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▓ CAPÍTULO SETE ▓




Depois de amarrar o biquíni, dou uma última conferida no espelho de corpo inteiro preso à parede do quarto para me certificar de que tudo está no lugar. As curvas suaves do meu corpo se destacam no traje de banho azul-turquesa. A luz que entra pela janela ilumina meus olhos cinzas e faz minha pele com tonalidade quente reluzir, como as cores das folhas do outono.

Prendo meu cabelo escuro em um coque descontraído, deixando-o pronto para aproveitar o sol na piscina do flat. O relógio marca dez da manhã, a temperatura já está beirando os 30 graus. É um dia perfeito para relaxar e curtir o dia de folga.

Enquanto visto uma saída de banho, a campainha do apartamento toca, fazendo um som semelhante ao de uma descarga elétrica. Animada, corro em direção à porta, pensando que Josy deve ter finalmente chegado. Ao abrir, me deparo com ela dando um giro para exibir sua chemise praiana em um rosa fluorescente, pronta para irmos juntas para a piscina do flat.

— Já podemos descer? — de um jeito empolgado, rapidamente, confirmo com a cabeça a sua pergunta. Josy parece tão animada quanto eu. — Então vamos lá que o sol está no ponto.

Entramos no elevador. Saindo do quinto andar, em pouco tempo as portas se abrem no térreo, de frente a um hall que dá acesso tanto à recepção do flat, quanto à área da piscina, que é para onde seguimos e em alguns passos chegamos.

No elevador, aperto o botão do térreo e espero pacientemente a descida do quinto andar. Quando as portas se abrem, nos deparamos com um longo hall, que dá acesso tanto à recepção do flat quanto à área externa. Seguimos em direção a piscina, onde chegamos em poucos passos.

O ar quente e úmido envolve nossos corpos, enquanto o som das crianças brincando na água se sobressai. Josy escolhe uma espreguiçadeira na sombra e, junto com sua toalha e bolsa, se acomoda confortavelmente. Decidi seguir seu exemplo, deixando meus pertences ao seu lado.

Tiramos nossas saídas de banho e deitamos nas espreguiçadeiras expondo nossas peles cobertas de bronzeador ao sol. Fechamos os olhos e sentimos a brisa suave que trazia o cheiro da água clorada. O silêncio era quebrado constantemente pelo som das pessoas conversando, risadas e música ao fundo. A sensação de estar relaxando em um lugar que eu posso pagar é indescritível.

— Aqui é ótimo, valeu pela dica — agradeço a Josy.

— Morei um bom tempo aqui no Central Residence quando tinha um cliente fixo aposentado de uma petrolífera. Graças ao meu atual, posso pagar algo melhor. O cara é dono de uma concessionária de carros de luxo, não pode tanto quanto Otávio, mas foi o melhor que consegui. Lá em Lourdes, eu trabalhava por mixaria, então não dá reclamar,

— Como está a vida de exclusiva? — pergunto querendo saber as novidades.

— Ah, como disse, não tenho do que reclamar. É chato a parte de ficar amarrada, mas como começamos há pouco tempo, ele me quer o tempo todo. Ou seja, está me mantendo sempre ocupada, sabe como é.

— Não sei não... — discordo.

— É mesmo, você só teve um homem na vida e ele ainda cheio de energia para o seu lado — lembra com sorrisos debochados. Josy não muda, ela adora brincar comigo, como se o fato de obedecer a exigência de Otávio para ficar somente com ele me tornasse uma puritana. — Nunca teve vontade de ficar com outro homem, ou nunca se apaixonou?

— Nunca tive interesse. Quer dizer, só antes do Otávio. Depois dele, os homens da minha faixa etária eram jovens demais e os mais velhos, velhos demais — reflito.

— Quem foi? — pergunta, curiosa.

— Como assim, quem foi? — Fico confusa.

— O cara de quem gostou antes de Otávio — esclarece.

— Você não conhece — omito o nome de Dom.

— Jovem ou velho?

— Um ano a mais que eu, só que para ele, eu era muito criança. — Fiz um dar de ombros.

— E você era?

— Acho que sim, é complicado. Tínhamos uma pequena diferença de idade, se eu era uma criança, ele também não deixaria de ser... — confesso. É tão bom conversar um pouco sobre Dom com alguém, que quase me arrisco a contar mais.

— Eu sei bem como é isso. — Josy revira os olhos com sua impaciência costumeira. — Um ano de diferença e já nos achamos bem mais adultos do que realmente somos, sendo que todo mundo não passa de uma criança.

— Exatamente — concordo. — Só depois conseguimos ver o quanto somos inocentes.

— Por que ele se achava tão adulto? — Sorrio com certa tristeza ao pensar na resposta. Dom era realmente mais adulto que eu, acho que a vida o obrigou a isso. Ele era um garoto da rua antes de entrar no tráfico, vendia balinhas no sinal e se relacionava com mulheres mais velhas, segundo Coalhada.

— Com certeza eu era bem ingênua na frente dele. — Dou um suspiro pesado. — Mas amadureci muito no tempo em que passamos juntos. Foi quase um intensivão. — Lembro de tudo o que conversamos e como as coisas terminaram. — Só que não namoramos nem coisa do tipo.

— Perdeu tempo, heim, Dalena.

— Queria que eu fizesse o que? Ficasse nua para o garoto? — brinco.

— Se tivesse ficado, estaria com ele. Certeza.

— O pior que eu fiquei, acidentalmente, mas fiquei — lembro com certo constrangimento.

— O que ele disse?

— Me mandou parar de gastar água, eu estava tomando banho. — Nós duas caímos na gargalhada.

— Depois dessa, eu estaria em depressão — diz entre risos incontroláveis. — O cara que eu gosto, me vê nua e pede para parar de gastar água? Nossa...

— Não foi bem assim que as coisas funcionaram, mas, enfim, ficou alguma coisa entre nós dois, só que é complicado. Não parece viável.

— Que isso? A venda de um terreno? — Josy debocha. Eu não respondo, não tem como. — Sabe se está solteiro?

— Soube que sim — lembro de alguns comentários que ouvi na casa de Lourdes sobre Dom. É o que todos especulam, já que o dono do morro de Tia Ondina é bem discreto com relação a vida amorosa.

— Ficaria com ele se rolasse? — A pergunta de Josy me leva a outro mundo, um que carrego e onde passo horas conversando com Dom, como nos dias que fiquei no ginásio.

— Num mundo perfeito sim — revelo sem querer.

— Você ainda é apaixonada por ele — diz surpresa sentando na espreguiçadeira e buscando me encarar.

— Que nada! — Faço um abano displicente com a mão.

— Claro que é! — reafirma segura da sua suspeita. — Esse é o segredo de nunca ter se apaixonado por Otávio! — Vai mais longe com a sua teoria.

— São nove anos sem contato, maluca?! — Fico espantada.

— Esse tempo todo você sem ciúmes do senador, sem se apaixonar por ninguém? Está muito na cara, Dalena — insiste, deitando novamente na espreguiçadeira.

— Não viaja, Josy — descarto completamente a possibilidade.

— Se não é, então dá uma chance ao senador — sugere e sinto que é uma armadilha para me fazer aproveitar a suposta oportunidade. Contei a ela sobre a proposta louca de Otávio. Agora, Josy não tira da cabeça que, por dispensar alguém como ele, estou sendo burra, como sempre acha que sou.

— Nunca. Por que eu faria isso? Estou a um passo de me livrar de Otávio.

— Você nunca vai viver um romance de verdade com ninguém?

— Não.

— Amiga... você morta e veio me assombrar? Olha, isso nem é só porque Otávio é rico... Que ideia. Como assim não vai viver uma relação normal com alguém? — questiona indignada, mas eu não respondo. —Já procurou um médico ou coisa do tipo?

— Tudo isso só porque não quero focar em um relacionamento? — Sorrio incrédula.

— Você não precisa mais de nenhum homem. — Josy me lembra do melhor na minha vida. — Chegou lá em Lourdes sem um teto para morar, agora vai se formar em direito e é vereadora. Tem liberdade para ficar com quem quiser, por amor... Se abre, mulher, já é alguém tão sozinha.

— Ah... Eu estou bem assim. Gosto de focar a minha energia no mandato de vereadora e na faculdade. — Descarto a ideia.

— Sei não... Talvez devesse se abrir mais para Otávio então, deixar rolar e ver no que dá. Acho que Lourdes pirou tua cabeça com toda aquela coisa de não se apegar. Vai na onda dela não, eu hein — aconselha. — Para ela, homem é só trabalho, fonte de renda, enquanto a idade vai avançando. Quando se der conta, será uma velha sozinha.

— Talvez seja mesmo... — considero pensativa.

— O que? — pergunta espantada.

— Uma fonte de renda, ué.

— Que nada, menina! — Josy me contradiz.

— Lourdes se preocupou comigo mais do que a minha mãe — reconheço com uma certa mágoa. — Se eu não tivesse sido treinada para não me apaixonar por Otávio, já teria cortado os pulsos.

— É... com isso eu concordo, mas acho que agora é seguro — avalia. — Ele se declarou.

— Eu acho que Otávio não tem coração, Josy. Ele só está sentindo que vai perder o brinquedinho antes de ter a oportunidade de descartar — falo com a voz amarga.

— Com certeza você conhece ele mais do que eu, só tenho que confessar que se estivesse no teu lugar e Otávio piscasse o olho, imediatamente ficaria de quatro abanando o rabo. Que homem! Só não ganha para Thundercat — Josy fala e meu coração gela ao ouvir o nome dele tão repentinamente. — Ele deve ser uns quatro anos mais novo que eu, mas se estalasse o dedo, eu entrava para o mundo do crime belíssima. — Sacode o braço no ar e balança o pescoço.

— É... ele é bonito mesmo — concordo satisfeita, fecho os meus olhos e cubro o rosto com a saída de banho, encerrando o assunto.

Josy e eu conversamos sobre outros assuntos enquanto nos bronzeamos, nos refrescamos na água e aproveitamos o sol. O tempo passou rapidamente e quando percebi, já era final da tarde. Com um sentimento de satisfação e relaxamento, decidimos que aquela seria apenas a primeira de muitas tardes de sol que passaríamos juntas no flat.

Depois da piscina, comemos uma pizza e ela foi embora para casa. Foi bom ter recebido uma visita. Na casa de Otávio, eu não tinha muita liberdade para receber as pessoas, qualquer coisa poderia ser motivo de um escândalo que manchasse a sua reputação. No fim, fiquei feliz por ter uma amiga que fizesse questão de estar ao meu lado naquela nova fase.

Otávio não apareceu ou ligou, foi assim durante a primeira semana em que passei na companhia das flores que ele me deu. Depois que joguei fora os buquês, não restou nada dele na minha vida por mais alguns dias. O silêncio do senador me fez pensar no quanto eu estava habituada a sua presença. Mas, sentir um gostinho da vida sem alguém me ligando o tempo todo e seguindo os meus passos, com certeza, me fez respirar. Apesar disso, no geral, foi bem solitário.

Ao chegar da Câmara, me jogo no sofá com a cabeça explodindo. As sessões plenárias são altamente estressantes: uma sucessão de acusações aos outros colegas do que eles mesmo fazem e gritos, muitos gritos. Parece que os vereadores esquecem que estão diante de um microfone.

Até agora, nenhum dos parlamentares ainda pegou no meu pé nos pronunciamentos. Acredito que isso tenha o dedo de Otávio, já que se beneficiam mantendo uma relação cordial ou não pretendem fazer inimizades com um senador.

Adormeço no sofá e acordo ao som da campainha. Vou até a porta com o terno completamente amassado e os pés descalços, já que havia jogado os scarpins que usei durante o dia no canto da sala, quando cheguei exausta. Ao puxar a maçaneta, me deparo com Otávio. Ser surpreendida por uma visita dele após tantos dias em silêncio, coloca um sorriso bobo no meu rosto, involuntariamente.

— Oi — move a boca por um breve instante e me lança um olhar incrivelmente sedutor.

Seus cabelos não estão perfeitamente penteados, ele está usando tênis, jeans e camiseta, algo extremamente raro. Sacudo a cabeça ao fechar os olhos, como se estivesse diante de uma miragem. Quando levanto as pálpebras novamente, Otávio continua a minha frente com um sorriso vitorioso no rosto. Cruzo os braços sobre o peito e encaro o chão.

— Se estiver ocupada, posso voltar outra hora — Otávio diz solícito.

— Não, não. Imagina. Vem, entra — convido, me sentindo estranha. Eu queria realmente que ele entrasse.

Fecho a porta quando o senador passa e nos sentamos frente a frente no sofá. Estou um pouco descabelada e desarrumada, algo que ele nunca presenciou por orientação de Lourdes. Pelo jeito que me olha, desconfio que esteja surpreso por me ver num estado tão desorganizado.

Dou um sorriso constrangido, enquanto tiro o terninho para parecer mais apresentável diante do senador, dobro e o deixo no canto do sofá. A camisa que estou usando, parece menos deplorável em comparação ao tecido amassado da peça.

— Resolvi aparecer para te convidar para jantar, mas imagino que não está com disposição para sair. — Ele apoia o braço no encosto do sofá, fecha o punho e pousa a cabeça nele com o olhar fixo em mim, parecendo tentar ler os meus pensamentos.

Eu sempre estava pronta para dizer sim a Otávio, mesmo quando não tinha a menor vontade. Penso por um instante antes de responder, pois é estranho recusar algo a ele, quando nunca fiz. O senador sempre teve o bom senso de não insistir se eu estivesse doente ou algo do tipo; acho que ele nunca se deu conta de que eu só dizia sim, porque achava que era a minha função.

— Realmente não estou com disposição. — Faço uma cara de culpada.

— Tudo bem, dá para notar que o seu dia foi exaustivo — observa bastante conformado. — Eu deveria ter ligado antes, mas quis fazer uma surpresa — diz, afastando-se um pouco do encosto do sofá.

— Estou pensando em pedir uma pizza — sugiro quando vejo que está prestes a ir embora. Por incrível que pareça, eu queria que ele ficasse mais um pouco. — Se quiser, podemos pedir outra coisa, sei que não é muito fã de fast food.

— Pizza está perfeito para mim — diz com um sorriso satisfeito.

bom, então — digo desconfiada, alongando as palavras na minha boca, com um sorriso incrédulo.

Abro o aplicativo de delivery e peço a pizza mais cara na pizzaria mais nobre, sabendo que Otávio é extremamente exigente com a comida. Enquanto faço o pagamento, sinto sua mão massagear o meu pé, o que me faz lembrar que sem perceber, coloquei as minhas pernas sobre as dele por causa da intimidade que temos.

Concluo o pedido e estico o meu corpo no sofá, fico apenas sentindo as mãos dele pressionando os polegares no meu calcanhar. Depois de massagear os meus pés, ele sobe para os meus tornozelos, em seguida, desce novamente. Começo a engolir em seco e a roçar as pernas uma na outra. As mãos de Otávio me tocando são como se eu fosse um fósforo riscando em sua caixa, me fazendo entrar em combustão instantânea.

Eu me sento no sofá e engatinho até Otávio, ele coloca a mão na minha nuca, deslizando em seguida em minhas costas. Avanço no seu pescoço, sendo acolhida pela fragrância do seu perfume com aroma de couro que me deixa entorpecida. Invado os meus dedos em seus cabelos com tons mesclados entre cinza e castanho escuro, parecendo tatear a textura de um macio edredom de pelos.

Monto sobre suas pernas, abraçando o seu pescoço. Otávio pressiona os meus quadris me puxando mais para perto de sua cintura. Arfo indulgente por me render aos seus toques, desejando que ele não pare, vergonhosamente querendo mais e mais. Apressada para saciar o tesão que me consome, passo a desabotoar a minha camisa, mas sou impedida de continuar.

— Por que está tirando a roupa? — Otávio pergunta.

— Parece bem óbvio, não?! — estranho a pergunta.

— Não, Dalena... não está óbvio — diz, esperando uma explicação.

— Ué... Estamos aqui, você me fez uma massagem, a vontade bateu... — Sacudo a cabeça ainda confusa.

— Não é porque gosta de mim e sentiu saudades? — exige saber.

Otávio inclina a cabeça para trás e me observa com atenção.

— Não — respondo ao sair de cima dele, lembrando do nosso acordo. — É que você começou... — Tento justificar, pressionando o meu pescoço.

— Você colocou os pés nas minhas pernas, então achei que...

— Tudo bem, foi uma falha minha, não precisa justificar — interrompo para o constrangimento não ser maior.

Otávio apoia novamente o braço no encosto do sofá e eu faço o mesmo.

— Está planejando alguma coisa para o seu aniversário? — pergunta, tentando não parecer invasivo.

— Sabe que não. — Deito a cabeça por cima do meu braço. Eu imaginava que o meu aniversário estava tão distante, mas na verdade será em duas semanas.

— Você gostaria de fazer algo em especial, visitar algum lugar que ainda não conhece ou retornar a algum lugar que já foi? Se houver uma preferência, pode contar comigo para realizar — oferece.

— Qualquer coisa? — Fico um pouco empolgada com a oferta.

— Claro.

— Ah, eu não tenho um lugar assim em mente — falo sem graça.

— É, você é difícil de agradar — observa e se ajeita no sofá.

— Mas... — começo um pouco em dúvida se ele seria capaz de aceitar.

— Pode falar — Otávio me incentiva.

— E se a gente saltar de paraquedas? — sugiro com um sorriso travesso.

— Não?!... — ele duvida do que acabei de sugerir e me lança um olhar desconfiado.

— Sim! — confirmo animada.

— Poderia pensar em algo menos radical? — pergunta inclinado a recusar. — Tenho medo de infartar ao te ver pular de um avião, porque com certeza não irei te acompanhar nessa.

— Já fiz praticamente tudo ao seu lado, não sobrou muita coisa — justifico.

— Não precisa ser novidade, pode ser algo que gostou e quer repetir — sugere.

— É que é tudo tão entediante... — resmungo.

— Bom saber... — diz um pouco ofendido, provavelmente lembrando dos lugares que me levou.

— Já sei! Voar num balão! — digo, realmente esperando que ele concorde.

— Caramba, você quer mesmo tocar as nuvens. — Eu afirmo entusiasmada. — Okay, melhor do que se jogar de um avião.

Pulo no colo dele animada e o abraço, Otávio retribui com o rosto iluminado, rindo da minha empolgação e me aperta um pouco mais de um jeito carinhoso. Depois, ele começa a procurar em seu celular informações sobre passeios de balão pelo país. Ansiosa, eu observo com curiosidade, torcendo para que encontre algo especial.

Meu coração se aquece diante da gentileza de Otávio e pela forma que está empenhado em me agradar. Fico surpresa ao notar que talvez eu esteja o enxergando como alguém com quem posso ter um relacionamento de verdade. Suas atitudes estão abrindo um espaço dentro de mim para nós dois, algo que nunca achei ser possível.

Confesso que as palavras de Josy sobre solidão me fizeram pensar se quero mesmo passar a vida sozinha. O senador parece estar sendo tão firme na sua proposta, me levando realmente a sério, que não consigo evitar nos imaginar como um casal. É estranho ao mesmo tempo que faz total sentido.

Otávio consegue ser tão atencioso quanto Dom, isso não sou capaz de negar. Também não posso ser capaz de negar o quanto a carência mexe comigo e ele está aqui, ao meu lado, ao contrário do dono do morro. Existem muitas diferenças entre os dois, mas sentir que o senador está tão entregue, faz com que ganhe muitos pontos.

Quando a pizza chega, eu recebo o pedido. Nós passamos a comer algumas fatias na mesa da cozinha sem usar os talheres, com as mãos devidamente lavadas. Otávio está realmente me impressionando com esses pequenos gestos. Acho impressionante que mesmo ao comer uma simples fatia, faz de maneira elegante. Ele consegue tornar tudo, algo sofisticado.

Começamos a conversar animadamente sobre os planos para a viagem. Pela primeira vez em muito tempo, tem algo que me deixa ansiosa por meu aniversário, além dos parabéns que recebo de Dom todos os anos. Não que um passeio de balão seja capaz de substituir a emoção de ter um sinal de que ele ainda pensa em mim, apenas estou me divertindo com isso.

Planejamos mais alguns detalhes da viagem no meu aniversário, que será em algumas semanas. Otávio parece genuinamente empolgado com os nossos planos. Combinamos de sair pela manhã para assistirmos ao pôr do sol voando em um balão numa linda cidade no Sul do país.

— Senti sua falta essa semana — confessa inesperadamente.

— Já passou mais tempo longe de mim, não faz drama — falo reativa ao romantismo dele, ainda que por dentro tenha me tocado de alguma forma, só não quero que ele enxergue isso tão rápido.

— Não sem nos falar, sabe disso. Não seja tão insensível. Está agindo como se estivéssemos em um relacionamento diferente — protesta.

— E estávamos — confirmo incomodada por ele trazer essa discussão novamente. Parecia tudo indo bem, não acredito que vai voltar a insistir nessa questão.

— Então não sentiu a minha falta? — pergunta com uma certa fragilidade.

Reclino o meu corpo devagar até encostar na cadeira e o encaro sem confirmar ou negar. Otávio entende que eu não senti, e o deixo pensando isso.

— Viajou esses dias? — pergunto para voltarmos a falar sobre outros assuntos.

— Fiquei na fazenda, o que não ajudou muito, porque lá tem a sua cara. — Ele volta a dramatizar feito um bebê longe da mãe e me arranca uma gargalhada. — Que foi? — pergunta desconfiado.

— Você apelando está bem engraçado — aponto entre risos. — Sabe que não combina com o seu jeito... — volto a falar quando me recomponho diante da expressão séria dele.

— Eu não estou apelando, por que estaria apelando? — resmunga, aborrecido. — Você que não tem coração — diz num tom magoado, olhando para mim como se buscasse uma reação ou resposta a sua afirmação. — Não acredita nos meus sentimentos?

— Ai, Otávio... — Dou um longo suspiro.

— Tudo bem, Dalena, o tempo vai te mostrar — fala e acabo sentindo uma verdade em suas palavras. — Achei que confiava mais em mim, sabe que nunca fiz nada para te maltratar — diz com certo desgosto.

— Nunca disse o contrário, é só que... — interrompo a minha fala, pois quero evitar uma nova discussão. Diante das atitudes dele não faz sentido, e me sinto cruel.

— Tudo bem, desculpe. É que não gosto de tratar a nossa história assim. Você me mostrou coisas que eu não enxergava, mas quero reparar tudo isso. Quero que se sinta segura para se apaixonar por mim, sem pressão, é claro. No seu tempo e se quiser me abrir esse espaço. Você quem dita tudo, Dalena Rosa — assegura de forma carinhosa, me deixando confortável.

Otávio anuncia que está na sua hora de ir embora. Eu fico novamente desejando um pouco mais da sua companhia. Nos despedimos com um abraço amoroso, apreciando o calor do corpo um do outro. Então, recebo um beijo comportado no rosto, e tenho uma pequena pontada de saudade ao ver ele sair pela porta. Observo o senador atravessar o hall de entrada, dando uma última olhada para trás, antes de entrar no elevador.

Confesso que fiquei com a vaidade um pouco ferida por vê-lo se controlar e não implorar para fazer sexo comigo. Ele simplesmente foi embora, isso me faz chegar a conclusão que alguma garota está servindo de estepe esses dias. Tenho sérias dúvidas de que esteja em um jejum sexual para me conquistar.

Nas semanas que antecederam o meu aniversário, Otávio regrou bem os nossos encontros. Saímos juntos somente três vezes para jantar. Sempre que me deixava em casa, eu ficava ansiando por uma atitude dele que justificasse nós dois em cima de uma cama, o que não aconteceu. Ele estava determinado em manter o nosso regime de sexo, coisa que até agora, eu nem sabia que existia.

Na véspera do meu aniversário, acompanhei Otávio em um almoço do partido. Esse é o tipo de evento onde ele sempre fica inseguro comigo, pois se incomoda com os avanços dos outros homens sobre mim. Talvez tenha medo que me façam uma oferta mais atrativa e eu acabe aceitando.

Nos eventos do partido, não é segredo para ninguém que Otávio me conheceu como uma garota de programa. Acredito que isso acende uma espécie de sinal verde para homens com segundas intenções. Mas durante o almoço, o espaço ao meu lado não ficou vazio. O senador me acompanhou até mesmo ao banheiro, algo que nunca aconteceu antes. Nas outras vezes, os seus olhos apenas me seguiam de longe enquanto tratava de negócios.

— Leve o tempo que precisar — avisa discretamente ao chegarmos na entrada do toalete feminino.

— Obrigada — agradeço a gentileza.

Antes de entrar, percebo que ele se afasta um pouco para não ficar próximo do banheiro e logo é abordado por um dos políticos presentes. De certa forma, fico encantada com esse gesto. Isso é algo que afaga o meu ego, sem me preocupar em como serve de validação para as pessoas à nossa volta. O cuidado de Otávio é o tipo de atenção que me faz sentir alguém valorizada.

A postura dele mudar, me permite ver que realmente quer nos tratar como um casal. Antes, parecia que ele me acusava de algo que não fiz, agora se preocupa em mostrar que estamos juntos, mandando um sinal claro para todos: "Ela não está em oferta". Eu já havia dito isso de forma indireta aos que tentaram se aproximar de mim. Infelizmente, ainda estamos presos a uma mentalidade arcaica em que alguns homens só entendem quando outro homem fala. Neste caso, o senador nem falou, só precisou mostrar.

Estou impressionada com o fato de que Otávio parou de ter crises de ciúmes e de fazer monitoramentos constantes, como aconteceu no último ano. Foi um grande alívio para mim e me fez perceber o quanto sentia falta dele antes de se tornar possessivo. Agora, com as suas cenas românticas, tenho um novo olhar para o mesmo homem com quem passei os últimos nove anos.

Após o encerramento do evento, ele me leva para casa. Durante o caminho, fico na esperança de que me faça um carinho ou algo do tipo, pois é um hábito seu quando estamos juntos no banco de trás do carro. Para a minha surpresa, nada acontece e fico desapontada com o meu potencial de sedução, já que passei o dia fazendo charme.

O senador estava mais presente ao meu lado na reunião do que nesse momento em que temos mais privacidade. Fico inconformada, até porque, a presença de Marlon, o motorista com cara de segurança de estrela de Hollywood, nunca foi um empecilho para suas mãos colarem em meu corpo.

O motorista encosta o Mercedes em frente ao Central Residence, o prédio de flats com uma fachada discreta em que estou hospedada. Noto quando Marlon ajeita o terno apertado em seus músculos e depois passa a mão pela cabeça careca, olhando a rua por trás do óculos Ray Ban esportivo, fingindo que está alheio a nossa presença no banco de traseiro. Ele sempre tenta ser discreto, mesmo que não seja alguém que passe despercebido.

Fico por um momento esperando alguma atitude de Otávio. Nos olhamos em silêncio e consigo entender exatamente o que o senador espera de mim. Ele está firme no acordo. Dentro de mim, ainda não encontro de forma clara um sentimento forte o suficiente para atender a condição que impôs a nós dois.

— Quer subir? — Arrisco um convite despretensioso, porém cheio de segundas intenções, e ele sorri.

— Acho que esse convite é uma armadilha — diz olhando diretamente para as minhas coxas, que deixei expostas de propósito. Ultimamente, tenho apostado em vestidos.

— Não sabia que precisava desenhar o meu real interesse — brinco e percebo Marlon tamborilar os dedos na direção, se forçando a fixar a atenção na rua. Ele tenta não se render à curiosidade de acompanhar a conversa que estou tendo com o senador.

— Nunca precisou, e ... — Otávio fica reticente.

— Nunca precisou, e... — incentivo ele a continuar.

— E... não gosto de te deixar assim — sussurra, querendo evitar que a conversa chegue no banco da frente, o que não acontece.

O olhar de Otávio encontra o meu e vejo que está extremamente sob controle. Ele não vai ceder, mesmo que a sua calça esteja mais apertada com o volume que cresceu entre as suas pernas.

— Então, não deixa — sussurro com sensualidade, mas parece que atinjo somente a Marlon, que ajeita a gola da camisa, como se estivesse sufocando dentro do seu terno. Otávio apenas se diverte internamente, ele está se satisfazendo com a minha necessidade.

— Preciso de mais, sabe disso.

— Você está saindo com alguém, isso não é justo — reclamo, acreditando que só pode ser isso.

— Eu não estou saindo com ninguém, Dalena. Por que nunca acredita em mim, te deixei na mão alguma vez, por acaso?

— Não dá para comparar...

— Certo, não precisamos entrar nessa discussão agora, tenho a vida inteira para te convencer do contrário.

— Não preciso ser convencida sobre isso, Otávio. — Sorrio com o canto dos lábios. — Acho que só preciso de um novo acordo — brinco —, um que não me deixe a ver navios.

— Isso não me daria a atenção que estou tendo.

— Isso pode me incentivar a me abrir da forma que você quer — provoco com uma promessa de incertezas. Apesar de tudo o que tenho ponderado, a paixão não floresceu e não sei se vai acontecer. Digamos que estamos numa zona confortável por enquanto.

Otávio se aproxima e encosta a boca perto do meu ouvido.

— Com certeza eu quero que se abra e me deixe entrar, só que no momento preciso fazer isso exatamente no seu coração e não entre as suas pernas — sussurra com a voz rouca ao colocar a mão quente sobre a minha coxa.

Afasto os meus joelhos e Otávio abre um sorriso ainda maior, enquanto permaneço séria. Ele se debruça sobre mim deslizando a mão para a parte interna da minha coxa e meu corpo se arrepia na expectativa do seu toque mais ardente. Logo, seus dedos passam delicadamente por cima da minha outra perna e agarra a maçaneta da porta, que ao ser puxada, se abre.

— Amanhã passo cedo para te pegar — avisa, voltando a se encostar no banco do carro.

— Até amanhã — eu me despeço e saio sem perder o rebolado, com um sorriso fingido. Embora, por dentro, quisesse arrancar Otávio do carro e o arrastar até o meu apartamento.

Que humilhação!

Entro no elevador ainda sem acreditar no quanto ele tem se controlado na busca por me conquistar de verdade, apesar de todas as oportunidades que criei. Nunca passamos tanto tempo sem fazer sexo, independentemente das outras mulheres envolvidas com ele. Sem dúvidas, Otávio está conseguindo mexer comigo de uma forma diferente.

Chego em casa e vou direto para o quarto. Ainda estou pensando no encontro com Otávio. Com o poder que tem, ele é um homem muito desejado e poderia ter qualquer uma das mulheres que o cercam, mas ele está se esforçando para me conquistar de uma forma diferente. Esse seu novo jeito, acaba destruindo tudo o que eu tenho dito, me deixando perdida.

Tiro o vestido tubinho que usei no evento para tomar um banho, buscando entender o que está acontecendo. Gosto da companhia dele e dos momentos que passamos juntos, só não sei se estou pronta para me apaixonar. Depois de todas as provas que Otávio me deu, depois do tapa... Eu serei capaz de ver o senador com carinho ou já estou vendo?

Após o banho e já vestida, concluo que preciso ser honesta comigo mesma, até porque Otávio já é capaz de enxergar que não estou apaixonada por ele. Quando entender que um relacionamento sério é totalmente fora de questão para mim, talvez ceda de outras formas e podemos viver uma amizade colorida ou algo do tipo.

De repente, volto a associar tudo o que Josy vem me falando nos últimos dias e, ao descartar Otávio da minha vida, a voz dela ressoa em mim como um alerta, me fazendo sentir que estou prestes a perder algo. Ela insiste em que estou cometendo um grande erro. Se torna estranho pensar que o meu envolvimento com o senador pode mudar se eu quiser. Talvez, eu até esteja mais aberta a essa possibilidade do que pensava.

Que confusão de merda!

Não quero mais pensar sobre isso sozinha e ligo para Lourdes. Aguardo por três toques e ela me atende.

— Muito ocupada? — pergunto e já ouço Lourdes soprar a provável fumaça de um cigarro no fone.

— Não. Estou me arrumando para abrir o bar. Como está com Otávio? — pergunta. Sua voz tem ficado mais rouca nos últimos anos devido ao tabagismo.

— Naquela mesma situação... — Dou um longo suspiro.

— A viagem amanhã está de pé?

— Sim — confirmo. — Acontece que não sei o que fazer. Parece que estou fazendo algo errado por querer ficar só, ao mesmo tempo que me sinto errada por desejar um homem que já me bateu.

— Por incrível que pareça, isso é a coisa mais normal do mundo, Dalena. Mesmo que seja um erro, como disse.

— É, eu sei, Lourdes, eu sei...

— Mulher é bicho besta, perdoa fácil — complementa, dando um trago em seu cigarro.

— E como... — concordo a contra gosto, porque é a pura verdade para mim. — Quando estou com ele nem lembro que a minha cara ardeu.

— Fora os ataques de ciúmes de Otávio, vocês nunca discutiram, então, você não tem mágoas acumuladas dele para reforçar o tapa. Sem contar que o homem é bom em fazer as pessoas esquecerem as merdas que ele faz, ou não seria um político — Lourdes pondera.

— O que eu faço? — pergunto quase querendo chorar.

— Às vezes a gente precisa cair do cavalo para poder levantar. Você facilitou quando abriu espaço para esse acordo maluco. De qualquer forma, não se cobre tanto, ainda é jovem, a vida vai te permitir errar algumas vezes. O que precisa se perguntar é quanto isso vai te custar no futuro.

— Eu só queria ter certeza de alguma coisa, Lourdes.

— Não tenho um grande conselho para te dar, eu sei que é isso que espera de mim — fala um pouco preocupada. — Existem muitas escolhas que só cabem a você e coração não escuta conselho quando tem sentimentos envolvidos, Dalena.

— Verdade..., você já me disse isso.

— Se ele está te balançando, em algum lugar Otávio deve ter te conquistado. Você nunca se importou com o senador.

— Isso é muito louco.

— Tudo o que envolve o coração é — Lourdes afirma.

— O pior é que ele nem de longe é o homem dos meus sonhos.

— Mas é o que está do seu lado. Homem dos sonhos já diz tudo, está nos sonhos, se fosse alguém possível, estaria na sua vida.

— Nisso você tem razão — afirmo. Dom sempre parece uma lembrança, uma fantasia, um sonho. Otávio sempre foi real para mim. — Obrigada por sempre conversar comigo.

— Ah... sabe que pode contar comigo, garota. Boa viagem e não esqueça de se divertir. Essa é a única lei.

Desligo mais preocupada do que quando liguei, parece que Otávio me alcançou de alguma forma e não sei o quanto vou conseguir me manter indiferente a isso.

|NOTA DA AUTORA|

Primeiramente, devo dizer que quarta-feira está se tornando o meu dia favorito kkkkkk. Acordo feliz, porque é dia de publicar o capítulo novo com a história de Dalena.

Gente, mas isso tá dando uma treta na cabecinha de vocês kkkkkkk. A galera que é Dom revoltadíssima, porque ele ainda não apareceu. alguns suspirando pelos cantos por Otávio, outros me cobrando a morte de Sandoval (tem uma galera sanguinária aqui kkkkkk), conversas furtivas no meu privado, tentando me arrancar informações, mas a minha boca é um túmulo... Resumindo: estou me divertindo muitoooo !!!

Continuem com as teorias e com toda esse movimento, por favor. 

Esse capítulo foi bem tranquilo, Otávio jogando um balde de água fria no fogo de Dalena. Mas me contem, a estratégia dele vai funcionar? Josy tem razão, ela deveria considerar o senador, já que é alguém tão sozinha? Essas coisas estão mexendo bastante com a cabecinha dela, apesar do senador ter um passado mais sujo com ela do que pau de galinheiro.

É isso, espero que tenha gostado. Sexta tem Te Espero Nos Meus Sonhos, aquela obra que a gente ama ler e reler. Xero!  ✿◕‿◕✿

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