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39º Capítulo ( Parte 10: O passado e o presente)

Júnior Fernandes

- Quem começa? Você ou eu?- Júnior perguntou e sentou no chão- É melhor jogar no chão mesmo. Me faz pensar que estamos no meio da floresta.

- Quem teve a ideia do jogo?- Érica sorriu se divertindo- Então eu começo. Ah, e não estamos no meio de uma floresta. Só para te lembrar.

- Então começa e vamos tentar maneirar na bebida, porque seus pais podem ficar preocupados se te verem assim- a lembrou e viu ela revirar os olhos em desaprovação.

- Eu nunca liguei para alguém depois de ter bebido para me declarar- os dois se olharam. Júnior riu balançando a cabeça e no fim nenhum bebeu.

- Qual é? Nunca ia ligar para alguém e me declarar. Sabe que eu não me apego a ninguém.

- Está bom, espertinho. Vamos continuar o jogo? E para de ficar se achando tanto- revirou os olhos- Me poupe das suas histórias com suas ficantes.

- Eu nunca falsifiquei a assinatura dos meus pais- falou sem pensar muito e Érica bebeu rapidamente, mas ele não bebeu- Ok, agora me surpreendi ainda mais com você.

- Eu nunca levei suspensão na escola por ter brigado- dessa vez nenhum deles bebeu- Agora é você.

- Eu nunca fiz uma festa em casa sem meus pais saberem- se lembrou da festa de Davi e esperou para ver a reação dela. Porém, ela também não bebeu.

- Seria maneiro, mas eu moro em um apartamento- fez uma careta e deu de ombros- Nem se quisesse daria certo. Meus pais não são muito de viajar então quase nunca fico sozinha.

- A general Sophia ia adorar morar nesse apartamento- ficou pensando- Ia achar que eu ia parar em casa. Não aguentaria ficar trancado por tanto tempo.

- Por que chama a sua mãe de general?-colocou a bebida no chão e pegou uma maça da bandeja de frutas- Vai levar uma bronca dos seus pais, Juninho. Cuidado.

- Ah, linda, ela parece uma general as vezes- disse simplesmente- Ou talvez seja porque amo implicar com a minha mãe. Precisava desse apelido carinhoso.

- Tá aí voltou a me chamar de linda- mordeu um pedaço da maça- Nunca vai aprender a dizer o meu nome direito. Isso é para me provocar?

- Claro, porque o meu passatempo preferido é te provocar- piscou o olho para ela e sentou no sofá- Vamos continuar jogando?

- Eu voto a favor de continuarmos o jogo- levantou o braço- Deixa eu pensar- mordeu o lábio e continuou comendo a maça- Eu nunca usei identidade falsa para entrar em uma festa "proibida"- fez aspas com os dedos.

- Eu nunca- respondeu e colocou as mãos atrás da cabeça- Tenho palavra e responsabilidade. Nunca faria isso.

- Eu já- respondeu bebendo- Diferente de um certo babaca que se acha responsável- o lançou um olhar e ele não entendeu direito- Eu admito meus erros. Em minha defesa foi só uma vez.

- Que coisa feia, Érica. Não esperava isso de você- balançou a cabeça em desaprovação- Vamos lá. Eu nunca conheci um amigo virtual.

Érica nem precisou pensar muito, pois sabia a resposta e acabou bebendo. O seu plano no início era fazer amizade virtual e não esperava vê-lo na praia. Nem esperava ver Natália, a outra amiga, na escola.

Ele não bebeu e ficou confuso. O garoto tinha muitos amigos virtuais que nem os conhecia e a maioria era da antiga escola. Adorava conhecer novas pessoas.

- Como assim? Que amigo foi esse? Conta essa história- pediu interessado e ela finalmente terminou de comer a maçã.

- Conheci sim. Você- não deu muita importância- Por que tá me olhando assim? Esqueceu que eu te mandei solicitação de amizade no facebook?

- Nossa, gatinha, desculpa. É mesmo- apontou o dedo para ela lembrando do dia que a viu e eles conversaram- Deve ser o destino que quer nos unir. Te vi na praia, na escola e a professora quis que a gente fosse uma dupla. Só pode ser o destino.

- Ah que lindo. O pegador falando palavras bonitas e sendo romântico- usou tom de ironia- Alguém aí me empresta uma câmera para registrar isso?

- Esqueci que não acredita em destino- cruzou os braços e a observou- O que pode ter sido? Tipo... É difícil conhecer uma pessoa da internet.

- Foi coincidência. Ia acontecer mesmo. Nós moramos no mesmo lugar.

- Me fala como me achou- se inclinou para frente e apoiou a cabeça com as mãos- Lá no facebook. Pode falar. Vou me importar não se dizer que andou me stalkeando.

- Te stalkeando?- respirou fundo e ficou séria- Eu tenho nada de bom para fazer e resolvo stalkear um babaca qualquer da internet.

- Ei, para de me chamar de babaca. Prometeu cooperar com o nosso acordo de paz e está fazendo tudo ao contrário.

- É um apelido carinhoso para definir Júnior Fernandes- falou irônica- Pior é você que fica dando em cima de mim na maior cara de pau. Promete não me chamar de gatinha e vai lá chama de novo.

- Difícil a gente manter um clima bom, né? Por isso te falei para ir embora naquela hora- passou a mão na testa e suspirou.

- Falou o bonzinho. Nem adora provocar- desviou o olhar- Foi uma péssima ideia ter pedido a sua ajuda. Eu podia ter me virado sozinha.

- Se acha tão chato minha companhia então vai embora logo- franziu as sobrancelhas- Tem muita gente que adoraria a minha companhia.

- Você é um convencido. Ninguém nunca te disse isso?- tentou manter calma enquanto enrolava uma mecha do cabelo para se distrair.

- Eu tenho muitos fãs por aí. Gabrielle também me ama, mas finge que não- sorriu fraco- E não preciso implorar nada para ninguém.

- Com certeza, porque todo mundo te ama- revirou os olhos- Coitada é da Gabrielle sendo da sua família e ainda precisando aguentar um primo chato desse jeito.

- Estamos distantes- ele revelou de repente se referindo a conversa com seu tio e dele ter se afastado da prima- As vezes meus tios são muito caretas e fui praticamente obrigado a manter um metro de distância da filhinha deles.

- Imagino que tenha aprontado uma e decepcionou seus tios. Cuidado, Juninho, para não decepcionar sua prima também- ela tinha um sorriso maroto nos lábios e olhava nos olhos dele.

- Não vou decepcionar minha prima de novo- garantiu depois de entender sua ironia e o seu celular tocou- É o meu celular. Espera aí. Deve está no meu quarto.

Júnior correu para o quarto e achou seu celular em cima da cama. Desbloqueou e era notificações de mensagens.

Dez novas mensagens no grupo da sala do 2º ano B manhã

As mensagens eram sobre a festa de Davi, os eventos que aconteceram, as fofocas. Eram fotos da casa de Davi, vídeos das pessoas dançando, as roupas de alguns populares da escola, quem ficou com quem. Suspirou vendo e achou desnecessário.

Uma das fotos chamou atenção dele ao ponto de clicar para ver melhor. Era de um casal se beijando, mas o jogo de luz não permitiu ver direito.

A foto estava borrada impedindo o reconhecimento. Na legenda estava escrito: "Temos um novo casal?." Depois o grupo ficou parado. Todos deviam estar dormindo aquela hora.

- Cara, você viu? Chegou aí?- Érica entrou no seu quarto o despertando- Olha só. Me colocaram no grupo da sala. Comentaram sobre a festa e...

- Temos um novo casal- falou devagar pensativo- Está na cara que não quiseram se aprofundar no assunto. Deixaram só essa legenda simples.

- E o pior é está borrado. Esse povo da escola é doido- tudo ficou em silêncio e nenhum se atreveu a dizer mais nada- E você que é o popular amado por todo mundo não sabe?

Finalmente ela quebrou o silêncio e engoliu em seco se sentindo desconfortável.

- Eu não faço a menor ideia. Quiseram fazer suspense- tirou do grupo da sala e visualizou umas mensagens de um amigo- É um idiota mesmo- falou tentando segurar uma risada enquanto assistia um vídeo no celular.

- Compartilha com a sua convidada, Juninho- se aproximou e olhou por cima do ombro dele.

- É um meme- continuou rindo- Esses caras são uns idiotas. Ficam procurando os melhores vídeos. Daqui a pouco vão criar um grupo para compartilhar só meme.

- Esse vídeo está maneiro- seus olhos foram se fechando lentamente, um meio sorriso apareceu em seus lábios e ela soltou uma risada alta- É muito hilário.

Tirou sua atenção da tela e parou para escutar o som da risada dela. Encarou seu rosto e as suas bochechas rosadas de tanto rir.

Levantou o braço devagar, levou a mão até o seu rosto e colocou uma mecha do cabelo dela atrás da orelha.

- Continua desse jeito. Pode rir a vontade.

- O que quer dizer com isso?- franziu as sobrancelhas confusa- Deve tá aprontando alguma.

- Eu estou de boa. Juro. Agora você soltou uma risada e se divertiu de verdade. Mostrou que nem sempre é mau humorada.

- Isso é um jogo? Se for então pode parar. Que saco- foi se afastando e ele pegou no braço dela.

- Não estou dando em cima de você. Caramba- pegou na mão dela-
É maneiro ficar contigo assim sem pressa, sem desentendimento, sem ironias.

- A questão é que é meio difícil levar a sério um pegador- encarou as mãos deles- Parece que tudo que você diz é um jogo.

- Está praticamente dizendo que eu não tenho palavra- soltou a mão dela- Quero te fazer mudar esse pensamento, poder confiar em mim, entender que não estou te conquistando. Olha como a gente é parecido.

- Me explica como posso confiar nas suas palavras- pediu mantendo uma certa distância- Eu tento imaginar um dia onde vamos nos dar bem. Apesar de achar quase impossível esse dia chegar.

- Não sendo tão irônica já ajuda- andou até a janela e sentiu um vento- Tenta confiar em mim, ser sincera, dar essas risadas contagiantes. E sabe qual pode ser o primeiro passo para nossa aproximação?

- A ironia faz parte de mim- sorriu sem muita vontade- Mas posso tentar deixá-la de lado. Qual vai ser esse primeiro passo?

- Assim que eu gosto- comemorou e continuou na janela- O primeiro passo é eu te ensinar a andar de skate. Você já topou mais cedo e não pode voltar atrás.

- Ainda vou conhecer essa rampa aí- bocejou e sentou na cama- Topo sim. Pode deixar. Vou dar mais um voto de confiança.

- Isso quer dizer que...- começou sem saber como continuar e a observou- Estamos de boa. Nós avançamos um pouco.

- Quer dizer que durante essa semana vou cooperar e tentar passar mais tempo com você- olhou em volta da cama e bocejou- Claro. O nosso acordo de paz vai permanecer durante toda a semana.

- Obrigado, minha fã, muito obrigado- levantou as mãos para o céu só para agradecer - Não vai se arrepender. Amanhã ou terça começamos nossas aulas na rampa.

- Nossa. Agora virei sua fã- arqueou as sobrancelhas- Eu estou cansada e uma certa pessoa ali disse mais cedo que também estava com sono.

- Pode ficar na cama. Sem problemas. Eu durmo no sofá- abriu o guarda roupa e pegou uns dois lençóis saindo em seguida.

Júnior se deitou no sofá da sala feliz. Érica se levantou, fechou a janela e se jogou na cama.

Ficou deitada pensando em tudo que tinham conversado e nenhum pouco arrependida por ter sido sincera. Júnior não via mais Érica como uma possível ficante ou coisa do tipo.

Como se seus pensamentos tivessem mudado. O importante agora tinha nada a ver com a conquista. O que importava mesmo era conseguir a confiança e amizade dessa garota. Sentia que eles tinham apenas se conhecido para se aproximarem e serem só amigos.

Mirela Oliveira

( manhã de domingo novo dia)

O seu relógio de pulso indicava 08:00 horas da manhã. Suas costas doíam um pouco por ela dormido em outro lugar. Mirela já estava na casa do pai junto com ele, Carla, a namorada de seu pai e a filha dela.

Olhou ao redor da sala procurando algo que combinasse com a antiga casa onde eles moravam todos juntos. O sofá era o mesmo, as paredes da mesma cor, a cozinha também estava do mesmo jeito. Nem parecia que tinha novos moradores.

Porém, era difícil se sentir em casa. Como se ela não pertencesse mais aquele lugar. Era a sensação de que o passado se unia com o presente. Como se os tempos verbais estivessem se encontrado e gerado uma mudança drástica.

O passado havia sido sua família unida e o presente havia chegado com a nova namorada de seu pai e a filha dela. Uma nova vida. Se levantou do sofá e andou pela sala.

Andou devagar pela sala pegando em cada coisa que tinha ali. Sentia nostalgia e ao mesmo tempo a sensação de caminhar por uma casa desconhecida. Começou a pensar na sua infância.

Ela com a Carla brincando pela sala. Parecia que estava vendo a cena. Gostavam de brincar de pega-pega e fazer guerra de travesseiro.

Flashback on

- Te peguei. Está com você- a antiga Carla que tinha 12 anos pegou no braço da irmã e saiu correndo rindo- Duvido me pegar, Mih.

Era ano de 2011 e elas sempre tiveram idades próximas. Carla tinha 12 anos e Mirela tinha 9 anos.

Gostavam de brincar pela sala e deixavam os pais preocupados, pois tinham um cuidado para elas não cairem e nem tirarem nada do lugar. Carla e a irmã só queriam brincar sem se preocupar com nada.

- Eu vou te pegar e você vai ter que lavar os pratos do almoço- a Mirela de 9 anos disse rindo e correndo pela sala atrás dela- Vai perder a aposta.

Elas gostavam de fazer apostas. Por exemplo, quem perdesse no pega-pega, ia ter que lavar os pratos, ou arrumar o quarto uma da outra e etc.

Até apostavam que a que perdesse ia ter que fazer tudo o que a outra quisesse. Porém, quase sempre Mirela perdia e tinha que preparar um suco para irmã, ou arrumar as coisas do quarto dela, preparar um sanduíche.

Flashback off

Escutou um som de música lá em cima e despertou dos seus pensamentos. Pensou em Natália e em Eliane. Conhecer Eliane foi estranho.

Teve as suas primeiras impressões da mulher pensando que Eliane era diferente, elegante, bonita, mas tinha algo nela que a fazia não saber se era certo confiar. Podia ser algo no olhar de Eliane ou no jeito dela falar. Não sabia, mas algo dizia para não confiar nela.

Já com Natália não conseguia pensar direito. As primeiras impressões que teve foi dela ser rebelde e chamar a mãe pelo nome. Percebeu o quanto a jovem não tinha limites, tinha um mau comportamento, não era nenhum pouco organizada, gostava de andar de skate.

Somente isso, pois era cedo ainda para saber de verdade como a garota era. Preferiu ficar conversando com a irmã e com o pai. Ficou distante das novas moradoras.

Ela dormiu no quarto com Carla e Natália. Desde o divórcio dos pais e da mudança de casa ela vinha ficar o final de semana com o pai. Sempre dormia com a irmã no quarto e por isso tinha duas camas.

Só que dessa vez teve que dormir em um colchão no chão. Seu pai pediu mil desculpas a filha por não ter contado nada do namoro, disse que amava ela, tiveram uma conversa muito boa. Apesar da garota ainda achar tudo estranho. Ela perdoo ele e riram enquanto conversavam.

Victor prometeu comprar mais uma cama. Uma cama para a adolescente e ia usar só quando fosse para lá. Ela subiu as escadas segurando seu caderno de desenhos, chegou perto da porta do quarto do casal, escutou mais o som da música e abriu a porta.

Encontrou Eliane cantando enquanto arrumava cômoda. Estava sorridente e parecia muito alegre. Bem a vontade arrumando as coisas. Arrumando tudo do seu jeito.

- Ah oi- falou baixo e a mulher continuou arrumando as coisas- Oi bom dia- aumentou o tom da voz incerta de como começar um diálogo.

- Oi lindinha- abaixou o som da música e seu sorriso foi rapidamente embora- Foi muito bom te conhecer. Quer falar comigo?

- Muito gentil da sua parte- forçou um sorriso se sentindo culpada por estar sem saber como agir e tentou não desagradar ninguém- Cadê o meu pai?

Precisava manter a calma e ser ela mesma. Não era hora de sentir ciúmes do namoro deles. Estava feliz por ver Victor seguindo em frente.

- Foi para padaria. Esqueceu que a padaria abre dia de domingo?- perguntou rindo com um tom de brincadeira na voz- Passou tanto tempo sem vim para cá que esqueceu como funciona as coisas.

- Eu não esqueci. Só perguntei para ter certeza se ele estava na padaria- disse sem pensar- Obrigada por ter avisado.

Saiu do quarto sem nem se despedir. Se encostou na parede, respirou fundo, fechou os olhos e ajeitou o óculos. Sentou no chão, abriu seu caderno de desenhos, ficou observando os desenhos que tinha desenhado.

Tirou um lápis de dentro do caderno e começou a terminar um desenho que tinha iniciado no sábado. Desenhou o restante da roupa, depois foi desenhar as pulseiras do braço, o anel do dedo. Estava desenhando a Luna, da série Soy Luna, pois era apaixonada por essa série. Nem percebeu uma pessoa se aproximando.

- O mesmo talento da irmã- Natália chegou e ficou em pé observando o desenho- Esse negócio de gostar de artes vem de família igualzinho a organização.

Parou de desenhar e olhou para garota. Ela riu e sentou do seu lado. Parecia estar surpresa com o seu talento.

- Fico imaginando o que se passa aí na sua cabecinha de adolescente. Deve ser estranho voltar para um lugar que antes era tão conhecido e agora ficou tão diferente.

- Como... Como sabe disso?- estalou os dedos- Por incrível que pareça você descreveu exatamente o que eu estou pensando.

- Sou boa de observação- piscou o olho para ela- Estou brincando ok? Eu só disse o que eu achei que pensaria se tivesse a sua idade e visse meus pais se separando.

- É muito complicado- admitiu triste abaixando a cabeça- Tudo mudou tão rápido. Sabe como é essa sensação de chegar em um lugar cheio de memórias e de repente sentir que não pertence mais a essas memórias? Como se tudo que você tivesse vivido naquele lugar parecesse só um borrão de imagens e lembranças?

- Sua cabecinha está cheia de pensamentos hein- abraçou as próprias pernas e suspirou- Ok. Acho que estou pegando a mania da Carlinha de falar esse hein. Deve ser a convivência.

- Desculpa ter desabafado. Nada a ver- fechou o caderno de desenhos- As separações são assim e é normal. Papai merece ser feliz.

- Eu sei como se sente. Como se tivesse perdido sua antiga casa, a atenção do pai, a irmã- contou nos dedos- Parece que nos ver como ameaças ou algo do tipo.

- Eu não te vejo assim. Só é confuso e estranho- tentou se explicar- Desculpa se me expressei mal. Onde moravam antes?- já sabia a resposta, mas perguntou para mudar de assunto.

- Em Fortaleza- percebeu um brilho no seu olhar ao falar o nome- Eliane, eu e meu pai. Era só nós três- sua alegria foi desaparecendo aos poucos- Até que aconteceu um acidente...

- Nossa. Sinto muito- se desculpou mentalmente por ter tocado no assunto- Se não quiser falar eu vou entender.

- Sem problemas. A culpa não foi nem esse acidente que levou meu pai- bocejou mostrando estar cansada- A culpada foi Eliane. Sei que não deveria falar nada, mas eu também sou contra esse namoro. Nunca quis me mudar para o Rio de Janeiro e acho esse namoro patético.

- Já sabia que não era de acordo com o namoro deles- sorriu fraco- Deu para perceber. E eu não quero vê-las como inimigas.

- Te achei uma fofa e bem melhor que a Carlinha- encostou o queixo no joelho ainda abraçando as pernas- Vocês são bem parecidas. Adoram organização e artes. Pelo menos você não é mimada.

- Daqui uns dias vai se acostumar com ela- encostou seu braço no dela como uma forma de dizer que estava a vontade- Voltaram tarde da festa ontem. Foi divertido?

- Foi maneiro. Tirando umas partes que eu quero esquecer- revirou os olhos- As vezes os jovens cometem erros. Erros gravíssimos- se referiu ao beijo dela com Pedro. Tinha se arrependido e piorou quando viu a foto borrada de um casal se beijando. Não conseguia crer que postaram mesmo aquela foto e ainda com uma legenda bem suspeita.

- A gente erra mesmo. Muitas vezes. É complicado ser adolescente também- concordou- Parece que estamos numa eterna montanha russa. Pelo menos eu tenho meus amigos, a arte, as séries que gosto e meus sonhos.

- E tem seus pais. É uma garota de sorte- passou a mão no rosto- Eu deveria voltar a dormir e estou sem sono nenhum. Difícil dormir quando nos sentimos culpados.

- Se sente culpada pelo que?- nesse momento apareceu Carla que vinha andando pelo corredor- Oi, velhinha- começou a rir e usou o apelido que nunca mais tinha usado. Na infância das duas chamava ela de velhinha só para provocar.

- Oi pirralha. Estava te procurando- ficou observando as duas sentadas no chão- O que está fazendo aqui?

- Conversando com a Naty- mostrou tranquilidade e viu a irmã entortar a boca e cruzar os braços- Achei que estava dormindo. Chegou tão cansada ontem.

- Se levanta. Vamos na padaria- falou rápido- Vamos ver se papai está precisando de ajuda.

- Estava tão bom antes de uma certa pessoa chegar- Natália cantarolou se levantando- De repente o clima ficou meio pesado- saiu e entrou no quarto.

Mirela e Carla desceram as escadas e saíram conversando. Andaram umas ruas e finalmente elas chegaram.

A padaria de Victor não ficava muito longe da casa deles. De fora viram que não havia muito movimento.

Entraram, falaram com funcionários, iam se sentar em uma mesa quando viram de longe Victor conversando com uma garota. Uma garota alta que usava uma franjinha no seu cabelo.

Carla logo puxou a irmã para se aproximarem e ela tomou um susto.

Se desculpou depois e pediu para irmã ficar calada e ser discreta. Ela perguntou o motivo e a garota apontou na direção de Victor.

- O senhor não lembra mais de mim, né?- a menina riu enquanto conversava com Victor- Eu era muito amiga da sua filha mais velha. Nos tempos da adolescência.

- O que essa falsa está fazendo aqui hein?- sussurrou atenta a conversa- Veio bem pedir para voltar a amizade. É muita cínica mesmo.

- Não estou entendendo nada. Vamos lá falar com eles logo- puxou o braço dela impaciente de ficar esperando e ela a puxou de volta.

- É aquela falsa da Luara. A gente precisa ficar aqui- se escondeu de trás da mesa onde tinha os bolos- Paulo voltou com essa falsa. Tenho certeza que lembra deles.

- Na verdade não. Agora ela só tem dois amigos, Daniel e Rafael- Victor tirou o boné da cabeça e as filhas perceberam que o pai estava confuso.

- Sou a Luara, tio. A jovenzinha doida por cristais- ergueu a mão para o cumprimentar- Voltei já faz uns dias. Estou amando estar de volta.

- Não acredito. Bem-vinda de volta, jovenzinha- pegou na sua mão rindo- É a jovenzinha estilosa. A menina dos patins. Onde passou esse tempo todo?

- Muitas coisas aconteceram, tio. Tipo muita coisa mesmo- ela estava de costas para as meninas- Eu vim aqui hoje por causa de um pedido muito especial.

- Pode sentar e ficar a vontade. Vou pedir para trazerem algo para você e olha é por conta da casa- puxou uma cadeira- Vou chamar a Carla para lhe fazer companhia.

- Não, não, não, não- foi logo o interrompendo- Pode deixar que procuro sua filha depois. Vim aqui para fazer um pedido para o senhor. Lembra que falei da minha irmã Chiara?

- Vagamente. Tenho uma vaga lembrança- coçou a barba pensando- Sua família é toda italiana.

- Exatamente, tio. Então Chiara está aqui no Brasil já faz uns 4 anos- mudou o peso do corpo de um pé para o outro- Ainda está em fase de adaptação. Chiara gosta de sempre está fazendo algo. Nesse momento ela quer trabalhar e qual o melhor lugar se não aqui no ponto de encontro dos jovens?

- Que é isso. Muito obrigado- agradeceu já acostumado com os elogios das pessoas que gostavam da sua padaria- Qual a idade dela? Eu posso contratá-la com certeza, mas antes preciso saber se o trabalho não vai atrapalhar os estudos.

- Ela tem 14 anos e é muito espertinha para trabalhar. Enquanto a escola fique despreocupado, tio, que ela sabe conciliar muito bem- garantiu- Vai ser o primeiro emprego sério dela. Antes trabalhava só de vez em quando ajudando os nossos tios na farmácia.

- Então Chiara está contratada- colocou o boné novamente- Diga a ela que venha aqui conversar comigo para ajeitarmos tudo.

Luara agradeceu. Carla deu um passo para trás e pisou no pé de Mirela sem querer.

- Ai, Carla, presta atenção- disse entredentes ainda sendo discreta- Já estou cansada de escutar as conversas alheias. Vamos logo atender as mesas.

- Deixa de ser chata, Mih. Só queria saber porque essa falsa estava ali- olhou para sua irmã- Agora todos os dias Luara vai vim para cá com a desculpa de ver Chiara. E ainda vou ter que atender as mesas sem poder ignorar a queridinha da Luara.

As meninas acabaram indo embora e não ficaram para ajudar. Falou somente com um funcionário e pediu para ele avisar a Victor que elas precisavam estudar para uma prova.

Mirela revirou os olhos vendo Carla mentir, pois não havia prova nenhuma. O funcionário acreditou e elas foram embora. Não ficaram nem para saber quando Luara ia sair da padaria.

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