ꕥ Cᴀᴘɪ́ᴛᴜʟᴏ IV ꕥ
Tʜᴇ Vɪʟʟᴀɪɴ Oғ Pʀɪɴᴄᴇ
Cᴀᴘɪ́ᴛᴜʟᴏ IV
"𝑈𝑚 𝑙𝑒𝑎𝑜 𝑛𝑎𝑜 𝑠𝑒 𝑝𝑟𝑒𝑜𝑐𝑢𝑝𝑎 𝑐𝑜𝑚 𝑎 𝑜𝑝𝑖𝑛𝑖𝑎𝑜 𝑑𝑒 𝑢𝑚𝑎 𝑜𝑣𝑒𝑙ℎ𝑎."
- 𝑇𝑦𝑤𝑖𝑛 𝐿𝑎𝑛𝑛𝑖𝑠𝑡𝑒𝑟 (𝐺𝑎𝑚𝑒 𝑂𝑓 𝑇ℎ𝑜𝑛𝑒𝑠)
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Soltei um suspiro cansado assim que a carruagem parou em frente ao Castelo Vllamir, já passara das cinco da tarde e certamente serei questionada por trazer um escravo Feral para casa. Não estou preocupada com isso, sei que consigo lidar com as consequências de meus atos, mas só de pensar em ouvir reclamações, minha cabeça começa a latejar. O cocheiro abriu a portinhola e me ajudou a descer da carruagem negra, Analise logo veio atrás de mim e Aryeh saiu por último.
Nas últimas horas, havíamos almoçado na pousada e passamos a tarde fazendo compras. Em todos os lugares que passamos, as pessoas paravam o que estavam fazendo e encaravam Aryeh com uma certa repugnância. E a mesma expressão vejo nos criados que vieram me encontrar na entrada.
— Levem tudo para o meu quarto! — ordenei olhando para a pilha de produtos comprados. Eu me certifiquei de comprar suprimentos suficientes para um mês e isso incluía tudo que eu achei necessário para sobreviver nesse castelo. Voltei meu olhar para as empregadas que estavam paradas no mesmo lugar, com medo de se aproximarem. — Estão surdas ou o quê? Minhas palavras são apenas sons insignificantes?! — exclamei alto, assustando as mulheres de vestidos vitorianos. Elas pediram desculpas e tentando não olhar para Aryeh, começaram a pegar as compras e levá-las para dentro.
Passando as mãos pelas têmporas, adentrei logo no Castelo Vllamir. Na viagem de volta, pedi para que o projeto de Scar não fizesse nada sem minha autorização. E que ele não deveria se importar com os julgamentos de seres inferiores. Assentindo com a cabeça, Aryeh concordou em não agir por impulso como assim que foi solto da cela.
Atravessei o hall da entrada e estava para iniciar as escadas em direção ao primeiro andar quando um ser alto e velho me impediu. Vestindo um fraque preto, o mordomo chefe do Castelo Vllamir me encarava com repreensão nos olhos. Claud Hunt era um homem de aparência velha, que estava a serviço dos Vllamir desde que o Conde Dominic era uma criança. Tinha os olhos castanhos e cansados, os cabelos grisalhos eram devidamente penteados e mantinha uma postura ereta. Era o servente mais fiel ao meu pai e um homem extremamente irritante.
— Senhorita Vllamir — ele curvou-se de leve e fixou seus olhos em mim. — O que esse ser, atrás da senhorita, faz nessa casa? Certamente é algo incorreto uma jovem senhorita da nobreza andar acompanhada por um escravo imundo vindo de outro continente.
Sua fala era mansa, calma e educada. Ele mostrava ser um velho amigável e amável, mas tudo isso não passava de uma fachada desprezível. Claud nunca foi bom para Vanda e sempre a forçava fazer o que o Conde queria.
Ergui a sobrancelha, era um mordomo bem insolente. Devo colocá-lo em seu devido lugar.
— Claud — sorri ao dizer seu nome com uma falsa cara. — Eu te perguntei alguma coisa?
Ele me olhou um pouco surpreso, mas logo disfarçou com um sorriso fingido.
— Mas senhorita, o que o Conde irá pensar quando ver o...
— Eu ainda não te perguntei nada — cortei-o, mantendo a falsa cara de amigável. Com as mãos postas devidamente no colo, dei a volta no mordomo chefe e comecei a subir as escadas. — Você fala quando é questionado, quando tem permissão. E eu não me lembro de ter te perguntado nada, Claud. Como chefe da criadagem, você deve saber que não é correto interrogar seus superiores ou repreendê-los — parei no último degrau da escada e virei-me para o homem que me olhava seriamente. Desfiz o sorriso falso e lhe lancei um olhar feroz —, ponha-se no seu lugar, inseto.
Lhe dei as costas logo em seguida. Homenzinho irritante, tenho plena certeza que correrá para contar ao Conde o que eu fiz. O cara é a personificação da vizinha fofoqueira.
Caminhei rapidamente até a porta do meu quarto, já tentando acalmar meus nervos. Minha cabeça doía, apreciaria muito uma aspirina nesse momento. Abri a porta e entrei já me dirigindo à cama grande e extremamente confortável. Afundei o rosto no travesseiro e desejei dormir assim, mas não conseguiria, sabendo que o Conde iria me chamar.
Ouvi batidas na porta e logo as empregadas entraram, depositando em um canto as compras desta tarde. Elas vieram acompanhadas por Analise que lhes ajudavam com as sacolas e caixas. Aryeh entrou no quarto de forma desconfiada, o felino examinava tudo detalhadamente enquanto se dirigia a uma cadeira. Assim que as empregadas se foram, Analise parou ao lado da minha cama e curvou-se.
— A senhorita quer que eu prepare seu banho?
— Não, não conseguirei relaxar enquanto não falar com meu pai — respondi erguendo meu corpo e forçando-me a levantar — Apenas me traga algo para minha dor de cabeça.
— Certo, irei pegar um remédio — curvando-se novamente, Analise retirou-se do quarto. Pude notar que ela tentava esconder seu nervosismo, medo e felicidade. Uma mistura muito incomum de sentimentos, sorri, ela mal sabe o que planejo fazer com ela.
Pegando a bolsa que havia levado, retirei de dentro um pedaço de papel. Nele haviam nomes de pessoas que poderia usar, pessoas que poderiam ser o pontapé inicial para uma nova Vanda. Enfiei o papel no bolso do vestido e caminhei até Aryeh, o mesmo que continuava a me olhar de forma estranha. Sentando em sua frente, o encarei também.
— Arrependido por ter vindo comigo?
Balançando a cabeça, Aryeh negou. Apesar dele parecer mais velho que Vanda, ele parecia um filhote de gato em uma nova casa. Atento a qualquer coisa que lhe acontecer.
— Sei que é um ambiente novo e desconhecido para você, mas peço que tenha paciência para se adaptar.
— O que a mestra planeja fazer comigo? — sua pronúncia ainda era enrolada, e, foi um pouco difícil entender o que perguntara.
No entanto, eu entendi claramente quando havia me chamado de Mestra. Como eu o comprei, ele acredita que teremos a relação habitual de mestre e servo. Porém, não estou certa disso ainda, Aryeh ainda era um estranho para sequer considerá-lo algo mais que um servo.
— Estar receoso com o que vou fazer com você? — sorri ao olhá-lo com divertimento.
Aryeh franziu o cenho, mas logo fechou os olhos e respirou fundo.
— Mestra me comprou mesmo a mordendo. Tens o direito sobre mim — apesar de estar calmo, Aryeh tinha um brilho nos olhos. Um brilho mortal e impressionante, como se não aguentaria mais maus tratos. — Pode fazer o que desejar.
— Sinto-me ofendida — expressei com firmeza. — Acha que não cumpriria o que prometi a você? Acha que sou tão suja e cretina como os vendedores de escravos? — puxei sua mão e a segurei com a minha machucada, olhei bem em seus olhos e tentei parecer o mais séria possível. — De fato, você é meu, mas eu nunca o machucaria ou deixaria passar necessidades, você me serve melhor vivo e saudável. Aryeh, você tem Vanda Vllamir como mestra e seria um descaso com a minha pessoa se manter esses pensamentos ruins sobre mim — ergui a outra mão até seu rosto e lhe acariciei. Aryeh se assustou com aquele ato de carinho, era como se eu estivesse fazendo carinho em um gato de rua. —, você não está aqui para sofrer, Aryeh, mas sim para viver.
Suas orelhas abaixaram-se, como se estivesse triste. Abaixou a cabeça e começou a chorar, certamente passará por muita coisa até chegar aqui. Ser arrastado de sua terra natal e forçado a ser um escravo, deixaria qualquer um com um ódio eterno. Aryeh começará a ser corrompido por esse ódio, assim como a verdadeira Vanda.
Soltei um suspiro enquanto subia a mão em sua cabeça e lhe acariciava, e finalmente, pegando em suas orelhas felinas. Escutei seu fungado, então desci a mão até seu rosto novamente e o ergui. O forçando a olhar-me no rosto. Seus olhos verdes transbordavam em lágrimas, deixando a imagem de Scar mais humano.
Limpei suas lágrimas e lhe ofereci um sorriso.
— Portanto, quanto estiver comigo, seja você mesmo. Não quero que se force a ser algo que não é e nem quero forçar isso a você — deixei seu rosto o soltando e voltei a encostar novamente na cadeira — Só peço que tenha respeito e que siga certas regras, mas enquanto estiver ao meu lado, você será nada mais e nada menos do que Aryeh.
Mais lágrimas escaparam de seus olhos e ele levou as mãos para seu rosto, a fim de encobrir a minha visão de seu estado. O olhando nessa condição, nem parece que a algumas horas ele tentara matar um homem e me machucar.
Realmente, não devemos julgar um livro pela capa.
Batidas ecoaram e a porta foi aberta, Analise voltara carregando uma bandeja de prata com uma xícara que cheirava bem. Ela se aproximou sem dizer nada e depositou a bandeja em cima da mesa, deu um passo para trás e curvou-se. Aryeh rapidamente limpou os olhos e se portou como se nada tivesse acontecido.
— Como pedido, trouxe um remédio para sua dor de cabeça. Uma xícara de chá de camomila, recomendação do médico da família — exclamou calmamente enquanto olhava para baixo.
Peguei a asa da xícara e a levei à boca, respirando o aroma doce e saboreando o vapor quente. Beberiquei o líquido, queria logo me livrar do incômodo que é essa dor latejante.
— Junte-se a nós — pedi à Analise, que franziu o cenho e relutantemente se dirigiu a cadeira entre o leão e eu. A mesinha tinha o formato redondo e dispunha de quatro cadeiras acolchoadas e confortáveis. — Aryeh, Analise é minha Dama. Deve tratá-la como um igual. E o mesmo para você, Analise — virei o rosto para a jovem que olhava para o leão —, não o discrimine por ser um Feral.
Analise fechou os olhos e assentiu com a cabeça.
— Sim, senhorita.
Sorri, ela logo se acostumaria com Aryeh.
Olhando para eles, me senti orgulhosa por conseguir pessoas para ficar ao meu lado. A verdadeira Vanda Vllamir nunca conseguiria fazer aliados leais, afinal, Vanda apenas serviu para fazer os personagens principais brilhar mais. Uma vilã que esperava apenas um final miserável e infeliz desde o início. Mas eu mudaria isso, o meu final não será lamentável como o de Vanda. Serei grande e poderosa para que ninguém tenha que me subestimar. Algo que nenhuma mocinha poderá ser.
Sim, serei a rainha das serpentes.
A grande vilã da história.
A mulher que conseguirá o que quer, mesmo que tenha que pisar em algumas formigas irritantes.
E falando em formigas, uma acaba de entrar em meu quarto sem se anunciar ou bater na porta. Claud encontrava-se ao lado da porta com uma expressão de uma falsa simpatia que me dava nojo. Ele curvou a cabeça e estreitou os olhos para Analise e Aryeh que se mantinham sentados comigo à mesa. Era como se ele estivesse julgando o meu comportamento e repreendendo os demais na mesa.
Fechei os olhos e suprimi a vontade de acertá-lo com algo pontiagudo. As pessoas hoje estão testando a minha paciência, coisa que não parece ser certa ao fazer.
— Senhorita Vanda — Claud chamou-me, mas pouco fiz de sua presença. — O Conde deseja vê-la imediatamente.
Abri os olhos e olhei para o centro da mesa.
— Claud, — virei a cabeça lentamente para sua direção e o fitei da forma mais sombria possível — Além de intrometido, você parece ser mal-educado. Quem autorizou sua entrada no meu quarto?
Ele juntou as sobrancelhas em uma expressão confusa, já que o mesmo sempre fazia sua entrada como bem queria. Lembro-me que no livro Vanda tinha pouca privacidade, Claud a rodeava como urubu. Isso me incomoda, preso a minha privacidade mais do que tudo.
— Saia! — ordenei firme.
— Mas senhorita, o Conde me pediu para levá-la até ele. — declarou mantendo sua postura como mordomo.
— Claud, por acaso o Conde mandou especificamente que você invadisse meus aposentos? — ralhei ao levantar-me e aproximar-me do homenzinho irritante. Claud me olhou nos olhos, como se estivesse surpreso com minhas palavras. — Eu creio que não. Saia antes que eu faça você catar migalhas na rua.
— Está me ameaçando, senhorita Vanda? — deu um sorriso de lado, presunçoso. — Não tem ideia com quem está falando. Eu servi três gerações de Vllamir's e com suas atitudes, a senhorita não se assemelha
à sequer...
Minha mão foi certeira em seu rosto. Lhe acertando metade da cara perfeitamente em uma força que nem eu sabia que esse corpo tinha. Claud foi para trás com o baque e bateu as costas na porta, levando a mão ao rosto vermelho, o homem encarou meus olhos sinistros que emanavam uma raiva imensa.
— Ainda não me lembro de ter te perguntado alguma coisa — rosnei para o inseto. — Eu te mandei sair, não foi? E você ainda continua aqui, desacatando uma ordem superior a você. Não me importo a quem você serviu, você é apenas um ser insignificante para mim. Sua existência é um zero, agora, se não for pedir demais, saia. E nunca mais volte a entrar aqui sem ser convidado por mim.
Engolindo em seco, Claud se recompôs e pediu desculpas, logo saiu do quarto. Levei a mão a cabeça, ainda não havia passado a minha dor e esse infame vem me perturbar. Será que vou ter que domesticar cada um dos empregados? Mostrar a eles que Vanda mudou e não aceitará qualquer desrespeito.
— A senhorita está bem? — a voz de Analise soou próxima. — Esta foi a primeira vez que enfrentou Claud, certamente ele fará qualquer coisa para que o Conde saiba.
— Não me importo com o que um rato faz — resmunguei ao olhar para Analise. — Vamos, o Conde nos espera.
A expressão dela mudou e sua mão tremeu.
— Eu tenho que ir também?
— Você e ele — olhei para Aryeh e fiz um sinal para que viesse junto. — Faz muito tempo que estive no escritório de meu pai, Analise. Mostre o caminho, por favor.
Disfarcei minha total ignorância dos corredores e aposentos do Castelo Vllamir. A morena ainda com medo do que poderia acontecer, concordou em ir na frente e mostrou-me o caminho até onde Dominic se encontrava. Aryeh vinha atrás de mim, analisando tudo e prestando atenção em cada pessoa que encontrávamos no caminho.
Decorei cada corredor que entrávamos ou esquina que viramos, anotando mentalmente para que não necessite de ninguém para guiar-me. Não gosto de depender de outra pessoa, tenho horror a isso. Sempre fui independente em minha outra vida, na verdade eu tive que ser independente cedo demais. Mas isso me marcou e me mostrou como eu devia viver.
Analise parou em frente a uma porta dupla de madeira negra e com uma figura de um dragão cravada nas maçanetas douradas. Olhando aquela gravura, lembrei-me que o brasão da família Vllamir era um grande dragão negro com olhos vermelhos. O que era as características físicas de um Vllamir de sangue puro, como eu. O Conde deve me odiar, ele desejava tanto um filho para herdar seu legado que a criança nascera do sexo masculino, não tem nenhuma característica de um legítimo Vllamir.
Soltei um sorriso cínico assim que Analise deu duas batidas na porta e a mesma fora aberta rapidamente por Claud. Ergui o queixo e observei a marca vermelha que a minha mão deixou em seu rosto estupido, desejei ter lhe acertado um soco e não um simples tapa. Não foi surpresa encontrar Claud dentro do escritório do Conde, pois, eu já tinha certeza que ele iria zunir como uma mosca, chamando a atenção de meu pai para meu comportamento.
Lhe lancei um olhar de desprezo, daqueles que você dá para aquela barata irritante na sua parede.
— Esperem a senhorita do lado de fora — o verme impediu a entrada de Analise e Aryeh.
O leão estreitou os olhos verdes e a jovem dama encarou-me, perguntado com as sobrancelhas o que deveria fazer.
— Você também — ralhei, já farta de aturar esse ser por hoje. — Que eu me lembre, a conversa seria entre meu pai e eu. Você não é necessário, Claud. Pode voltar com os afazeres de limpar e incomodar outra pessoa.
Claud Hunt encarou-me como se não acreditasse na minha ousadia na frente do Conde Vllamir. Rapidamente ele olhou para Dominic, que ergueu seus olhos da papelada em cima de sua mesa e fez um sinal para que Claud nos deixassem a sós. Curvando-se para o Conde e depois para mim, o mordomo infernal saiu do cômodo e fechou lentamente a porta atrás de mim. Deixando um clima completamente tenso no escritório.
Certo. Respirei fundo e caminhei em direção a cadeira em frente a mesa negra. Este cômodo era grande para conter uma mesa retangular, um sofá e duas poltronas. Sem contar com a enorme mesa negra com detalhes na madeira. Havia um quadro com a pintura de um dragão negro que sobrevoava um povoado e os assustavam com seus olhos vermelhos. Se não me engano, aquele era Fergus, o dragão que deu origem a família Vllamir.
Sentei-me na confortável cadeira, cruzei as pernas e encarei meu pai, o mesmo que parecia me analisar minusculamente. Seus olhos vermelhos brilhavam com intensidade de desvendar o que se passava na minha mente. O rosto de Dominic era bonito e não mostrava os anos vividos como normalmente contém a face de um pai de dois filhos. Era como se ele envelhecesse lentamente, de forma anormal que um humano comum.
Não desviei um momento sequer, continuamos a nos encarar por longos minutos até o relógio ressoar, avisando que chegará às dezoito horas. Por fim, foi ele que quebrou nosso contato visual assim que fechou os olhos e soltou um suspiro.
— O que aconteceu para esta repentina mudança de personalidade? — finalmente perguntou, soando rude e autoritário.
Um sorriso sádico brotou em meus lábios.
— Meu pequeno surto suicida me fez perceber uma coisa — apoiei os cotovelos nos braços da poltrona, deixando minha postura confortável e relaxada. — Eu sou uma Vllamir. E um Vllamir nunca abaixa a cabeça para coisas que os desagradam. E como uma Vllamir, vou conseguir o que eu quiser.
Apoiando as costas no encontro de sua cadeira enorme, papai ergueu uma sobrancelha e deu um sorriso de escárnio. Era como se ele não acreditasse no que estava ouvindo, eu mesma não acreditaria vindo da verdadeira Vanda. No entanto, eu estava no poder deste corpo e não aceitaria qualquer coisa sem lutar.
— Então resolverá finalmente agir contra as minhas vontades? — abaixando a cabeça, ele assinou um papel utilizando uma caneta tinteiro.
— Passei anos fazendo o que o senhor queria e suportando os atrevimentos ridículos da criadagem — apoiei o queixo no meu punho direito e olhei entediada pela janela que se encontrava atrás dele. — Deve-me por tal coisa.
— Eu devo a você? — soltou uma risada cínica e arrogante.
— Claro — respondi lhe devolvendo a risada. — A não ser que meu estimado pai queira que o Príncipe Lowel saiba o que anda acontecendo com umas de suas flores.
Estreitando seus olhos vermelhos, Dominic encarou-me seriamente.
— Está ameaçando-me?
— O quê? Eu nunca faria isso — levei uma mão ao peito e fiz uma cara inocente. — Eu estou te chantageando.
Erguendo as sobrancelhas em uma expressão jamais vista, o Conde Vllamir olhou-me incrédulo com minha petulância.
— Quero apenas cinco coisas.
— Cinco coisas?
— Sim — fechei os olhos e mentalizei a minha lista de exigências. — Atendendo isso, juro pelo sangue Vllamir que continuarei no Jardim e sem dizer nada ao príncipe.
Olhando-me com curiosidade, ele largou a caneta e cruzou os braços de forma pensativa.
— E o que deseja, Vanda?
〖 Contém 3397 palavras 〗
Capítulo betado 14/09/2021 por Isnandss
do Fuck Designs, obrigada ^..^
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