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32º Capítulo

Andreina Diógenes

- 08:30 da manhã

Alguns raios de sol entravam pela janela da sala enquanto acontecia a segunda aula do dia. Era aula de história novamente e essa semana as pessoas da diretoria estavam planejando as matérias para cada dia da semana.

Era hora de normalizar as aulas para que cada um soubesse quais livros trazer para a escola. Sem erros e sem preocupações.

Professor Carlos escreveu muita coisa na lousa e a maioria demorou para terminar de escrever tudo no caderno.

Carlos era o exigente e os alunos o respeitavam. Porém, poucos gostavam dele e por isso queriam outro professor para ensinar história.

Ele exigia na maioria das vezes trabalho em folha de papel almaço ou passava uma tarefa para cada um fazer perguntas do livro e responder.

Cada uma das perguntas eram feitas pelo próprio aluno e era normal ele pedir 25 ou 30 questões.Ele exigia um trabalho e uma prova organizada. Tudo perfeito.

Andreina estava escrevendo no caderno enquanto apoiava o queixo com a mão. Ela não tinha ficado entediada e achou bom o assunto da aula.

Olhou para o lado e observou Gabrielle. As duas haviam se falado antes de entrar na escola e estavam um pouco próximas.

Uma possível amizade entre elas podia ser algo bom e em relação a amigos precisava ficar perto de pessoas populares.

Na sua antiga escola todos a conheciam e alguns invejavam a garota, porque a mesma tinha uma beleza única, tinha popularidade e andava sempre na moda.

Outros já haviam se atrevido a ficar próximo dela para conseguir as respostas das provas.

Coisa que nunca aconteceu por a mesma saber da intenção deles e não ajudar. Sua popularidade era importante e sua reputação ficava em primeiro lugar as vezes.

Sabia escolher as suas amizades e nada de andar com as pessoas fora da moda ou excluídas.

Na escola municipal Henrique Alves não tinha filhos de empresários ou médicos. As pessoas eram mais atrevidas, bagunceiras, menos inteligente ou gostavam de brigar.

Andreina costumava pensar que os alunos das escolas municipais não sabiam se comportar e os chamava de favelados.

Olhava para eles com olhar superior e nunca pensou que um dia fosse ser obrigada a se juntar com eles para agradar seus pais.

Com a sua nova realidade e estudando com pessoas diferentes precisava saber como reagir a tudo aquilo. Era um novo mundo.

Procurar se aproximar somente de pessoas como ela havia se tornado o seu objetivo e achava esse um bom começo.

Por isso ficou perto de Gabrielle, mas apesar dela ser popular ainda tinha umas coisas nela que a deixava incomodada.

Para Andreina parecia gostar de estudar naquela escola, não parecia querer estar sempre na moda, podia ter amizade com as pessoas pobres e não se importar de ficar perto deles.

Como se ela fosse um pouco diferente. Estava tentando não julgá-la sem conhecer, mas cada vez mais esse tipo de pensamento vinha em sua mente. Sabia que não precisaria se esforçar para se aproximar de ninguém ali, pois nada disso era preciso.

Não tinha medo de ficar sozinha por aqueles corredores e muito menos de ninguém querer sentar perto dela na sala.

Parou de olhar para a possível nova amiga e prestou atenção no professor. Seus pensamentos foram voltando a fazendo se distrair um pouco cada vez mais.

Dessa vez não era sobre o incômodo dela em relação ao jeito de Gabrielle, mas sim em relação a uma garota que estava sentada um pouco a sua frente.

Não esqueceu o seu nome desde que Cláudia falou quando juntou as duplas. Se chamava Natália Alves e depois de observar ela conseguiu ter quase certeza de quem era que estava estudando naquele lugar.

Mesmo assim estava confusa pensando ser quase impossível ela ser a mesma menina da joalheria. E se estivesse se confundindo?

Se a menina não fosse nem parecida com a da joalheria? Podia estar vendo coisa onde não tinha?

Essas perguntas rondavam em sua cabeça. Na quinta feira foi a uma joalheria comprar uma pulseira e ainda presenciou algo diferente.

Uma menina roubou um anel e acabou sendo pega no flagra ao passar pela porta para sair da joalheria.

Sua aparência era idêntica a da novata e isso não se podia negar. Tudo nelas duas parecia igual.

Ou a ladra tinha uma irmã gêmea ou não havia duas pessoas e sim somente uma. A ladra da joalheria.

- Talvez eu esteja viajando- disse pensando alto e chamou atenção da possível nova amiga- Ou posso estar certa o tempo todo.

- Estar certa de que?- Gabrielle perguntou confusa segurando a caneta.

- Só pensei alto- deu de ombros e suspirou- Quer saber? Não vejo problema em te contar. Está vendo aquela garota? Eu acho que conheço ela.

- Não é só você- ela revirou os olhos e parou de sorrir rapidamente- Não fui com a cara dela, mas de onde se conhecem?

- Na quinta feira da semana passada uma ladra entrou na joalheria onde eu estava- começou a sua explicação- E essa ladra roubou um anel. Acredito que é essa novata.

- Como assim? Que babado-sua voz ficou um pouco animada como se tivesse gostado de ouvir isso e tentou não sorrir- Me conta tudo.

- Pode ir se acalmando e parando com isso- levantou as mãos e balançou a cabeça- Sorry, mas não sou nenhuma fofoqueira para ficar te contando fofocas ou boatos. Por enquanto é só uma suspeita e eu posso ter razão só que não tenho como provar nada.

- Ela tem cara mesmo de pessoas que aprontam ou roubam- Gabrielle disse e colocou o cabelo de lado- Se for então precisamos ter cuidado.

- O que eu podia esperar da escolinha não é?- lembrou do que sua madrinha Luisa disse sobre fazer mudanças, que faz parte da vida mudar e de que logo a sobrinha se acostumaria com aquela nova escola. Agora tinha certeza que Luisa estava errada.

- Mas se ela for então não chegamos perto dela- continuou falando um pouco pensativa- Sem problemas para gente. O ruim seria se além de roubar ela também usasse drogas e pensasse em vender drogas aqui.

- Vamos ficar de olho em Natália e se sumir algum estojo, mochila ou coisa do tipo- olhou para os lados e apontou discretamente para garota- Já iremos saber quem foi a ladra. Até lá é bom sermos discretas para não levantar suspeitas. Imagina só se roubam as minhas coisas ou se sumir algum livro meu de dentro do armário.

- Por que sermos discretas?-franziu as sobrancelas- Ela pode ser perigosa e precisamos alertar todo mundo.

- Como por que? Hello- estalou os dedos- Primeiro eu preciso ter certeza antes de sair acusando alguém e segundo seria bem ruim ela perceber que estamos observando cada atitude dela. Como você é lenta para entender as coisas.

- Eu só custei para entender-se defendeu envergonhada e abaixou a cabeça- Agora as coisas ficaram mais claras. Vou te ajudar a descobrir esse mistério sobre a novata.

- Quem sabe ela é mesmo uma ladra e acaba roubando várias coisas dos alunos daqui?- logo voltou a escrever no caderno- Assim talvez meus pais vejam o perigo que estou correndo e decidam me tirar dessa escolinha.

- Imagina a polícia chegando aqui para prender ela- sorriu enquanto olhava para frente com a cabeça apoiada nas mãos- Iria ser notícia e passaria em todos os jornais. Ficaria famosa ainda, mas colocar as vidas dos meus amigos em risco seria nada legal.

- Você sonha demais- a olhou com aquele olhar superior novamente- Eu estou mais preocupada comigo do que com esse povo aqui que nem conheço. Estudar com gente pobre traz até má sorte. Principalmente para mim, pois vivia bem melhor antes de vim para essa escolinha...cheia de pobreza.

Concluiu séria e com o mesmo olhar. Sentiu que Gabrielle ficou com um pouco de medo ou foi vergonha. Não soube identificar direito o jeito dela, mas decidiu sorrir sem mostrar os dentes.

- A gente pensa nisso depois-mudou de assunto rapidamente- Ah e no intervalo eu vou reunir os novatos dessa sala para fazer o tour por aqui. Você pode vim também.Tem um lugar muito bom que precisam conhecer. Se chama esconderijo ou cantinho para os mais íntimos.

- Vamos ver se algo pode ser capaz de me surpreender- ergueu a cabeça e olhou para Luciana. Essa era a sua dupla nas aulas de português e literatura.

A primeira impressão que teve da garota foi dela ser muito atirada para cima dos meninos. Eles pareciam rendidos por ela.

Professor Carlos resolveu passar uma tarefa em um papel. A tarefa tinha 15 questões e precisavam responder todas para entregar quando sua aula acabasse.

A maioria reclamou por verem as perguntas grandes com no máximo cinco linhas, mas Carlos disse que iria mandar para diretoria quem fosse contra.

Por isso mesmo sem vontade todos começaram a responder as questões e as horas foram se passando devagar.

Érica Sousa

O tempo estava meio abafado naquela segunda-feira. O dia mal havia começado, porém Érica já queria que pelo menos aquela manhã acabasse logo.

Ainda não tinha esquecido dos momentos da aula de português e sobre sua surpresa ao ouvir que sua dupla era Júnior Fernandes.

O garoto convencido que havia puxado conversa com ela na praia, a insistência dele para se aproximar dela e ainda seu jeito de conquistador.

Esse era o verdadeiro Júnior e por um momento se arrependeu de ter o achado fofo e educado quando se conheceram na praia.

Agradeceu mentalmente por ele não ter puxado conversa enquanto estavam em dupla. Estavam só no começo da parceria e acreditava que o garoto não desisitiria tão fácil de tentar uma aproximação entre eles ou de ganhar um beijo dela.

"Parece que o destino quer nos juntar de um jeito ou de outro. Agora temos uma parceria até o final desse ano."

Essas foram as palavras do mesmo antes de sentar do lado dela. Nessa hora revirou os olhos para ignorá-lo e não falou nada.

Ele pareceu entender o seu silêncio, porque respeitou e parou de ser insistente.

Assim os dois tiveram uma pequena greve de silêncio. O seu jeito as vezes cansava, o sorriso convencido era algo muito bonito nele e chamava atenção.

O terceiro professor a entrar na sala foi Valmir que ensinava inglês. Ele gostava do que fazia, nunca se sentiu infeliz no seu trabalho, os alunos gostavam dele e com o seu jeito de ser havia se tornado um dos professores preferidos da galera.

O único meio diferente dos outros por ser um pouco liberal e por usar roupas pretas sempre.

Ninguém sabia o motivo dele sempre estar com roupas dessa cor, alguns diziam que ele podia ter perdido alguém e o luto tomou conta de si. Por isso a cor preta.

Érica e Carla estavam um pouco longe uma da outra e só tinha conversado mesmo com Natália. Para as duas foi uma surpresa se conhecerem e ela conseguiu se sentir bem do lado da garota. Como se pudesse confiar nela sem medo.

O jeito de ser delas duas era um pouco parecido e Natália parecia ter uma energia boa. Eram rebeldes, corajosas, fortes e tinham problemas na relação de mãe e filha.

Com Daniel, seu vizinho, as coisas continuavam meio complicadas, mas por causa da garota que costumava dificultar uma aproximação entre eles.

O fato de ter se aproximado um pouco de Carla não queria dizer que já eram amigas.

Na sexta-feira conheceu Matheus e João e os dois pertenciam ao grupo de Carla. Passou o intervalo com eles e aproveitou para conhecê-los melhor antes de sair julgando sem conhecer.

Matheus parecia ser tímido e achou ele fofo por ter cabelo cacheado, porém o mesmo não havia mais parado de olhar para ela.

Olhares acompanhados de sorrisos. Aqueles sorrisos bobos como se estivesse apaixonado.

Durante o intervalo de sexta-feira se irritou com ele por ter sido flagrado a olhando diversas vezes e insistido em continuar.

Nessa segunda-feira não havia sido diferente. Nenhuma palavra saia de sua boca por ser tímido e nem tentava se aproximar da nova integrante do grupo.

Se aquele garoto estava pensando que ela era como as outras garotas fáceis e bobinhas estava muito enganado.Até porque o mesmo nem fazia o seu tipo e disse isso para si mesma.

Estava sem paciência para aquele joguinho repetitivo. Sabia como era ruim estar apaixonada e não queria viver essas coisas de novo.

O seu primeiro amor a mostrou o lado feio de um namoro, a parte sombria, as mentiras e foi como se o mundo caísse em cima dela. Nunca mais queria achar que precisava de alguém para ser feliz.

Afastou tais coisas ignorando qualquer sentimento que sentiu por Paulo. Havia continuado sua vida, tinha trauma de namoro e da palavra amor.

Sofrer de novo ao ponto de ficar se humilhando para a pessoa amada ficou no passado.

Nenhuma pessoa podia ser capaz de mudar seu jeito de ver um casal apaixonado, ninguém podia acabar com sua promessa de nunca mais se apaixonar. Estava para nascer alguém com coragem de pegar em sua mão e fazê-la feliz.

Descobriu que Matheus nasceu no Brasil, mas seu pai era dos Estados Unidos e sua mãe brasileira. Moravam juntos e tinham somente ele de filho.

Havia achado ele bonito, um pouco fofo e tinha cara de ser novinho só que nem isso a fez mudar de ideia ou olhar ele como um crush.

Quando eles resolvessem puxar um assunto podia pensar melhor. Até lá ia continuar mantendo distância.

Escondeu o celular de baixo da carteira e começou a mexer para não chamar atenção de Valmir. Colocou no facebook e a primeira publicação a fez parar rapidamente sem conseguir passar o dedo para outras publicações abaixo.

Apareceu uma foto de uma mulher com cabelo curto acima dos ombros, um homem de olhos castanhos e um bebê de 2 anos.

Aquele bebê estava diferente da última vez que havia o visto.

Tinha crescido um pouco e parecia grande para ter só 2 anos. Ele se chamava Isaque e era o irmão mais novo de Paulo, o seu ex namorado.

Olhar para aquela foto de uma família aparentemente feliz não confortou nenhum pouco o coração dela. Só faltava seu ex namorado estar na foto para completar.

Preferia continuar sem saber nada dele e isso era para seu próprio bem. Porém, algo a fazia achar que ainda tinha alguma conexão com ele.

Quando soube da gravidez da mãe dele ficou um pouco feliz por ela, porque havia se apegado a mãe e ao pai do garoto enquanto os dois namoravam.

Eles sempre haviam a tratado bem e nunca deram motivos para a mesma se sentir mal na casa deles.

No entanto quando estavam perto de acabar o namoro Paulo tinha contado para menina que andava achando sua mãe estranha nos últimos dias.

Parecia estar um pouco incomodada com algo e vivia sorrindo pelos cantos. Isso deixou seu filho intrigado nesse tempo em 2013 quando namoravam.

Saber da notícia da gravidez da mãe dele uns dias depois do término do namoro foi algo bom e novo.

Sentiu vontade de comemorar naquela época e quis ir até a casa do garoto para desejar boa sorte a esse novo membro da família, porém precisou reunir forças para tirar essas ideias da cabeça e seguir em frente.

A descoberta da gravidez foi em junho de 2013, o bebê nasceu dia 17 de janeiro de 2014 e desde o primeiro dia que o viu começou a sentir coisas estranhas. Não sabia explicar o que era.

Se sentia bem toda vida que via o menino, quando estava triste bastava ver algo relacionado a ele ou ver seu rostinho e isso já a deixava um pouco melhor como se ele pudesse trazer alegria para ela e paz.

O chamava carinhosamente de anjinho da guarda por senti-lo por perto mesmo os dois estando longe.

Acompanhou o crescimento dele pelo facebook dos pais de Paulo e no ano de 2016 o pequeno já estava com seus 2 anos de idade.

As vezes sentia como se fizesse parte daquilo vendo o crescimento de alguém que nem ao menos tinha ouvido a primeira palavra.

Havia assistido um vídeo postado pelo pai dele do dia que o filho deu os seus primeiros passos, assistiu vídeos deles cantando parabéns no aniversário de 1 aninho, as fotos do seu primeiro dia na praia, vídeos dele tomando mingau sozinho segurando a mamadeira, das suas brincadeiras com dinossauros de brinquedo, Paulo contando histórias para o pequeno dormir, o dia a dia dele na creche e outras publicações postadas nas redes sociais.

Acompanhar de longe o pequeno crescendo se tornou emocionante. Por isso era como se tivesse alguma conexão com o ex namorado ou com o irmão caçula dele. Sempre teve vontade de conhecer ele pessoalmente e poder abraçá-lo.

As vezes essas vontades repentinas a faziam ficar muito confusa do por quê estava sentindo tudo isso desde o ano que ele nasceu.Era realmente muito intrigante, mas tentava esquecer o assunto.

Outra coisa que a incomodava desde quando namorava com ele era o fato de seu pai, Henrique, ter mudado um pouco. Desde 2013 mudou as atitudes ao ponto de ficar mais agressivo com a filha e brigar mais vezes com Daniela.

De 2014 para 2015 foi quando o casal teve mais momentos de tensão que foram presenciados pela filha.Já tinha fechado seu coração, desobediência continuava junto com a teimosia e nas brigas dos pais ficava com raiva de Henrique por ele ter esse jeito agressivo e ser grosso.

Nunca ficava do lado de nenhum dos dois para defender.

Costumava sair de casa para não presenciar as brigas ou ficava trancada no quarto. Queria saber o motivo do pai ter mudado tanto e também entender porquê chegava em casa tarde com a desculpa de que tinha saído com os amigos.

Foi somente no ano de 2016 que o relacionamento deles foi começando a melhorar à ponto de marcarem viagens para o interior.

Tal como no dia que deixaram-a sozinha no apartamento. Alguns altos e baixos preenchiam aquele relacionamento.

Passou as costas da mão nos olhos enxugando as lágrimas ao lembrar dos anos anteriores de brigas em sua casa.

Podia não gostar da super proteção dos pais, mas gostava de ter sua família. Decidiu levantar o braço interrompendo a explicação de Valmir.

Alguns olharam para ela que não se importou se seus olhos estavam vermelhos.

Porém, a maioria a encarava ainda com medo desde quando defendeu Carla.

-Posso ir ao banheiro?- perguntou apenas, se levantou e sem esperar resposta seguiu para a porta. Saiu da sala e suspirou se sentindo meio cansada.

Pensar em seus problemas sempre tinha sido uma má ideia.

- Ficar chorando por causa disso vai adiantar de nada.

Decidiu andar pela escola sem rumo para poder se distrair um pouco. Desceu as escadas, chegou em frente a um portão grande de ferro, observou a quadra vazia, continuou andando passando entre as arquibancadas e não escutou nada além do som do vento.

Parecia o lugar perfeito para ficar sozinha escutando música sem ser incomodada. Podia se esconder ali até o sinal tocar e todos saírem para o intervalo. As horas insistiam em se passar devagar e isso a deixava com tédio.

No momento que pensou em dar a volta e sentar nas arquibancadas do outro lado foi surpreendida por uma voz.

- Ora ora ora, se não é a rockeira- escutou alguém dizer, se virou para trás para ver quem era e se deparou com Ícaro- Vai aprender agora a não se meter com a gente-eles estavam lá escondidos matando aula e também nem esperavam ela aparecer e com a sua chegada viram a chance de se vingarem.

- O que vocês querem? Vieram me assustar agora só porque estou sozinha- ergueu a cabeça e soltou uma gargalhada.

Mesmo estando surpresa e um pouco nervosa ainda quis enfrentar eles.

- Acham que eu vou ter medo, porque não tem ninguém aqui para me ajudar, né?

- Você calada fica muito melhor-ele sorriu malicioso olhando para o corpo dela- Chega de conversa e vamos logo para bonitinha poder aprender quem manda aqui.

Ícaro e Otávio encaravam ela bem de perto. Como foi burra de pensar que não queriam vingança? A pergunta apareceu de repente em sua mente. O que mais a causou medo foi Ícaro.

Se abalar agora não era a coisa certa a se fazer. Érica agiu por impulso e tentou correr, mas Ícaro rapidamente deu uma gravata nela, se debateu tentando se soltar dele, começou a arrastar a garota e colocou a mão em sua boca tentando sufocá- la mandando ela ficar quieta.

Em pouco tempo se encontrava sem ter como fugir enquanto ele apertava cada vez mais sua boca e a puxava forte.

Imaginava que queriam bater nela ou fazer coisa pior e isso fazia seu medo crescer cada vez mais. Precisava agir, mas não sabia como se livrar dele.

Enquanto ele a puxava continuava se debatendo sem muito sucesso, porque começava a ficar cansada. Os momentos que passou sendo sufocada e puxada a força a fez ficar meio fraca.

Em um ato inesperado ela reagiu chutando-o com toda força que restava e ele soltou ela sentindo dor. Érica caiu no chão da quadra quase desmaiando devido ao golpe que recebeu.

Estava meio tonta,com falta de ar e parecia que estava perdendo os sentidos. A sua visão turva não a permitia enxergar direito, mas ouviu alguém gritando e reconheceu a voz.

- Solta ela- um garoto um pouco alto apareceu assustando os dois meninos. Quando olhou para ele o reconheceu. Era Júnior e estava com raiva.

- Quem é você?- perguntou intrigado com aquilo e ela observou eles tentando se recuperar, mas quando tentou se levantar devagar caiu novamente sem muitas forças.

Otávio não fez nada. estava nervoso com a situação e chegada do garoto.

Os dois começaram a brigar, mas Junior sabia se defender melhor por ter feito muay thay dos 7 aos 15 anos e aprendeu a arte da defesa sem precisar ferir gravemente. Passou um tempo e os dois ainda estavam nisso até que Otávio percebeu que o amigo estava perdendo.

Ele puxou Ícaro e disse que era melhor irem embora antes que alguém chegasse. Os dois acabaram saindo depois com raiva.

Júnior respirou fundo se controlando e correu para perto da novata que permanecia no chão. Ela ainda estava muito assustada e tentou acalmar a sua respiração.

Pela primeira vez em anos se viu em uma situação embaraçosa e não soube o que fazer ou como reagir a tudo aquilo. Não sabia mesmo se abraçava ele, agradecia ou se continuava o ignorando.

O fato era que havia sido salva de um valentão e se Júnior não tivesse chegado não sabia o que ele seria capaz de fazer. A sua atitude o fez ganhar uns pontos com ela.

- Obrigada pela ajuda- ela agradeceu gaguejando e ele ajudou ela a se levantar.

A tontura havia passado e o único problema era ainda estar com um pouco de falta de ar. Seu pescoço doía e estava meio vermelho.

- Acho que virei um salvador- sorriu convencido- Aquele covarde não vai voltar a te pertubar. Você está bem?

- Claro. Estou ótima- respondeu irônica e passou as mãos na calça para tirar a poeira. Se forçou para falar mesmo sentindo falta de ar- Quase que aqueles idiotas me batiam, mas apareceu meu salvador sem asas e me ajudou.

- Calma aí gatinha- levantou as mãos rindo- Eu salvei sua vida e é assim que me agradece? Deveria deixar de ser tão mal-humorada se não ninguém vai querer se aproximar de você.

- Eu agradeci sim- abaixou o tom da voz parando de falar rápido, começou a andar tentando se afastar.Ele seguiu ela continuando a ser insistente.

- Pelo menos sendo mal-humorada afasto um certo carrapato que não me deixa em paz e nem quer desgrudar de mim.

- Não acredito que está me chamando de carrapato- abriu a boca surpreso e mexeu no cabelo- Isso que eu ganho quando tento ser bom.

- Como é inteligente- bateu palmas, depois inspirou e expirou devagar e quis que o seu pescoço parasse de doer- Agora que tudo passou...Deveria me deixar em paz e eu fico aqui sozinha.

- Ou eu posso ficar e te fazer companhia- isso a fez parar de andar. Eles estavam perto do portão de ferro.

Júnior fez uma cara engraçada quando Érica desistiu de tentar se afastar dele e pareceu que estava comemorando.

Como se tivesse vencido no fim. Queria nunca precisar admitir isso, porém sabia que havia sido uma boa ação.

Ele podia ter mil defeitos só que não o conhecia direito. Decidiu deixar um pouco de lado o fato do garoto ser chato e facilitar a conversa deles.

Não precisavam se tornar amigos de repente ou confidentes. Bastava reconhecer a boa ação e parar de ficar sempre na defensiva.

- Então temos que começar de novo, né? Oi, eu sou a Érica e você é?

- Sou o Júnior gatinha- colocou uma mecha do cabelo dela para trás da orelha- Aceita sair comigo essa semana?

- Se me chamar de gatinha de novo vou embora- o empurrou de leve- E só aceito se me prometer que vai ser só para sairmos sem segundas intenções.

- A gente pode ir tomar sorvete, passear na praça, no shopping-deu de ombros mostrando estar falando sério- Também tem a rampa de skate. Você que escolhe e isso é só para gente poder se conhecer.

- Nem sei andar de skate- sentou no batente perto do banheiro feminino- Mas ok eu aceito com umas condições.

- Pode mandar aí- sentou do seu lado- Que condições são essas?

- Tem que prometer parar de me chamar de gatinha, deixar de ser tão insistente e o principal- estalou os dedos querendo atenção- Nada de me conquistar. Essa coisas de beijo no canto da boca, sussurro no ouvido, elogios fofos são ridículos.

- Fica tranquila, porque sou um homem de palavra- manteu um pouco de distância entre eles- Uma saidinha inocente e se quiser até te ensino a andar de skate.

- Depois eu vejo um lugar bom para irmos- pegou no canto onde estava dolorido- Agora com tudo resolvido entre a gente acho melhor voltarmos a estudar inglês. Se não vamos ser pegos e teremos uma bela mentira para contar...

- Minha amiga estava passando mal - disse interrompendo ela- Por isso vim acompanhá-la e agora já estamos voltando. Vou dizer isso caso alguma tia da cantina apareça. Até porque é melhor se recuperar primeiro ou quer que alguém desconfie do Ícaro ter quase te... É. Você sabe.

- Odeio admitir que está certo- lutou em silêncio para não se irritar e continuar com o clima bom- Mas tem razão. Não é legal ficar aqui então vamos nos esconder em outro lugar.

- Por mim tudo bem- concordou rapidamente- Tem alguma ideia de onde podemos nos esconder?

- Tem a biblioteca e o cantinho- ele franziu as sobrancelhas- O cantinho é tipo um lugar para pessoa ficar sozinha, estudar, namorar e coisas assim. E aí o que acha?

- Como sabe desse lugar se também é novata?- ainda estava confuso sem entender direito.

- Ouvi algumas pessoas falarem pelos corredores- se levantou cansada. Mais uma vez se forçava a falar rápido só para se fazer de forte e não deixar ele perceber o quanto estava sentindo dor.

- Acho ridículo ficarmos nos escondendo, mas talvez seja melhor que voltarmos para sala.

- Prefiro a biblioteca, porque esse cantinho deve ser aproveitado para namorar e não conversar- disse de forma óbvia.

- Se descumprir algo que prometeu eu te mato- o ameaçou antes de entrar no banheiro e se olhou no espelho- Depois eu penso no que fazer com aqueles machistas.

- Sem vingança para não arrumar confusão- segurou a porta- Sabe do que eles são capazes. Qualquer coisa fala para o diretor.

Érica soltou um suspiro profundo com raiva e olhou para o celular. Tirou do facebook e na tela inicial percebeu que faltava bem pouco para o intervalo.

As horas cooperaram daquela vez e ficou aliviada quando se deu conta de que só faltava os dois últimos tempos.

Os dois conversaram até a biblioteca, a bibliotecária nem percebeu os alunos entrando e decidiram pegar uns livros para ler no canto mais longe possível da bibliotecária.

Assim não corriam o risco dela os ver.

Júnior ficou mexendo no celular do lado dela enquanto a mesma lia um livro nada interessante. Ele ficou quieto respeitando o silêncio, fingiu estar fazendo algo interessantíssimo no celular, porém na verdade estava aprendendo a jogar um jogo.

Eles se sentiam bem mesmo sabendo que essa aproximação foi inesperada e sair juntos talvez pudesse ser um novo começo. Dependia somente do skatista.

Carla armou contra Natália e essa armação só vai trazer muitos problemas para vida de Natália. Agora que Andreina está desconfiada de que a novata é a ladra da joalheria.

Uma parte de ação na narração da Érica. Custei muito nesse capítulo. Fiquei escrevendo, apagando de novo e adicionando coisas novas. Foi complicado e ainda acho que eu podia ter feito melhor essa cena, mas tudo bem. Sou meio ruim em escrever momentos de ação.
Agora será que é um novo começo para Érica e Júnior ou será que nada vai mudar entre eles?

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