39º Capítulo (Parte 9: E se a gente jogasse?)
Pedro narrando
Luciana, Davi e Pedro chegaram na sala e observaram que quase todos estavam vaiando o casal. O pessoal estava com raiva por terem acabado com a diversão deles. Pedro ficou na frente de Luciana e Davi e disse que podia tentar conversar com os pais do amigo e ele podia assumir a culpa.
Dizendo que a ideia da festa foi dele, mas Davi não achou justo deixar Pedro levar a culpa. Ele estava quase se tremendo e parecia querer se esconder e nunca mais voltar. Tinha medo dos pais.
- Pedro, meu amor- Gabrielle chegou correndo e abraçou o namorado- Não sabe quem acabou de chegar- acabou o abraço e finalmente viu Davi parado ao lado deles- Ops. Davi, já deve saber que seus pais estão aqui, né?
- Davi de Melo Andrade- um grito foi ouvido por eles e Davi quis se esconder de trás da porta da cozinha- Aparece logo, moleque- o pai dele chegou onde estavam- Sai daí, Davi. Eu já te vi.
Davi saiu devagar de trás da porta e não teve coragem de olhar para o pai. Sua mãe chegou perto deles e teve vergonha por estar passando por isso. Pedro sentiu a tensão no ar e sabia que o amigo ia levar uma bronca daquelas ou podia ficar de castigo até o fim do ano.
- Saiam já da minha casa. Vão embora. Vão- a mãe dele gritou e bateu palmas para fazer com que todos ouvissem- Ou querem que eu chame a polícia?- perguntou se tremendo e todos se apressaram para sair da casa, porque ficaram com medo.
- Ver se da próxima vez faz uma festa melhor- Ícaro disse e bateu nas costas de Davi- E boa sorte aí com o pastor- disse segurando uma risada. O pai do garoto era pastor da igreja e era um homem reservado e eles mostravam uma postura boa para as pessoas.
- Nossa, cara, brigado aí- agradeceu e sorriu forçado- Brigado aí pelo apoio e da próxima vez eu vou te incluir como um penetra também. Não vai ser convidado.
Ícaro chamou Otávio e saíram rindo. O restante do pessoal saiu também e a maioria reclamou por esse imprevisto ter acontecido. Luciana, Gabrielle, Pedro e Davi foram os únicos que restaram. Ele continuava de cabeça baixa e não conseguia olhar para ninguém.
- Ainda bem que seus irmãos não vieram com a gente. Eles não merecem ver as burradas que você faz- o pai dele falou e não parou de olhar para o filho- O que eu te pedi antes de sairmos de viagem?
- Para mim ter juízo- falou com a voz rouca e suspirou- Desculpa. Eu... Não achava que vocês viam tão cedo. Eu só quis fazer uma animação para galera.
- Animação para galera? E isso é animação?- gritou e pegou uma latinha de cerveja do chão- Diga, meu filho, isso é animação?- mostrou a latinha de cerveja para eles- Eu estou falando com você Davi.
- Poxa, pai, dar um tempo. Eu só fiz uma festinha. As vezes precisamos fazer isso- encarou o homem e se arrependeu quando olhou para sua mãe e viu para onde ela estava olhando- Mãe, eu... Eu posso explicar.
- Minha poltrona de veludo. Não, meu Deus, não- sua mãe começou a chorar olhando para poltrona quebrada- Essa poltrona foi tão cara. Eu gostava tanto dela- continuou chorando e colocou as mãos na cabeça- O que você fez, Davi?
- Calma, tia, foi só uma coisinha quebrada. Não aconteceu mais nada- Gabrielle tentou acalmar a mulher, deu um passo para trás e pisou em um vidro. Quase ia caindo, mas Pedro a segurou.
- Essa casa tá toda bagunçada, toda revirada, cheia de cheiro de bebida. Como não aconteceu mais nada, Gabrielle?- o homem esbravejou e viu qual o vidro que ela tinha pisado- Davi... Davi, não me diz que isso é o que estou pensando.
O pai dele se abaixou e pegou os vidros do chão. Ele balançou a cabeça ao perceber que eram seus cavalos de vidro. Sua coleção de cavalos. E estava tudo quebrado. A mãe dele continuou chorando olhando para poltrona quebrada e sentiu vontade de bater em seu filho.
- O que a gente faz com você? Não podemos mais nem confiar em te deixar sozinho, moleque- seu pai esbravejou novamente e o puxou pela camisa para ficar perto deles- Vão embora, crianças. Vocês não tem mais nada para fazerem aqui.
Pedro desejou boa sorte ao amigo, pegou na mão de Gabrielle e saíram rapidamente da casa. Em seguida veio Luciana. Davi ficou sozinho com os pais. A casa estava toda revirada e seus pais começaram a conversar com o filho. Davi saiu primeiro, subiu as escadas, seus pais foram logo atrás dele e foram falando até chegarem ao quarto do garoto.
Érica Sousa
Ela sentou no banco que tinha no ponto de ônibus. O ponto de ônibus ficava a uma rua a frente da casa de Davi. Colocou a cabeça entre as pernas, ficou pensando um pouco, soltou um suspiro. Estava cansada de tanto ter dançado e ainda se sentia chateada por os pais de Davi terem chegado. Eles acabaram com toda a diversão. Ela pensava assim.
Se esforçou tanto para sair de casa aquela noite, mentiu tanto, implorou tanto a sua mãe e tudo isso para no final seu plano ir por água abaixo. Queria ter ficado na festa até o fim e só sair de lá quando fosse a hora certa.
- Está passando mal?- um jovem perguntou e a assustou, pois achava que estava sozinha- Ei, eu estou falando contigo.
- Eu estou bem- ela levantou a cabeça e olhou para trás. Tinha somente um poste com a luz ligada ali e conseguiu ver que era Júnior- Tinha que ser você, né?
- Ah, Érica, que bom que você ainda está aqui. Estava passando mal?- voltou a pergunta inicial e fez ela respirar fundo.
- Finalmente aprendeu a dizer meu nome, né?- levantou as mãos para o céu agradecendo- E não. Eu não estava passando mal. Por que achou isso?
- Você estava com a cabeça entre as pernas- ele começou explicando e sorriu- As vezes indica que a pessoa pode está prestes a desmaiar e fazer isso ajuda muito. Uma coisa assim.
- Pois fique tranquilo, porque estou ótima- se levantou e deu uma voltinha para mostrar que estava bem- E o que você está fazendo aqui? Achei que já tinha ido embora.
- Os pais do Davi não tiverem nem pena da gente e nos mandaram embora- deu de ombros sorrindo- E eu não podia te deixar aqui sozinha. No meio da noite...
- Eu sei me defender- revirou os olhos- Vou esperar o ônibus chegar aqui e vou para casa. Pode ir também.
- Sua mochila enorme ficou na minha casa- explicou com calma e sorrindo- Então precisamos ir para minha casa. E a sua mãe deve estar dormindo a essa hora. Não pode voltar para casa agora e causar desconfiança nela.
- Está bom, está bom. Eu já entendi. Que saco- ajeitou o cabelo e sentiu calor- Você venceu dessa vez. Vamos buscar essa mochila e...- ela o olhou rapidamente e ele respondeu sua resposta somente com um aceno de cabeça.
- Vou ter que ficar na sua casa também? É sério?- cruzou os braços chateada- Eu não vou ficar lá nem morta. Sem chances.
- Prefere dormir nesse banco desconfortável? Num ponto de ônibus? Dormir aqui, sofrer o risco de ser assaltada, de de repente cair uma chuva e você se molhar toda- cruzou os braços também e a desafiou- Para de ser teimosa, linda. Vem comigo.
- Linda? Agora mudou? Não é mais gatinha e agora vai ser linda? O que custa dizer meu nome?- levantou uma sobrancelha o desafiando e suspirou.
- E o que custa passar a noite na minha casa? Lá você vai estar mais segura e se quiser volto a te chamar de gatinha- piscou o olho para ela e sorriu.
- Vamos logo para sua casa- saiu de perto dele- Assim eu paro de ouvir suas besteiras. Anda logo.
Eles subiram na moto e ela revirou os olhos enquanto colocava o capacete. Júnior passou a língua nos lábios e lembrou do acordo que tinham feito. Ela ficou esperando ele ligar a moto e colocou os seus braços ao redor da cintura dele. Quase dizia que podiam ir, mas ele falou primeiro.
- Não esquece do nosso acordo de paz. Da gente aproveitar essa noite, sem regras, sem condições, sem cobranças.
Júnior deu a partida na moto e saíram pelas ruas. Chegaram e ela saiu da moto, colocou as mãos na cintura e olhou para casa. Júnior desceu da moto depois e a observou enquanto ela olhava distraída para o lugar.
Foi ali naquele momento que se arrependeu de ter mentido para sua mãe. Porém, se não tivesse mentido ia acabar perdendo a melhor festa do ano. Se reconfortou com esse pensamento.
- Que saco. Eu fiz de tudo para vim para essa festa e no final deu tudo errado- colocou a mão na cabeça- Essa era para ser a festa do ano.
- Mas a gente aproveitou bastante- ele disse e ficou do lado dela- Pelo menos eu aproveitei. Consegui conhecer uma galera e ainda conheci umas gatinhas novas.
- Eu imagino como você aproveitou- empurrou ele e revirou os olhos novamente- Iludiu quantas garotas essa noite? Duas, três, quatro?
- Eu não iludo ninguém. Elas que se apaixonam por mim- falou sorrindo- Nunca quis iludir ninguém e não vou dar falsas esperanças para elas. Sempre deixo claro que não me apaixono e não quero enganá-las.
- Parabéns por ser esse cara de respeito- usou tomar de ironia e bateu palmas para ele- Você é um belo exemplo a ser seguido. Continue assim- beijou a bochecha dele e logo se afastou.
Júnior ficou parado no mesmo canto, não conseguiu sair do lugar, ficou surpreso. Não esperava esse contato. Não esperava esse simples beijo na bochecha. Podia parecer pouca coisa, mas para ele foi mais que isso porque significou que ela estava tentando ficar na paz essa noite. Um simples contato e de grande significado.
- Se seus pais estiverem aqui e me verem- começou falando enquanto andava até a casa- Eu não vou levar culpa. O filhinho deles que vai levar culpa por ter levado uma menina e não ter avisado aos seus queridos pais- continuou andando rindo e ele balançou a cabeça enquanto saia atrás dela.
Os dois entraram na casa. Entraram andando devagar e sem fazer muito barulho, pois podiam acordar os pais de Júnior. A casa estava toda escura, um silêncio total, se eles ficassem calados por um bom tempo iam ser capaz de escutar o som do silêncio.
O som da paz. Aquela casa enorme merecia muita gente morando ali. A garota achava que aquele lugar era grande demais para ter somente três pessoas.
Não estavam vendo nada naquela escuridão. Então ele se esbarrou em algo de repente e fez Érica tomar um susto.
- Cuidado, idiota. Quer acordar seus pais?- sussurrou e empurrou ele um pouco- A gente precisa achar a luz. Me ajuda.
- Meus pais devem estar bem longe daqui- respondeu e passou a mão na barriga por ter doído devido a ele ter esbarrado- Vai ver foram passear.
- Deve ser quase meia noite, idiota. Seus pais não iam passear essa hora- foi andando pela sala e finalmente pegou em uma parede- Vou achar a luz- foi passando a mão pela parede e conseguiu achar o acendedor- Pronto- acendeu a luz e sorriu vitoriosa.
- Tinha esbarrado nessa cadeira- fez careta de dor e observou a sala- Tenho certeza que meus pais saíram. Não precisa se preocupar.
- Eu vou no seu quarto pegar a minha mochila- falou sem saber como agir enquanto estivesse naquela casa- Tchau- se despediu atrapalhada e correu para o quarto fechando a porta em seguida.
Ela observou o lugar. Era um quarto grande. Foi até a janela e sentiu o vento bagunçar seus cabelos. Fechou a janela, pegou a mochila, tentou fazer um coque no cabelo, mas por fim desistiu. Não tinha muita certeza da hora e duvidava de que fosse de madrugada.
O vento forte indicava meia noite. Sua mãe devia estar dormindo e nenhum pouco preocupada. Achando que a filha estava bem e dormindo na casa da amiga.
Saiu do quarto com a mochila nas costas, observou a sala, procurou o garoto, encontrou solidão e total silêncio. O lugar era acolhedor e parecia ter eco quando alguém falava.
- Quer comer alguma coisa? Beber?- chegou falando alto e segurando uma bandeja com frutas- São 23:30. Tá cedo ainda.
- Eu queria poder tomar um banho- falou com sinceridade e colocou a mochila no sofá- Queria estar na minha casa também. Não queria estar sendo obrigada a ficar aqui.
- Então vai embora- disse simplesmente, colocou a bandeja de frutas em cima da mesa, pegou um copo de água, tomou rapidamente e foi andando para seu quarto a deixando sozinha.
- Nossa. Que gentileza a sua- gritou irônica e ele continuou a ignorando- Para onde você vai?
- Eu vou dormi. Estou morto de sono- se espreguiçou- Não esquece de...- bocejou com sono- Não esquece de fechar a porta quando sair e boa sorte aí com o táxi. Espero que consiga chamar um- se despediu e antes de entrar no quarto ela o interrompeu ficando na sua frente.
- Você praticamente me obrigou para vim para cá. Não pode me expulsar agora- cruzou os braços e ele tentou a tirar da sua frente- Tem que dar atenção para sua convidada- bateu na mão dele que estava na maçaneta da porta.
- Já te disseram que você é muito bruta?- reclamou irritado e bocejou novamente- Estou morto de sono. Vou dormi e te deixo livre. Vai embora- a empurrou e conseguiu abrir a porta- O nosso acordo de paz acaba aqui.
- Nosso acordo de paz vai durar a noite toda- disse antes dele fechar a porta- Você que quis que eu viesse então agora aguenta- voltou para sala, se deitou no sofá, não tirou o tênis e fechou os olhos sorrindo.
- Tá maluca? Vai sujar o sofá da minha mãe- se apressou em reclamar- Tira o tênis se for se deitar ou vai embora agora mesmo- a desafiou irritado e ela fingiu não o escutar.
- É assim que trata as meninas? Não ilude elas e em compensação trata elas mal?- perguntou ainda com os olhos fechados- Cadê aquele garoto gentil, fofo e educado que me pediu para olhar suas coisas na praia?- perguntou irônica e colocou os tênis em cima do sofá.
- Eu falei sério- ele se irritou mais ainda e puxou ela pelo braço sem se preocupar se podia machucar.
- Me solta, idiota- gritou, puxou o braço de volta, se levantou sozinha- Não precisa ser bruto assim.
Érica e Júnior se encararam com raiva um do outro. Ela quis o provocar, mas não sabia que ele ia agir daquele jeito. O garoto passou a mão no rosto com raiva e tentou se acalmar.
Ele estava no direito de reclamar e não se arrependeu de ter feito isso. Só se arrependeu de ter puxado ela com tanta força. Devia ter se controlado mais. Ele pensou em se desculpar.
- Tem razão. Fui eu que te convenci a vim, fui eu que tive a ideia do acordo- começou calmo- O nosso acordo de paz continua até o dia amanhecer. É justo eu cumprir minhas promessas.
- Posso... Tomar banho aqui?
- Usa essa toalha- se apressou em pegar a toalha no quarto- Pode usar essa. Toma banho no quarto de hóspedes, tá?- deu um beijo no canto da boca dela e a mostrou onde ficava o quarto de hóspedes.
A garota lembrou do dia que se conheceram na praia e ele se despediu dela com um beijo no canto da boca. Essa atitude sempre a surpreendia.
Tirou a roupa no banheiro, se olhou no pequeno espelho que tinha na parede, lembrou da noite que teve. Paulo veio em primeiro lugar nos seus pensamentos.
Ele e Luara. Juntos. Namorando. Se beijando. Era demais para ela. Se odiava por estar sentindo essas coisas e ficava pior por ter quase certeza de que ficou com ciúmes dele. Até Paulo tinha percebido.
Tomou um banho rápido, vestiu a roupa que tinha usado para sair de casa, penteou o cabelo com os dedos, colocou a toalha em cima da pia do banheiro.
Aquela situação era um pouco constrangedora para ela, mas não ia deixar que o garoto percebesse seu desconforto. Ia continuar com sua pose de "não estou nem aí" até que conseguisse o convencer.
A garota saiu do quarto de hóspedes e viu um skate no caminho. Olhou ao redor e não escutou voz de ninguém. O skate estava abandonado ali no chão.
Ela o pegou e tentou subir em cima dele. Se apoiou na parede, colocou um pé primeiro, depois tentou colocar o outro pé.
- Você está fazendo errado- a voz dele acabou com o silêncio do cômodo e ela quase o xingou por ter chegado assim- Precisa saber primeiro qual é seu pé bom. O esquerdo ou o direito. Não pode subir de qualquer jeito no skate.
- Só estava testando- deu de ombros e tirou o pé de cima do skate- Não curto muito essas coisas. Nunca tive um skate mesmo.
- Se quiser eu te ensino- se ofereceu para ajudar- Vai ser um prazer te ensinar a andar de skate na rampa.
- Eu não disse que aceitava a sua ajuda- apontou o dedo para ele- O skate não faz parte do meu... Mundo.
- Mas foi você mesmo que disse que temos que viver a vida intensamente- a fez lembrar do comentário que tinha feito na publicação dele- Viver como se não houvesse o amanhã. Por que não se permite aprender coisas novas?
- Ok, falou bonito agora- a deixou sem saber como responder- Achei que nem lembrava desse meu comentário. Foi no dia que nos conhecemos na praia e eu vi sua publicação.
- Esse é o meu mantra- se orgulhou com que havia inventado- A vida é para ser vivida da melhor maneira possível e sem aventura nenhuma que graça teria?
- É um bom mantra- concordou surpresa- Me surpreendi um babaca ter pensado num mantra tão bonito assim. Tá falando isso para me convencer a andar de skate?
- Estou falando para te ajudar a andar de skate- concluiu e colocou as mãos no bolso- Topa? Eu prometo te ensinar direitinho.
- Topo. Se faz tanta questão- sorriu forçado- Vai ser divertido. Eu espero que não pise na bola dessa vez- o alertou ainda sorrindo forçado.
- Somos parecidos, linda. Devia reconhecer isso- se aproximou dela- Não digo querendo te conquistar não. É como... Se fôssemos amigos.
- Ah, quero curtir a minha vida do meu jeito- andou pelo cômodo sem permitir sua aproximação- Aquela nossa trégua envolve ser sincero também? Porque vou ser sincera agora- o encarou- Sinto que temos pensamentos parecidos. Mas só da parte de aproveitar a vida. Nada mais.
- Vai ver somos almas gêmeas- ela levantou uma sobrancelha e ficou confusa- Almas gêmeas sem ser um casal entende? Vai ver nascemos só para ser amigos mesmo. Nem para ficar e muito menos para namorar.
- Estou de frente para um cara convencido e que nunca pensa em namorar com ninguém- concluiu com sinceridade- Um cara nada romântico. Nem devia acreditar nesse negócio de alma gêmea.
- Eu estou de frente para uma rockeira linda e decidida- apontou o dedo para ela- Que nunca vai namorar e parece odiar casamentos. Também não se ilude com almas gêmeas. Viu só? Nós somos completamente parecidos.
- Somos parecidos até certo ponto. Nem vem achando que somos uma dupla perfeita- se afastou e saiu andando.
- Viu como conseguimos nos dar bem? A trégua serviu para alguma coisa- seguiu ela- Se a gente continuar com a trégua aí só temos a ganhar.
- Cadê aquele sono que certa pessoa estava sentindo?- mudou de assunto- Ou essa certa pessoa fez foi mentir para mim?
- Essa doeu gati...- o olhou quando ele começou- Quero dizer, essa doeu, linda. Como pode duvidar de mim? Minha cara já mostra o quanto tô morto de sono.
- Não volta a falar: essa doeu, gatinha. Por favor- pediu impaciente e continuou andando- Sua frase é muita repetitiva e chata.
- E se a gente jogasse?- ele teve a ideia e a fez parar de andar- Ouvi falar que na festa ia ter um jogo no final. Verdade ou Desafio.
- Quer jogar verdade ou desafio? Sério?- ela achou engraçado- Não estamos mais na festa. Teria mais graça se estivéssemos lá. Bem melhor que estar aqui com você.
- Sou uma ótima companhia, linda. Você ainda não me conhece direito- disse parecendo ter ficado magoado com as palavras.
- Até agora só vi a parte ruim- mordeu o lábio- Tá aí. Sei um jogo que pode me fazer te conhecer. Conhecer o verdadeiro Júnior Fernandes- disse se divertindo com aquilo- Conhece o jogo Eu Nunca?
- Claro que conheço- respondeu como se todo mundo conhecesse- Eu vivia jogando esse jogo com meus amigos. Jogávamos muito nos acampamentos na floresta.
- Imagino como vocês se divertiam jogando- riu e balançou a cabeça- Não sabia que você curtia acampamento.
- Amo acampamento. Nessas últimas férias fui acampar na floresta com meus amigos da antiga escola- falou lembrando dos momentos bons no acampamento- Gosto de aventura. Fazer trilha, fazer arvorismo, um dia até tentei fazer parkour.
- Aventura desse tipo não é comigo- fez careta ao pensar como ia ser pular de paraquedas- Sou mais do tipo de fazer loucuras as vezes ou me deixar levar pela vida.
- Aventura é tudo de bom. Não sabe o que tá perdendo. Nas próximas férias quero acampar de novo- falou animado- Ou viajar.
- Você é daquele tipo de cara que não para quieto, né?- o repreendeu fingindo ter achado ruim- Então topa jogar o Eu Nunca?
- Esse jogo tem que ter bebida, né?- ele abriu a geladeira- Refrigerante? Suco? O que prefere?
- Está de brincadeira? Esse jogo precisa é de bebida de verdade. Qual é? Você já tem 18 anos e eu 17. Não faz mal- disse com um sorriso maroto.
Júnior riu dela, pegou as bebidas, eles sentaram um de frente para o outro. O silêncio reinou na sala. Depois riram e decidiram começar o jogo.
Decidiram como ia funcionar tudo. Júnior sempre bebia pouco.
Só bebia muito se tivesse com amigos ou em festas, mas naquele momento precisava beber para jogar. Érica adorou a ideia que teve e começaram a jogar o Eu Nunca.
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