39º Capítulo (Parte 1: Nunca percebeu que eu gosto de você?)
Rafael Santos
O vento fresco da manhã soprava. As plantas estavam de um lado para o outro por causa do vento.
As plantas pareciam dançar, borboletas voavam de flor em flor, algumas folhas ou flores estavam caídas pelo chão e enfeitavam o jardim.
Aquele jardim trazia um ar bom, uma paz, um pequeno movimento no meio da calmaria da rua e do lugar.
Na frente da casa dos avós de Rafael tinha um pé de jambo rosa. Nesse dia o chão estava enfeitado, porque de baixo do jambeiro havia um tapete rosa.
O jambo continuava com a sua beleza e trazendo alegria para a maioria das pessoas da rua. Principalmente para dona Margarida, avó de Rafael.
Dentro da casa podia se escutar uma música bonita que tocava no rádio. Uma música antiga que dona Margarida gostava muito e a fazia lembrar do tempo onde ela era jovem.
Dona Margarida estava sentada no sofá vermelho e costurava um vestidinho branco. Um vestidinho que havia feito para uma boneca.
Dona Margarida tinha umas bonecas Barbie e gostava de guardá-las para fazer coleção.
Cada boneca era especial para ela e tinha um carinho por cada uma.
Era como se ela voltasse a infância quando estava com as bonecas. Costurava enquanto escutava a música antiga e soltava um sorrisinho de vez em quando.
Olhava para o vestidinho, ficava orgulhosa do que estava fazendo, olhava para a Barbie em cima da estante de madeira e sorria.
Estava em paz consigo mesma. O neto estava fora de perigo, em casa, tinha saído daquele hospital. Podia comemorar.
Margarida ficou feliz quando viu o neto se arrumar para escola na terça-feira. Viu que ele estava bem melhor e recuperado.
Ela e Rayra Valentina cuidaram bem do garoto. Ela costurava e lembrava do dia que recebeu a notícia do acidente.
O amigo de seu marido havia ligado para o casal na sexta-feira pela manhã e falou do acidente do garoto.
Seus avós foram para o hospital, mas quando chegaram no local viram de longe um homem alto, um pouco magro e com o cabelo um pouco claro.
O homem logo se apresentou ao ver o casal se aproximando. Ele estava meio preocupado e explicou que ele havia sido o causador do acidente, pediu desculpas aos dois, disse que foi um momento de distração.
Seu Joaquim ficou calado sem saber o que dizer. Já Margarida reconfortou o homem e disse que ele não precisava pedir perdão. Ela procurou entender o desconhecido.
Eles três ficaram conversando um pouco e o homem falou que tinha uma filha, a Andreina, ela estudava na mesma escola do neto deles.
Ela procurou fazer amizade com o homem, pois sentiu que ele tinha um bom coração. Mas eles se esqueceram de pedir o contato do telefone do homem.
Ela esperava poder o encontrar novamente para poder contar as boas notícias a ele.
Pedia a Deus em oração para proteger Roger e sua família. O neto havia contado para os avós que foi convidado para uma festa no sábado a noite. A reação da sua avó foi de desconfiança, pois soube que a festa era na casa de um colega da escola municipal.
Ela se preocupou por não saber quem era o tal colega e nem saber o endereço da festa. Ficou insegura. Se o neto voltasse a fazer amizade com pessoas que podiam o levar para o mal caminho? Então nada do que os avós fizeram ia adiantar.
Eles o tiraram da antiga escola e o matricularam na municipal com a intenção de o ajudar a se afastar de uns amigos influenciáveis.
Viram o neto se juntando com uma galera da pesada e não gostaram dos novos amigos dele.
Queriam sempre o proteger. Acharam que o melhor a se fazer era o matricular em outra escola.
Porém,não pensaram na possibilidade dele voltar a fazer amizade com pessoas iguais aos seus antigos amigos. Com essa festa então veio a desconfiança para dona Margarida.
Costurando o vestidinho, escutando a música antiga, concentrada no que estava fazendo, mas também estava pensando na tal festa. Ela resolveu fazer uma oração silenciosa naquele momento.
Pediu a Deus que Ele guiasse seu neto e o protegesse do mal.
Rafael estava na varanda junto com Carlos, o seu amigo das antigas. Ele, Carlos e Micaela eram seus amigos a um bom tempo e Margarida gostava de ver eles juntos.
Micaela tinha muita intimidade com os meninos. Por isso ela sempre implicava com os dois, ria da cara deles ou ainda fingia namorar um deles.
Ela gostava de ajudar os meninos a se livrar de meninas que viam querer ficar com eles. Rafael era o que fazia mais sucesso, porque era bonito e tinha um certo charme.
Micaela revirava os olhos e dizia que as meninas eram interesseiras.
Eles tinham um grupo. O grupinho de sempre, o grupinho inseparável, o grupinho das antigas. Era apenas eles. Micaela, Carlos, Rafael e mais uma galera. Tinha também três casais no grupo e eles se conheceram tudo na escola.
Eles estavam todos juntos na praia da Barra da Tijuca. Justo no dia que viram a "apresentação" de Andreina dançando balé e todos da praia ficaram encantados com a garota.
Carlos admirou ela dançando, achou ela bonita, o dia que o grupinho viu a garota havia ficado na memória dele.
Rafael estava em pé e Carlos sentado na rede da varanda. Carlos se balançava na rede enquanto o outro garoto dava murros no saco de boxe.
Sua avó havia comprado aquele saco de boxe para ele e já fazia um tempo que o mesmo estava na varanda.
O garoto escutava música no fone de ouvido, fazia um esforço para parar de pensar e tentava silenciar as vozes das pessoas.
Com o fone era como se ele não pudesse ser incomodado por ninguém, porque colocava a música no último volume e se deixava levar por cada batida.
Nesse sábado estava sendo um dia chato para Rafael. Dias assim eram quando o garoto já acordava triste ou chateado com algo.
Estava desse jeito, porque Rayra Valentina, sua amiga, vinha trazendo uma certa dor de cabeça para ele.
Rayra havia mudado um pouco desde o dia que eles conversaram.
Na última segunda-feira o garoto tinha aconselhado ela e pediu para ela se soltar mais, parar de ficar se colocando para baixo, começar a ver suas qualidades, enxergar seu corpo atraente, se valorizar.
Ele havia pedido isso a ela e tentou a aconselhar do seu jeito. Mas o que mudou em Rayra foi a positividade dela junto com a sua atitude. Rayra tinha mudado um pouco.
Na terça começou a acordar cedo, chegou na casa dele o chamando do portão, disse que partir desse dia ia começar a o acompanhar até o ponto de ônibus para ele ir para escola, durante a semana ela até tomou iniciativa e o beijou de surpresa.
Também havia tentado se aproximar de Micaela e para piorar ainda mandou solicitação de amizade para alguns amigos da antiga escola onde ele estudava.
Tina nem imaginava que se aproximando deles podia se arrepender. Eles não tinham nada a ver com a garota.
Rafael teve um susto ao ficar sabendo disso e tentou abrir os olhos da amiga, mas não teve muito sucesso.
Porém, ela prometeu que não ia chegar perto de nenhum deles.
Só ia falar com eles pela internet e só ia puxar conversa se mandassem mensagem primeiro.
O jovem queria ver a amiga mais solta e com atitude. Só que nunca esperou que essa mudança ia ser assim. Não podia permitir que Tina se aproximasse deles.
E fazendo amizade com eles também podia levar tudo a perder. Ela iria acabar descobrindo sobre o segredo que ele escondia de todos. Das festas, das drogas, bebidas. Ninguém podia descobrir o que ele fazia.
Tinha conseguido esconder por tanto tempo e pretendia continuar escondendo. Não queria se afastar dos seus amigos da pesada. Precisava pensar em algo para tirar essa ideia da cabeça de Tina.
O jovem esmurrou o saco de boxe com força e parou um pouco só para passar um pano no rosto. Limpou o suor do rosto e parou o saco de boxe com as mãos. Respirou fundo mostrando estar cansado e chateado.
- Tem alguém aqui precisando tomar um chá de camomila- comentou sorrindo e se balançando na rede- Quer que eu ligue para a Mical trazer um chazinho?
- Que você está rindo, idiota? Qual a graça?- Rafael perguntou tirando os fones do ouvido e o som da música ficou tocando.
- Dar para escutar essa música daqui, cara. Você quer ficar surdo é? Eu estava falando que alguém aqui precisa tomar um chá de camomila- gritou e apontou para o celular- Eu vou ligar para Micaela e pedir um daqueles chás que a mãe dela tem.
- Deixa de brincadeira, cara. Eu não estou com bom humor hoje- sentou na cadeira e de repente veio um vento forte para onde eles estavam- Afinal o que você veio fazer aqui? Até agora só te vi deitado ou se balançando nessa rede.
- Cara, eu vim para gente bater um papo, sair por aí, ficar jogando, para passar o tempo. Tem nada para fazer hoje. Mas eu já vou embora. Fica aí com seu mau humor.
- Deixa de drama, Carlos. Parece um coitadinho falando. E hoje também está sendo um dia chato para mim- explicou com calma, pegou uma garrafa e começou a beber água- Eu... Estou preocupado com uns lances aí.
- E se a gente chamasse a galera e fosse para praia? A gente passava o dia todo lá... Ver as gatinhas, beber, surfar- Carlos se animou com a ideia que teve e pegou o celular.
- Nem perde seu tempo. Não estou no clima para nada e de noite tenho uma festa para ir- lembrou da festa de Davi.
- Ah sei, sei, sei. Já se juntou com a galera da escola nova? Vai acabar preferindo ficar com eles e esquecer os velhos amigos- Carlos suspirou voltando a sentar na rede entediado.
- Eu vivi para ver isso. Que comédia. Cuidado para não deixar as pessoas verem esse ciúme aí- ele sorriu fraco e continuou bebendo água- Nunca te vi carente desse jeito. Acho que tem alguém precisando de uma namorada, um compromisso sério.
- Que compromisso sério o que? Meu negócio é só ficar mesmo- deu de ombros despreocupado- E eu estou bem assim, mas é verdade. O nosso grupo pode perder um integrante se você acabar se esquecendo da gente.
- Deixa de drama, Carlos. Já está feio já e falando na escola nova... Eu preciso te contar uma coisa. Uma novidade boa- sorriu malicioso e ele entendeu seu sorriso.
- Novidade é comigo mesmo e pelo visto essa novidade envolve gatinhas- sorriu também se ajeitando melhor na rede- Pode contar logo. E nem precisa pedir segredo. Eu sou um túmulo.
- Cara, lembra daquele dia que a gente estava naquela praia lá? Antes das aulas começarem- começou a contar animado.
- Claro que eu lembro. Aquele dia foi a última vez que saímos para praia, última vez que a gente se reuniu. O que tem esse dia?- perguntou curioso e franziu as sobrancelhas confuso.
- Então foi esse dia mesmo. Lembra que apareceu uma garota lá? Ela estava dançando e até passou perto da gente- Carlos percebeu um certo brilho nos olhos de Rafael quando o mesmo falou dessa garota e ficou mais intrigado.
- Ah aquela gata loira dos olhos azuis? Lembro bem dela. Cara, aquela gata fez uma bela apresentação e eu nunca mais esqueci dela- seu sorriso se alargou ao lembrar de Andreina- Queria tanto ter a sorte de ver ela de novo.
- Você não vai acreditar, mas é sério. Aquela gata apareceu de novo e... Ela é a minha mais nova colega de sala- mordeu o lábio sem querer e não teve como disfarçar seu interesse nela.
- Como é que é? A gata estuda contigo? Então, cara, você tem muita sorte- balançou a cabeça e percebeu que o amigo estava meio distraído- Ah já vi tudo. Tem alguém aqui interessado na loirinha...
- O nome dela é Andreina, acho que ela é uma das mais inteligentes da sala, a beleza dela é uma coisa rara. Eu me interessei por ela sim e agora estou ferrado- colocou as mãos no rosto e suspirou- Estou bem ferrado. Essa garota é linda, mas ela não tem um jeito muito bom sabe? É cheia de frescura, estilo patricinha e se acha muito.
- Vai ver que é porque vocês não se conhecem ainda. Aposto que a loirinha é cheia de qualidades e por trás dessa beleza deve ter uma gata com bom coração- pegou no ombro de Rafael- Acho que vou tentar uma vaga nessa tal escola para ver ela de novo.
- Vai ter que se comportar como um daqueles príncipes encantados viu? Falar direito, deixar as gírias de lado, aprender bons modos- deu de ombros e voltou ficar sério- Andreina vive em um mundo diferente do nosso... Sério. Boa sorte com a patricinha.
- Ei, precisa ficar com ciúmes não. Não vou roubar tua gata e tenho certeza que ela não é cheia de frescura desse jeito, mas mesmo se fosse. Eu não ia me importar- sorriu levantando as mãos- Não quero conquistar ninguém. Quero apenas me divertir.
O seu celular começou a tocar e ele o pegou no bolso da calça. Porém, antes dele atender acabou deixando Carlos ver o nome da pessoa na tela do celular. Pablo.
Ele franziu as sobrancelhas confuso e ficou pensando quem podia ser Pablo. Mas antes dele o perguntar algo o mesmo atendeu a ligação rapidamente.
Carlos estranhou. O jovem se afastou para conversar melhor com a pessoa e foi para o jardim. Essa tal pessoa na ligação era seu amigo do grupo da antiga escola. Uma das pessoas que era considerada má influência para alguns alunos da antiga escola.
A galera da pesada. Pablo o ligou para o convidar para um aniversário que ia ter a noite, mas o aniversário ia começar meio tarde.
As 22:00 horas da noite. Ele sabia o motivo para o aniversário começar tarde.
Era um aniversário que ia ter somente jovens e podia rolar de tudo se eles quisessem.
O jovem se animou com o convite da festa de aniversário e encerrou a ligação. Voltou para a varanda sorrindo.
- Nossa. Animação impressionante. Quem era na ligação? O tal de Pablo- o outro quis saber com certo interesse por nunca ter ouvido falar de algum conhecido com esse nome.
- Amigo de infância- disse a primeira coisa que veio na sua mente e desviou o olhar rapidamente- E eu estou normal, cara. Só fiquei feliz por ele ter me ligado.
- Eu não nasci ontem, cara. Vi como você mudou de humor rápido com essa tal ligação- ficou desconfiado e com certa curiosidade- Você anda meio estranho ultimamente. Desde que se juntou ao povo da municipal.
- É impressão sua. Eu estou normal. E aí vamos entrar?- o chamou enquanto enrolava o seu fone de ouvido- Daqui a pouco vai chegar a hora do almoço e acho que você vai ficar para almoçar também.
Ele mudou de assunto e entrou em casa deixando seu amigo ainda mais curioso. Deu um beijo na testa da sua avó e abraçou seu avô o pegando de surpresa.
Eles perceberam como o neto estava meio diferente e estranharam a atitude carinhosa dele.
O jovem não era assim. O casal se entreolhou e dona Margarida soltou um suspiro seguido de um sorriso. Ela ficou aliviada ao ver o quanto o neto estava bem nos últimos dias, depois do acidente.
Porém, mal sabia dona Margarida que a animação do neto era por conta de algo divertido e perigoso. Mal sabia ela que o jovem estava em perigo.
Andreina Diógenes
- Praia da Barra da Tijuca (17:30 da tarde)
Estava novamente em seu ambiente. Onde se sentia bem de verdade, longe da super proteção dos pais e longe de todas as pessoas que passaram a fazer parte da sua nova realidade.
As pessoas da Escola Municipal. Andreina havia feito um trato com sua mãe.
O trato dela ir para praia de tarde e depois ela prometeu ajudar sua mãe a fazer um bolo especial. Um bolo para ela e seus pais aproveitarem melhor a tarde de domingo. Não era um bolo encomendado por ninguém.
Mariana sorriu quando a filha disse que ia ajudar a fazer esse bolo especial e balançou a cabeça rindo. Disse que a filha nunca fez nenhum bolo, que ela nunca teve essa vontade de ajudar e achava meio difícil a menina cumprir essa promessa.
Andreina prometeu de novo que ia ajudar e não revelou o real motivo para ter pensado nesse trato.
Porém, ela pensou nisso porque havia percebido um pouco de tristeza na mãe. Mariana estava meio triste desde que havia limpado a sala. De manhã ela havia feito uma faxina na sala e quando terminou tudo ficou triste.
Seu marido, Roger, e sua filha perceberam na hora a tristeza nos olhos da mulher. Roger passou o restante da manhã trancado no quarto junto com Mariana. Andreina já estava acostumada com isso.
Quando os pais se trancavam então eles precisavam conversar sobre algo sério ou alguma coisa ruim estava acontecendo. Nem sempre eles dividiam seus problemas com a filha e isso fazia ela ficar meio chateada por não confiarem tanto nela.
Porém, naquele sábado preferiu não interromper os pais e foi dançar no seu quarto. Resolveu não se importar muito. Mariana passou o restante do dia assim.
Com o rosto vermelho, desanimada, olhando fotos antigas no álbum de fotografias.
Andreina já tinha visto sua mãe desse jeito e sabia que quando ela estava assim era porque algo realmente ruim estava a incomodando.
Revirou os olhos ao ver a mulher novamente sentada no chão e olhando as fotos do álbum e resolveu acabar com essa tristeza dela.
Não gostava de ver ninguém triste por perto e quando suas amigas ficavam assim ela sempre tentava ajudar. Ela era a que levantava o astral das amigas.
Fazer compras no shopping, um dia de beleza, um final de semana na casa de alguma amiga. Eram formas de ajudar a se animarem.
Por isso fez o trato de fazer o tal bolo no domingo, mas antes a mãe precisava a deixar sair sozinha.
O destino era a praia da Barra da Tijuca. Mariana acabou aceitando no final, a jovem se arrumou,no fim ela foi deixar a filha de carro na praia e disse que antes de anoitecer ela ia a pegar para voltarem para casa.
A garota revirou os olhos ao escutar isso e lembrou a mãe de que de noite era a festa do Davi e ela foi convidada.
A mulher prometeu levar a menina para casa de Davi, pois Andreina havia pedido o endereço da festa a Luciana, sua colega de sala e sua dupla nas aulas de português e literatura.
As duas esperavam não se perder no meio do caminho. Precisavam acertar o endereço certo para não ter nenhum problema no final.
Estava com vontade de ir para essa festa para saber se valia mesmo a pena ou se ia ser somente mais uma festinha chata de alunos pobres que não sabiam como se divertir.
Havia dito isso a sua mãe e ela ficou chateada com seu pensamento. A repreendeu e disse que era melhor ela se comportar e mudar seu jeito ou então não ia a deixar ir para praia.
Andreina estava conversando pelo celular com sua melhor amiga, Patricia. Paty estava passeando com seu namorado e disse que achava que podia estar perto da Barra da Tijuca.
Elas prometeram se ver se desse para amiga passar na praia junto com o namorado.
Ela passou o seu Iphone rosa claro para a mão esquerda, porque já fazia tempo que conversava com a amiga pelo celular e ficou com a mão direita meio dolorida.
Andreina suspirou. Patricia não parava de falar sobre o quanto estava com saudades dela e queria muito vê-la de novo.
Que ia pedir para seu namorado passar na praia rápido para elas matarem as saudades.
- Eu estou ótima. Estou no melhor momento da minha vida- confirmou pela miléssima vez o que havia dito antes- Deixa de preocupação se não depois vai ficar cheia de rugas e vai envelhecer rápido.
- Eu vou ficar cheia de rugas e a culpa vai ser sua honey- Patricia falou na ligação com uma voz meio cansada e Andreina escutou vozes de outras pessoas ao redor- Você está sumida das redes sociais. Não posta mais nada da sua rotina.
- Ah... É que... É a correria, amiga. Tem muitas tarefas e trabalhos para fazer. Então fico meio sem tempo- ela desconversou rapidamente e olhou ao redor- A gente precisa marcar o encontro das meninas. Vou te deixar escolher o dia.
- Me solta, Lúcio. Deixa eu falar com a minha amiga- ela escutou Patricia gritar na ligação e sabia a quem ela se referia. Ao Lúcio, seu namorado.
- Dar atenção aí para seu namorado honey- ela gargalhou- Depois nos falamos, Paty. Eu te ligo.
- Que depois o que? Eu vou já para Barra da Tijuca. Vou rodar essa praia toda se for preciso até te achar- disse decidida e ela quase podia ver seu olhar de determinação- Me espera aí.
- Então é melhor vim logo, porque daqui a pouco minha mãe vem me buscar- olhou a hora no relógio de pulso- Vou ficar te esperando aqui...- ia dizer onde estava, mas foi interrompida por uma pessoa que chegou por trás dela e sussurrou baixo no seu ouvido.
- Olha quem está aqui. A princesinha na praia de novo. Quem diria- uma voz masculina sussurrou no seu ouvido e provocou arrepios na sua nuca- Sabia que ia te encontrar aqui.
- Quem ousa...?- começou a perguntar se virando para trás e se deparou com um rapaz de olhos azuis, branco, usando um boné com a aba para trás e roupas simples. O rapaz piscou o olho para ela e sorriu em seguida. Rafael Santos.
- Calma princesinha. Sou eu. Não precisa ficar assustada- Rafael sussurrou novamente e ela sentiu o seu hálito de menta- Pensei que ia te ver dançando de novo, toda linda, saltando e rindo, mas não esperava te encontrar sentada aqui- ele falou embolando as palavras e sorriu no final.
Ele estava de joelhos na areia, bem na sua frente e os dois novamente estavam bem perto um do outro.
Rafael se desequilibrou um pouco e acabou caindo na areia sentado. Começou a rir do seu desequilíbrio e deixou Andreina em alerta.
- Paty, depois eu falo com você. Preciso desligar- se despediu da amiga e Patricia disse: "Até daqui a pouco, Andi." lembrando do seu apelido carinhoso e encerrou a ligação- Rafael seu nome, né? Sorry, mas não decorei os nomes dos pobrinhos daquela escolinha.
- Deixa de fingir que não me conhece princesinha. Desde que eu te vi dançando ali- levantou o braço de forma exagerada e apontou para beira mar- Desde aquele dia você me hipnotizou... Nunca percebeu que eu gosto de você?- perguntou rindo, mas não havia graça e ele continuava sentado na areia. Falou embolando as palavras e com um pouco de dificuldade.
Seus olhos estavam diferentes e parecia que o azul estava meio cinza. Andreina o observou e achou que fosse coisa da sua cabeça.
Mas seus olhos realmente pareciam cinza, um olhar meio sombrio, como se tivesse perdido o brilho.
- Gostar de mim. Era só o que me faltava mesmo, garoto- sorriu balançando a cabeça e se afastou um pouco dele- Quem você acha que é para chegar aqui achando que temos algum tipo de intimidade? Nunca nem falei contigo.
- Falou sim princesinha. Você falou comigo na escola. Eu lembro- pegou no braço dela e parou de sorrir- Senti vontade de te ver... Aí pensei que podia te encontrar aqui. Eu tive sorte. Acho que está na hora da gente se conhecer melhor.
- Que nojo, que nojo, que nojo. Se enxerga, garoto. Você não pode pegar em mim assim. Não fico conversando com povo pobre que não sabe nem se vestir- gritou, fez careta e puxou o seu braço de volta- Vai embora. Por favor.
- Eu quero ficar contigo patricinha. Não vou embora agora- pegou no braço dela novamente- Preciso ficar contigo. Você me faz bem e me faz sentir como se eu tivesse perto da minha mãe. Não pode me deixar- foi se aproximando dela devagar, tocou no seu rosto, colocou seu cabelo por trás da orelha e ficou a admirando por uns instantes.
- Você não está falando coisa com coisa sabia?- sussurrou sem querer e se distraiu um pouco por sentir o hálito de menta novamente, porém já tinha percebido que Rafael não estava bem- Você bebeu e nem devia estar falando comigo. Não somos parecidos. Me solta por favor.
- Se eu sair daqui... Vou me perder. Você me faz estar perto da minha mãe. Não pode me abandonar princesinha- falou baixo no ouvido dela, pegou na sua nuca com cuidado, encarou seus lábios e aos poucos seus rostos foram se aproximando sem eles perceberem- Estamos ligados- sussurrou próximo da sua boca e encostou seus lábios nos dela aos poucos a beijando de surpresa.
Andreina retribuiu o beijo depois de respirar com dificuldade.
A aproximação dele, o cheiro de menta e seus sussurros a deixaram meio sem saber o que fazer. Ela entrelaçou seus braços ao redor do pescoço dele.
No beijo sentiu o gosto de menta, porém também pôde sentir gosto de cerveja que ele havia tomado.
Ele havia imaginado esse momento algumas vezes. Porém, ela de repente caiu na real e viu o que estava fazendo.
Fez jeito de se afastar, tentou se desvencilhar dele e o garoto a segurou com mais força. Andreina agiu sem pensar, mordeu o lábio dele com força e conseguiu se desvencilhar dele. Rafael se assustou com sua reação inesperada.
A encarou com raiva sentindo o gosto de sangue na sua boca, pois seu lábio havia sangrado.
- Como ousa me beijar? Quem pensa que é?- ela perguntou gritando, se levantou e passou a mão na boca- Você é só mais um pobrinho, sem estilo próprio, nada fashion. Somos de mundos bem diferentes.
- Não devia ter feito isso patricinha- ele se levantou com dificuldade e cambaleoou um pouco. Tentou se equilibrar em pé- Eu gosto de você de verdade. Não estou mentindo.
- Você está bêbado. Não tem juízo na cabeça e ainda acha que eu poderia olhar para um pobrinho assim?- gargalhou mantendo distância dele e continuou passando a mão na boca- Nunca mais se atreva a me beijar a força. Eu vou embora.
- Não vai não. Você fica. A gente precisa conversar. Eu quero te conhecer de verdade- agarrou o seu pulso- Ah ainda tem aquela festa do popularzinho da escola. Eu posso te levar para festa.
- Não vou para lugar nenhum com um pobrinho- umas pessoas passaram olhando para os dois- Me deixa em paz. Você precisa de um bom banho e precisa descansar.
- Posso não te conhecer bem, mas sei de umas coisas. Você é uma patricinha mimada, deve ter pais bons que compram presentes caros para filhinha, deve viajar nas férias- embolou as palavras e cambaleoou um pouco, porém se equilibrou bem- Pois eu te vejo do mesmo jeito que vejo qualquer pessoa. Para mim você é mais uma jovem normal.
- Não sou igual você e o povinho daquela escola. Nunca fui - puxou o braço e passou a mão no pulso o massageando- Me deixa sozinha, garoto.
- Eu só vou depois que fizer isso princesinha- a beijou novamente a pegando de surpresa e dessa vez Andreina o empurrou rápido. Ela deu um tapa na cara dele.
- Eu disse para não se atrever a me beijar de novo- apontou o dedo para ele, Rafael massageou o rosto por causa do tapa, ficou sério e a encarou- Você é só um qualquer para mim. Não quero fazer parte da sua vida.
- Eu sei que você nunca mais vai esquecer nosso beijo. Eu sinto que estamos ligados aqui- tocou no local onde fica o coração- Posso ser todo errado, mas eu sei de quem gosto. De uma patricinha linda- voltou a se aproximar dela a encarando sem piscar os olhos. Os dois ficaram se olhando.
- Andi? Amiga, sou eu- uma voz feminina os interrompeu e Andreina finalmente conseguiu desviar o olhar dele. Patrícia vinha correndo na direção deles e os alcançou- Eu cheguei. Desculpa a demora. Quem é ele?
- Ele não é ninguém. Já está indo embora- respondeu rapidamente voltando a real- Vamos embora daqui, Patrícia. Eu vou ligar para minha mãe vim nos buscar.
- Não vai me apresentar a sua amiguinha?- ele perguntou rindo da própria pergunta e Patrícia o olhou arqueando as sobrancelhas ao ver as roupas que ele estava usando- Eu sou Rafael.
- Esse é o meu... Meu primo. É meu primo, mas ele já está indo embora- acabou inventando uma mentira e contou mentalmente de um até dez para manter a paciência- A gente se ver depois primo. Bye bye.
Andreina saiu em seguida puxando Patrícia. Paty foi com a amiga, porém continuou olhando para trás e querendo entender melhor essa história.
Ela achou estranho por nunca ter ouvido falar desse primo.
Andreina já estava longe quando pegou o celular e ligou para sua mãe. Patrícia acabou vendo uma marca no pulso dela e estranhou. A garota ficou sem jeito, abaixou o braço, pegou no pulso e olhou para o lado.
Seu pulso doeu um pouco e ela só conseguiu pensar no que aconteceu. No beijo inesperado e nos momentos confusos que passou ao lado do colega de sala.
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