5° Capítulo
Carla Oliveira
Algumas pessoas usam máscaras para não mostrar quem são de verdade.
Outros usam por medo de expor seus sentimentos ou sua fraqueza e fingem ser fortes demais.No caso de Carla, esconder quem ela é de verdade,foi benéfico.
Carla Oliveira sempre foi uma menina boa na frente de seu pai, mas seus verdadeiros amigos a conheciam muito bem. Na escola os alunos a chamavam de "macho fêmea" por ela só andar com meninos e gostar de skate. Ela mostrava não se incomodar com esse apelido, mas na verdade tinha raiva.
Carla era amiga de Daniel e Rafael. Ela morava com o pai em uma casa um pouco grande que havia sido herança dos avós dela que faleceram e antes ela tinha uma família.
O seu jeito de ser ela herdou de sua mãe, Cristina, que também era uma mulher que fingia bem.Sua mãe fingia estar sentindo dor, um desmaio, choro e isso a fazia se diferenciar no meio dos outros.Por esse diferencial junto com seu carisma ela queria ser atriz,mas por falta de condições ela aprendeu a se contentar em ser uma professora de português.
Seus pais haviam se divorciado a uns meses e Carla preferiu ficar com seu pai por ser muito apegada a ele.A garota sentia falta da mãe e da sua irmã, Mirela.Ela fez uma promessa para si mesma de que tentaria fazer com que eles voltassem.A jovem nunca imaginou que apareceria alguém de fora na vida de seu pai.
Victor, pai de Carla, havia conhecido uma mulher chamada Eliane que morava em Fortaleza-Ce e eles começaram a conversar pela internet. A sua filha esperava juntar seus pais para ter sua família de volta e quando soube do namoro virtual de seu pai ela não ficou feliz. Carla precisava fingir ser boazinha para ele e por esse motivo ela não pôde ser contra.
Ela teve raiva da nova namorada de seu pai muito antes de conhecê-la e quando soube que a mulher tinha uma filha foi que sua raiva aumentou. Pensar na possibilidade de uma nova família nunca se passou pela cabeça dela. Continuar fingindo ainda estava nos seus planos, mas ela sentia que não conseguiria por muito tempo.
Depois de 4 meses de conversas e namoro virtual Victor havia tido a ideia de convidar Eliane e sua filha para irem morar com eles. Quando Carla soube foi como um balde de água fria para ela. Seu pai estava querendo recomeçar, namorar, casar ou até formar uma nova família.Ela não queria uma madrasta e uma irmã.
Pela manhã ela havia ido a casa de Daniel para contar a novidade para seu amigo e ele ficou surpreso. Eles eram amigos desde a 6° série e por isso sabiam muitas coisas um do outro.Daniel gostava dela.Ela se sentiu um pouco melhor depois de falar com ele sobre isso.
Victor estava ansioso, feliz e sorria mais ultimamente. Não ficava muito estressado no trabalho. Ele era dono de uma padaria e sua filha o ajudava as vezes. Carla gostava de ver o pai feliz e ele a mimava muito, mas ela não gostava do fato da felicidade dele ser por causa da sua madrasta.
"Madrasta, madrasta, madrasta" ela repetia em sua mente para tentar se acostumar com a ideia e mostrar para o pai que estava tudo bem. A sua família era somente uma e precisava juntá-los novamente. Nunca que ia se acostumar com essa ideia maluca de seu pai.
O dia se passou rapidamente e ela pediu ao pai para ir para rampa a tarde. Ele deixou como sempre. Seu amigo Rafael iria estudar na mesma escola que ela e isso a alegrava. Eles estavam de férias. Carla andou muito de skate na rampa e preferiu estar sozinha.
A noite seu pai precisou ir para o aeroporto e insistiu para a filha ir com ele, mas ela inventou que estava com dor de cabeça. Sabia inventar muito bem assim como sua mãe. Victor foi com seu carro sozinho buscar sua namorada e a filha dela. Com umas horas depois Carla estava escutando música no fone quando ouviu o som das chaves e soube que seu pai havia chegado.
Ela gostaria que aquelas pessoas fossem somente uma visita.Era bom pensar assim apesar dela saber que era uma ilusão.Saiu do quarto quando ouviu seu pai a chamar e ficou no topo da escada observando ele,uma mulher alta e uma garota. A mulher era elegante e tinha o cabelo loiro. A garota usava uma make um pouco pesada e tinha cabelo castanho.
Ela percebeu quando seu pai deu um selinho na mulher e virou o rosto para não ver a cena. Depois de os observar ela disse "Me chamou papai?" e todos a olharam. Ela permaneceu séria enquanto descia as escadas. Sentiu um pouco de ciúmes ao ver que realmente seu pai gostava daquela mulher. Em seu pensamento dizia "essa mulherzinha". Correu para abraçá-lo.
- Essas são as nossas visitas papai?-ela perguntou depois que o abraçou.
Olhou para elas. Percebeu quando a garota revirou os olhos.Ela não gostou disso, mas fingiu que não havia visto nada e continuou séria.
As duas começaram a se encarar e cruzaram os braços. Victor sabia que ela acharia estranho ter uma mulher e uma garota nova que iriam morar na sua casa. Ele achava que ia ser uma questão de tempo para se acostumarem com a ideia de morarem na mesma casa.
- Carla, Carla- ele balançou a cabeça sorrindo- Elas não são visitas e já conversamos sobre isso.
- Eu sei papai-disse ao olhar para ele- Só estava brincando- sorriu ao erguer a cabeça.
- Essa é a minha namorada que te falei-ele disse- Eliane essa é a Carla, minha querida filha.
Victor sorriu e ela apenas confirmou com a cabeça olhando para Eliane.
- E essa é a Natália-pegou no ombro da garota e Carla arqueou uma sobrancelha- Sua...sua- procurou as palavras-Nova irmã.
Natália começou uma tosse exagerada simulando ter se engasgado. Ela ficou a observando irritada e continuou de braços cruzados.
- Desculpa aí-a garota disse fingindo se recuperar da tosse- Mas é porque eu nunca tive uma irmã-fitou Carla- E só por estar aqui, na sua casa, não quer dizer que eu vou ganhar uma irmã de brinde beleza?
Carla a observou surpresa por seu jeito de falar e teve a certeza que não gostava dela. Eliane beliscou o braço dela e ficou com vergonha do comportamento de sua filha. Natália apenas pegou no braço,deu de ombros e saiu de perto deles.
- Desculpa meu amor- Eliane se desculpou envergonhada- Ela é assim mesmo. Gosta de aparecer.
Carla começou a pensar onde seria o quarto de sua nova irmã e como se lesse seus pensamentos, Victor que ainda estava surpreso pelo que Natália havia dito, se virou para a filha e foi até o meio da sala onde estava a garota rebelde.
Ela a apelidou assim depois do que aconteceu.
- Eu sei que você está acostumada a dormir sozinha filha, mas eu pensei de vocês duas dividirem o quarto.
As palavras de Victor ficaram na mente de Carla por um tempo antes dela processar. Seu pai só podia estar ficando maluco.
- Mas papai eu...-ela começou.
- Ficar no mesmo quarto que essa patricinha?-Natália o olhou e começou uma risada alta- Vai sonhando ok? Boa piada a sua, cara.
Victor já estava começando a ficar com raiva do jeito dela falar.
- Sim-Eliane disse depois de um tempo- Para vocês se conhecerem melhor eu concordo que é bom ficarem no mesmo quarto.
Carla não gostou de ser comparada com uma patricinha. A partir daquele momento ela percebeu que ia precisar se esforçar para fazer com que seus pais se juntassem novamente.
O restante da noite foi tensa e elas tiveram que dividir o mesmo quarto pela primeira vez. Essa mudança estava afetando eles negativamente.
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