▓ CAPÍTULO VINTE E CINCO ▓
Dom entende a minha necessidade de ficar somente em sua companhia enquanto choro em silêncio. Faltou ânimo para subir as escadas, só afundei no sofá e ele me deu o seu colo para a minha cabeça fazer de travesseiro, enquanto afaga os meus cabelos caindo por suas pernas.
Não me lembro de ter chorado na presença de outra pessoa depois que fugi de casa. Eu me preocupava demais em fingir que sou autosuficiente, madura e coisas do tipo, mesmo não sendo nada disso. Acredito que, no fundo, estava evitando mostrar que na realidade eu não passava de uma garotinha abandonada.
Muitas vezes me forcei a segurar o choro, mesmo sendo uma dor constante o jeito como a minha mãe me tratou quando contei sobre Sandoval. No entanto, saber que depois de todos esses anos ela ainda me vê da pior forma, me destrói por completo. Somado ao infeliz reencontro com dona Marilena, descobrir que Otávio durante todo esse tempo compactua com ela faz com que eu me sinta um pedaço de lixo.
Tiquinho e Branca ainda estão na chácara. Desconfio que Dom os deixou lá para ficarmos mais à vontade durante esses dias e aproveitar que estamos finalmente juntos. Acontece que é como se estivéssemos bem no meio de um vendaval, sendo impossível vivenciar algo completamente tranquilo. De certa forma, eu me sinto culpada, porque sei que sou o epicentro de toda essa loucura, embora ele não demonstre se incomodar.
— Que tal subir agora para tomar um banho? — pergunta quando deixo de chorar mais um pouco.
Olho para Dom e concordo. Ele me acompanha até o quarto. Entro no banheiro, deixando as minhas roupas pelo chão. Na ducha, choro ainda mais, durante uma hora, praticamente. O buraco que existe no meu peito agora é infinitamente maior. O pior de tudo é que preciso ficar convencendo a mim mesma de que nada disso é minha culpa, pois no fundo sinto que é.
Dom dá leves batidas na porta.
— Posso entrar? — O som abafado da sua voz ressoa pelas pequenas aberturas da soleira.
— Pode... — autorizo, após alguns segundos.
A porta é aberta devagar, ele vem até mim em passos cautelosos. O seu olhar traz um azul cheio de tristeza enquanto avança pelo banheiro até alcançar o box. Por trás do vidro, vela a minha desolação, lamentando por assistir a morte de mais um pedaço da minha alma. A dor da decepção com quem deveria ser o meu maior exemplo, seu porto seguro, a luz dos seus olhos, profana um amor sagrado e puro.
— Eu sei que sugeri um banho, mas desse jeito vai pegar um resfriado — diz ao entrar na área de banho e desligar a ducha.
Para escorrer mais rápido a água acumulada no meu cabelo, torço os fios antes de ser envolvida por Dom em uma toalha. Suas mãos se movimentam rapidamente por meus braços, aquecendo o meu corpo ao sentir a minha pele gélida. Em seguida, me aperta num abraço forte por um breve instante.
— Deveria pelo menos ter deixado a água morna — ele me repreende afetuosamente. — Veste uma roupa enquanto vou preparar um dos chás do estoque de Tiquinho, deve ter algum com efeito calmante. Te espero na cozinha — avisa ao sair.
Ao buscar algo para vestir, me deparo com minhas roupas arrumadas onde deveria estar a mala, que agora foi colocada junto a dele na parte mais alta do closet. Visto um pijama flanelado num rosa suave, penteio os cabelos e sigo para a cozinha com a cabeça pesada. Será que um chá seria capaz de desanuviar a minha mente?
Encontro Dom despejando água quente de um bule de inox numa xícara de vidro. Depois, ele coloca um sachê de chá para soltar as propriedades da erva. Ao dar uma pausa, olha para mim carinhosamente e, com cuidado, empurra a xícara fumegante pela superfície de madeira da mesa até a minha frente.
Eu me sento quando o chá está pronto e ao pegar a xícara, dou alguns goles com cautela para não me queimar. Dom apoia o corpo sobre os punhos fechados na base da mesa, estudando a minha falta de ânimo, como se isso o deixasse ser consumido por uma revolta que tenta disfarçar.
— Dalena... — pronuncia o meu nome seguido de um longo suspiro. — Eu nem consigo imaginar o quanto deve estar doendo, mas não deixa isso te derrubar — pede com a voz calorosa.
Ajeito o meu corpo na cadeira, incomodada com a iminente onda de lágrimas que tentam escapar nos meus olhos. Puxo o ar pelas narinas, fechando os olhos brevemente. Preparado para uma conversa, Dom senta ao meu lado, envolve a minha mão com seus dedos e puxa o meu rosto para junto do seu, segurando em minha nuca.
— Se precisa chorar, chora... mas chora só para se curar do veneno da sua mãe. Ela não te merece como filha, nem deveria ter o poder de atormentar o seu coração. Tá certo? — pergunta próximo ao meu ouvido, e confirmo movendo a cabeça em seu ombro. — O nosso ponto fraco deve ser aquilo que faz bem. — Dom leva a minha mão até o "D" tatuado em seu pescoço. — O que tenta nos destruir, deve ser o que coloca a gente de pé.
Sua testa cola na minha, respiro fundo e mergulho no azul dos seus olhos como se me afundasse em águas tranquilas. É como se, por um instante, todo o peso que carrego não existisse. Saber que tem alguém ao seu lado em um momento assim, é a sensação mais acolhedora.
— Lembra que falamos sobre o nosso amadurecimento antes de nos despedirmos no almoxarifado? — pergunto ao me afastar dele.
— Você não se despediu de mim — corrige com uma pitada de ressentimento, e olho para ele com culpa nos olhos —, mas lembro sim.
— Às vezes acho que eu não amadureci — confesso. — Vejo o meu corpo envelhecer, enquanto a minha mente está presa naquela garota fugindo de casa — revelo, aliviada por conseguir dividir isso com alguém. — E se a culpa não for deles? Não sou eu a responsável por tudo o que vem me acontecendo?
— Ah, Dalena...
— Eu tenho tomado muitas decisões erradas, Dom. Como se eu nunca soubesse como seguir pelo caminho certo. Entende?
— Isso é só a vida... Aquela coisa de "quem não tem pecado que atire a primeira pedra". Não?
— Eu não sei... mas sinto que minha mãe tem razão em me odiar. Eu a deixei sozinha, talvez devesse ter segurado melhor a situação.
— Você só tinha quatorze anos.
— Você também, mas conseguiu se manter em pé numa tempestade, já eu... — entorto o canto da boca. — Por mais que queira acertar, cometo um erro atrás do outro. Isso me faz cogitar se teria sido mais fácil só aceitar os abusos de Sandoval, se assim eu valeria algo. — Comprimo os lábios, enrugando o meu queixo.
— Nossa... — Dom me observa com preocupação.
— Ele tem o amor dela, pois deu tudo o que minha mãe precisava. Eu dei o quê? Dei as costas? Roubei... fugi... matei... me prostitui... aceitei uma relação por interesses políticos, baguncei a sua vida.
— Você não vai colocar uma besteira dessas na cabeça, não é?
— Como posso estar certa em meio a tudo isso, Dom?
— Poxa, Dalena, esse foi o único jeito que encontrou para sobreviver e por isso quer tanto construir o centro — pontua.
— Eu sou uma farsa, Dom.
— Sei que doeu ver sua mãe surgir do inferno para te apontar o dedo. Essas paradas deixam mesmo a pessoa confusa, mas eu tô aqui para te dizer que você não é nada do que ela disse.
— Eu não tenho tanta certeza disso...
— Deveria ter. Você é tão humana... Se quisesse estaria nadando em dinheiro, mas se vendeu para sobreviver e ajudar as pessoas.
— Porque eu sou idiota — resmungo com raiva de mim.
— De vez em quando você é — confirma com um sorriso debochado.
— Está confirmando que eu sou idiota? — pergunto com uma falsa indignação e Dom sorri ainda mais.
— Só quando fica longe de mim. — Puxa a cadeira em que estou sentada para perto dele, me aquecendo por dentro com um beijo em meu pescoço. — Quando quer brigar comigo sem me ouvir, também é muito idiota.
— Uma idiota cheia de razão, porque mentiu e eu descobri. Sua sorte é que o seu amigo sabe conversar, ao contrário de você.
— Eu fiquei muito nervoso... Sabia que qualquer coisa que eu dissesse, teria algo para dizer o contrário. Sempre foi assim, você me coloca no bolso. Uma advogada nata. E nem quero mais falar sobre isso para não terminar em outra briga. — Dom puxa as minhas pernas, agarra em meu quadril e me coloca em seu colo. — A não ser, que a gente faça as pazes imediatamente.
— Aí, tudo bem?
— É. Nada de sair de casa ou ficar sozinha com um massagista. — Arqueia a sobrancelha irritado, e começo a rir da sua expressão marrenta. — Pode rir, mas estou falando bem sério.
— Eu estou tentando entrar em depressão, mas você não deixa — brinco.
— Quer dizer que me deixar puto, te faz feliz? Porque minha cabeça dá voltas quando eu lembro de você trancada naquele spa de merda com aquele cara. — Acabo rindo um pouco mais do seu ciúme.
— Eu já falei que não ia acontecer nada... — digo risonha, e ele parece amolecer um pouco o jeito duro.
— Está melhor? — pergunta, segundos depois.
— Ainda tem dúvidas? — Cruzo os meus braços em seu pescoço, fitando Dom com um olhar mais leve.
— Não sei... — Ergue a sua mão e acaricia a minha bochecha. — Foram dias intensos para você, não precisa fingir que está bem se não estiver. Claro que vou ficar tentando te fazer sorrir, só não quero que esconda nada de mim. Ainda não somos casados, mas toda aquela história de ser na alegria e na tristeza, já está valendo.
— Não acha muito cedo para pensar em casamento?
— Quase 10 anos querendo só você, ainda acha que é cedo? — Sua voz fica rouca e vulnerável.
— Nunca se apaixonou por outra pessoa?
— Eu não podia me apaixonar por alguém, porque também sempre fui apaixonado por você. — Dom roça a ponta do seu nariz no meu e me dá um beijo rápido. Diante do meu silêncio, me lança um olhar especulativo — Você me disse o mesmo, mas não acredita em mim?
— Não é isso... — Pensar nele se envolvendo com tantas mulheres, não me ajuda a acreditar que sempre foi apaixonado por mim, mas realmente não é desconfiança.
— O que é então?
— É difícil entender o que estamos vivendo. Esse é um lugar em que nunca estive. Quando via casais apaixonados, sabia que não viveria algo assim e acabava triste, enfiando a cara nos livros. O amor era algo impossível para mim, porque você parecia fora do meu alcance — justifico, desconcertada com minha insegurança. — Agora que está aqui comigo, fico me perguntando em que momento vou quebrar a cara, porque parece que a felicidade não foi feita para mim. Tenho tanto medo de não ser real.
— Você me quebra todo... — diz, apertando o meu rosto. — Eu sei que passou por muita merda, mas isso aqui sempre foi real. Não deixe essas paradas te confundir.
— Não vou mais deixar. Eu prometo.
— Que tal deixar o passado no passado? Sei que não deve ser fácil, principalmente depois de hoje, mas estamos juntos agora. Juro que me esforço bastante para acompanhar a rapidez com que tudo muda ao seu lado, só que essa é a hora da gente ser feliz. — Dom arruma os meus cabelos atrás do meu ombro. — Você mesma disse que deveria ter ficado e agora eu estou aqui, não?
— Eu devo estar te enlouquecendo. — Rimos um pouco. — Desculpe — digo, deito a cabeça em seu ombro e ele beija o meu.
— Ah, é... Estou comendo dobrado. Mas quer saber? Você vale tudo isso. — Dom me aperta.
— Eu não te mereço...
— Não vou dizer o contrário.
— Convencido.
A voz da minha mãe sumiu dos meus pensamentos, o amor é realmente capaz de silenciar qualquer voz que traga rejeição e dor. Não estou completamente feliz, mas este momento é o mais próximo que já estive da verdadeira felicidade.
— Quer ir deitar? — pergunta quando me afasto, mostrando seus dentes alinhados num lindo sorriso. — Infelizmente, o passeio de barco não rolou.
— Não estou com sono e sinto que não vou conseguir dormir agora — admito, enquanto relembro a vergonha que passei antes do infeliz reencontro com minha mãe. O dia foi bem cheio. — Agora que estou conseguindo raciocinar, quero fazer uma reclamação — aviso séria, e ele me olha preocupado. — Você deveria ter me dado um sinal que estava ouvindo a minha conversa com as meninas.
— Juro que estava aliviado, pensando que tinha esquecido — brinca.
— Eu já sou terrivelmente insegura perto delas. Agora, é que não terei cara mesmo de ficar perto das garotas — admito.
— Não acredito nisso — diz, achando absurdo.
— Durante muito tempo eu fui "A virgem" dentro de um cabaré. Como acha que é minha moral lá? — pergunto, e Dom sacode a cabeça sorrindo. — Elas sabem tantas coisas, enquanto eu sou a eterna inexperiente.
— Não acho que elas são um bom exemplo para se comparar. Nada contra, mas... — evita completar.
— Mas elas são bem mais experientes sim — insisto. — É diferente ficar com uma mulher que sabe o que está fazendo, em comparação de uma que depende exclusivamente das ações do homem. Não estou dizendo que seja ruim, só não dá para negar a coisa que muda.
— Não é bem assim, Dalena — tenta me corrigir, embora não tenha argumentos e deixo o assunto morrer. A visão dele, nunca será como a minha.
Ao lembrar das coisas boas de hoje, recordo as experiências que jamais sonhei vivenciar. Eu gostei de me aventurar dessa forma, de sentir que posso desfrutar o prazer como algo meu e não que é somente para servir. Sentir que o nosso amor é perfeito tanto em cima de uma cama, quanto no banco de um carro no meio do mato, ou em uma sala escura de cinema, me deixa querendo ir além. Desafiar os meus limites e escancarar isso para o mundo, apesar que agora não é um segredo para ninguém, tenho o desejo de mostrar como amo e sou amada.
— Dom, podemos fazer algo diferente hoje? — pergunto, e recebo um olhar intrigado.
Encosto o meu rosto no dele, deixando nossas peles experimentarem uma à outra. Respiro o aroma cítrico que envolve o seu cabelo perfumado e deslizo suavemente os dedos pelos fios, enquanto ele faz o mesmo em minhas costas, por baixo da blusa do pijama, gerando arrepios deliciosos.
— No que está pensando? — pergunta ao pé do meu ouvido, com a voz suave, enquanto minhas mãos deslizam pelo seu abdômen.
— Acha mesmo que tudo muda muito rápido quando está comigo? — questiono, mordiscando a sua orelha, saindo um pouco do foco do assunto.
— Nem preciso pensar para responder. Sinto que está fazendo isso exatamente agora. — Aperta a mão nos meus cabelos e morde o meu queixo, ao inclinar a minha cabeça para trás. — Então, o que quer fazer?
— É que gostei do que fizemos hoje e isso está me deixando com vontade de dar um passo maior. Se estiver tudo bem para você, claro. — Continuo com minhas carícias em Dom. — O passeio de barco broxou... Que tal agitar as coisas de outras formas? Quero experimentar algo novo.
— Se for o que estou pensando, acho que o telhado daqui não aguenta nós dois, mas posso tentar — brinca.
— Se ficar me zoando, não vou ter coragem de dizer — admito.
— O que você quiser, é só falar. — Dom me beija.
— Quero que me leve a um lugar onde nos assistam — digo de uma vez, surpresa com a minha coragem, mas mostrando a Dom que estou segura do meu pedido ousado.
— Você quer ir em um swing? — Ele se afasta um pouco e coça a nuca, confuso.
— Sim, mas sem a troca de casais. Não sei como isso se chama, só quero que me assistam com você — reafirmo o meu desejo louco.
— Dá última vez que pediu algo tão longe da sua realidade, você não ficou bem — alerta, incomodado com a minha ideia.
— Não vou me machucar — garanto. — Só consiga uma máscara para mim, porque ainda sou uma figura pública.
— Sabe que vamos ficar sem roupas na frente de outras pessoas, não é? Não sei se quero alguém te vendo nua — admite.
— Você só me deixa nua se ficar confortável, tudo bem se formos um fracasso, mas será divertido testar os nossos limites.
— É isso que anda fazendo, testando os seus limites?
— Falei nossos. — Dou um suspiro, e ele crispa a sua boca. — Na primeira vez que me tocou, abriu muitos espaços dentro de mim. Não estou dizendo que vamos fazer ou que iremos repetir, eu só quero conhecer. Viver isso com você.
— Então não é só por causa das nossas aventuras de hoje?
— É provável que não... — afirmo, pensativa. — Só sei que estou com esse desejo e se não estiver a fim, não tem problema... é uma ideia maluca mesmo.
— Você é muito valiosa para mim, mas podemos tentar, só não prometo tirar a sua roupa. — Dou um sorriso rápido e mordisco o meu lábio inferior.
O meu coração acelera diante da perspectiva do desconhecido. Uma mistura de nervosismo e excitação percorre meu corpo. A ideia de explorar novas experiências ao lado de Dom desperta uma curiosidade irresistível em mim.
— Estou nervosa, e você? — Para me responder, Dom coloca minha mão em seu colo e aperta os meus dedos contra ele, me fazendo sentir o quanto está empolgado com o meu convite inesperado.
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O ambiente parece o quarto de algum filme burlesco: muito preto, vermelho e seda à minha volta. Visto as delicadas peças com fios de renda e calço uma bota que lembra uma meia arrastão, toda vazada, coberta de pequenos cristais, com salto agulha.
Posso dizer que estou nervosa tanto quanto estou excitada. Se esse é o lugar perfeito para trazer alguém que realmente ama, eu não saberei dizer. Minha única certeza, é que no momento quero quebrar barreiras, quero derrubar todos os limites do meu corpo e vou fazer isso com Dom.
No espelho admiro a lingerie que estou usando, três palavras vêm na minha mente: gostosa pra caralho! Dom me presenteou com uma máscara e um conjunto provocativo que é um verdadeiro escândalo. Eu me contive de perguntar como ele conseguiu algo assim em tão pouco tempo.
O corselete é de renda preta com bordados dourados, o decote vazado expõe meus seios no limite dos meus mamilos. A calcinha é uma minúscula tanga com alças triplas que lembram delicados cintos e abraçam o meu quadril mantendo uma distância razoável um do outro. A cinta liga desce até o meio das minhas coxas, mas não estou usando meias. A impressão é que as peças estão amarradas em meu corpo.
Enquanto esperava a lingerie chegar, caprichei na maquiagem. Optei por uma sombra mais pesada e um batom bem vermelho. Posiciono a máscara de renda em meu rosto, com um estilo veneziano, deixando as alças escondidas por baixo dos meus cabelos. Visto um quimono de tule preto antes de abrir a porta do quarto.
— Estou pronta — aviso a linda mulher loira no corredor escuro, usando apenas scarpins pretos.
Ela passeia os olhos pelo meu corpo com desejo, conferindo cada detalhe da lingerie que não esconde muita coisa, apenas ornamenta as minhas partes íntimas. A mulher me estende a mão e a seguro. Sou guiada pelo corredor até o andar de cima, encontrando pessoas nuas pelo caminho, que não se privam em me olhar com curiosidade e desejo, enquanto, ao contrário, evito encarar qualquer um.
A música que toca por todo estabelecimento é um som eletrônico com batidas sensuais e palavras sussurradas em inglês. O ambiente é completamente erótico sem o menor constrangimento de ser. Isso me faz pensar no quanto o bar de Lourdes tenta parecer com esse clube. Embora não consiga ser tão refinado, atende perfeitamente a sua clientela.
— Pode entrar — a mulher autoriza com um sorriso provocante. — Aqui tem duas formas de se divertir. No confessionário você não vê quem te assiste, já no aquário consegue ver todos lá fora te assistindo. Que opção escolhe?
— Aquário.
A moça anda até o enorme espelho que ocupa totalmente a parede no fundo do quarto e liga um interruptor, revelando uma vidraça que divide o ambiente privado do salão repleto de pessoas. Minha barriga gela automaticamente, quando se aproximam para me olhar melhor.
— Quer que eu esquente as coisas com você? Podemos começar devagar e se gostar de mim, eu continuo aqui, participando da brincadeira — oferece, me deixando ruborizada por baixo da máscara. Nunca recebi uma cantada de uma mulher, fui pega de surpresa.
— Outro dia, quem sabe... — recuso sem graça, sabendo que esse dia jamais chegará. Desconfio que não foi uma boa resposta.
— Vou esperar ansiosamente — fala e sai do quarto.
Quando me vejo sozinha, praticamente corro atrás da moça para que volte e me faça companhia, não sexualmente, claro, mas me mantenho firme. Sento na cama redonda que ocupa o centro do quarto cruzando as pernas, passo os olhos em volta enquanto espero por Dom. As paredes são acolchoadas por um tecido vermelho, ornamentado em matelassê, a iluminação é baixa e um espelho no teto lembram um quarto de motel.
Em um canto da parede, tábuas acolchoadas em formato de "X" com amarrações parecem aguentar o peso de uma pessoa suspensa. Um estofado em formato de cavalinho e um pole dance também estão disponíveis para serem usados, além de uma coleção de chicotes.
Noto quando um vaporizador na parede perfuma o ambiente com uma essência afrodisíaca. As pessoas se acumulam no vidro, me olhando com curiosidade. Talvez esperem que eu faça um show para eles, o que com certeza não vai acontecer. Pode ser até que saibam disso e aguardem o meu parceiro entrar no quarto, assim como eu. A demora de Dom me gera expectativas, não consigo imaginar o que está preparando para nossa exibição.
A porta range atrás de mim, todas as atenções se voltam para quem entra no quarto. Minha coluna fica mais ereta, uma onda gelada percorre a minha espinha. O olhar das mulheres e de alguns homens do outro lado do vidro se iluminam, uma pontada de ciúme espeta o meu peito, o que alivia é saber que ele é meu.
Ouço a porta ser trancada. Usando apenas uma calça jeans, Dom passa por mim e fecha a cortina, cobrindo a vidraça de uma ponta a outra. Confesso que fico aliviada por me livrar de todos aqueles olhares. Levanto da cama e vou até ele, que parece hipnotizado com a minha imagem.
— Por que demorou?
— Você está linda.
— Isso não me responde. — Sorrio ligeiramente.
— Queria ver se você mudava de ideia.
— Não mudei, e você? — pergunto preocupada.
— Quero te arrancar daqui..., também quero arrancar a sua roupa..., mas não na frente dessas pessoas — admite. — Isso é mesmo tão importante para você?
— Não é. — Deixo um beijo no canto da boca de Dom. Antes que me afaste, ele segura com firmeza a minha nuca e roça os lábios nos meus.
— Você é um perigo, Dalena...
— Só porque eu quis algo diferente? — Ele nega.
— Porque não sou forte o suficiente para resistir a você e te negar qualquer coisa.
— O seu ponto fraco.
— É..., o meu ponto fraco.
Eu me viro para Dom, seguro a cortina e levo ela até o outro lado da sala, deixando a vidraça livre novamente. Não olhamos para quem está do outro lado, apenas fitamos um ao outro, como se fosse só nós dois, apesar de saber que algumas pessoas se aproximavam para assistir, a maioria casais.
Entre as minhas pernas, sinto um ardor quente me consumir. Aperto o interior das minhas coxas para tentar amenizar, mas o efeito é contrário quando Dom vem em minha direção. Ele se aproxima de mim, vira o meu corpo e me encosta no vidro, como se fosse um policial rendendo um suspeito.
Nossas respirações estão pesadas.
Dom aperta o meu corpo contra a vidraça, estamos tão quentes quanto o motor de um carro. Sinto a sua rigidez contra a minha bunda e ela se empina querendo mais, pedindo atenção. Seus dedos deslizam por baixo do tecido do quimono, acariciando as minhas nádegas. Eu gosto de saber que tem pessoas vendo como ele me toca.
Meu rosto está colado no vidro, mesmo assim, consigo ver de relance quando tira algo do seu bolso e mexe. Imagino que seja uma camisinha, só que não ouço a embalagem rasgar, escuto somente o som de uma tampa abrir. Ele encosta o corpo no meu e sussurra no meu ouvido.
— Posso brincar aqui atrás? — Concordo com um aceno, ansiosa para saber o que ele pretende. — Pode pedir para parar a hora que quiser, se por acaso doer ou ficar desconfortável. Se aguentar firme, garanto que não vai se arrepender. — Minha calcinha fica toda babada com a expectativa de sua promessa. — Relaxe o máximo que puder.
Ao se abaixar, Dom separa as minhas nádegas e lubrifica o centro, me deixando ainda mais molhada com a delicadeza que me toca. Algumas pessoas se empertigam pelo vidro tentando ver melhor, mas só conseguem assistir o prazer que estou sentindo. Noto que, propositalmente, ele fica em uma posição que impede a visão da pequena plateia, o que parece deixá-los mais curiosos e febris.
Inicialmente, Dom encontra uma certa resistência, mas com jeitinho, consegue penetrar o seu dedo de forma lenta e pausada. Fico nervosa e ansiosa, enquanto meus gemidos saem cobertos de desejo e desconforto. Ele levanta sem tirar o dedo, ficando ao meu lado, beija o meu maxilar ao mesmo tempo que se movimenta dentro de mim. Minha bunda o acompanha, em busca de um prazer desconhecido.
— Está gostoso? — Aceno positivamente. — Quer que eu pare? — nego como se a minha vida dependesse disso, e ele sorri. — Gostosa. — A voz dele reverbera por todo o meu corpo. Sinto que a minha intimidade nunca ardeu tanto quanto agora.
É... está muito gostoso.
As pessoas ficam ainda mais interessadas em assistir, algumas trocam carícias com quem está ao lado, outras admiram a cena, vendo o quanto o meu corpo venera Dom e a forma como estamos repletos de amor. O dedo dele se movimenta mais fundo, provocando uma onda imensurável de prazer.
— Quero que olhe para mim, Dalena. — Meus olhos imediatamente encontram os seus. O rosto dele está firme, apesar do prazer que sente em me assistir. — Eu tenho um plug para colocar dentro de você. Posso? — Concordo sem pestanejar.
Seu dedo sai devagarinho, mesmo que minha bunda implore que fique. Dom cola a testa na minha por um instante e some em seguida atrás de mim. Novamente, mexe em seu bolso, ouço algo plástico se abrir, depois se movimenta em silêncio, até que afasta as minhas nádegas ao surgir em minhas costas. Logo sinto um metal gelado tocar a minha pele, besuntado de lubrificante.
A ponta do plug é ajustada, em seguida escorrega aos poucos para dentro de mim, deixando minha respiração acelerada e entrecortada. Segundos depois, a penetração é concluída. Dom cobre o que pode da minha bunda com o micro pedaço da calcinha, até que novamente me pressiona contra o vidro.
— Isso é o suficiente? — sussurra no meu ouvido, e confirmo.
O plug mantém o ardor que Dom provocou, apesar do toque dele oferecer mais prazer, mesmo assim, minhas pernas estão bambas, e faço um tremendo esforço para me manter firme. Meu corpo sempre fraqueja com as provocações dele.
Ao se afastar, Dom vai até a cortina para fechá-la, algumas mulheres fazem beicinho, outras me sorriem como se imaginassem exatamente o que estou sentindo e se divertem com a minha visível inexperiência. Ele passa por mim levando o tecido de veludo preto nos deixando sozinhos novamente, mas antes que isso aconteça completamente, vejo o rosto de Otávio entre o emaranhado de pessoas nuas.
— Otávio está aqui — digo, sem saber o que pensar.
— Acha que é coincidência ou que veio nos assistir numa boa? — questiona, como se já soubesse a resposta.
— Ele está me seguindo outra vez. Mas como? Ando atenta e não vejo ninguém estranho.
— Com certeza te rastreia pelo celular. Sabe que isso é muito fácil, não é? Não deve ter sido à toa que a sua mãe te esperava na rua, em frente ao bar de Lourdes. Ela, provavelmente, recebeu um toque dele. Estava muito focada em dizer o quanto esse otário é maravilhoso.
— Que merda! — Fico irritada.
— Vem, vamos sair daqui.
Dom segura em minha mão e saímos para o corredor. Enquanto caminho com um plugue encaixado, sou incapaz de abandonar o desejo que ele provocou em mim, mesmo com Otávio nos rondando. A cada passo, contorço o meu quadril, trazendo uma pressão maior entre as minhas pernas, é quase impossível ignorar as sensações que estou sentindo.
Atento ao que está acontecendo comigo, Dom sorri largo. Abaixo o meu olhar até a sua cintura, conferindo que ele ainda está tão excitado quanto eu. Depois que descemos metade das escadas iluminadas por uma luz neon vermelha, ele me prende em seus braços por um minuto e me beija intensamente.
Meu corpo roça no dele buscando um contato mais firme, Dom atende a minha necessidade e agarra a minha bunda, me levando até a parede, onde me pressiona. O jeans da sua calça fricciona minha pélvis, apesar do tecido ser grosso, sinto a sua rigidez e o calor que nos consome.
Pouso a minha mão em sua ereção e a seguro entre meus dedos, provocando gemidos em Dom. A sua boca parece enfurecida, pois me beija como se fosse arrancar os meu lábios. Amo sentir que ele me deseja tanto que não consegue controlar a sua força.
Meus dedos entram por baixo da cintura de sua calça e massageiam seu membro num ritmo constante e suave. Dom passa os polegares em meus mamilos, depois faz movimentos circulares em torno deles, estou tão sensível que esses pequenos toques intensificam o meu desejo. Ele afasta a borda do sutiã do corselete, pinça os bicos, dando leves puxões, ao mesmo tempo que a pressão em minha intimidade aumenta.
O corpo de Dom se mantém afastado o suficiente para suas mãos trabalharem em em meus seios e, simultaneamente, ele me beija com mais calma, acompanhando o ritmo dos meus movimentos dentro de sua calça. São tantos estímulos em meu corpo, que me sinto completamente possuída por meu prazer.
Alternando entre os leves puxões e os toques circulares, como se seus dedos corressem sutilmente em torno dos meus mamilos, Dom me mantém tomada em suas mãos por um simples contato, porém certeiro, além de totalmente delicioso. Prendo a sua língua na minha boca, imediatamente, sinto que estou chegando ao pico do meu prazer.
Estremeço...
Meus olhos se apertam.
Nossas bocas se engolem.
Meus gemidos vibram na minha garganta.
É uma sensação nova com os mesmos sintomas, mas alcançado por caminhos diferentes. A delicadeza abandona as mãos de Dom, que segura com mais agressividade os meus seios. Ele solta a minha boca e se dedica a sugar os meus mamilos energicamente, no mesmo instante que seu membro lateja entre meus dedos.
Reviro os meus olhos, minha boca se abre emitindo gemidos entrecortados, como um choro doloroso. Dom me acompanha com a boca cheia de grunhidos excitantes, que me deixam louca. Retorço o meu quadril, não quero que acabe, não me preocupo com a iminente chegada de alguém.
Repito em silêncio:
Não para...
Não para...
Não para...
Sem nos abandonarmos, sinto que explodimos, mantendo a nossa atenção um no outro até o fim.
— Vamos acabar num hospital com um esgotamento sexual se continuarmos assim — Dom avisa, soltando o seu peso em cima de mim, com um sorriso febril.
— Isso existe? — Deito a cabeça em seu ombro, recuperando a minha respiração.
— Sim.
— Já aconteceu com você?
— Não, com um amigo — desconversa e me puxa escada abaixo.
— Sei... um amigo.
Após voltar para o andar de baixo, entramos no quarto onde deixei as minhas coisas. Estranhei não ter encontrado ninguém pelo caminho, mas imagino que estejam todos ocupados em suas próprias aventuras sexuais no grande salão ou espalhados pelos outros espaços. Aquele horário parecia o auge da noite.
— Quer que eu tire o plugue agora? — Dom pergunta me abraçando por trás e deixando um beijo em minha nuca.
— Quero.
— Deite na cama, deixando a bunda bem empinada para mim. — Obedeço prontamente. Fico sobre os joelhos e colo o rosto no colchão, deixando o meu quadril como uma montanha. — Você assim, me faz querer te chupar, mas primeiro vamos comer alguma coisa.
A promessa de Dom faz meu coração acelerar, ter a boca dele entre as minhas pernas é visitar o paraíso sem sair do lugar. Ele afasta a calcinha e passeia o polegar, ouço um suspiro pesado, seguido de um longo gemido. Minhas nádegas são acariciadas, enquanto aprecia a minha intimidade.
— Você é linda por todos os ângulos. — Seus dedos apertam a minha bunda, em seguida, ele remove o plugue com cuidado. Eu tenho vontade de alimentar mais uma rodada de sexo, no entanto, a presença do senador Otário é um empecilio e já foi bem ousado o que fizemos na escada. — Pronto — avisa, amaciando o meu desejo de ter ele me vendo tão exposta com alguns beijos.
Visto a minha roupa com a ajuda de Dom, me livrando apenas das botas, sem tirar a lingerie. Ele veste a camiseta, que deve ter deixado no quarto antes de ir me encontrar no aquário. Prontos para sair, nos abraçamos um pouco, trocando beijos apaixonados.
Quando abrimos a porta, Otávio surge vestindo somente um roupão ao lado do seu motorista. Sem pressa, eles avançam no cômodo, bloqueando a nossa passagem. Marlon encara Dom de um jeito ameaçador, me deixando bastante incomodada, mesmo que ele esteja tranquilo com relação a atitude hostil do motorista.
Merda, merda, merda!
Espero que não termine em problema.
Otávio está sério e irritantemente firme na pretensão de ter uma conversa, já que tranca a porta atrás de si, se comportando como se fosse o pai que surpreendeu os filhos em uma festa que não autorizou. Ele desconhece a palavra limite, porque tentar me encurralar ao lado de Dom, ultrapassa o senso da razão.
— Foi para isso que saiu de casa, quer virar uma vadia? — Otávio questiona, visivelmente embriagado, mostrando a causa do seu atrevimento.
— É melhor tomar cuidado com as palavras, senador, ou posso deixar o clima mais pesado. Não esqueça que está no meu território. — tranquilamente, alerta o dono do morro. — O amigo aí não tem como proteger o seu rabo parlamentar de mim ou da minha turma — Dom se impõe. Marlon arma os músculos ao cruzar os braços sobre o peito, e Otávio dá um dos seus sorrisos cínicos.
— Está rastreando o meu telefone, Otávio? — pergunto de forma direta, vendo de relance Dom mandar uma mensagem no celular.
— Desde que começou a andar na companhia de um criminoso, afinal, me preocupo com você, apesar de toda a sua rebeldia. Nos últimos meses, parece que resolveu virar uma adolescente e está revoltada com a única pessoa que não te deixou na mão — fala tentando parecer sóbrio.
— A única pessoa que você não deixou na mão foi a minha mãe... e descobrir que mantiveram contato esses anos, trouxe a certeza de que eu estava ao lado de... Como é que me disse? — Finjo forçar a memória. — Ah, sim... ao lado de uma cobra — ironizo, apesar de saber que ele não vai acompanhar o que eu digo, devido ao seu estado alcoólico. — Não tinha esse direito, senador.
— Acha mesmo que eu acreditei que tinha dezoito anos e que seria burro o suficiente para te manter numa casa de prostitução sem a autorização da sua mãe? Inclusive, você me enganou direitinho, pois achei que seria uma boa esposa como ela é.
— Se minha mãe não fosse tão apaixonada por Sandoval, eu te diria para ficarem juntos, porque são perfeitos um para o outro — desdenho, impaciente.
— Você está cada dia mais fora de si. Está completamente louca, Dalena — diz cheio de bondade, parecendo tentar me ajudar, quando a única coisa que quer é me enganar.
— Eu não sou louca, você que me enlouquece. — Dou um sorriso incrédulo.
— Eu vim te buscar, aqui não é lugar para você. Volta pra casa. Essa palhaçada já deu, esse cara não tem nada para te oferecer. Você é uma parlamentar, tem uma carreira política pela frente, ainda dá para consertar a bagunça que está fazendo no seu mandato. — Ele manipula os fatos ao seu favor, bem típico.
Otávio encosta perto de mim e desliza o indicador sobre o meu abdômen, deixando Dom alerta, enquanto fito os seus olhos mentirosos, lamentando ter que aturar a insistência dele para que essa reunião infame não vire um pandemônio. O desconforto que a sua presença tem se tornado nas últimas semanas, me embrulha o estômago.
— Temos algo precioso... — diz da forma mais sensata que poderia. Dou um passo para trás e Dom fica mais perto de mim. — Não pode continuar essa vingança sem sentido, logo vai ser obrigada a cair em si. Juro que estou mantendo a paciência e espero não ser necessário te forçar a se comportar.
— Some daqui, Otávio — peço com a voz cansada. Ele só fala asneiras.
Pela primeira vez ele encara Dom, como se não reconhecesse o perigo que o homem ao meu lado representa. Lança um sorriso significativamente frio, um que eu nunca tinha visto em sua boca, mostrando de forma infantil uma superioridade que não intimida o dono do morro, no entanto, me deixa bem preocupada.
— Está prestes a descobrir que está amarrada a mim, Dalena — fala ainda encarando Dom. — Quanto a você, Thundercat, se arrependerá quando a sua aventura te custar caro.
— Tentar faz parte da vida, fique à vontade — Dom responde a provocação mostrando que Otávio não consegue intimidá-lo.
— Olha, se eu fosse você não ficaria tão confiante dos sentimentos dela, Dalena tem andado confusa. — Otávio insiste em colocar em dúvida a minha sanidade mental. — Coisas de mulher, sabe?
— Eu te aconselho a não abusar da sorte e ir embora. A minha paciência não vai durar a noite toda — Dom ameaça.
— Está esquecendo que eu sou um senador da república? — Otávio sorri vitorioso.
— Só você que precisa lembrar com quem está falando e não imagina o quanto quero te ajudar com isso — a voz de Dom soa gélida e dura, deixando o motorista incomodado por entender que isso não foi uma brincadeira como o senador quer fazer parecer.
— Doutor Otávio, está na nossa hora — Marlon alerta o seu patrão para evitar o pior.
— Sabia que o Valmir Mar é controlado por esse cara e ele não permite a prefeitura construir o centro porque o território fica na área do tráfico. — Otávio apela, me fazendo revirar os olhos. — Que foi, não acredita em mim?
— Notícia velha, Otávio.
— Dalena... — Otávio avança descontrolado em minha direção e Dom toma a frente, imobilizando-o em uma velocidade surpreendente. — Aargh! — grita ao ter o seu braço torcido. — Tira as mãos de mim! — ordena, enquanto dois sujeitos invadem o quarto, provavelmente por ouvirem o drama do senador.
— Qual é a parada, patrão, a gente pode tocar o terror aqui? — Um dos homens pergunta a Dom, enquanto ambos cercam Marlon, que recua. O motorista sabe que não tem a menor chance, além de Otávio estar bêbado, o melhor é não inflamar a situação.
— Dalena, vamos para casa! — Otávio pede autoritário.
— Quer ir embora, parça? — Dom pergunta a Marlon, ele assente em resposta. — Acompanhem os dois até o carro do senador. Se não se comportarem, não dá mole — orienta, ao som de Otávio me chamando para ir embora.
Com a situação parecendo sob controle, os quatro saem com Otávio sendo arrastado à força por Marlon pelo corredor, sob protestos por eu não o ter acompanhado. Ele está completamente fora de si, o que me preocupa, pois penso se irá cumprir suas ameaças contra Dom quando a ressaca passar.
— Esses caras que levaram Otávio são os seus seguranças? — pergunto a Dom.
— Sim.
— Foi para eles que mandou a mensagem?
— Pedi para ficarem no corredor e só entrarem se a parada esquentasse — explica. — Agora vamos comer. — Pega a minha mão e saímos até os fundos, onde a moto de Dom está estacionada.
Abraçada ao dono do meu coração, vejo que Otávio não conseguiu estragar a noite, pois descobri que o meu corpo é um parque de diversões para Dom. Achei que ficaria mais envergonhada na frente de todas aquelas pessoas, talvez o fato de estarem todas nuas e eu vestida, me fez ficar mais confortável, sem contar que ele não deixou muito espaço para me concentrar em outra coisa que não fosse seus toques.
A experiência de me exibir para desconhecidos foi mais sútil do que imaginei, de qualquer forma, atendeu a minha necessidade. Apesar de não termos ido a fundo, acredito que nossa rápida exibição deve ter sido um pequeno aperitivo para quem assistiu. Também não era a minha intenção estimular as pessoas, isso seria uma consequência, mas cheguei a conclusão que não pretendo repetir a dose.
|NOTA DA AUTORA|
Aquele meme nunca passou tanto pelos meus pensamentos enquanto Dom e Otávio estavam juntos "bate, é só bater" kkkkkkk. Quem também ficou assim?
Boas notícias!! Sexta tem mais um capítulo!! Conto com vocês aqui... Xeroooo ✿◕‿◕✿
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