6° Capítulo
Daniel Silva
- 08:00 horas da manhã
A repórter segurava o microfone e falava sobre o tempo em São Paulo enquanto olhava para a câmera.O som alto da tv fez Daniel se mexer um pouco no sofá.A repórter continuou falando do tempo e quando terminou sorriu antes de se despedir.
O som das propagandas fez Daniel se acordar assustado.Ele olhou para cima primeiro e fitou o teto.Mais uma vez havia sido vencido pelo sono e perdera o filme inteiro.
Ele lembrou que havia ido assistir um filme de comédia na tv da sala e também lembrou do sono que havia sentido.Pegou o controle e desligou a tv.
Daniel morava em um apartamento que era pequeno com sua mãe e com sua avó.Aquela era a casa deles e não precisavam mais pagar aluguel.Sua avó morava com eles, porque havia perdido o marido e desde então se sentia sozinha.Morar com a filha e com o neto havia sido decisão dela mesma.
Ele se levantou sentindo uma dor no pescoço por ter dormido de mal jeito e ouviu a voz de sua mãe.Ruth, mãe dele, era massoterapeuta e trabalhava para ela mesma.Sua mãe tinha suas clientes e quando a chamavam ela ia até as casas delas trabalhar, mas ele sabia que nesse dia ela não tinha compromissos.
Andou até o quarto em passos lentos e percebeu que sua mãe conversava com alguém pelo telefone sentada na sua cama.
- Ah amiga-ela disse para a pessoa- Sua filha precisa de limites. Ela não pode fazer tudo o que quer...
Ruth ia falar mais e parece que foi interrompida pela outra pessoa. Daniel sabia que sua mãe era bem conhecida onde moravam e que era indicada por seu trabalho, mas sua melhor amiga era Daniela. A vizinha deles era muito amiga de sua mãe a uns anos. Daniela tinha uma filha que era rebelde e por esse motivo ele suspeitou que sua mãe estava falando com ela.
Sua mãe ficou escutando o que a pessoa falava e depois desligou o telefone. Ela suspirou, se espreguiçou e se levantou.Ruth olhou rapidamente para a porta e se assustou ao ver seu filho.
- Já acordado a essa hora filho?-ela sorriu- Que milagre foi esse?
- Se chama sofá e tv mãe-respondeu ao entrar no quarto- Eu pensei que a senhora fosse descansar hoje.
- Tão engraçado esse meu filho- ela balançou a cabeça sorrindo- Dormir no sofá vai te deixar cheio de dores e vai precisar de umas massagens nas costas.
- Pelo menos só foram duas vezes que peguei no sono no sofá e tenho uma mãe massoterapeuta-beijou sua testa.
Ruth era baixa e Daniel era alto. Ele tinha 16 anos e iria fazer o 2° ano.
- Então dona Ruth- ele continuou -Porque a senhora acordou tão cedo?
- Tive insônia-bocejou- E passei a noite em claro filho.
- Mas a senhora nunca mais tinha sentido isso- ele ficou preocupado.
- Eu também não sei o que foi-ligou a luz- O que fez eu me distrair foi a ligação da Daniela.
- A filha dela aprontou mais uma vez?-suspirou enquanto pensava na garota.
- Aprontou sim-respondeu- Aquela menina é difícil. Estava de olho nela enquanto seus pais viajavam e só por ontem eu tive que ir trabalhar. Ela aprontou de novo.
- Eu avisei que aquela garota não tinha jeito e nem havia mudado- ele lembrou a mãe do que havia dito dias atrás.
- E você tinha razão, Daniel-confirmou com a cabeça- Eu tentei ajudá-la e até aconselhá-la, mas ela me ignorava sempre. Ontem pela tarde seus pais chegaram de viagem e não avisaram nada para mim. Daniela me ligou para contar o que havia acontecido.
- E o que foi mãe?- sentou na cama dela.
- Acho que ela se sentiu livre sem os pais lá e sem mim também- deu de ombros- Então dessarrumou tudo. A sala, cozinha e seu quarto, mas quando os pais chegaram foi que tudo piorou. Henrique quase dava uma surra nela, mas Daniela não deixou. Coitada da minha amiga com essa menina.
Daniel sabia que as duas eram muito amigas e que uma ajudava a outra quando precisavam. Daniela, mãe de Érica, havia pedido para Ruth ficar de olho na filha dela enquanto ela e seu marido viajavam. O jovem conhecia Daniela e Henrique a três anos, mas só conheceu a filha deles quando foram morar no apartamento. Serem vizinhas deixaram as amigas mais próximas.
Elas queriam que seus filhos fossem amigos, mas Érica parecia não ter interesse em conversar com Daniel. Eles eram bem diferentes. Ele sabia que antes ela estudava em uma escola integral, mas nesse ano iria para uma nova escola.Justo para a escola onde ele estudava desde seus 11 anos e ela iria fazer o 2° ano. Eles seriam colegas de sala.
Daniel falava pouco com os pais dela, mas em uma conversa com Daniela eles conversaram sobre a filha deles.A mãe dela disse onde a filha estudaria e fez um pedido para ele. Pediu que ele ficasse de olho em Érica para que ela fosse informada do que acontecesse com sua filha. Daniel havia estranhado esse pedido dela por eles não terem aproximação nenhuma e suspeitou que ela queria que eles se conhecessem melhor.
Agora ele teria que tentar se aproximar de uma garota rebelde que amava aprontar todas e parecia não conhecer a palavra limite. Ruth e Daniel sairam do quarto e foram para a cozinha. Ele começou a fazer café.A sua avó ainda dormia.
- Semana que vem acaba a moleza de vocês- ela comentou para o filho depois de beber água.
- Nem me fale mãe- levantou a cabeça imaginando o que o aguardava no 2° ano- Mas eu gostei dessas férias.
- Foram dias calmos até que você ia sendo preso não é?-lembrou a ele- Isso foi divertido para você?
- Ah mãe chega de bronca-disse calmo- O que posso fazer se esses policiais não sabem o que é uma arte de verdade?
- Pixação não é arte- ela não concordava com esse novo tipo de arte.
Daniel era grafiteiro e gostava muito de arte.Ele exibia alguns desenhos em paredes, mas fazia isso com cuidado por causa da polícia. Carla também gostava de grafitar e o ajudava as vezes. O caderno novo dele logo estaria com vários desenhos nas últimas folhas.
- Tenho um ano para me preparar para aquela prova- ele disse mudando de assunto- Espero que com o enem eu passe de primeira para uma faculdade.
- Precisa estudar muito para passar de primeira filho-o observou fazendo o café- Mas você vai conseguir entrar em uma boa faculdade para fazer biomedicina- sorriu orgulhosa.
O sonho dela era ver seu filho sendo um biomédico, mas esse não era o sonho dele.Por ele gostar um pouco de trabalhos como esse pesquisou sobre biomedicina e escolheu essa profissão. Por parte também havia a escolhido para agradar a mãe, pois seu sonho era trabalhar com o grafite e ele queria ser grafiteiro.
Terminou o café, pegou um vidro com bolachas cream cracker e sentou na cadeira. Sua mãe sentou ao seu lado e foram merendar. Eles começaram a conversar sobre a escola e depois de um tempo a avó dele apareceu na cozinha. Daniel pediu a benção a ela como era de costume e a campainha tocou de repente.
- Quem será a essa hora?-sua avó perguntou ao olhar para o relógio na parede.
- Não faço a menor ideia vó-ele se levantou- Eu vou ver quem é.
Daniel andou até a sala e quando abriu a porta se deparou com sua amiga Carla. Ela parecia estar com raiva de algo.
- Aquela garota é uma selvagem completamente sem noção-disse rápido e entrou sem pedir licença- Meu pai está maluco, Daniel-levantou as mãos- Está enfeitiçado por aquela mulherzinha superficial.
Ela se jogou no sofá sem se preocupar se estava sendo intrusa ao entrar no apartamento deles desse jeito. Daniel já sabia a quem ela se referia como "garota selvagem". Ele não falou nada e apenas a observou enquanto ela falava e falava, mas ela falou algo que o chamou atenção.
- Quero fugir de casa-disse por fim e finalmente olhou para ele.
Daniel achou que ela estava brincando, mas quando olhou em seus olhos viu que ela realmente falava sério.
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