▓ CAPÍTULO VINTE ▓
Sentada no banco do carro, observo a movimentação da multidão a uma distância segura, esperando o momento certo para entrar. No antigo palácio do governo, com sua arquitetura neoclássica e fachada simétrica, um espetáculo de cores e luzes acrescentam um toque de sofisticação ao ambiente. Os convidados vão chegando com trajes elegantes e reluzentes, como se atravessassem o tapete vermelho do Oscar, realçando o evento grandioso que comemora o aniversário do governador.
Risos e conversas animadas permeiam o ar, misturados ao som suave da música que ecoa ao longe. Os funcionários, elegantemente trajados em seus uniformes, contribuem para a harmonia visual do evento. Eles realizam as suas tarefas com destreza, complementando a organização da atmosfera requintada do local.
Puxo suavemente a barra do vestido, certificando-me de que está perfeitamente alinhado ao meu corpo. Minhas mãos seguem para a gola que rodeia o meu pescoço, folgando-a um pouco mais. O tecido é bordado com pedrarias escuras, que brilham sob as luzes da avenida Tiradentes, refletindo o glamour do meu traje.
Deslizo meus dedos ao longo das mangas longas, sentindo sua textura macia. A meia calça opaca foi cuidadosamente escolhida para cobrir minhas pernas e acrescentar um toque mais formal à minha aparência. Dou um último olhar no espelho retrovisor, conferindo o belo resultado do dia de princesa que tive para encontrar um sapo. Espero que Dom esteja acordado quando eu chegar e fazer valer a pena tanto capricho.
Borrifo meu perfume favorito nos pulsos e, com um gesto sutil, aplico um pouco abaixo da orelha, deixando um rastro com notas de gardênia permanecer no ar. Estou pronta para enfrentar os desafios que a noite reserva e mostrar a Otávio que também posso fazer jogadas cruéis. Na quarta ligação do senador, atendo, após me certificar que o amigo de Henriqueta está posicionado para fazer o flagra.
— Estou chegando, Otávio, me espere na entrada — digo com impaciência e desligo.
É hora de entrar em ação!
Dirijo com determinação até o local do evento, estacionando o carro na imponente entrada principal. Ao sair do veículo, meus olhos encontram Otávio, que está elegantemente posicionado junto a suntuosa porta, aguardando minha chegada. Seus cabelos grisalhos e bem cuidados reforçam um ar sofisticado em sua aparência, enquanto sua presença captura o olhar de todos ao redor. Um sorriso sutil dança em seus lábios para mim, ignorando o fato de sermos o centro das atenções.
Enquanto minha mente se prepara para enfrentar os desafios e intrigas que certamente enfrentarei esta noite, o manobrista apressado abre a porta do carro. Aceito sua mão com gratidão e desço, entregando a chave com um breve aceno de agradecimento. Vou ao encontro do senador que parece muito feliz com a minha chegada. Por um breve instante, tenho uma pontada de peso na consciência.
Antes que Otávio tenha uma chance de me alcançar, sou interceptada pelo colunista, que surge com um celular em punho. Atrás dele, uma equipe de filmagem profissional equipada com iluminação e filmadora segue seus passos. Ele ajusta a câmera do aparelho, enquadrando nossos rostos, e na tela vejo a indicação de que estamos ao vivo, prontos para sermos assistidos por seus seguidores.
— Agora essa live vai bombar ou eu não me chamo Tito Belmiro!! — o rapaz fala empolgado. — Ela é o momento, ela é a força e a voz da mulher de Belo Rio. Ela é beleza e glamour. Abrilhantando o aniversário do nosso governador esta noite, a vereadora mais viralizada da nossa cidade. Dalena Rosa, meu amores, para limpar os olhos de vocês. — Eu esbanjo simpatia depois de ser anunciada de forma tão generosa.
— Boa noite, Tito! Boa noite a todos que acompanham a live! Eu acabei de chegar aqui no jantar de aniversário do nosso governador, e já posso adiantar que estou muito feliz por ter sido recepcionada com tanta alegria — digo entre sorrisos.
— Boa noite, vereadora! Agora tire uma dúvida nossa, mas já vou logo adiantando que nãããão é porque somos fofoqueiros, somos só curiosos!! Como está o seu coraçãozinho depois de um término tão drástico? Tem volta?
— Não, não... Olha, nossa relação frutificou de várias formas, mas não tem volta, e o meu coraçãozinho está muito bem, só querendo um pouco de sossego.
— Entendo, mas como fica agora? Porque, na última eleição, você e o senador eram o casal mais badalado da política. Até estou vendo ele ali te esperando, de olho em tudo. Depois vou conversar com o senhor, calminha. — Tito avisa a Otávio.
— Olha, Tito, como já falei no plenário, continuamos nossa parceria na política, uma grande prova é a nossa presença hoje aqui, prestigiando juntos, o governador. Otávio é um grande político e há anos se mantém como um dos candidatos mais votados do estado. Ele tem uma postura muito firme diante do projeto do centro ao lado do Valmir Mar. Em nome dos cidadãos de nossa cidade, jamais deixaremos algo pessoal prejudicar um projeto tão valioso. Muitas pessoas acreditam em mim, acreditam no centro, que é um projeto feito em parceria. Então, eu não poderia deixar isso ser afetado pela minha vida pessoal. Dei uma declaração muito honesta, acho que pra frente é que se anda, até porque águas passadas não movem moinhos — faço o pronunciamento, enquanto Otávio se contorce.
— Quem sabe de ditado popular, é ela!! — Tito brinca com irreverência. — Que exemplo de mulher! Não é à toa que conquista o eleitor por onde passa — elogia cheio de simpatia. — Senador, se junte a nós, por favor. — Tito chama Otávio, que muda de postura imediatamente.
— Boa noite, grande jornalista da nossa maravilhosa e amada cidade! Boa noite a todos que nos acompanham aqui — cumprimenta os seguidores com alegria, ao meu lado.
— Então senador, essa parceria está firme? As mulheres de Belo Rio podem contar com o senhor? — Tito pergunta, e respiro aliviada, sentindo que a minha armadilha já deu certo.
— Sempre, sempre, sempre. Como a nossa linda vereadora falou: a população é a nossa prioridade — responde sorrindo.
— Estou até sem palavras por testemunhar algo dessa grandeza, com certeza a população jamais esquecerá disso. Não vou mais tomar o tempo de vocês, muitos seguidores enviando aplausos e corações para essa postura. — Tito avisa, conferindo os comentários. — Quero estar na festa de inauguração do centro, mostrando tudo à população de Belo Rio. Tenho certeza que esse será um grande marco para a nossa cidade. Obrigada por terem parado um pouquinho para reafirmar esse compromisso.
Depois de darmos sorrisos e um rápido tchauzinho para a câmera, Otávio segura em minha mão com força e me puxa discretamente em direção ao evento. Enquanto ninguém está vendo, eu me solto bruscamente, recebendo um olhar fulminante dele, mas logo, passamos uns bons minutos fingindo que nada estava acontecendo. Distribuímos sorrisos, apertos de mãos e conversamos amenidades com alguns dos convidados.
Depois que as pessoas com quem conversávamos se dispersam pelo evento, Otávio me conduz a um canto mais afastado, onde a música ecoa com maior intensidade. Ele se posiciona de frente para mim, bloqueando a curiosidade dos demais convidados. Essa proximidade forçada me causa um desconforto evidente, como se meu espaço pessoal fosse invadido, despertando uma inquietação em minha postura.
— Eu vou falar e você vai sorrir. Quando eu terminar, você vai me beijar — manda em tom de ameaça ao falar bem perto do meu ouvido.
— Qualquer palhaçada que fizer aqui, Otávio, farei um escândalo tão grande que você nunca mais vai se eleger, nem mesmo para síndico — ameaço com segurança e tranquilidade.
— Cobra. — Seus lábios ficam crispados. Uma mistura de inconformidade e raiva ficam estampados no seu rosto.
O xingamento dele atravessa minha armadura e me ofende mesmo sabendo que estou jogando com as peças que o senador me deu, ainda me machucou. Opto por não responder à provocação, deixando o silêncio ser a minha resposta. Sem titubear, me afasto em direção à saída. Já cumpri meu objetivo neste jantar, esse evento só faz sentido para a turma de Otávio.
— Dalena... — Aperta o meu braço, impedindo que eu vá embora. — Você vai sair daqui comigo.
— Eu atendi de boa vontade o seu pedido para te acompanhar, servi a sua necessidade de mostrar para os seus comparsas que ainda tem influência sobre mim, mas você não está sendo legal comigo. Então, por que eu devo ser legal com você? Afinal, eu sou uma cobra. — Tento me afastar e Otávio não me solta. Respiro fundo, cansada do seu comportamento.
— Desculpa. Só não faz cena, até porque você não vai querer me foder aqui. Se eu perder o prestígio, a merda desse centro não sai nunca mais. — Seu semblante muda, fica suplicante e aparentemente inofensivo.
Estreito os meus olhos para Otávio e acato.
O resto da noite, foi uma sucessão de baboseiras sobre charutos, uísque e lanchas. Otávio não saia do meu lado, nem economizava nos toques cheio de intimidades, que eu repelia. Os seus elogios irritantes também passaram da conta, como se me exibir fosse um prêmio de consolação para os seus aliados depois do meu discurso. No fim das contas, eu estava aliviada por minha jogada não ter ficado tão evidente. Ele pensa que a entrevista foi uma coincidência.
— Se me tocar mais uma vez, juro que vai se arrepender. — Eu falo entre os dentes com um sorriso montado, quando ficamos a sós novamente.
— Estou tentando consertar a merda que você fez. Eu nem tenho cacife para comparecer a um eventozinho mequetrefe desse, estou aqui por obrigação também. Você pode controlar a plateia do circo, mas eu controlo toda a engrenagem. Se não quiser se estrepar, se esforce mais para ser convincente — avisa, também entre os dentes.
Baixo a minha bola, e Otávio abusa da sorte depois que concordei implicitamente em fazer parte do seu show. Depois, a mão dele não saiu mais de cima de mim. Acabo indo ao banheiro inúmeras vezes e demorando séculos lá dentro para me esquivar sem chamar a atenção, prefiro dar indícios de uma dor de barriga do que de uma conciliação.
— Eu preciso ir ao banheiro — aviso a Otávio quando ele passa o braço em minhas costas apoiando na cadeira.
— Para de palhaçada, Dalena, toda vez que vou me aproximar, você inventa isso — reclama com as sobrancelhas franzidas e um olhar severo.
— Se achar melhor, eu posso ir embora. Sinceramente, já passei muito tempo aqui — chantageio, diante do seu jeito autoritário. Apesar de me sentir pressionada, eu me esforço para não demonstrar.
— Volta logo, vamos sair em meia hora — avisa contrariado.
Levanto silenciosamente da mesa, sentindo os olhares curiosos dos presentes sobre mim. Seus olhos acompanham minha figura em movimento com estranheza, cheios de perguntas não verbalizadas. Sinceramente, não dou a mínima, mas respiro melhor conforme tomo distância dessa gente e de Otávio.
Aproveitando a distração do senador, em vez de buscar refúgio no banheiro, em um impulso, sigo em direção ao jardim do palácio para tomar um ar. Ao lado de um lindo gazebo, vejo um orquidário como um santuário de flores. Eu não resisto a curiosidade de entrar em um e vou até lá.
Como se estivesse invadindo um espaço privado, entro furtivamente no orquidário como uma exploradora. Logo, sou envolvida pela atmosfera mágica que se transformou à minha frente. As orquídeas, majestosas e imponentes, pendem do teto em seus jarros num longo corredor florido. Suas longas raízes caem como tapeçarias suspensas, tecendo um emaranhado de pequenas fibras no ar, parecendo perucas exuberantes, com fios verdes.
Impulsionada pelo momento, pego o celular que Dom me deu e, com empolgação, faço algumas selfies na intenção de mostrar onde estou e que ele está em meus pensamentos. Satisfeita com o resultado das fotos, envio as imagens. A resposta é imediata, o telefone toca em minhas mãos.
— As fotos mais lindas que já vi na vida — diz quando atendo.
— Exagerado... — respondo, mordiscando o meu sorriso. A voz dele deixa tudo melhor.
— Ainda por aí?
— Ainda... — digo, soltando um longo suspiro.
— Vai demorar muito?
— Não, estou perto de ir embora, mesmo que Otávio tente mais alguma desculpa para me manter aqui — digo um pouco triste, pois queria estar com Dom. — E você, ainda na rua?
— Acabei de chegar, precisei resolver algumas coisas. Vou te esperar acordado.
— Certo. — Fico animada em saber.
— Como está o clima aí? — pergunta com certa cautela, disfarçando a preocupação.
— Nos engalfinhando disfarçadamente — respondo de um jeito displicente, evitando a tensão na minha voz ficar evidente.
— Ele te ameaçou de novo? — A voz de Dom fica mais dura.
— Só o básico: se eu não tiver com ele, o centro não sai e blá, blá, blá — digo revirando os olhos.
— Eu assisti a live.
— O que achou? — pergunto em expectativa por sua opinião.
— Fiquei mais apaixonado — ele declara, e meu coração palpita, por mais que sua voz não tenha soado afetuosa. Provavelmente, ainda está chateado com a minha presença no evento ao lado de Otávio.
— Você tem o poder de me deixar com uma cara de boba — confesso, sentindo os meus olhos brilharem.
— Acho que isso é uma vitória, levando em consideração que você não é mais uma adolecente com prováveis traços de síndrome de Estocolmo — diz, fazendo minhas sobrancelhas se franzirem com a sua suspeita.
— Eu não tive isso, estava no almoxarifado por livre e espontânea vontade — afirmo, achando o comentário um pouco absurdo.
— Mas eu era a única pessoa com quem tinha contato, então sei lá... às vezes penso sobre isso — admite, me surpreendendo.
— Uau!
— Que foi?
— Essa foi a primeira vez que vi um sinal de insegurança em você...
— Não conta para ninguém — ele sussurra na chamada uns segundos depois.
— Pode deixar, sua masculinidade está intacta comigo — sussurro de volta, sorridente. — Obrigada.
— Pelo quê?
— Por ser tão fácil estar com você. O clima aqui é bem pesado, parece que estou numa convenção de vilões e sou a criança que caiu de paraquedas no meio disso tudo, sabe?
Dom faz um longo silêncio. Quando começo a me perguntar se falei algo errado, ou se a ligação estaria com problemas, ele começa a cantarolar o trecho de uma música que eu ainda não conhecia. Sua voz fica suave e melódica, cheia de graves.
"Teu cabelo preto, explícito objeto, castanhos lábios ou pra ser exato, lábios cor de açaí. E aqui, trem das cores, sábios projetos: Tocar na central e o céu de um azul celeste, celestial!"
O som da voz de Dom se esvai com serenidade, me deixando um sorriso tranquilo, enquanto eu esquecia completamente onde estava.
— Que lindo! — falo encantada com a letra da música.
— Esse trecho me lembra de você... Trem das cores é uma música de Caetano Veloso. — Acabo deixando uma risada divertida escapar.
— Qual é o seu lance com o Caetano Veloso? — pergunto em tom de brincadeira
— A voz dele me acalma.
Ficamos em silêncio.
Dom cantou para me acalmar...
— Obrigada... — agradeço emocionada.
Sou trazida de volta para a realidade quando ouço a porta se abrir e a música do evento invade o ambiente tranquilo. Ao fundo do orquidário, vejo de relance Otávio entrar com um senhor. Sobressaltada pela situação inesperada, meu corpo se enrijece, enquanto o meu coração acelera. A minha primeira reação é me esconder entre as plantas exuberantes do orquidário. Minha respiração fica suspensa, tomada pelo temor de ser descoberta.
Acredito que o fato de ter esquecido onde estava e ser lembrada de forma tão brusca, me deixou atônita. Passando a não ver uma razão para ocultar a minha presença, aos poucos, busco relaxar os músculos tensionados, é somente Otávio e um homem que faz negócios com políticos. Como já havia me escondido, não fazia sentido surgir do nada. Enquanto meu corpo se mantém abaixado, buscando uma camuflagem entre botânica ao meu redor, só me resta ficar atenta ao movimento dos dois.
— Dalena... — Dom chama na ligação.
— Preciso ir, até daqui a pouco — cochicho num tom urgente.
— Da... — Desligo, interrompendo a chamada.
Ficar de cócoras em cima de um salto é a coisa mais desconfortável do mundo, sem contar na possibilidade de ser descoberta ou surgir algum bichinho em meio as folhas, pois estou infiltrada no habitat deles. Eu deveria ter me anunciado e dado privacidade a eles, já aproveitando que Otávio estaria ocupado e saído à francesa. Agora, preciso ficar aqui até irem embora.
— Bem temperamental a sua vereadora — o homem que acompanha Otávio diz com uma voz rouca e arrastada, enquanto solta uma densa nuvem de fumaça de seu charuto.
Eles vão falar de mim?
— É uma sonhadora, nunca precisou trabalhar na vida, não sabe como as coisas funcionam — Otávio responde, girando o copo de uísque que tem na mão para misturar o gelo. Ouvir isso da boca dele me dói.
— Mas com certeza é boa de cama, ou você não teria todo esse trabalho com ela e já teria dado uma lição — a voz do homem soa desdenhosa, carregada de sarcasmo.
Asqueroso, é a única palavra capaz de descrever o sujeito que acompanha Otávio. Ocultada pelas plantas, vislumbro sua presença em um terno cinza, supostamente de grife, que destaca ainda mais seu rosto flácido. Ele possui uma papada volumosa que se projeta como a de um peru, como se guardasse um par de testículos murchos no lugar do pescoço. Seu avantajado abdômen curvado para frente, é habilmente disfarçado pela elegância do traje. A sua aparência se torna repulsiva pela aura de arrogância que o envolve.
— Ela era perfeita quando se contentava apenas com dinheiro, depois, começou a ficar chata pra caralho. A questão é a que você já sabe: a gente se acostuma com coisa boa. — Cada palavra maldosa dita em meio às gargalhadas provoca uma onda de tristeza em meu coração.
— Eu sei, eu sei... acontece que é um beneficio só seu, não posso me prejudicar para você ter uma boa foda. — O homem corpulento, solta uma risada irônica, que me dá náuseas. Seu rosto, esculpido em traços duros, parecia iluminado pela crueldade contida naquele som.
Otávio dá um gole em seu uísque encarando o sujeito, com um olhar que alternava de perigoso para conciliador. Era visível o quanto estava incomodado em precisar apelar para aquela figura, pois ele fazia questão de mostrar o quanto estava gostando da situação. Cada gesto seu era uma afirmação implícita de poder e domínio, subjugando o senador a sua imponência na situação.
— Eu tenho a foda que eu quiser. — A sobrancelha castanha de Otávio se ergue e ele assume uma postura mais ofensiva, relutando em se mostrar inferior ou desesperado. — Sabe que se não fosse o voto que ela representa na câmara, o Valmir Mar estaria com problemas nas contas. A oposição tem a maior bancada e queria um incentivo bem maior para dar a aprovação. O mandato dela nos trouxe benefícios, além de sair mais barato — Otávio pontuou para o homem, que pareceu satisfeito sobre essa questão.
— Vendo por esse lado...
— A coitada é mais perdida do que cego em tiroteio, não sabe nada do que acontece, fica tranquilo. Ela plantou a ideia do centro na cabeça do povo, e agora ficamos nós com esse abacaxi. O Valmir e eu vamos dançar a música que está tocando para acalmar os ânimos, mas já temos uma boa cortina de fumaça para esfarelar esse projeto com a imagem intacta — ele assegura ao homem sem ter consciência de que seus próprios lábios abriram meus olhos para seus planos.
Se eu estava cega, agora não estou mais, Otávio.
— Qual seria essa cortina? — o sujeito questiona interessado.
— O tráfico de Tia Ondina. — Otávio faz uma pausa ao bebericar o uísque na sua mão. — No momento certo o Valmir irá dizer que o dono do morro interrompeu a obra, porque o terreno fica nos domínios da ArCrim. Tudo vai ficar paralisado, a população se revolta com a facção e a polícia vai ter liberdade para agir na área. O apoio da comunidade é o que dificulta uma ação mais direta da segurança contra o tal do Thundercat. Ele é visto como um herói por lá, a coisa vai esquentar e saímos do foco — Otávio revela o plano.
Puta que pariu! Ouvir isso me deu uma percepção real do imenso problema que coloquei no caminho de Dom. Meus ombros se enrijecem, as sobrancelhas se franzem em tensão, pois embora eu deseje o centro e saiba que a comunidade o merece, não tenho a intenção de sacrificá-lo nessa batalha.
— Uma boa estratégia. Esse cara é intocável no morro e até agora só a polícia federal conseguiu interceptar a rota de tráfico dele, soube que foi um prejuízo enorme. Acontece que ele tem as costas largas e aguenta a pressão, o infeliz é bem articulado.
— É um filha da puta, isso sim — Otávio cospe as palavras. O homem olha desconfiado para a passionalidade do senador, mas decide ignorar.
— Talvez a sua cortina consiga estremecer a relação dele com os cabeças da facção e pode ser que as peças do jogo mudem por lá. Seria um ótimo benefício, já que Tia Ondina está muito isolada — avalia, com a visível intenção de lucrar com a situação.
— Exatamente, teremos vantagem.
— Ele é um criminoso de alto nível e em pouco tempo transformou o lugar numa fortaleza, mas não é imortal. Está impossível arrecadar em Tia Ondina por causa dele, mesmo tendo que enviar recursos. A população sai no lucro, porque não paga IPTU, e os comércios funcionam sem recolher as taxas, sem contar a água e a energia totalmente clandestinas. Essa porra virou uma bola de neve — o homem pontua, inconformado.
— Sempre temos que cortar a cabeça dessa turma. Toda vez que um vagabundo desse se cria, é prejuízo para os nossos interesses. No fim, um probleminha trouxe uma grande oportunidade — Otávio diz, me deixando enojada.
— Isso é bom, era o que eu estava querendo ouvir de você. Veja bem, temos o executivo da região completamente alinhado e não estamos em época de eleição, é o momento de faturar. Acontece que o piti da sua mulher tá trazendo atenção desnecessária — o sujeito fala aborrecido.
— Dalena não é só um voto, meu querido, é o retrato da mulher que o povo se identifica. Deixa ela atrair a atenção, isso tá engordando o capital político, e o apoio dela será uma mão na roda. Você não é um menino novo na política, sua família comanda Belo Rio nos bastidores desde as Capitanias Hereditárias, mas sabe muito bem que hoje é o marketing que determina tudo. Ela é um produto pronto e na disputa pela presidência, vai ter indicação decisiva em Belo Rio. — O senador estreita os olhos, analisando se o homem conseguiu captar a sua ideia, enquanto eu me contorço por dentro ao testemunhar a ganância política dele.
— Bom, mantenha ela na linha, não queremos te forçar a medidas drásticas, até porque, essas coisas dão trabalho com alguém conhecido. Quem precisa de mais um mártir? — Meu corpo passa a ficar trêmulo, parece que estou desnorteada dentro de um pesadelo. Dom já havia me alertado e eu minimizava. Agora, consigo ver que estou com a cabeça a prêmio.
— Claro, você tem toda razão — Otávio assegura. — Vamos resolver sem danos colaterais, meu amigo, pode ficar tranquilo.
— Eu estou, senador Otávio. A sua estrutura é grande, suas conexões estão por todos os lados, mas é do seu conhecimento que sou apenas uma das peças no tabuleiro. Além de quê, eu só sou o primo útil, os comandos não saem de mim — Ele dá uma tragada no charuto, seu olhar cintila maldade e confiança. — Sem contar que tem gente maior incomodada. Como sempre, é muito dinheiro envolvido, e a sua participação junto do Valmir são fundamentais.
— Prejuízo está fora de cogitação.
— Ninguém confia tanto nisso. Fique atento, o seu prestígio já está em queda, porque deu um mandato a alguém volátil. Essa foi a sua única burrice todos esses anos e pode te custar tudo. Controle as suas bolas, homem! Se continuar assim, vai terminar eunuco — alerta, balançando a mão no ar, com o charuto entre os dedos.
— Minhas bolas estão a salvo, eu não durmo no ponto. Agora você é uma ponte para mim, Torres. Eu já te presenteei com o que há de melhor, não custa nada me apoiar nessa.
— Eu não tenho vocação para líder de torcida. — O homem solta uma risada estrambólica. — Você está maluco? Entrar nessa é o mesmo que apostar as fichas num blefe. Até gosto de você senador, já me proporcionou gozadas espetaculares com os presentinhos que me mandou, mas não vou colocar minha posição a disposição da sua sorte. Sua jogada é boa, mas o tal do Thundercat não parece alguém que vai cair tão fácil. Irei me manter neutro em nome da nossa amizade.
— Sabe que posso implodir tudo... — Otávio ameaça com tranquilidade.
— Se controle, homem. Isso não dá mais nada — Ele dá dois tapinhas no ombro de Otávio indo em direção à porta.
O sorriso falso do senador se estampa no rosto ao encarar Torres. Quando o homem se afasta, distanciando-se o bastante, uma onda de fúria toma conta dele, e num gesto impetuoso, arremessa no chão o copo de uísque com violência. O vidro se estilhaça, espalhando cacos por todos os lados.
Com os olhos ainda faiscando de ira, ele retira o telefone do bolso e passa a dedilhar freneticamente a tela, enquanto meu próprio celular, guardado em minha bolsa, se acende revelando uma chamada vinda dele. Um suspiro aliviado escapa de meus lábios ao constatar que o mantive no modo silencioso.
Sem ser atendido, Otávio passa a digitar uma mensagem batendo os dedos furiosamente na tela do seu smartphone e o meu celular se acende novamente.
Otávio: Onde você está, meu bem?
Eu: Ainda no banheiro.
Otávio: Sério?
Eu: Não estou me sentindo bem.
A sua presença deve ter me dado indigestão.
Otávio desfere socos no ar segurando o telefone e volta a bater nas teclas ainda mais irritado. Sua expressão está impregnada de ódio, e estranhamente, presenciar o seu acesso de raiva me traz uma certa satisfação momentânea, aliviando a sensação de impotência que se instalou em mim. O tempo todo fica esse lembrete soando por todos os lados de que a palavra final é do senador e ninguém que tenha amor a sua vida pode mais que ele.
Otávio: Estou te esperando na saída.
Saia desse banheiro ou vou aí e te arranco dele.
Depois de enfiar furiosamente o aparelho no bolso, ele agarra a própria cabeça, e libera um urro raivoso. Em seguida, sacode o corpo soltando a tensão, estala o pescoço forçando de um lado para outro. Por fim, sorri como se estivesse cumprimentando pessoas inexistentes à sua volta. Quando passa para fora pela porta do orquidário, me levanto em estado de choque, absorvendo a conversa que presenciei. Abraço o meu próprio corpo, me perguntando onde me meti.
Ao tomar consciência de que há pessoas dispostas a acabar com minha vida por conta de um projeto que visa o bem-estar da comunidade, o sentimento de derrota se apodera de mim. Parece quase impossível construir o centro agora. Otávio quer criar o caos no morro, colocando em perigo não apenas a vida de Dom, mas também a minha.
A lembrança súbita da reportagem que será veiculada no dia seguinte me assombra. As declarações que fiz, certamente irão inflamar ainda mais o poder oculto acima de Otávio. Preciso avaliar profundamente sobre cada aspecto, mas, por ora, minha mente está paralisada, sem conseguir enxergar uma saída.
Em poucos instantes, observo o senador na saída do evento, distribuindo simpatia para as pessoas de quem se despede enquanto me espera. Como alguém se fantasia dessa forma e esconde tão bem a própria essência? Ele é capaz de enganar qualquer um. Os seus olhos se iluminam ao me ver, e me pergunto que espécie de sentimento é esse que fizeram suas íris se acenderem. Logo, imagino que deva ser exatamente o mesmo de alguém que encontra um pote de ouro e fica inebriado de ganância. Pensando melhor, lembro quando falei com Dom sobre me sentir um brinquedo nas mãos de Otávio. E talvez, seja esse seja o mesmo brilho no olhar de uma criança ao ver o seu objeto de diversão. Elas podem sentir ciúmes, podem cuidar e até desmontar as peças em segundos, mesmo quando é o seu favorito. Possivelmente, isso se resume a um incontrolável sentimento de posse, como se eu fosse o seu objeto de estimação. Esse homem inescrupuloso se sente o meu dono.
— Vamos sair juntos. Entregue para mim a chave do seu carro, eu mando um dos manobristas levar até o apartamento — diz ao me abraçar quando chego perto.
Eu estou apática, inerte. Encaro Otávio de perto enquanto eu me pergunto o porquê dele não querer me enxergar, o porquê de sempre querer me anular. Ele se afasta e me estende a mão, pedindo a chave. Juro que tenho vontade de entregá-lo, como mandou. A frase: "eu sinto muito pelo meu comportamento", aperta a minha garganta. É como se o ato de obedecer sem questionar, fosse uma garantia de paz.
A pressão sobre mim está insuportável.
E se ele decidir me matar?
Se eu obedecer, não haverá motivos para isso...
Quando Otávio está feliz comigo, eu tenho paz.
Estou murchando.
O mundo está mais pesado.
Eu não consigo ser mais forte.
Eu quero ser.
Eu não consigo ser.
Otávio sacode a mão novamente em minha frente e começo a chorar. Libero todo o conflito que oprime o meu peito, porque cheguei no meu limite com o senador. Eu engoli tanta coisa e não consigo mais fazer isso. Minhas lágrimas fluem pelo meu rosto. Nervoso, ele olha para os lados, se certificando de que ninguém testemunhasse a cena que faço.
Eu me sinto em um filme mudo, atuando sobre os meus sentimentos sem dizer nada, apenas deixando que os meus olhos transmitam o grito que sai do meu coração. Otávio me puxa desesperado para um local afastado do estacionamento, prende o meu corpo em um dos carros e ficamos escondidos de qualquer olhar curioso.
— O que você quer? Você quer me foder? — ele branda controlando a sua voz, pressiona os lábios um no outro, cerrando a mandíbula
Para, por favor, para.
— Se eu cair, você cai junto comigo! Entendeu? Você. Não. Tem. Outra. Saída. — cospe cada palavra com o dedo em riste bem em frente ao meu rosto.
Para, por favor, para.
Abaixo a minha cabeça, submersa em uma onda de desamparo. Otávio caminha de um lado para o outro diante de mim, os dedos deslizando pelos cabelos grisalhos em um gesto de agitação. Minha mente se encontra aprisionada, como se eu tivesse retrocedido aos treze anos, paralisada em cima da minha cama, incapaz de encontrar a força para materializar na minha língua a palavra "pare". Mais uma vez, a culpa pesa sobre os meus ombros, como se eu fosse a única responsável por tudo.
— Tudo bem aí? — a voz do homem que faz a pergunta parece me acordar. Otávio lança para o desconhecido um olhar fuzilante, mas não surte o efeito que ele gostaria.
O homem apenas me olha, esperando pacientemente a minha resposta.
Não está nada bem, moço.
— É coisa de casal, não está vendo — Otávio responde rispidamente.
— Não perguntei a você — o homem retruca.
Encaro o desconhecido num olhar acuado. Ele é alto, com o físico de alguém que não se leva na brincadeira, devido a aparência forte. Seu cabelo curto, meticulosamente aparado como o de um militar, realça sua presença. A pele, de um tom profundo e radiante como uma pérola negra, reflete a luz do poste próximo a nós. A sua vestimenta básica, deixa evidente que não é um convidado ou alguém que desempenhava uma função na festa.
Eu consigo respirar um pouco.
— Amigo, dá o fora. — Corajosamente, Otávio insiste em espantar o homem.
— Leve o tempo que quiser, moça, eu não estou com pressa — ele avisa.
Otávio me olha desesperado, esperando que eu o tire da situação, no entanto, eu não quero. Enxugo o meu rosto e cruzo os meus braços sobre o peito, a presença do estranho me trouxe de volta. Ele me fez lembrar que eu escolhi enfrentar o medo, que eu escolhi não ser uma vítima, que escolhi dar trabalho para morrer. Ainda que eu não saiba como vou vencer essa guerra, eu prefiro perder lutando.
Levanto a cabeça empertigando o meu corpo.
— Terminou, Otávio? — minha voz está frágil, meu olhar caído, mas ainda estou em pé.
— Dalena — ele me adverte com uma sonoridade ameaçadora.
Meus olhos se fecham por um instante.
— Ela perguntou se o senhor terminou? — o homem reforça a minha pergunta, deixando a situação ainda mais tensa.
— Por acaso sabe com quem está falando? — Otávio parece querer engolir o bom samaritano, que não recua, inclusive estufa o peito de um jeito ameaçador.
— Se apresente — pede, com a tranquilidade refletindo o seu semblante e a sua voz.
— Otávio... — chamo fragilizada, mas não quero uma discussão entre os dois por minha causa. — Eu estou indo embora — aviso num tom brando quando ele me olha.
— Nos encontramos em casa — determina apressado, planejando garantir a minha companhia pelo resto da noite.
— Eu me mudei temporariamente.
— Então me passe o endereço que vou até sua nova casa.
— Não estou morando só, e você não é bem vindo para uma visita.
Caminho em direção ao manobrista, acompanhada pelo desconhecido. Solicito minha chave e aguardo enquanto o funcionário da empresa de eventos traz o meu carro. Ao mesmo tempo, observo o homem, que se mantém ao meu lado como um guarda-costas vigilante.
No local, poucas pessoas restavam além dos funcionários, embora as batidas da música ainda reverberam dentro do palácio. A noite parece finalmente voltar à normalidade, apesar do ambiente refletir uma aura opressiva, que me mantém desconfortável. Otávio, visivelmente perturbado, passa lentamente por nós a bordo de seu Mercedes.
— Está me seguindo desde que horas? — pergunto ao desconhecido, que comprime os lábios, segurando o sorriso.
— Ele só me disse para conferir o estacionamento. Ficou preocupado depois que você desligou repentinamente e me pediu para ficar de olho — justifica, afundando o pescoço entre os ombros.
Enquanto o manobrista se aproxima com pressa, percebo o brilho de antecipação em seus olhos. Ao fazer um gesto ágil e cerimonioso, ele estende a chave do carro em minha direção. Retribuo com um sorriso agradecido nos lábios e recebo a chave. Decido recompensar a sua atenção com uma generosa gorjeta, que coloco sobre sua palma estendida. O funcionário se afasta satisfeito, desejando uma boa noite, respondo o mesmo com uma voz calma e amigável.
— Desde que horas? — insisto na pergunta, fitando os olhos escuros de quem imagino ser o marinheiro. Deduzi pela roupa extremamente bem engomada, principalmente a calça com um vinco do ferro de passar, fazendo uma linha perfeita do bolso até a barra da perna.
Ele me dá um sorriso largo, como o de uma criança inocente, depois tenta ficar sério e me lança um olhar com um pedido de socorro. Parecia relutar em dedurar Dom. É engraçado assisti-lo se esforçar para evitar entregar o dono do morro, e não parece ser por medo de se encrencar com um traficante, mas ver um amigo encrencado com a namorada ou coisa parecida.
— Você é o contato dele na marinha? — arrisco.
Ele suspira e sorri outra vez.
— Sou. Como descobriu?
— Eu tive uma palestra de direito militar e o palestrante era da marinha. Uma das coisas que ele falou foi sobre a exigência das roupas serem extremamente limpas e bem passadas. O corte de cabelo também te denunciou. — Ele balança a cabeça concordando com o que eu disse. — São amigos há muito tempo?
— Desde que éramos garotos com o sonho de sermos marinheiros.
— O que mudou para ele?
— Precisava de dinheiro. De qualquer forma, o destino que escolheu, fez a diferença para que um de nós conseguisse chegar lá — frisa, parecendo ser muito grato ao amigo. Isso me mostra o peso que tem a relação dos dois.
— Dalena. — Estendo a minha mão.
— Antônio Marcos. — Recebo um aperto firme em minha palma. — Ele só está preocupado com você — fala, com um sorriso amistoso nos lábios. — Sabe... eu bem que fui avisado que é uma mulher muito esperta.
— Jura que ainda pensa assim depois do que acabou de presenciar?
— Você conseguiu o que queria?
— Consegui.
— Então, digamos que é esperta, apesar da sua ousadia ser inocente.
Um breve sorriso escapa dos meus lábios, acompanhado de um suspiro profundo que parece descarregar todas as tensões da noite. Com passos decididos, saio em direção ao meu carro, cumprimentando educadamente os presentes com um desejo de boa noite que ecoa no ar.
Antônio Marco, em um veículo Nissan Versa branco, me segue por todo o trajeto que faço até o condomínio. Na portaria, apresento minha identificação, enquanto o segurança registra minha digital e fico cadastrada como moradora. Somente após esse ritual, sou autorizada a seguir em frente, até a residência de Dom, deixando o marinheiro para trás com duas rápidas buzinadas em agradecimento.
Durante o caminho, permaneci com o mesmo sentimento de que tudo é bem maior do que eu imaginava. Eu fui eleita para ser um fantoche nas mãos de Otávio, mas agora sei o que está por trás de tudo. Se um dia a política nasceu para servir os interesses do povo, hoje é uma ideia extremamente corrompida.
|NOTAS DA AUTORA|
Eita, que Dalena não para de brincar com fogo... O que acharam do capítulo e o que esperam de Otávio? Ele está querendo medir forças com Dom e obrigar Dalena a aceitar o que ele quer. O cara não tem freio.
Flores do meu jardim, muito obrigada pelas felicitações no capitulo passado. Recebi homenagens lindas, que deixaram o meu coração transbordando amor. Gratidão a todos que acompanham com tanto carinho o meu trabalho.
Até a próxima quarta, se assim for, Deus nos permita. E que Ele os permite! ✿◕‿◕✿
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