela ama, mata os animais que não obedecem, mas ela faz o seu máximo para nos manter bem. Então digamos que o problema é com vocês mesmo.
Suspiro. Okay, na Vila a maioria das pessoas que tentava cortar uma árvore desaparecia sem mais nem menos. Bem que eu achava estranho o fato de, no inverno, quando queríamos fazer fogo, ter que poupar, já que ninguém tinha quase coragem de cortar uma árvore, pelas histórias que corriam soltas pela Vila. As pessoas geralmente criavam histórias, pelo menos eu achava que as histórias eram criadas, falavam que criaturas assustadoras apareciam durante a noite e pegavam as pessoas, levando para a floresta. Também falavam que vozes sem sentido chamavam eles para dentro da floresta, guiando-as para a morte... No fundo da minha alma, eu queria acreditar que o que falavam era falso. Apenas boatos sem sentido algum.
--Okay, eu entendo, mas nem todos os humanos são tão terríveis para ela querer matar todos que entram nos domínios dela...
Will nada diz a princípio, deixando com que um silêncio terrível reinasse por um tempo, sendo somente preenchido pelos dois guardas que conversavam de forma baixa na entrada da caverna.
Quem sabe ela sinta tanta raiva, que não consiga aceitar que humanos bons também possam existir.
Concordo com a cabeça, olhando para os lados e suspirando.
--Enfim, o que eu faço?
Will suspira, antes de olhar no fundo de meus olhos.
Você precisa sair daqui de perto, fazer uma arma e daí se preparar para entrar. Eu irei ajudá-la a achar uma forma de você não ser vista, meus colegas irão distrair As Coisas, assim você salvará o seu namorado e podemos te ajudar a achar uma saída caso o riacho não apareça.
Existiam várias coisas que eu achava impossível, uma delas era achar uma saída sem o riacho, mas se Will pudesse fazer isso, ajudar eu e Chace a acharmos sem precisar do riacho, seria magnífico.
--Okay, como eu saio daqui sem ser vista?
Vejo Will olhar em direção às Coisas, antes de voltar sua atenção para mim.
Você também precisará se cobrir de lama depois, ou algo parecido, caso contrário eles sentirão seu cheiro muito forte e você não conseguirá passar.
Concordo com a cabeça, me sentindo meio mal por ter que me cobrir de lama justamente agora que eu estava com meu vestido remendado. Mas se fosse para salvar Chace, eu aceitaria qualquer coisa, desde a pior, até a mais terrível.
--Okay, agora, como eu saio daqui?
Ouço Will suspirar novamente antes de olhar em direção ao chão cheio de galhos e folhas secas, franzindo a testa pequena de passarinho.
Se você chegou aqui sem ser vista, acho que você consegue sair do mesmo jeito. Se abaixe e ande de quatro para longe. Eu cuido da caverna para você, não se preocupe.
Suspiro. Era uma sorte imensa eu ainda não ter sido pega, uma sorte realmente grande eu ter conseguido chegar até aí e me esconder atrás daquele tronco grosso daquela árvore incrível, mas eu tinha certeza que essa sorte não duraria e eu acabaria sendo pega enquanto andava para fora. Mas prefiro não dar bola para a minha intuição, acabando por concordar com Will... Infelizmente.
Me abaixo, tentando ficar grudada ao chão, mas ao mesmo tempo não enquanto engatilhava de forma lenta, com Will logo em cima de mim, olhando para as Coisas que ainda discutiam sobre o cheiro de suor humano.
Tem que ter um humano aqui fora!
Não tem! Já disse que teríamos pego se tivesse!
É plausível o motivo pelo qual você não sente o cheiro vindo daqui de fora, seu olfato está ficando cada vez pior!
Meu olfato está ótimo, o seu que está louqueando, seu pulguento!
Você me chamou do quê?!
Tento não me concentrar na briga boba deles, acabando por colocar a minha mão na ponta de um galho pontudo, murmurando um "ai", quem sabe não tão silencioso quanto eu pensei que tivesse sido.
Você ouviu isso?
Deito no chão, temendo a voz do Guarda número dois, esse que deveria me procurar agora junto com o Guarda número um, que deveria estar sorrindo vitorioso por estar certo.
Sim, eu ouvi, e veio daqui de fora, o que significa que eu posso estar certo, seu dentuço!
Seguro um risinho, eu não achava que "dentuço" fosse o xingamento certo para ser usar depois de seu colega não acreditar em algo que você disse, mas fora engraçado pela forma que saíra da boca do Guarda número um.
Deve ter sido apenas uns dos nossos, ou os vários animais idiotas que andam por esse lugar!
Reviro os olhos, mas fico imensamente feliz por ser ignorada pelo Guarda número dois, ouvindo um bufo do Guarda número um, que deveria estar completamente cansado da ignorância do colega.
Olho para cima, somente para ver Will assustado, esse que não era notado pelos Guardas, ou claro, estava sendo ignorado, os dois estava de perfeito tamanho para o pássaro. Ser ignorada ou não natada, seria perfeito para mim, infelizmente, eu não tinha mais tanta sorte.
Will olha para mim, antes de sinalizar para eu continuar. Os Guardas ainda discutiam como se não tivesse amanhã, o que me deixava com esperança.
Você é um completo dentuço, repugnante, idiota, sem olfato e é feio pra dedeu!
Ah é?! Você é louco, estúpido, um verdadeiro filho de mãe e não tem um pingo de classe, seu feioso!
Aquilo não parecia que iria acabar rápido. Aqueles dois tinham muitas coisas para resolver, pelo o que eu podia perceber enquanto engatilha de forma lenta e assustada logo abaixo do pássaro assustado.
As Coisas ficavam cada vez mais afastadas, as vozes das duas criaturas diminuíam, já declarava vitória. O problema é que o ser humano já nasce com azar.
Escuto um galho quebrando em minha frente, sentindo o meu coração parar por vários segundos antes de sentir ele a mil, de uma forma que eu não consiga levantar a cabeça para ver quem ou o que deveria estar em minha frente.
Ora, ora, ora, um humano...
Respiro fundo, subindo a minha cabeça e notando que já não era mais possível escutar os dois guardas, o que significa que eles haviam parado de discutir e deveriam, de longe, estar observando a cena. Meu amigo, ou melhor, o pássaro que eu achava que era o meu amigo, já não se encontrava mais acima de mim.
Sinto o ar faltar em minha garganta ao olhar para o rosto da criatura meio humana/animal. Ele tinha o rosto de um touro, com chifres gigantes apontando em direção ao céu. Sua voz era grossa e falha, como se tivesse dificuldade para falar. Até sua cintura, seu corpo era revestido de pelos negros, e logo abaixo ele tinha pernas de humano, porém seus pés eram cascos, iguais a suas mãos. Ele era horrendo...
Não consigo dizer nada, muito menos me levantar. Aqueles olhos sinistros e vermelhos, me fitavam como se fossem me devorar. Ele emanava ódio por mim, ódio por ter me achado, ódio por mais um humano estar por perto.
Ora humana, o que pensa que estar fazendo deitada nesse chão sujo? Se levante.
Não obedeço a sua ordem, me sentindo incapaz de me levantar. Estava com meus olhos presos nos vermelhos do homem touro, que eu jurava ter um sorriso debochado em sua face, mesmo sendo difícil de identificar devido o focinho peludo.
Vejo ele se abaixar e eu arregalo os olhos antes de, brutamente, ser levantada e colocada sobre um ombro da criatura, essa que começa a se mover comigo aí.
Sinto os meus movimentos voltarem e entro em desespero enquanto esperneava no local, tentando cair, ou ao menos, machucá-lo. O problema era que ele tinha muita força e me segurava cada vez mais forte, tirando o ar de meus pulmões.
Eu amaldiçoava Will por ter me deixado justamente quando eu precisava de ajuda. O que aquele pássaro tinha na cabeça, propondo que eu ficasse de quatro e engatilhasse para longe? Okay, eu não deveria culpar Will, ele tentou me ajudar, quem sabe estivesse escondido atrás de uma árvore ou chamando os seus amigos pássaros para me salvarem. Eu rezava para ele estar chamando os seus amigos pássaros... Eu rezava para eles aparecerem logo!
Sinto o meio touro parar de forma tensa. Penso escutar alguns soluços vindo da frente da criatura, porém eu não conseguia levantar a cabeça, o que significava que não podia ver nada.
Vocês são burros ou o quê?!
Estremeço diante da voz tensa da criatura, sentindo o meu coração acelerar diante do medo que eu sentia.
Perdão, chefe, eu disse para Teddy que estava sentindo um cheiro forte de suor humano vindo daqui de fora, mas ele não quis me escutar!
Mentira chefe!
O medo era bem sentindo nas vozes dos dois, mas a fúria que o meio touro emanava era ainda mais sentida, o que me deixava com mais medo.
Por que nós, humanos, temos que sentir esse sentimento tão ruim quando estamos correndo risco de vida? Isso só complica a nossa salvação.
Seus dois idiotas, não conseguem fazer nem um único trabalho direito!
Sinto a necessidade de voltar a tentar fugir, mas algo em mim dizia que não era o certo a ser fazer, que assim só correria sério risco, então permanece quieta, concentrando meus ouvidos do que era para ser escutado.
Desculpa chefe, somos completos idiotas.
O Guarda número dois parecia ser o mais assustado entre eles, coisa que eu entendia, afinal, havia sido ele que duvidara no colega, do colega que estava totalmente certo quando eu queria que ele estivesse errado...
O meio touro bufa, me fazendo estremecer.
Vocês não servem para esse trabalho. Aguardem aqui, irei voltar e mostrar o que acontece quando ousam não me obedecer.
Sinto ele andando para dentro da caverna. Eu sentia a iluminação diminuindo conforme os seus passos ecoavam pelas paredes. Eu me perguntava se ele me colocaria junto à Chace, assim eu poderia pelo menos dizer um adeus e mil desculpas antes de virarmos churrasco das Coisas.
Sinto ele diminuir os passos, parando. A minha mente girava em diferentes perguntas. Onde estávamos? Por que estar tão escuro? Quando tempo até eu morrer? Eu não tinha as respostas para nenhuma, meu coração estava acelerado, sentia o meu estômago se embrulhar, querendo que eu vomitasse tudo o que havia comido com as fadas.
Batidas soam em uma coisa parecida com metal. Eu sabia que havia sido o meu mais novo amigo meio touro que havia batido.
Quem é?
Bastiel.
Bastiel? Que mãe maluca dar ao filho o nome de Bastiel?
Escuto uma porta pesada se abrindo e em seguida os passos pesados de Bastiel soarem novamente, me levando para dentro do local.
Pois não, chefe, pegou uma humana?
Peguei, estava tentando fugir daqueles guardas inúteis. Sorte que eu estava lá e a peguei, quero prendê-la junto com aquele outro humano, para o jantar de amanhã de noite.
Engulo em seco. Eles estavam guardando Chace para um jantar, e agora me guardariam junto com ele para um onde eu seria parte do menu principal para as Coisas saborearem o meu gosto, provavelmente em uma mesa enorme, com pãezinhos e músicas divertidas.
Okay, chefe, me siga, o levarei até a cela do prisioneiro.
Sinto Bastiel começar a andar novamente. Eu tremia em seu ombro, parte pelo medo, parte pelo fato de seus passos serem pesados.
Sinto Bastiel parar novamente, logo sentindo ele me tirar de seu ombro, olhando para mim com os olhos ameaçadores antes de me colocar no chão.
Fique quietinha aqui, amanhã os cozinheiros virão pegá-la.
Ele anda em passos pesados para fora do local. O guarda ao seu lado, que era metade cervo, anda logo atrás, me deixando no escuro após fechar a enorme porta de metal do local.
--Quem está aí?
Arregalo os olhos, sentindo um sentimento de felicidade após ouvir a voz de Chace saindo do ponto mais escuro do local.
--Chace, sou eu, Meredith!
--Meredith!!
Chace sai do local que estava escondido, andando em passos rápidos até mim para segurar meus ombros com força, de uma forma que eu quase caia, mas não consiga por ele me segurar.
--Você está viva!--Chace grita, fazendo seu eco ecoar pelas paredes de pedra, me deixando levemente surda por uns pequenos segundos até o eco parar.--Eu não acredito que você me encontrou...
Chace me puxa para um abraço de quebrar os ossos, me deixando levemente sem ar até notar que o ato era "levemente" violento, afrouxando mais o contato que deveria ser carinhoso, deixando com que eu devolva o abraço, enterrando o meu pescoço em seu ombro fedido de um terno que não era lavado a um bom tempo.
Ele se separa de repente, fitando os meus olhos e em seguida a minha boca de forma suspeita, porém não tenho tempo de pensar em nada que pudesse ser, pois de uma certa maneira, os lábios de Chace estavam nos meus, em um selinho que havia deixado a minha mente nublada.
Chace estava me beijando, Chace Franklin, o garoto que eu deveria odiar por natureza, estava com seus lábios nos meus.
Ele se afasta, suas bochechas coradas, os pensamentos deveriam estar girando entre, eu não deveria ter feito isso, ela nunca mais vai olhar para a minha cara, ela deve me odiar mais ainda... Estranhamente, eu não o odiava mais. Mas agora eu estava confusa, porém perfeitamente curiosa.
Seguro o rosto dele e o puxo para perto, devolvendo o beijo que ele havia me dado. Era bom, era saboroso, era algo que as garotas solteiras na Vila lutariam para conseguirem, e de alguma maneira, eu havia conseguido.
Me separo corada, olhando para qualquer ponto, não sabendo o que sentir naquele momento, então me concentro nas batidas rápidas do meu coração, tentando não pensar nos meus sentimentos, porém falho, eu havia gostado muito, eu estava feliz, porém também assustada, muito assustada. Parecia que a minha infância odiando Chace era pura farsa da minha mente. Era como se fosse uma peça bem pega.
Tomo coragem e olho para o rosto feliz, porém confuso, de Chace. Ainda sentindo as minhas bochechas pegando fogo.
--Tem alguma ideia para a gente sair daqui?--Puxo qualquer assunto, nós livrando da conversa constrangedora.
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