▓ CAPÍTULO VINTE E SETE ▓
Respiro fundo sucessivas vezes olhando a fachada do hotel Imperial. O lugar é majestoso, mas nunca imaginei colocar os pés nele para drogar alguém. Caminho até o saguão, dou o nome de Torres a recepcionista e sou avisada que ele me aguarda no quinto andar, na suíte quinhentos e onze.
Entro no elevador com a cabeça pesada, que não está assim somente pelo nervosismo de toda a pressão sobre fazer ou dar algo errado, é que ir para um quarto com um homem estranho esperando fazer sexo comigo, me remete ao meu inicio em Lourdes. Confesso que na época eu me sentia mais determinada, apesar do fato de saber que não vou abrir as minhas pernas para Torres, só que preciso fazer ele pensar que sim. Sem contar que nem quero imaginar o que Dom pensaria disso.
O elevador se abre, deixando o meu coração mais pesado. Caminho pelo corredor buscando o número quinhentos e onze. O som da minha respiração soa mais alto nos meus ouvidos do que os produzidos pelos saltos do meu scarpin. O que estou prestes a fazer é diferente do meu crime de anos atrás, pois foi tudo feito no calor do momento. Agora, é premeditado.
Bato com os nós dos meus dedos contra a superfície da porta de madeira.
— Pode entrar. — Ouço a voz abafada de Torres do outro lado da porta.
Eu vou conseguir!
Entro na suíte e me distraio reparando nos móveis de padrão provençal refinado enquanto preparo o meu estômago para encarar Torres. A cama parece um lindo convite para um descanso confortável, com os lençóis brancos perfeitamente estirados sobre o colchão. O homem está sentado na mesa ao lado da janela, mantendo um sorriso lascivo no rosto, olhando para mim de um jeito guloso.
Que nojo!
— Chegou na hora certa. — Aponta o carrinho de refeições ao seu lado com o almoço.
— Não vai beber? — pergunto ao ver que está somente com um copo de água com gás ao seu lado.
— Não sou muito chegado a álcool, sempre acabo perdendo o prumo — justifica, enquanto percebo a sua satisfação crescente com a minha presença.
— E não é para isso que estamos aqui, para perder o prumo? — provoco e vejo que ele se anima mais com o meu joguinho. — Deixa que eu te sirvo.
Vou até o aparador no canto do quarto e sirvo um pouco da garrafa de uísque Cavalo Branco em dois copos. Abro a cápsula do comprimido e despejo metade do pó enquanto Torres confere o celular. Coloco algumas pedras de gelo e balanço até que o remédio se dissolva.
Volto para a mesa e me sento na poltrona disponível. Começamos a almoçar, eu mal toco na comida. Entre uma garfada e outra, Torres comenta o quanto gosta de vir a esse hotel, como as refeições são da mais alta gastronomia e as pessoas famosas que se hospedam em seus quartos. Até conta animado sobre a presença de um jogador de futebol famoso que está ocupando a suíte presidencial. Ele parece tão fissurado em esporte, quanto no tal Mazzeo. Ouço tudo como se fosse a conversa mais interessante da minha vida.
— Não está bebendo, Torres, desse jeito eu vou ficar em desvantagem — disfarço o meu real interesse para que beba.
— Não estou tão instigado a beber e quero me lembrar de tudo, se é que me entende. — Ele dá uma piscadinha para mim.
— Não se preocupe com isso, haverão outras vezes, mas para te ajudar a dar o primeiro passo em direção a nossa brincadeira, vou te instigar — aviso tirando o meu terninho e deixando os braços à mostra. Levanto da poltrona e me aproximo de Torres. Vou até as suas costas e acaricio a lateral da sua cabeça, o fazendo olhar para cima. — Abre a boca — mando, prontamente ele obedece.
Pego o meu copo de uísque, trago uma pequena quantidade, abaixo o meu rosto na direção do de Torres e deixo a bebida escorrer num pequeno fio da minha boca para a sua. Ele engole tudo com um sorriso empolgado no rosto. Eu me afasto e sento novamente.
— Dá para entender porque Otávio é tão alucinado por você — diz, dando um gole no seu uísque, me fazendo sorrir aliviada. — É uma mulher muito quente, Dalena. — Beberica mais uma vez.
— Ah... Otávio não atende as minhas necessidades. — Aproximo a minha mão da dele.
— E do que precisa? — pergunta com o olhar levemente pesado.
— Termina logo esse uísque e vamos para a cama que eu te mostro.
Torres cai na armadilha e bebe tudo de uma vez. Feliz por ele ter ingerido o remédio, vou para a cama, o homem faz o mesmo. Enquanto deita, entro em um site adulto e coloco um filme pornô na smart tv do hotel. Acredito que isso vá estimular a imaginação dele e ajudar a confundir a sua memória, como Suzanna me orientou.
Com tudo preparado, deito ao seu lado garantindo uma distância segura entre nós. Abro um botão da sua camisa bem devagar ao mesmo tempo que começo com as minhas perguntas. O semblante de Torres já dá sinais de que o efeito da droga começou.
— Conhece bem Otávio, Torres? — Módulo a minha voz para ficar sensual.
— Se conheço? Acompanho o senador desde que era um estudante bostinha com um sorriso bonito — responde já um pouco fora de si.
— Uau... — sussurro. — Você sabe de tudo mesmo, não é? — Começo a desabotoar mais um botão, observando que seus olhos vão da televisão para o meu rosto. Torres sorri lambiscando a boca.
— Eu tomei o meu remedinho? — pergunta, confuso. — Infelizmente, eu preciso de ajuda para satisfazer uma mulher como você, mas não se preocupe, é a mesma coisa.
— Claro que tomou. Vamos conversar enquanto faz efeito. Que tal me contar os segredos mais cabeludos de Otávio? — sugiro parecendo bem instigante. Ele franze a testa por um instante, mas logo seu olhar brilha, parecendo satisfeito por saber de coisas comprometedoras, imagino. — Será muuuuito divertido ouvir. Conta, vai...
— De Otávio?
— É... — sussurro. — Você é ou não o homem que sabe de tudo da política de Belo Rio? — Torres ficar sorrindo envaidecido. — Fala sobre o senador Otávio.
— Ele subiu um degrau de cada vez, enquanto se envolveu em tudo o que pôde — sua voz soa alterada. — Hoje, é um dos homens mais poderosos de Belo Rio e só por isso conseguiu aprovar a sua lei orçamentária sem pé nem cabeça. Construir um centro de acolhimento no morro? Tenha santa paciência. — Ele tem uma crise de risos, apesar de ficar cada vez mais sonolento.
— Agora me conta algo bem cabeludo — instigo.
— Bem cabeludo? — pergunta, preocupado.
— Vai dizer que ele não tem.
— E como tem. Tem muitas. Uma, é bem cabeluda.
— O quêêêê? — Finjo cara de espanto.
— Ele usa garotas cheirando a leite para comprar influência. Pega essas meninas de conselhos tutelares em lugares onde judas perdeu as botas e dá para quem quiser com a desculpa de adoção. — Eu me sinto em choque ao descobrir que Otávio faz tráfico humano. — Eu mesmo já ganhei uma por insistência dele, mas passei pra frente, não quero trepar com alguém que lembra a minha filha. — Torres fica sério. Ouço tudo atordoada. Não é só o tráfico, é exploração sexual.
— Ele faz tráfico de crianças para serem abusadas?... — penso em voz alta, me arrependendo do que falei. Estou perdida do meu personagem.
Eu me sento sobre o colchão, sendo incapaz de ouvir aquilo deitada.
— Não são bem crianças, são jovenzinhas... — diz com naturalidade, bocejando incontrolavelmente, enquanto passo mal com a descoberta de que Otávio é um monstro. — Mas a especialidade dele, com certeza, é o tráfico. Tráfico de influência, tráfico de meninas, tráfico de drogas...
— Drogas também?... — murmuro, com a palavra se misturando aos gemidos de uma atriz pornô na televisão.
— Ele comanda o tráfico de Morro Grande, o tal Caveirinha é só o testa de ferro. O senador é o verdadeiro dono do morro. O cara é um sacana filho da puta, colocou um matador para ser capacho dele. — Torres tem uma crise de risos, enquanto sua voz começa a ficar grogue e ele boceja novamente. — Seu gemido é uma loucura — diz me confundindo com a mulher do pornô na tv. Você está dando uma festa pra mim e chamou as suas amigas? — Admira o filme com um casal lésbico.
— Sim. Que delícia é você... Fala mais, fala... — Eu me apresso em desabotoar a camisa dele, fingindo gostar, dublando os gemidos da atriz para ficar na memória dele, segurando as lágrimas que teimam em sair.
Estou sem chão.
— Gosta de ouvir putaria, safada? — pergunta, com os olhos caídos de sono.
— Simmmm... você está muito gostoso falando de Otávio. Continua — instigo, com minha voz falhando. Fico aliviada por ele não conseguir notar.
— Ele quer tomar o morro de Tia Ondina... — Sua voz some aos poucos, enquanto passa a cochilar. Dou um tapão na lateral do rosto de Torres e ele esbugalha os olhos.
— Me diga o conselho tutelar de onde vieram as garotas. — Torres suspira, sonolento, depois boceja com as pálpebras pesando.
— A maioria da comunidade de Areia Vermelha — murmura, cochilando.
— Que gostoso, Torres, você me levou ao céu.
— Terminamos? — pergunta por baixo do sono.
— Sim, você foi inesquecível — respondo, com as lágrimas já rolando pelo meu rosto.
— Vou sonhar com todos esses gemidos agora — fala, adormecendo.
— Isso, sonha, filho da puta — digo entre os dentes.
Exasperada, tiro toda a roupa de Torres, bagunço os lençóis da cama, pego uma camisinha em minha bolsa, coloco um pouco do molho branco do fettuccine do almoço e jogo ao lado do sapato dele. Procuro no bolso de suas calças o comprimido que ele pretendia tomar para ter uma relação sexual comigo, encontro a cartela com quatro comprimidos azuis, destaco um, jogo no sanitário e dou descarga. Preciso deixar a impressão de que aconteceu alguma coisa, Otávio não pode desconfiar que agora eu sei quem ele realmente é.
Revejo se não estou deixando escapar nada, desligo a televisão com as mãos trêmulas e saio. Meu corpo está querendo paralisar, mas me forço a caminhar até o elevador, andando como se tivessem mãos invisíveis agarradas em meu tornozelo. Eu aperto o botão e fico estática, esperando as portas abrirem. Enquanto me sinto corroída fisicamente, meu emocional se debate.
Enxugo o rosto apressada quando as portas se abrem. No fundo do elevador, me deparo com a Aeromoça, o provável jogador famoso, pelo que posso perceber, e Dom. Sinto como se tudo em mim estivesse esvaindo, o meu rosto muda de tom diversas vezes, parecendo disposto a representar as cores do arco-íris.
— Dalena... — Dom me olha confuso e intrigado.
— Você sabia... — O pensamento me ocorre. Dom sabia que Otávio trafica garotas e nunca, nunca me disse. Meu rosto estampa a mais genuína decepção. — Eu nunca vou te perdoar.
— Ah, Brasile, quanto sei bello... — fala animado o jogador, olhando para mim. — Quanto costa para estar con questa donna em mia cama? — pergunta numa mistura de italiano com português a Dom e recebe um soco tão forte que meu corpo tem um espasmo.
Fujo sem ficar para assistir o que acontece, só ouço uma gritaria e a voz de Suzanna tentando acalmar os ânimos. Volto para o quarto de Torres, mas Dom me segue e consegue ver onde entrei. Eu não quero conversar com ele, não quero ouvir a sua voz ou entender as suas justificativas sobre sua posição no morro e coisas do tipo, só quero distância.
— Abre a porta, Dalena! O Valmir me avisou que você esteve lá, eu te liguei e você não atendeu. O que você está fazendo aqui nesse hotel, o que está rolando? — grita, mexendo no trinco. Eu não respondo. — Eu sei que está aí, não vou sair até aparecer.
Agora sem conseguir mais parar de chorar, digito o número da polícia da tela do celular e fico com ele em punho. Jamais seria capaz de denunciar Dom, mas preciso de algo que o afaste. Torres ronca no fundo do quarto, enquanto me mantenho firme no pequeno hall. Dom insiste que eu abra a porta.
— Conversa comigo, Dalena, isso não é justo — pede de um jeito autoritário.
Com certeza Dom é capaz de passar o dia nesta porta, não tenho como ficar trancada nesse quarto até ele desistir, se Torres acordar, será pior. Abro para tentar uma saída dessa situação. Ao me ver, ele me encara de um jeito irritado. Mostro o celular e ameaço iniciar a chamada para a polícia apontando o dedo para o botão digital verde na tela.
Dom acena com a cabeça positivamente, enquanto sorri incrédulo. Seus olhos ficam marejados e os meus também, isso doeu em nós dois. Ele cruza os braços sobre o peito, depois dá alguns passos lentos para trás, me encarando com indignação.
— Espero que esteja muito certa sobre não me perdoar por um motivo que eu nem sei qual. — Faz um dar de ombros. — Talvez, quando quiser conversar, eu não queira mais saber.
Diante do meu silêncio ele vai embora. Fecho a porta e desmorono no chão. Se estou certa sobre o que Torres me disse? Eu não saberia responder. Preciso investigar e confirmar tudo o que ouvi, mas se Dom tem os seus segredos, eu tenho os meus. Ao que tudo indica, o que descobri sobre Otávio é totalmente verdade.
Levanto do chão e me preparo para ir embora, certa de que Dom já deixou o prédio. Passo pela soleira da porta e esbarro no rastro do seu perfume. Saio do hotel tentando evitar que a minha consciência exploda com o fato de que convivi com Otávio sem me importar com o que ele fazia, sem imaginar quem era o homem, que por tantas vezes dividi a cama.
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— Posso entrar? — Henriqueta pergunta na porta do gabinete.
— Claro! — autorizo. Ela entra e senta na cadeira à minha frente, do outro lado da escrivaninha, enquanto passo as mãos pelo rosto para melhorar a aparência de quem passou a noite em claro no dia anterior.
— Fiquei muito feliz com o seu convite oficial. Não que um encontro entre amigas seja diferente, pois o último me rendeu um coração apaixonado. Mas um chamado a trabalho vindo de você, me leva a imaginar coisas empolgantes — diz, colocando a sua valise na cadeira ao lado.
— Eu não diria empolgante, estou devastada desde ontem. Não dormi, não comi, está difícil até de respirar...
— Tem a ver com o seu namorado e futuro marido? Não julgo, mas sei que ele é o dono do morro de Tia Ondina. Fiquei surpresa em te ver assumindo um relacionamento com ele — fala pisando em ovos.
— Ele está no rolo por atitudes omissas. Mesmo com as suas razões, não será algo que vou conseguir esquecer — confesso com um certo cansaço na voz.
— Atitudes omissas doem tanto quanto as intencionais. — Coloca a mão sobre a minha como forma de me apoiar em minhas conclusões. — Então vamos à questão central... — pede, me incentivando a dar andamento na nossa reunião.
— O que sabe sobre o senador Otávio Primmaz?
— Algumas coisas, como por exemplo, que ele não faz parte da oligarquia política de Belo Rio. Apesar de não ter chegado à política como uma profissão de família, as conexões dele são bem interessantes. Otávio se move com muita facilidade em todos os ambientes e imagino que saiba disso — responde.
— Em partes. Quando diz em todos os ambientes, quais seriam os que fogem do comum?
— A facção rival do Thundercat. O envolvimento com o bonitão foi proposital, para provocar o senador? Fiquei na dúvida. — Espera a minha resposta atenta.
— Digamos que eu não sabia nada de Otávio até ontem, então, não foi proposital — esclareço com sinceridade. — Não vou te deixar no escuro sobre nada, direi tudo o que sei... mas antes, preciso saber o quanto está disposta a descobrir o lado criminoso do senador, porque o seu envolvimento pode te colocar em risco.
— Eu nasci para isso — afirma convicta. — Nos corredores do Diário, todos ficam cegos para o que acontece no submundo de Belo Rio, seja por medo ou benefícios. O meu único interesse é a verdade.
— Está disposta mesmo a jogar merda no ventilador?
— Se houverem provas cabais, sim. Eu bem sei que Otávio é financiado pelo tráfico de Morro Grande, como Valmir Mar é financiado pelo Thundercat. Se for esse o teor das suas revelações, já aviso que não vai dar em nada — explica com um certo pesar.
— Prepare os ouvidos, porque não chega nem perto.
Henriqueta empertiga o corpo na cadeira e começo a contar tudo o que ouvi de Torres, sem esconder ou ocultar nenhum detalhe. A cada informação o seu queixo cai, ao mesmo tempo que seus olhos demonstram ter encontrado a matéria da sua vida.
Inquieta com todas as informações que recebeu de mim, levanta da cadeira e anda de um lado a outro com a mão em seu queixo, montando as informações em sua cabeça. Os seus passos possuem o ritmo de uma torneira pingando lentamente. Ao parar um instante, puxa o blazer para baixo e joga a sua trança sobre o ombro para trás.
— Isso que falou sobre colher informações na comunidade de Areia Vermelha é praticamente impossível sem chamar atenção. A presença de qualquer pessoa perguntando por lá, levantará suspeitas — conclui ao girar em torno de si, ficando de frente para mim.
— E se promovêssemos uma ação de doação de brinquedos para a comunidade e entregarmos em uma escola? Faríamos as perguntas aos funcionários de maneira sútil, sem dizer que sou vereadora e você jornalista — sugiro.
— Não podemos envolver outras pessoas nisso, não até ter certeza das informações — alerta.
— Claro. Olha, podemos dizer que somos professoras e arrecadamos doações para o dia das crianças, mas só tivemos como ir deixar os brinquedos agora.
— Boa! Acho que assim não levantaremos suspeitas. — Fica animada. — Que tal dizer que uma de nós procura adotar uma criança? Isso vai ajudar a entrar no assunto com as pessoas.
— Perfeito! Hoje mesmo vou comprar tudo. Amanhã cedo dá certo para você?
— Claro! Eu te passo o meu endereço e nos encontramos na minha casa.
— Combinado. Mas antes... — Pego um papel e anoto o meu contato rapidamente. — Fique com o meu novo número. — Rasgo a folha e a entrego. — Precisei mudar o antigo.
Henriqueta sorri e aperta a minha mão antes de sair.
Imediatamente, abandono o expediente, deixando a cargo de Potira dar andamento no que for necessário para o funcionamento do gabinete. Compro uma infinidade de brinquedos para levar às crianças da comunidade de Areia Vermelha antes de passar parte da manhã olhando casas para alugar.
Não demoro a encontrar um imóvel minúsculo, ao lado da universidade onde estudo. Ela é perfeita para as minhas necessidades, um sobradinho que parece um chalé. O melhor de tudo é que já está mobiliada, então, não preciso me preocupar com móveis.
Assim que faço o pagamento do aluguel e assino o contrato, o dono me entrega as chaves. Depois do almoço, encaixo boa parte dos meus pertences no meu apartamento luxuoso, que vou deixar para trás. Guardo com segurança as joias que tenho, elas vão servir nos meus próximos passos. Decido deixar muitos objetos para trás, quero apagar Otávio da minha vida, isso inclui ter contato com qualquer coisa que me lembre dele.
Desço até o apartamento de Suzanna, toco a campainha e aguardo ela me atender. Quando o barulho da chave destrancando a fechadura é finalizado, a Aeromoça se depara com minha visita em sua porta. Sua expressão demonstra um misto de impaciência com irritação.
— Seria bom você esquecer o caminho da minha casa. Dom anda insuportável depois de ontem e não quero ser vista com você. Eu nem quero saber o que estava fazendo no Imperial, mas deu para ver que te ajudar, só fazer as coisas piorarem — diz franzindo o cenho.
— Não é a única a querer distância de mim no momento — digo, imaginando que Dom nunca mais irá se aproximar de mim depois que ameacei chamar a polícia. — E por que as coisas pioraram?
— Dom meteu o louco, agora ele quer exterminar a galera do Morro Grande. Antes, ele estava conseguindo manter o conflito apaziguado, só que não tem mais interesse na paz, quer tocar o terror.
— Não acredito que ele esteja agindo assim depois de se esforçar tanto para manter a paz. Não pode fazer nada para ele tomar juízo?
— Estou tentando convencer ele a segurar a onda, mas se depender do Roman, será guerra — conta. — Eu só te ajudei, porque me disse que evitaria a coisa estourar — seu tom de voz imprime indignação.
— Isso ainda vai acontecer, só que preciso de tempo.
— Acho que você sabe que tempo é o que não se tem num conflito onde pessoas podem ser mortas, inclusive Dom. Não sei onde estava com a cabeça quando fui te dar ouvidos. — Suzanna tenta fechar a porta, mas impeço. — Que isso, tá louca?
— Preciso da sua ajuda.
— Eu não tô fumando maconha estragada para te ajudar de novo. Sabe quem era o cara que Dom bateu por sua causa? A porra de um jogador italiano mundialmente famoso — diz segurando a porta. — O cara não quer mais nem olhar na minha cara, você me deu um prejuízo enorme.
— Eu cubro o seu prejuízo, Suzanna.
— Não precisa. — Força a porta.
— Vou ficar aqui até conseguir o que quero. — Empurro a porta de vez e entro.
— Querida, tá testando a minha paciência?
— Estou aqui como uma cliente, achei que lucro fosse a sua prioridade. — Jogo a chave do meu carro em sua mão. — É seu, em troca quero uma arma, quero que me ensine a atirar e que me dê um passaporte falso.
— Esse carro vale muito mais que isso. — Ela me olha confusa.
— O resto fica para cobrir o seu prejuízo com o jogador.
— Por que quer essas coisas? — pergunta arqueando a sobrancelha.
— Preciso me assegurar — esclareço soltando uma lufada de ar.
— Isso tem a ver com o senador, por isso me perguntou o que eu sabia dele?
— É melhor você não saber.
— O que descobriu? — Suzanna insiste.
— O carro está em uma das suas vagas — ignoro a pergunta. — O recibo de compra e venda assinado, com toda a documentação, vai encontrar no porta luvas. É só preencher com os seus dados. Amanhã à noite, estou à sua disposição para me entregar a arma e me ensinar a atirar. O passaporte, eu imagino que demore mais. — Saio trancando a porta do apartamento de Suzanna sem olhar para trás.
Em frente a minha micro casa, desço as caixas e bagagens que trouxe no carro de um motorista que chamei por um aplicativo. Assim como ignorou a quantidade de volumes que coloquei sozinha no porta malas, ele permanece sem me ajudar a descarregar, com a cara de poucos amigos.
— Da próxima vez, a senhora pague um frete. O meu carro não é um caminhão de mudança! — reclama ao bater a mala do carro e vai embora inconformado comigo.
Minha nova casa fica isolada em frente ao final da rua, colada no muro da Universidade Federal de Belo Rio. Suspeito que o dono tenha se apossado de um terreno público ou coisa do tipo. Na lateral da casa, existe outra rua, como se a propriedade ficasse na curva de um "L".
Não tenho vizinhos de nenhum dos lados, estou entre a Universidade e uma praça. Talvez esse seja o motivo de ter me identificado tanto com a casa, me sinto completamente isolada. De certa forma, quero permanecer assim, distante de todos. Vai me fazer bem ficar um tempo sem estar envolvida com alguém.
Entro para casa com a minha pequena mudança que incomodou o motorista. Entre lágrimas, organizo tudo dentro dos armários. Tem sido muito difícil digerir o que descobri com Torres, embora saiba que preciso ser uma rocha no momento, ou serei facilmente engolida.
No primeiro andar, tem um quarto onde só cabe uma cama de solteiro, outro que só cabe um guarda-roupas e um banheiro minúsculo em que tenho que andar de lado. Inclusive, nada tem porta na casa, a única que existe é a que dá para a rua. Um ponto positivo, é que quem construiu não economizou nas janelas ou nas jardineiras floridas que as acompanham. Mesmo minúsculo, o lugar é um charme.
Tomo um banho, fazendo a minha pele respirar embaixo da ducha. Mais disposta, aproveito meu tempo de ócio e vou a pé até a biblioteca da universidade. Concluo o meu TCC, que ainda não sei se conseguirei apresentar. Os planos que tenho para Otávio, não me permitem prever o quanto irá respingar em mim. A minha única certeza é de que ele não sairá impune.
Dom vai e vem nos meus pensamentos, imaginar que está me odiando agora, é um sentimento destruidor. Embora saiba que ele merecia se explicar, no momento, isso não ajuda. Espero que com o tempo algo seja capaz de nos unir novamente, porque a saudade dele está começando a me mostrar que será muito difícil ficar distante.
O amor persiste mesmo quando somos feridos, mas é uma crueldade amar enquanto se sente traída. Querer proteger, não é razão para anular o outro. Eu não sou uma criança que vai viver embaixo da asa e dos sacrifícios dele. Só de pensar que estive todo esse tempo com Otávio enquanto ele sabia de tudo, fico mais angustiada.
De volta para casa, fico um tempo na janela olhando a rua quando vejo o carro de Antônio Carlos despontar na esquina e parar em frente a uma das casas. Ele apaga os faróis, me fazendo perceber que tem alguma coisa errada, pois eu me livrei do celular. Como ele saberia onde estou morando se não estivesse me seguido? Vou até o carro do marinheiro cansada dessa palhaçada.
— Que merda é essa? — pergunto irritada quando o Antônio Carlos desce uma pequena parte do vidro.
— Ele está preocupado com você. Não me bate, Dalena, só estou aqui tentando aliviar o coração de um amigo — justifica com a voz mansa.
— Sério?... Como conseguiu me encontrar?
— Ele colocou um rastreador no seu carro quando saiu do hotel — conta constrangido.
— Ele fez o quê? — Franzo o cenho.
— Eu não sei o que rolou entre vocês, mas sabe que as facções estão em alerta vermelho e tem o senador que é uma preocupação constante dele.
— Ah, ele está preocupado com o senador? Por qual motivo, eu posso saber ou ainda é um segredo? — Cruzo os meus braços.
— Olha, para ser bem sincero, até eu estou preocupado com você. Essa casa não tem proteção nenhuma. — Faz um dar de ombros. — Inclusive, entra, não é bom ficar na rua de bobeira. Está tarde.
— Não respondeu a minha pergunta.
— Sabe que não vou responder. — Arqueia as sobrancelhas e comprime os lábios, coçando a nuca. — Que tal me oferecer um café? Dá pra ver que está precisando muito conversar com alguém — oferece, destrancando a porta.
— Sinto muito, mas não quero você na minha casa. Também não quero você na minha rua e não quero que me siga. A única conversa que quero ter, vocês fazem total segredo — digo controlando o tom da minha voz. — Ele não falou que não estamos mais juntos? Então deveria entender que não sou problema dele, nunca fui e nunca serei.
— Com relação a isso, achei que tinha concordado comigo naquele dia sobre certas atitudes que Dom precisa ter.
— E quanto às atitudes que eu preciso ter? Como por exemplo, ficar longe de pessoas que me deixam no escuro. Ele me seguir não faz o menor sentido. Se realmente estivesse priorizando a minha segurança, teria aberto o jogo para mim — pontuo, elevando o tom. Descontando a minha raiva em quem está na minha frente.
Paro um pouco para respirar e vejo o celular de Antônio Carlos em uma chamada de voz no banco do seu carro. Empurro ele para o lado e pego o aparelho vendo o nome de Dom na tela. Olho decepcionada para o marinheiro e sacudo a cabeça em negativa com um sorriso incrédulo.
— Vocês parecem crianças... — afirmo com a voz controlada, sem esconder a indignação. — Agora, vou para minha casa. Se eu olhar pela janela e ver algum de vocês na minha rua, chamo a polícia. Não estou brincando. — Entrego o aparelho a Antônio Carlos e saio pisando duro.
Tranco a porta ao entrar em casa. Quando olho pela janela, o marinheiro já tinha ido embora da rua. Satisfeita por ter sido respeitada, vou para a cama dormir. A ameaça de chamar a polícia funcionou bem no hotel e por isso repeti, mas ainda não seria capaz de fazer isso.
Deitada, eu me reviro de um lado para o outro sem conseguir manter os olhos fechados. Os meus pensamentos estão extremamente agitados com o turbilhão de sentimentos que me atormentam.
Sinto falta de Dom.
Sinto raiva de Dom.
Sinto ódio de Otávio.
Inquieta, levanto da cama e vou até a janela checar a rua novamente. Através das persianas, vejo que tem um carro de polícia exatamente onde Antônio Carlos estava. Bufo irritada, isso é uma tremenda provocação, não acredito que Dom teve a audácia de fazer isso.
Ah, mas ele não perde por esperar.
Desço as escadas pronta para fazer um escândalo. Abro a porta de uma vez e me deparo com Dom sentado na calçada da minha casa. Meu sangue gela, meus olhos imediatamente ficam marejados, meu coração falha.
Ai, meu Deus, como ele é lindo.
Deixa de ser idiota, Dalena.
— Você não tem esse direito. — Minha voz vacila.
— Eu não me importo. — Pega uma pedrinha ao seu lado e atira para longe.
— Não temos mais nada, entende isso?
— Entendo, Dalena. — Levanta do chão e vem até mim. — Não é por isso que vou deixar algo te acontecer.
— Dom... — falo em tom de advertência.
— Relaxa, não vai ser para sempre, uma hora isso não será mais necessário — avisa de um jeito duro.
— É loucura sabe... a pessoa que eu quero distância dormir na porta da minha casa.
Dom baixa o olhar e vejo o quanto o magoei com as minhas palavras, mas quando ele levanta o rosto, esconde completamente os seus sentimentos. Essa capacidade deve ser coisa de quem vive no tráfico, conseguir camuflar qualquer sinal de fraqueza. No fundo, eu sei que está doendo nele, tanto quanto em mim.
— Eu já disse, é por pouco tempo. — Sua voz sai linear. — Posso usar o seu banheiro? Saí com pressa de casa e não quis fazer na sua porta. Os vizinhos já vão estranhar um homem sentado na sua calçada a noite toda, imagina se me virem... você sabe.
— Entra — permito, contrariada.
Eu me afasto da soleira e ele passa por mim andando bem devagar, deixando um rastro com seu perfume. Sei que está testando o quanto posso suportar a nossa proximidade sem que eu pule em seus braços. O meu coração se despedaça por tê-lo tão perto e precisar me manter afastada.
— Alugou uma casa de boneca? — pergunta, olhando para os lados e fixando o olhar no enorme saco de brinquedos que comprei, deixado no canto da sala.
— Estou bem satisfeita — digo, emburrada.
— Até uma criança consegue arrombar essa casa — fala, olhando as janelas de vidro com adornos de madeira e as trancas da porta.
— Ninguém vai arrombar essa casa — afirmo, irritada.
— Andou chorando?...
— Não quero falar sobre isso — resmungo com um entalo na garganta. — Aliás, não queria usar o banheiro? É só subir as escadas. O terceiro cômodo no corredor. — Assim que lembro de um pequeno detalhe, ruborizo. — Não tem porta, mas só vai ter você lá em cima.
— Não tem porta? — pergunta espantado. — Sua capacidade de encontrar lugares para se esconder é impressionante. De um banheiro da escola para uma casinha de brinquedo.
— Só vai, Dom. — Aponto a escada, desviando o meu olhar. — Ele sai com um risinho no rosto.
Ainda bem que não estou com sono, pois estou sentindo que a noite vai ser longa.
A casa realmente parece de boneca, teto baixo, espaços pequenos, mas sinto que ela me abraça, que é um lugar meu. Com os meus vencimentos de vereadora, consigo pagar tranquilamente, só isso já me deixa achando o melhor lugar do mundo.
Sozinha na sala, sento no sofá de madeira, cercado por almofadas listradas em tons pastéis. Fico encarando a escada ao lado da pequena cozinha, separada por um balcão. Uma cafeteira simples repousa sobre a sua superfície de madeira, acima dele, um móvel suspenso no teto guarda taças e garrafas de vinho, como um pequeno bar.
Espero por um bom tempo, enquanto memorizo as paredes marfim da minha nova casa. Incomodada com a demora, resolvo subir para ver o que está acontecendo. Piso em cada degrau com a madeira rangendo debaixo dos meus pés. Reviro os meus olhos, pois não queria denunciar a minha presença. No primeiro andar, acabo encontrando Dom enroscando uma câmera no bocal de uma das luzes do corredor.
— Que merda é essa? — pergunto subindo o tom.
— Uma câmera para que eu possa monitorar a casa — explica com naturalidade.
— Pode tirar essa merda daí!
— Isso não é negociável, Dalena — fala terminando de enroscar.
— A merda que não é! Você só pode tá de brincadeira. Tira ou arranco!
— Não tem problema, eu coloco outra. — Sua voz é irritantemente paciente.
— É a minha privacidade, a minha vida! — esbravejo, apontando para o meu peito.
— Isso mesmo, a sua vida... pode teimar o quanto quiser, eu não vou abrir mão de te proteger enquanto achar necessário. Apesar de tudo, não quero que você morra.
— Isso deve ser uma obsessão. Em toda oportunidade, fala que eu vou morrer... — resmungo.
— Não importa, chame como queira. A câmera fica.
— Bem incoerente isso, já que desativou a conexão com o GPS do celular que me deu. — Ele fica em silêncio, com uma cara de culpado. — Você não desativou? — pergunto embasbacada.
— Desde que Otávio sabe que nós nos beijamos, eu dou um jeito de te seguir, porque eu não confio nele. Por isso, Suzanna mora no seu prédio.
— O quê?... — sussurro raivosa. Dom baixa a cabeça. — Está dizendo que me segue constantemente feito um psicopata?
— Psicopata? Que isso! Não é bem assim não... é só se eu sentir que você está correndo risco ou algo assim. Antônio Carlos só aparece em momentos críticos, como no dia do jantar do governador que você encerrou a nossa ligação de maneira bem suspeita. No fim, eu estava certo, porque ele precisou interferir. E essa casa aqui? O que dizer, né? Parece piada. Não dá para ignorar — justifica. — Eu respeito a sua privacidade, tanto que fiquei surpreso quando te vi no hotel. — Dom fica bem sério ao mencionar o nosso último encontro.
O ar fica mais denso entre nós dois, como se nos fizesse lembrar das feridas abertas recentemente. Estou cansada dessa discussão e de ter que pedir para deixar de me seguir. Com certeza, ele não vai ceder sem uma discussão extrema, o que não quero. Por hora, vou aceitar ou esse mal-estar será interminável. Só preciso pensar em uma forma de despistar Dom.
— Por que colocou o rastreador, então?
— Para não correr o risco de você se livrar do telefone.
— Como descobriu que não estou morando no apartamento, já que o carro que colocou o rastreador está lá? — desconfio que Suzanna tenha dito algo. — Eu cheguei aqui hoje. É a minha primeira noite, podia estar só visitando alguém.
— O porteiro avisou que você estava fazendo uma mudança num carro de aplicativo e verifiquei os endereços em que você foi hoje. Não foi difícil ligar os pontos — explica, finalizando a instalação da câmera e conectar o equipamento com o seu celular.
— O porteiro, Dom? — Ele faz um dar de ombros.
— Por que o seu carro está na vaga de Suzanna? — pergunta sem disfarçar o estranhamento.
— Eu vendi a ela, estou precisando de dinheiro — minto, sentindo o meu rosto arder.
— Vou pegar de volta — avisa, irredutível.
— A merda que vai, deixa de ser ridículo! Eu vendi e pronto — contesto, irritada com a interferência.
— Deixa se ser cabeça dura, Dalena. Sabe que eu posso te ajudar — insiste.
— O meu relacionamento com você, não teve nada a ver com interesse, foi por amor. Para mim, essa conversa já deu. Dorme no sofá, não quero você na minha calçada — finalizo e passo por ele, indo para o quarto do guarda-roupas pegar um lençol. — Espera aqui — aviso antes de entrar no cômodo.
Com o lençol em mãos, vou até Dom e o entrego. Ele recebe se aproximando de mim, desafiando o limite entre nós. Meu corpo tensiona, quero provar que sou dona do meu querer, mas sinto que estou prestes a trair a mim mesma quando o seu rosto chega mais perto do meu. Minha barriga sofre uma espécie de golpe, minha respiração falha, dou um passo para trás antes de me corromper em troca de senti-lo mais uma vez.
Saio apressada para o quarto, respirando como se tivesse corrido uma maratona. Como isso é difícil... Eu sou uma cretina por me submeter a tudo isso. No fundo, eu quero a atenção de Dom, quero ele por perto, por isso não consigo afastá-lo. Ele sente o quanto tenho necessidade do seu olhar sobre mim e me faz vacilar, mesmo estando com raiva dele.
— Durma bem — diz num tom convencido do corredor e desce as escadas.
Jogo o meu corpo na cama. Se já estava complicado dormir, agora estou em uma missão impossível. Eu não deveria ter ido entregar o lençol, deveria ter jogado de longe, preciso me manter a dois metros de distância de Dom, no mínimo. Quando ele se aproximar, devo me afastar imediatamente. Até encerrar de vez essa história dele ter o direito de me vigiar, porque simplesmente quer.
Que palhaçada!
Na cama, eu me obrigo a dormir. Vou sair cedo e não posso viajar cansada com Henriqueta ou deixar ela na mão. Tento me concentrar no silêncio da casa, imaginando que sou parte dessa calma, com isso o sono chega. Admito que ter Dom por perto, também me ajudou a adormecer.
|NOTA DA AUTORA|
A verdade foi revelada sobre os poderes do senador Otávio Primmaz. Alguém aí em choque?
Dalena e Dom sem conseguirem se entender. O caos tá armado na reta final de A VIDA NO MORRO COMEÇA CEDO. Terça-feira tem capítulo novo, não perca!! Até lá... Xeroooo ✿◕‿◕✿
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