ꕥ Cᴀᴘɪ́ᴛᴜʟᴏ V ꕥ
Tʜᴇ Vɪʟʟᴀɪɴ Oғ Pʀɪɴᴄᴇ
Cᴀᴘɪᴛᴜʟᴏ V
"Onde acaba o amor têm início o poder, a violência e o terror. "
- CARL GUSTAV JUNG
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Acordei novamente antes de amanhecer, meu corpo levantara sozinho disposto a fazer alguns exercícios básicos. Em meu corpo original, sempre levantava cedo para correr e fazer alguns movimentos para aquecer antes de ir para um plantão corrido. Mas agora não estava em meu corpo musculoso que era acostumado em se exercitar, mas sim no corpo de Vanda Vllamir. Uma adolescente de quinze anos que se cansa em apenas fazer alguns aquecimentos.
Puxei o ar com força e o soltei lentamente, meus braços mal conseguiram sustentar o peso desse corpo magricela nas flexões. Fora uma luta para conseguir finalizar a série de aquecimentos, mas eu tinha que superar e elevar o físico de Vanda. Se não, quando aparecer alguma situação que exige se esforçar, eu provavelmente estarei em apuros e eu me recuso a precisar de alguém para viver.
Assim que vesti roupas de homem, como calça e camisa um pouco larga, prendi os cabelos de ébanos em um rabo de cavalo alto. Amarrei bem os cadarços da bota e dei graças a minha ideia de comprar roupas masculinas para mim. Exercitar com um vestido seria um absurdo de difícil, e não estava disposta a passar por isso. Prefiro parecer uma louca usando calças.
Sai do meu quarto, o sol ainda nem raiara e era o momento perfeito para uma corrida matinal. Encontrei Aryeh e Analise na saída da porta dos fundos, onde dava aos jardins da propriedade imensa e majestosa. Já faz cinco dias que havia recebido a carta com selo real com a data da próxima reunião das flores do Jardim do Príncipe. E a minha preocupação de como sairia do jardim só aumentava.
— Vamos! — ordenei para os dois e comecei uma corrida leve através da longa propriedade dos Vllamir's e adentrando no bosque que ali dispunha.
Analise vestia-se como eu, com roupas masculinas. E Aryeh com roupas normais e folgadas para o exercício.
Isso foi uma de minhas exigências ao Conde Vllamir, que nós três fossemos treinados devidamente como cavaleiros. Um treinamento militar. Esse pedido pareceu bem simples para mim, mas foi um tanto audacioso para Dominic. Aparentemente, nessa época, mulheres nobres não serviam para trajar uma espada ou pensar afiadamente. A vida de uma jovem da nobreza era tediosa e passiva. Não importava o quão esperta e talentosa ela possa ser, espera-se dela apenas um ser dócil e fácil de ser controlada.
Bando de machistas ridículos.
Estava disposta a quebrar esse conceito de dama delicada e mostrei ao Conde que não voltaria atrás com esse requerimento. E ainda adicionei um "seria uma vergonha ao senhor se acontecesse algo e sua própria filha não soubesse ao menos se proteger. Um Vllamir deveria destruir e não ser destruído". A meio contragosto ele aceitou e mandou-me escolher um dos seus cavaleiros para tal tarefa que era treinar-nos.
Ainda estou analisando as fichas dos cavaleiros para escolher um que se adeque a todos nós como um professor.
— Senhorita, já não está bom? — ouvi a voz de Analise reclamar atrás de mim. Foi nesse momento que notei que havia tomado a dianteira e liderava a corrida, mesmo ficando cansada e quase morrendo. Tenho que aumentar essa resistência. — A senhorita deve voltar para se preparar.
— Se eu ouvir mais uma reclamação, os dois irão correr mais meia hora!
— Quê?! Até eu? — Aryeh gritou, aparentemente incomodado com a corrida matinal. Até a pouco ele bocejava como uma criança que teve que acordar cedo.
— Claro, vale pelos dois.
Aryeh evoluiu muito nesses cinco dias e sua fala vem melhorando bastante, já que Analise vem o ensinando algumas coisas básicas. Sua verdadeira personalidade vem se mostrando muito presente e irritante, já que o mesmo era como um gato preguiçoso e ignorante com tudo ao seu redor. Até dava-me de voltar atrás com uns dos meus pedidos ao Conde, o qual era de tornar Aryeh como meu cavaleiro pessoal.
Dominic riu com escárnio diante daquele pedido insano. Fazer um Feral um cavaleiro pessoal era motivo de piada e certamente muitos não aprovariam aquilo, já que os ferais eram escravos. Mas eu, como uma pessoa bem persuasiva, mostrei a ele o meu ponto de vista referente a Aryeh. Com um ser Feral, o jovem Scar possuía uma força sobre-humana que, afiada, poderia se tornar uma arma essencial em nossas mãos. E além do mais, não vi nenhum cavaleiro se voluntariando para me proteger.
No final, acabei por convencê-lo em aceitar este pedido. Então Aryeh ganhou um quarto na ala dos jovens aprendizes e consentimento do Conde para ser tratado como um aprendiz de cavaleiro e não como escravo.
Parei a corrida e apoiei as mãos nos joelhos, fazendo com que meu corpo puxasse fortemente o ar e soltasse devagar, de forma regulada e controlada. O suor fazia com que os fios de meus cabelos grudassem na testa, atrapalhando um pouco minha visão. Porcaria de franja!
— Certo — exclamei entre as puxadas de ar. Virei meu corpo para o caminho que fiz até aqui e olhei as árvores ao redor. Hoje fui mais longe que ontem, estou progredindo um pouco. — Aryeh, marque aquela árvore — apontei para uma grande árvore que serviria como marcação do meu avanço. Meu grande objetivo era atravessar o bosque, mas esse corpo mal consegue chegar na metade. Então, decidi marcar até onde conseguia, para ter noção do meu progresso.
Aryeh retirou uma pequena fita vermelha do bolso e a prendeu no galho da árvore. Fixei meus olhos na estradinha de barro, a qual eu corri pelos últimos cincos dias e imaginei a verdadeira Vanda fazendo aquilo. Ela nunca se submeteria a tal coisa, achava que a mulher deveria se manter lindamente ao lado de seu parceiro ou família. Que nunca precisaria erguer uma espada para se defender ou abrir a boca para lutar. Que a beleza da mulher estava em seu rosto e em sua forma graciosa de viver calada e retraída.
Vanda tinha o cérebro sexista.
Abro um sorriso cínico, que brincadeira de mal gosto. Fazer uma mulher feminista do século XXI, reencarnar em uma jovem sexista é muita sacanagem. Além de Vanda ser a vilã do conto, ela era contra as mudanças e a igualdade de gênero, sendo assim, ela nunca lutou pelo posto de elite que sua família dispunha, o de Conde.
Dominic Vllamir não era apenas um simples conde do reino de RedKinolt que servia a família real. Além de ter um título irretornável, Dominic possuía a maior parte dos territórios dentro do reino. Os Vllamir's vinham adquirindo territórios desde que o reino fora fundado, então suas riquezas e propriedades eram imensas. Chegando a ser cobiçada e invejada por muitos, até pelos os membros da família real.
Porém a família real não poderia fazer nada contra um Vllamir. Já que os Vllamir's propunha também um intenso poder militar e um acordo de proteger e servir o reino. A quebra desse contrato seria tratado como um atentado e uma guerra civil se iniciaria. Uma coisa assim não poderia vir a acontecer, já que o rei não tinha muitas chances de vencer.
Lembro-me de que, uns dos motivos que levou o Príncipe Lowel a escolher Vanda como noiva, era para reafirmar esse contrato com os Vllamir's.
Mas eu não faria isso.
Eu quero o posto de Condessa, não o de uma rainha. Estar no lugar do conde sendo uma mulher, irá fazer um rebuliço danado no reino.
— A senhorita está bem? — Analise aproximou-se com cautela enquanto me olhava. — Já está parada há algum tempo.
Pisquei meus olhos, fiquei tanto tempo assim pensando?
— Vamos voltar — me pus a correr novamente, agora voltando para o castelo a fim de me preparar para o meu encontro com o príncipe.
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— A senhorita tem certeza que irá com esse vestido? — pela sétima vez seguida, Analise se referiu a minha vestimenta.
Já irritada com tanto falatório, lhe lancei um olhar rigoroso que lhe fez engolir em seco e se encolher no canto do quarto.
— Cale a boca e vá preparar a carruagem! — lhe ordenei friamente, minha felicidade acabara assim que voltei do treino matutino.
Analise então curvou-se levemente e se retirou do quarto. Dando de ombros, virei-me para o grande espelho com detalhes em dourado.
O vestido liso negro me caíra muito bem, melhor do que os coloridos e esvoaçantes que Vanda sempre usava. A saia do vestido era longa, assim como suas mangas. Os ombros eram cobertos e havia alguns detalhes cravados neles em linhas douradas e o vestido dispunha de um pequeno decote em forma de coração. E mesmo não tendo muitos atributos, esse corpo podia mostrar suas formas.
Meus cabelos foram penteados e presos em apenas duas mechas para trás, fazendo com que meu rosto seja bem visto e admirado. Resolvi não passar maquiagem ou o que eles chamavam de maquiagem. Já que Vanda tinha um rosto absurdamente lindo sem nenhum cosmético.
Soltei um suspiro antes de dar uma última olhada no espelho, pegando um livro que estava em cima da penteadeira, me dirigi para fora do quarto. Assim que pisei no corredor, Aryeh apareceu em meu campo de visão. Com a cara triste e as orelhas para baixo, o pequeno Scar balançava seu rabo um tanto inquieto.
— Mestra, posso ir com você? — seus olhos de felino brilhavam por uma resposta em consentimento.
Levei a mão a cabeça, o que esse idiota está fazendo? Tentando me comover com olhinhos de gato? Ele queria ser quem? O Gato de Botas do Shrek? Ri achando graça de sua tentativa drástica de parecer fofo e me convencer.
— Não. — simplesmente respondi e logo voltei para meu caminho até a saída do castelo.
— Mas mestra — ele me acompanhou insistentemente. — E se algo acontecer? Como posso ser seu cavaleiro se nem ao menos posso ir aonde vais?
Enrolando-se um pouco nas palavras, a cria de Scar ainda tentava fazer-me entender seu lado.
— Aryeh, já conversamos sobre isso — falei rígida. — E eu já lhe disse o porquê não pode me acompanhar.
— Mas...
Parei abruptamente e virei-me para ele. Aryeh quase tombou comigo, o que fez nossos corpos ficarem perto um do outro.
— Você é fraco — exclamei o encarando severamente. — Você só sabe mover-se por extinto e não sabe se portar adequadamente em um lugar lotado por guardas reais. Você ainda é apenas um gatinho escaldado que apontará as garras para todos. Deve aprender a se controlar antes de sair deste castelo, Aryeh. Você não está mais em uma jaula, deve pensar devidamente em quem deve morder.
Dito isso, virei-me novamente e o deixei pensando, mas logo ouvi os passos dele atrás de mim, certamente não me deixaria sozinha. Mas eu estava certa, levar Aryeh seria uma péssima ideia. Já que o mesmo ainda não se acostumou com o mundo fora de uma jaula. E eu não precisava de mais um motivo para ser decapitada.
Ao passar pela porta, encontrei Analise se curvando para Charlot e pedindo desculpas. Daryl se encontrava ao lado da mãe, com os braços cruzados e uma expressão superior. Assim que me aproximei, os olhos de todos focaram-se em mim e franzindo o cenho, a minha madrasta se mostrou desgostosa em me ver.
— Analise, por que está se desculpando? — perguntei olhando-a se encolher ainda mais.
— Senhorita é que... — Gaguejando, a jovem mostrava claramente que estava com medo. Não me olhava nos olhos e suas mãos tremiam.
— Eu disse para ela que é uma afronta à minha pessoa, ver uma criada vestida desse jeito! — a mulher, cujo tem um casamento com meu pai, exclamou com arrogância.
Olhei novamente para Analise, a mesma que vestia um longo vestido de marca e da cor jade. Havia alguns bordados de flores em sua saia e ombros, um assentamento bonito na cintura e um lindo decote em forma de V. Seus cabelos castanhos estavam presos em uma trança lateral e em seu rosto continha alguns cosméticos, para que sua beleza fosse bem realçada.
— Não vejo problema na vestimenta de Analise. Sendo que fui eu mesma que o comprei — disse, não querendo prolongar aquilo. Caminhei até Analise e levei a minha mão ao seu rosto, lhe segurando firmemente e a forçando a me olhar nos olhos. — Analise, qual é o seu cargo aqui nesse castelo?
Engolindo em seco, ela tremia ainda mais. Mas por um momento, fechou os olhos e respirou fundo.
— Sou sua dama, minha senhorita — respondendo com convicção, a morena me olhou firme.
— O quê?! — Charlot praguejou, um pouco incrédula. Mas logo ela soltou uma risada irritante. — Transformar uma serva em uma dama? Que hilário, Vanda. Não acha que está decaindo ainda mais a imagem dos Vllamir's? — os olhos dela foram para trás de mim, olhando enojada para Aryeh. — Além disso, trazer um escravo de outro continente é horrendo. O que os outros nobres pensarão de você?
Soltei Analise e virei meu corpo na direção da minha estimada madrasta.
— Você não acha que está falando demais para uma pessoa sem serventia? — indaguei ao erguer os cantos da boca em um sorriso perverso.
— Você ficou louca? — Daryl intrometeu-se, e minha vontade de agredi-lo até pedir penico só aumentava.
— Ora, você não sabe? — dei um risinho maldoso. — Sua mãe não tem serventia nenhuma ao nosso pai — vi que Charlot começava a ranger os dentes, então continuei. — Meu pai só casará com ela por causa das terras que viriam junto no pacote de noiva. Mas após as terras serem passadas para o nome de meu pai e ele finalmente ter seu tão amado filho, Charlot deixou de valer alguma coisa nesse lugar.
Nesses últimos dias, pedi para que Analise me trouxesse alguns documentos relacionados à minha madrasta. A família Del Kar deixou de existir um pouco depois do casamento de Charlot, sendo assim, ela não tinha para onde voltar caso fosse expulsa do Castelo Vllamir.
— Ponha-se no seu lugar, pirralha insolente! — Charlot brandiu, já irritada com minhas palavras. Apontando para si mesma, ela me olhava com ira. — Você está falando com a atual Condessa Vllamir.
— Ponha-se você no seu lugar — rebati severamente —, carrega apenas um título sem significado ou peso. Não faz nada além de abusar da fortuna de meu pai, sua existência não tem importância, portanto, pode ser facilmente descartada.
Rindo alto, achei graça das caras distorcidas de minha madrasta e meio irmão. Não aguentando, Charlot me deu as costas e entrou batendo o pé.
— Você realmente perdeu o juízo — Daryl aproximou-se de mim com os punhos fechados e uma expressão nada feliz. Seus cabelos loiros estavam penteados para trás e seus olhos escuros me incomodavam. — Quando o papai souber o que você está falando, será repreendida e punida.
No mesmo momento, minha mão esquerda lhe agarrou pela gola das vestes elegantes e o ergueu. Assustado com aquilo, Daryl encarou meus olhos frios e tentou se livrar da minha mão.
— O que está fazendo? Solte-me!
Por incrível que pareça, esse corpo o conseguiu segurar.
— Querido irmãozinho — sorri ao dizer irmãozinho —, comece a tomar cuidado com o que me diz. Em algum momento, posso me encher de você e fazê-lo de tapete e eu adoraria limpar meus sapatos na sua língua.
Soltei sua gola e o pirralho caiu de bunda no chão, olhando-me com pavor. Lhe dei uma última olhada antes de virar-me para Analise e a grande carruagem atrás dela. O Palácio Real enviava carruagem com escoltas para buscar suas flores e deixá-las em casa. Esta carruagem era branca com detalhes em dourado e os cavalos a puxavam tinham a pelagem clara. E ao lado da portinhola da carruagem, havia um cavaleiro de vestes brancas e elegantes. Ele portava uma espada na cintura e mantinha-se em uma postura ereta.
Cabelos e olhos castanhos, expressão séria e um rosto agradável.
— Bom dia, Lady Vllamir. Eu me chamo Sir. Cliver fui encarregado de escoltá-la até o Palácio Real — curvando-se, o cavaleiro demostrava o devido respeito, logo abriu a portinhola da carruagem e estendeu a mão para ajudar-me a entrar.
Curvando-me levemente, lhe cumprimentei.
— Agradeço pelo trabalho duro — ergui a mão e segurei a sua.
No mesmo momento, notei que as sobrancelhas de Sir. Cliver se ergueram, em uma surpresa com o meu comportamento. Tenho certeza que a verdadeira Vanda não se dava ao trabalho de cumprimentar outras pessoas que não sejam da nobreza. Entrei na carruagem luxuosa e esperei Analise sentar-se à minha frente.
Sir, Cliver fechou a portinhola e montou em um alazão castanho. A carruagem começou a se movimentar e a minha ansiedade aumentou.
Estava ansiosa e receosa com o que poderia acontecer no dia de hoje. Minha imaginação divagava e sempre acabava com uma única coisa: decapitação. E minha cabeça rolando para longe do corpo, deixando um rastro de sangue e o olhar de satisfação do príncipe herdeiro.
Olhei para a janela e observei tudo que se passava pelos meus olhos. Demorou um pouco até sairmos das propriedades dos Vllamir's, mas logo nos encontrávamos em uma estrada desconhecida por mim. Tentei decorar o caminho que estávamos fazendo, para que se houvesse alguma situação no futuro, eu soubesse me virar sozinha.
Percebi que por onde passávamos, recebíamos olhares curiosos dos cidadãos. Certamente querendo saber qual flor se encontrava dentro da carruagem. Todos do reino sabiam sobre o Jardim do Príncipe e suas Flores da mais alta classe. Faziam cochichos e apostas entre si para saber qual garota ganharia o título de princesa e o coração do príncipe. Mal esperavam eles quando Vanda fora escolhida por Lowel, fora um choque para a população do reino. Já que eles sabiam da má reputação de Vanda e que ela não seria uma boa rainha.
Eu concordava com eles, Vanda não tinha a menor capacidade de ser rainha. Ela era burra e não se importava com as classes baixas ou sequer com o andamento do reino. E pensando na inteligência minúscula dela no livro, ter aulas particulares com diversos professores foi uma das minhas exigências ao Conde.
Quero mostrar que Vanda pode ser uma pessoa culta. Uma mulher que pode saber de tudo e um pouco mais. Uma mulher com um grande poder intelectual que poderá estraçalhar formidavelmente qualquer um que entrar no caminho.
Um sorriso diabólico tomou meus lábios, quero mostrar a todos que sou a melhor opção para assumir a família Vllamir.
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— Lady Vllamir, se me permite — Sir. Cliver abriu a portinhola, assim que a carruagem parou, e estendeu a mão para ajudar-me a descer.
— Obrigada. — agradeci educadamente e olhei ao redor.
O lugar onde me encontrava era em um jardim absurdamente grande e amplo. Se comparava bem a propriedade do Conde, mas enquanto lá era tomado por cores escuras, aqui era impregnado por cores claras e coloridas. Encontrava-me no jardim sul, onde ocorriam as reuniões das Flores. Apesar de estar acostumada com o Castelo Vllamir, esse lugar passava uma sensação completamente diferente.
Uma sensação de perigo.
Olhei para a estradinha de tijolos brancos que levava por um caminho que certamente dava em um grande pergolado, onde se encontrava alguns sofás e uma mesa para as flores. No livro, o Príncipe Lowel passava um tempo com todas e depois com cada uma. A flor era conduzida por ele até outro local, onde eles poderiam conversar e se conhecerem. Porém, o príncipe nunca gostou da ideia de ser forçado a escolher alguém, então ele apenas ouve as flores falar. Isso o entediava e o deixava aborrecido com tudo.
Soltei um suspiro pesado assim que Sir. Cliver se despediu e levou Analise consigo. A mesma teria que esperar em outro local, já que aqui Damas ou Cavalheiros não eram permitidos.
Olhei novamente para a estradinha e me pus a caminhar, um lento e torturante caminhar. Apesar de querer enfrentar logo o príncipe e deixar o Jardim, no mesmo momento tenho medo de vê-lo. Fantasio com o Príncipe Lowel desde os meus dez anos, sempre o imaginando-o como um homem perfeito e amoroso com sua heroína. Um homem que iria para a guerra, sofreria e encontraria o amor. Um homem que se tornaria um rei inteligente e justo.
É meio pavoroso deixar de admirá-lo para temê-lo.
Parei no meio do caminho e olhei uma planta que me chamara atenção. Olhei para o padrão de suas folhas e flores pequenas e o aroma levemente adocicado que emitia. Virei-me e agachei ali mesmo, olhando atentamente para a planta Alcaçuz. Aproximei meu nariz da planta, de folhas verdes e flores arroxeadas, e inspirei seu cheiro doce e suave.
Sorri, era realmente uma planta Alcaçuz.
Essa planta é usada para fins medicinais e tinha muitas propriedades. Mas apenas suas raízes eram utilizadas, as mesmas que deveriam ser secas para o consumo. Olhei para o fim do caule, onde suas raízes se escondiam na terra. Pensei em enfiar a mão e cavucar apenas um pouco, mas estava prestes a conhecer o príncipe e não podia sujar as mãos.
Mordi o lábio inferior e olhei triste para o alcaçuz, queria muito sua raiz. Nos últimos dias, tenho catalogado cada planta medicinal que encontrava nas propriedades do castelo. Era incrível a quantidade de plantas que existem nesse mundo, plantas do meu mundo. E como aqui não contava com a medicina de alta tecnologia do século XXI, as plantas medicinais me ajudariam a me virar com o que tinha.
Não querendo deixar aquele achado para trás, eu peguei uma pequena amostra da planta. Um raminho com folhas e flores doces. Me ergui e abri o livro que carregava comigo, depositando ali o raminho prêmio por chegar até aqui. Sorri, comecei a adorar catalogar as plantas medicinais. Era um hobbie produtivo e prazeroso.
Certo, agora era a hora de seguir em frente até o grande objetivo de hoje.
Uma leve brisa soprou e elevou os meus cabelos, brincando com os fios no ar. E antes de continuar o meu trajeto, percebi uma sombra a mais no chão. Uma sombra masculina. Meu corpo virou-se lentamente para o dono da sombra e um temor me percorreu.
E ali, na minha frente, estava um par de olhos azuis royal que me encarava fixamente.
E então a minha ficha caiu e eu percebi que estava em frente ao Príncipe Lowel de quinze anos. Um jovem de olhar sério e inteligência afiada. Um jovem alto e de cabelos negros. E o jovem pela qual Vanda se apaixonou perdidamente.
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〖 Contém 3837 palavras 〗
Capítulo betado 27/09/2021 por Isnandss
do Fuck Designs, obrigada ^..^
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