36° Capítulo (Parte 1: Sinais claros demais para serem ignorados)
Antes do início esse novo capítulo. Uma pequena observação, gente. A apresentação de João e Matheus está lá Depois do Capítulo 24 (onde tem o nome Elenco) tem o perfil dos dois. Matheus e João são amigos do trio, Carla, Daniel e Rafael.
1°: O João chama Matheus de americano, porque Matheus é filho de mãe americana e pai brasileiro. Já João é um pouco sonso e tem inveja de Rafael,pois acha que Rafa é forte e guerreiro por tudo que passou no passado. João é viciado em jogos eletrônicos.
2°: Fiz uma colagem meio simples dos meninos. João e Matheus
Daniel Silva
- O último dia de aula dessa semana. (06:55 da manhã)
Daniel levantou a cabeça e tirou sua atenção do desenho. As pessoas logo chegavam na escola e o espaço ficava meio pequeno com tanta gente. Como sempre o garoto havia sido um dos primeiros a chegar na escola.
Ele ainda estava com sono e alheio as conversas dos alunos. Fechou o seu caderno de desenhos, porque já fazia tempo que estava desenhando e logo se levantou. Não podia correr o risco de ser pego no flagra.
Seu caderno era muito especial para ele. Era o caderno "xodó" dele. Carla costumava o zuar por causa disso e ela dizia: Esse caderno é o xodó dele. Deixa ninguém pegar."
E ela estava mesmo certa. Em partes. O garoto deixava registrado tudo o que considerava importante. Tudo no caderno. Ninguém mexia no objeto e nunca mostrou o que tinha dentro.
O motivo para esconder ele em sete chaves era simples. A maioria dos registros do caderno era desenhos de Carla, fotos da garota sorrindo, a foto que eles tiraram no dia que fizeram o primeiro grafite.
Tudo colado nas páginas secretas e o segredo do "xodó" ele nunca ia ter coragem de revelar. Tinha vergonha de ser flagrado desenhando Carla.
Entrou na escola e viu de longe seus dois amigos. Natália também estava no pátio, mas se encontrava sozinha. Érica conversava com Carla e riam de algo.
Daniel percebeu distanciamento entre Érica e Natália e não entendeu o motivo de estarem afastadas. Sabia que elas eram amigas.
Natália piscou o olho para Daniel ao vê-lo parado na entrada do pátio e ele sorriu um pouco. Desde quarta-feira, quando aconteceu a briga de Natália e Lorrane, eles estavam próximos.
O fato de saber grafitar também ajudou para se aproximarem.
Os seus dois amigos, João e Matheus, permaneciam sentados na escada. Porém, eles não pareciam conversar.
Somente Matheus falava enquanto o João se concentrava no jogo. João era viciado nos jogos eletrônicos, vivia jogando no celular, jogava videogame e usava o tempo livre para jogar.
Naquele momento fazia o que mais gostava. Jogava seu jogo preferido e não ligava muito para o que Matheus falava. Daniel se aproximou dos seus amigos.
- Todo mundo já se ligou na sua nova crush- João disse com provocação e continuou jogando no celular sem piscar os olhos-Você acha que engana alguém, americano? Todo mundo já sabe. Você está bem apaixonado pela novata. A tal da rockeira marrenta. A Érica.
- Fala baixo, João. Eu não estou nem apaixonado... Eu só estou... Estou... Só acho ela bonita- Matheus gaguejou e ficou com o rosto vermelho- A Érica é legal. Pode entrar para o nosso grupo. Mais uma menina para ser amiga da gente.
- Deixa de ser mentiroso, americano. Eu não sou burro. Sei que você gosta da rockeira. Todo mundo se ligou já- gritou de repente comemorando por ter ganhado uma partida no jogo- E aí vai amarelar? Devia contar para ela. Seja sincero.
- Tem nada para contar. Eu... Só vou me aproximar da Érica no momento certo- pegou nos cachos do cabelo e os puxou um pouco nervoso.
- Me deixa jogar em paz tá? Eu não sirvo como conselheiro amoroso. Vai lá na rockeira e se declara- sugeriu de forma divertida e continuou jogando- Diz que gosta dela, fala a verdade dos seus sentimentos. Dizem que devemos fazer isso quando nos apaixonamos.
- Para mim é bem mais fácil falar pela tela do celular, mas tem pessoas que não pensam assim. Gostam das coisas claras. Olho no olho sabe? A rockeira é assim. Vocês não tem nada a ver e se quer conquistar ela então precisa ter atitude.
Matheus ficou calado e deixou João jogar em paz. Se surpreendeu com as palavras do garoto. Daniel já tinha se aproximado dos dois e pôde escutar a conversa. Escutou sem querer.
As últimas palavras de João ficaram na sua mente: "Diz que gosta dela, fala a verdade." Naquele momento a voz dele parecia ecoar pelo pátio e deixou o garoto com dor de cabeça.
"Vocês não tem nada a ver." Sua voz ainda ecoava. "Vocês não tem nada a ver e se quer conquistar ela então precisa ter atitude."
Ele tentou tirar a voz do amigo dos seus pensamentos. Foi em vão, porque a voz insistia em continuar ecoando.
Daniel se sentiu pressionado por algo invisível, se virou e saiu em passos rápidos. No caminho acabou sentindo algo cair de suas mãos e ouviu o som no chão.
Parou de andar e olhou para o chão rapidamente. Havia deixado o seu caderno cair. Se abaixou rápido para o pegar. Mas antes de o pegar acabou percebendo uma foto no caderno.
O objeto tinha caído no chão e caiu aberto. Aberto na página do meio e nessas páginas era o espaço dedicado a amiga, Carla. Onde tinha tudo dela.
Porém, a primeira coisa que viu ao se abaixar para o pegar foi a foto deles dois juntos. Estava apregada várias fotos desse dia.
No meio do caderno. Foi no ano de 2011, eles tinham feito o primeiro grafite, eram crianças no tempo e os dois enfrentavam o perigo no meio da rua naquele dia.
Carla sorria na primeira foto e Daniel mostrava um sorriso tenso por causa do medo da polícia aparecer, já nessa segunda estava o grafite que os dois fizeram e na terceira Carla sozinha. Ela grafitava distraída no muro.
Sua expressão tranquila. Decidiu registrar o momento dela e guardou essa foto com carinho.
Ele o fechou rapidamente confuso e soltou um suspiro. O guardou em sua mochila. Tudo nesse dia parecia estar o ajudando a tomar uma decisão.
A decisão definitiva, decisão importante e a decisão que podia mudar tudo. Nos últimos dias estava confuso por causa dos pensamentos em relação a Carla.
No sábado que passou acordou pensando na amiga, se arrumou com os pensamentos nela, pensou até em Ícaro e Otávio.
Fez um flashback das memórias de 2011 e 2013. Desde que conheceu a garota até o ano de 2016. Queria entender o motivo para estar pensando nela sem parar.
Já bastava ser apaixonado pela mesma garota durante cinco anos, já bastava sentir ciúmes dela e não poder fazer nada, já bastava sofrer em silêncio, vê-la de longe e observá-la, sem poder tocá-la como gostaria, sem poder beijar essa garota.
Era difícil esconder os sentimentos fortes que sentia.
Tinha medo de contar a verdade e ser rejeitado. Conhecia a garota, sabia até quando ela mentia para o pai, foi seu confidente durante esses cinco anos e continuava sendo.
Muitas vezes ele sofria junto com ela. Queria ajudá-la, pegar em sua mão, defendê-la desses garotos babacas que mexiam com ela. Porém, Carla sabia se defender.
A garota tinha atitude. Ele se culpava por não ser assim. Queria também ter atitude e parar de ser covarde. Os dois realmente eram bem diferentes um do outro.
João deu conselho para o Matheus se declarar para Érica. O seu conselho serviu para o artista. Nos últimos dias tudo parecia a favor dele.
Como sinais, um atrás do outro, sinais claros demais para ignorar.
Sinais que diziam para ele se declarar e contar para a amiga que gostava dela. O artista precisava tomar uma decisão definitiva.
Os sinais começaram a se fortalecer mais na noite anterior, porque ele foi dormir de noite e teve um sonho. No sonho parecia tudo real, real demais para ser ignorado.
No sonho a Carla estava em um jardim lindo, usava um vestido preto, andava pelo jardim e parecia meio entediada.
Seu estilo era muito diferente do estilo que a garota curtia. Usava um laço na cabeça, o penteado bem arrumado, sandália de salto alto e gloss nos lábios. Como uma menina romântica.
Daniel apareceu no sonho e ele segurava um buquê de rosas, o seu jeito era ansioso e as vezes sorria bobo, estava bem arrumado. Viu a garota parada de costas para ele e se aproximou em passos lentos.
Foi tentar esconder o buquê para ela não ver, mas acabou sendo surpreendido por passos. Olhou para os lados e logo viu uma pessoa vindo até Carla. Ele ficou observando confuso.
A pessoa veio. Era um garoto, mas ele não conseguiu ver direito o seu rosto. O garoto desconhecido chamou ela e a menina se virou para trás sorrindo. Seu jeito romântico a fez sorrir igual uma boba. O sorriso apaixonado.
O coração do artista bateu mais forte. Carla corria no sonho de encontro ao garoto desconhecido e o beijava. Eles se beijavam apaixonados.
O coração do artista acelerou mais ainda vendo essa cena. Quase deixou o buquê cair. Em seguida o rapaz parou o beijo e se ajoelhou na grama do jardim.
Assim ele começou a recitar um poema e a garota reagiu bem ao gesto. "Quer namorar comigo?" esse garoto perguntava e ela respondia: "É claro que eu aceito."
Depois disso acontecia outro beijo apaixonado entre os dois e a cena deixava o artista destruído.
Ele soltava o buquê de rosas que caia na grama e sumia em seguida. Tinha perdido a chance de conquistá-la. Acordou atordoado, o rosto molhado, lágrimas e mais lágrimas, o coração batia forte.
Considerou o sonho como um sinal. Achava improvável alguém pedir Carla em namoro, pois nunca soube de ninguém que gostasse dela e ela nunca havia demonstrado gostar de alguém em especial.
O seu negócio era ignorar os meninos babacas dessa escola e não se apaixonar por eles. Porém, o sonho o deixou confuso.
E não tinha tido tempo de raciocinar sobre o assunto. Alguém podia estar gostando dela? A pergunta o deixou inquieto desde quando acordou. Não conseguiu dormir novamente.
Carla não era romântica como aquela menina de laço na cabeça e salto alto.
Isso o deixava meio aliviado. Precisava decidir certo. Ser justo com si mesmo e principalmente com ela. Parar de se enganar.
E se o certo fosse se declarar? Confiar nisso ou ignorar? Eram as perguntas naquele momento. O segundo sinal foi nada mais e nada menos que a conversa de João com o Matheus.
João aconselhou Matheus para ele ir até Érica e falar a verdade. Conselho que serviu também para Daniel, pois acabou escutando a conversa. E esse foi o segundo sinal.
Já o terceiro foi o mais simples. O caderno caiu no chão e caiu aberto na foto deles dois no dia do primeiro grafite. Ele decidiu ficar um pouco longe de Carla. Pelo menos durante a manhã.
Assim podia refletir melhor se o certo era se declarar ou se tudo era ilusão da sua cabeça. Como se a sua mente tivesse o pregando peças. Ter atitude e correr riscos não era para qualquer um.
Tinha que refletir bastante. E outra coisa que o perturbava era o fato dele sempre apoiá-la. A amiga o fazia quebrar as regras, desobedecer a mãe, grafitar sem pedir autorização.
A última aventura quase o fez parar na cadeia por ter grafitado sem pedir autorização. Ia sendo preso nas férias pela desobediência e rebeldia. Ela conseguia o convencer a ir para o caminho errado.
Ele não era capaz de decepcionar, fazia suas vontades, os seus caprichos. Como um boneco que realizava as vontades de uma criança brincalhona. Sem questionar, sempre caindo nas brincadeiras novas dessa criança.
Queria poder parar de ir para o mal caminho e não ser tão influenciável. Só não sabia como poderia mudar em relação a isso. Resolveu ir aos poucos para não se arrepender.
Afinal nunca quis perder a amizade dela. Precisava somente mudar em relação a questão de ser influenciável. Parar de ser tão bonzinho.
- Vai perder a hora da aula, Dani- foi surpreendido por uma voz diferente e despertou dos pensamentos. A voz era de Natália- Acho melhor acordar ok? Já está tarde, cara. Vamos para a aula.
Natália e Daniel subiram as escadas. A menina o chamou para ir até sua casa, pois queria conversar com ele sobre a briga dela com Lorrane.
A menina tinha dúvidas sobre o jeito de Lorrane e do porquê ela havia a provocado na quarta-feira.
Ele prometeu que ia de tarde até sua casa para falarem disso. Porém indo a casa dela ia ter um breve encontro com Carla.
Queria ficar meio distante dela, pois quanto mais longe ficasse da amada era melhor.
Natália Alves
É bonito quando conhecemos alguém e nos aproximamos dessa pessoa em especial. Mais bonito ainda é quando você tem a sensação de que conhece a pessoa a muitos anos.
Parece saber todos seus segredos, manias, jeitos, os costumes, gostos, as desculpas que a pessoa diz quando não quer sair para algum lugar.
São coisas parecidas. A energia desse alguém acaba atraindo sua energia e ambos sentem isso. É como a conexão de duas almas.
Pessoas destinadas a se conhecer, a serem atraídas, a viverem juntos ou juntas. Algo único, especial e de conexão.
Foi isso que aconteceu com a amizade entre Érica e Natália. A conexão de duas almas.
Duas amigas que haviam se conhecido na segunda e acabaram se aproximando cada vez mais. Uma amizade bonita de se ver.
As meninas eram parecidas. Júnior e Carla haviam percebido isso.
A semelhança delas, o jeito de ser, até o jeito de falar, de se comportar. As idênticas em todos os sentidos.
Uma relação amigável. Estavam unidas a cada dia mais.
E tudo aconteceu bem natural. Sem pressa. As vezes parecia que uma delas já sabia o que a outra iria dizer. Porém, terem um desentendimento não estava programado.
Natália não gostava de admitir suas tristezas. Não chorava na frente de ninguém. Nunca se deixava levar por nada. Toda essa mudança a afetou, mas ela continuou se fingindo de forte. Sempre.
Encontrou em Érica a sua saída. Tipo um refúgio. Havia se apegado mesmo a garota. Estava se acostumando com Júnior. Queria ser amiga deles. Havia se apegado mais a Érica.
Tentou não se apegar, mas não cumpriu bem essa promessa. Cada vez mais o Rio de Janeiro ficava fazendo parte da sua vida. As vezes sentia que iria passar bastante tempo no Rio de Janeiro e ficava triste.
A sua vontade ainda era de voltar para suas origens. Para Fortaleza.
Victor e sua mãe, Eliane, terminarem o namoro. E iria continuar querendo isso e não queria gostar de Victor. Só que nas questões de amizade era diferente.
Se apegou rápido a rockeira e não tinha como voltar atrás. Gostava dela e não quis provocar um possível desentendimento.
A brincadeira acabou sendo ruim no final. Érica a ignorou quando chegaram na escola.
Carla havia chamado ela para o pátio e cruzou os braços ao ver a rebelde.
Natália estava atrás de Érica e chamava a amiga, mas a rockeira a ignorou e pareceu ficar confusa no momento.
Parecia estar decidindo em quem confiar. No fim ela colocou o fone no ouvido e atendeu o chamado de Carla.
Natália ficou chateada com a atitude infantil da amiga e suspirou. Já era de tarde e a jovem marcou com Daniel para o garoto ir até sua casa. Estava encostada na porta do lado de fora da casa.
Olhava o movimento na rua e ficava mais entediada. Na rua onde Victor morava não tinha surpresas ou vizinhos novos.
Lembrou do artista novamente e se recordou de que na segunda-feira ela, Érica e Júnior conversaram perto da escada.
A conversa foi depois daquele episódio do falso roubo. E quando já estavam saindo da escola ela acabou vendo uma pessoa escondida de trás do armário.
A pessoa era Daniel Silva que ficou com atitude suspeita ao ser pego no flagra. Ele escutou a conversa do trio. Ela decidiu fazer perguntas a ele para descobrir o porquê dele ter ficado escondido escutando a conversa dos três.
Escutou um sussurro perto de si e se virou para o lado. Na casa vizinha, a casa de Gabrielle Freitas, estava ela e o seu namorado do lado de fora.
Eles se abraçavam, trocavam uns selinhos, riam. Gabrielle sussurrou no ouvido do namorado e o fez sorrir um pouco. Pedro fingia sorrir, porque forçava a maioria dos sorrisos.
O incômodo do garoto era visível. Gabrielle Freitas percebeu a vizinha os olhando e ficou séria.
Parou de sussurrar no ouvido do namorado e entrelaçou os seus braços ao redor do pescoço dele. Encarou sua vizinha de novo e em seguida beijou Pedro.
Um beijo meio forçado da parte dela. Natália conseguiu ver língua no meio do beijo. Fez uma careta e desviou o olhar sem se importar com o que viu.
Gabrielle continuou beijando Pedro e abriu um olho para ver se a vizinha os olhava. Ficou satisfeita ao vê-la de costas para o casal. Achou que tinha conseguido provocá-la.
Gabrielle sempre teve muitos ciúmes de Pedro. As vezes tinha ciúmes dele até com suas amigas. Os ciúmes eram fortes e incomodavam o garoto.
Ela não conseguia se controlar direito em relação a isso. Se deixava levar por se sentir insegura. Costumava ver coisa aonde não tinha.
Enxergava interesse na amizade de outras meninas com Pedro. Achava que elas tinham interesse no popular e tentava afastar certas garotas.
Seu ciúme era visto como doentio para a sua amiga, Luciana, e principalmente para Pedro. Luciana tentava abrir os olhos da garota.
Luciana a aconselhava. Tentava fazer ela mudar o foco e parar de imaginar besteiras. Gabrielle começou a ter um pouco mais de insegurança quando conheceu a rebelde.
Teve ciúmes ao ver o jeito divertido de Pedro ao falar com ela. No dia que ele foi deixar sua namorada em casa e decidiu bater na porta vizinha. Porém, quem atendeu foi Natália.
Nesse dia percebeu o jeito dele, os sorrisos, o jeito que a tratou. Até se sentiu excluída da conversa, pois eles quase esqueciam da presença dela. O foco era somente eles. Queria que ele sorrisse para ela do jeito que sorriu para a "desconhecida."
A insegurança aumentou e a partir desse dia ficou imaginando que os dois podiam estar se gostando ou algo do tipo.
A implicância de Naty com o popular, os sorrisos dele, a provocação. Eram suspeitos para jovem. Então resolveu provocá-la ao beijar o popular.
Assim mostrava que o namoro era sério e se Naty tivesse gostando dele então ela podia ficar enciumada e desistir de o conquistar. Depois do beijo Gabrielle puxou ele para dentro e logo fechou a porta.
Natália entrou para dentro também e subiu as escadas. Passou pelo quarto de Eliane e Victor e logo ouviu a voz de sua mãe.
Eliane falava no celular e usava uma voz melosa. No final dessa ligação se despediu chorosa e ainda falou o nome de Victor.
Assim soube com quem ela estava conversando.
- Falando com o namoradinho, dona Eliane?- perguntou usando ironia na voz e acabou entrando no quarto sem pedir licença- Falava tão apaixonada. Cuidado, Eliane. Se continuar assim vai acabar se enrolando nas mentiras e vai se apaixonar de verdade pelo carioca.
- Você e esse seu dom de chegar de repente- a repreendeu e se levantou colocando o celular na cama- Desde quando aprendeu a ficar escutando a conversa por trás da porta?
- O carioca está todo iludido, falando em compromisso sério- disse devagar, pegou o celular da mãe e acessou os contatos- Amor? Sério, Eliane? Amor? Salvou o contato dele com um nome enorme escrito amor. Acha que isso é uma forma de provar para si mesma o quanto é louca por ele? Ou apenas é para alimentar as mentiras?
- Deixa de ser curiosa. Me respeita que eu sou sua mãe. Eu não vivo por aí mentindo- a repreendeu ofendida e pegou um rímel- Quando finalmente a minha querida filha vai aceitar meu namoro? Eu só queria saber.
- No dia de São Nunca, Eliane. Aí eu vou finalmente aceitar esse namoro de vocês- mexeu nas coisas de Victor e tirou algumas do lugar- A gente tem um assunto para terminar ainda. E eu sei que você sabe do que se trata.
- Meu namorado não quer ninguém mexendo nas coisas dele. Chega. Sai daqui vai- se irritou e puxou o braço da filha- O que você quer? Não posso conversar agora. Marquei de ir até a padaria...
- Ah então vai se encontrar com o namoradinho. Ah entendi. Pena que a minha querida mamãe vai precisar se atrasar um pouco- sorriu vitoriosa e a mulher parou de passar o rímel- Não esqueci o que você fez. Foi na escola para falar de mim, expôs minha vida para um cara qualquer, falou do meu pai. Só faltou contar meus segredos.
- Fiz isso para te proteger. Pode não acreditar em mim, ser infantil, fazer seu show de drama o quanto quiser- deu de ombros despreocupada- Não vou voltar atrás. E esse cara qualquer é o diretor da sua escola.
- Estou nem aí se ele é diretor, papa, o pastor, o presidente do Brasil- andou pelo quarto e tentou ficar longe da mulher- Tanto faz. O diretor já sabe que não tentei roubar nada e agora insiste em querer me vigiar. Graças a seu pedido.
- Ah não imagina como fiquei quando me ligaram para relatar essa história do falso roubo- continuou passando o rímel- Eu fiquei aliviada ao saber que foi tudo um mal entendido.
- Graças a seu pedido sem sentido o diretor Adriano não me deixa em paz e os professores ficam no meu pé na maior parte da manhã- colocou as mãos na cintura- E eu nunca precisei de cuidado especial. Então chega né? Chega dessa palhaçada. Na próxima semana você vai ir na escola de novo e falar para o Adriano que exagerou. Pedir para ele esquecer de mim e me deixar em paz.
- Está me pedindo para voltar atrás? Sério? Eu não vou fazer isso- passou um batom nos lábios- O luto da morte do seu pai ainda mexe com esse seu coração. Não pedi nada exagerado. Só pensei no melhor para minha filha. O Adriano e os professores podem te ajudar.
- Quem deveria ter me ajudado era a minha querida mãe. Não os outros- falou irônica e a mulher engoliu em seco- E seu pedido foi exagerado sim. Na segunda da próxima semana você vai na escola, chama o Adriano e fala tudo para ele. Explica que exagerou, diz que eu estou melhor, não preciso de cuidado especial, nem vigilância. E colocamos um ponto final na história ok? Estamos combinadas?
- Depois falamos disso. Eu preciso ir na padaria- o celular tocou, o pegou e olhou- Olha. É o Victor. Me mandou uma mensagem. Deixa eu ver...
- Vou te dar o final de semana todo para pensar. Vou esperar até segunda e depois acabou- se aproximou e logo tentou ler as mensagens no celular da mulher- Se você não quiser resolver então não esquenta. Eu mesma vou lá e resolvo do meu jeito. Escutou, dona Eliane?
- Cala a boca, garota. Deixa eu ver se entendi essa mensagem- ficou bem confusa- Ele quer falar comigo sobre trabalho? Negócios? Quem ele pensa que eu sou...
- Vem logo amor. Precisamos tratar do seu trabalho aqui no Rio- ela leu a mensagem de Victor no celular e ao terminar soltou uma gargalhada alta- O carioca quer te ver trabalhando? Ah mamãe querida, você nunca deu um prego numa barra de sabão. Jura que vai trabalhar agora? Cuidado... O carioca pode chegar a se decepcionar quando souber que você nunca nem trabalhou.
Eliane empurrou a filha para fora do quarto e a menina percebeu toda sua surpresa ao ler a mensagem. Natália saiu rindo alto e balançou a cabeça. Ela usou a expressão: "nunca deu um prego numa barra de sabão" porque era uma expressão bastante usada em Fortaleza- Ce.
No Ceará falavam muito isso e essa expressão queria dizer: que era uma pessoa preguiçosa, folgada, uma que nunca trabalhou.
A jovem sabia bem como era a mãe. Nunca trabalhou de nada. Por isso ela se divertiu usando a expressão do Ceará. Ainda estava chateada com ela por o negócio do pedido exagerado.
Assim decidiu agir do seu jeito, mas só se a mãe não tomasse uma atitude. Porém a surpresa do trabalho a fez deixar o assunto um pouco de lado.
Escutou uma batida na porta e em seguida ouviu a voz de Carla. Revirou os olhos escutando a voz dramática da nova irmã.
Depois decidiu descer as escadas para ver quem era. Podia ser Daniel. Descendo as escadas viu de longe a nova irmã e depois avistou Daniel.
O garoto permanecia calado e coçava um pouco a cabeça. Parecia estar um pouco envergonhado, nervoso, meio atrapalhado. O jeito típico de Daniel Silva.
Carla fez várias perguntas para seu amigo e não esperou resposta. O jeito típico dela era assim. A maioria das perguntas foram feitas com drama e a jovem percebeu na hora.
Revirou os olhos novamente, parou no último degrau da escada, respirou fundo e se preparou para interromper o drama da nova irmã.
- Essa visita aí é para mim patricinha. Eu chamei o Dani para gente sair- a interrompeu com divertimento e logo sorriu forçado com cara de quem vai aprontar- Depois vocês dois colocam o papo em dia ok? Porque temos que sair agora, fofinha.
Elas se encararam por um tempo que pareceu longo para o artista e as duas cruzaram os braços. Ele não sabia se ria, chamava alguém ou interrompia esse momento de rivalidade das duas
Lembraram de alguma coisa no final deste capítulo? Hahaha vocês lembram? Depois de varios e vários capítulos elas duas voltaram a ter a pose que tiveram no Capítulo 4. Bem no finalzinho. A rivalidade das duas continua... Carla com ciúmes da amizade de Daniel e Natália? Será?
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