31° Capítulo (Parte 1: O famoso ídolo da escola e o bullying)
Pedro Miranda
- dia 8 de fevereiro
Um cheiro de café estava por toda a casa. A semana havia se iniciado e o dia começou cedo para a família de Michel. Eram acostumados a acordar esse horário,mas as vezes os meninos tinham preguiça.
Estava perto da hora de começarem a estudar e Michel já havia saído para seu trabalho na escola particular as 06:30 da manhã. Ele disse para seus filhos que iria almoçar fora, porque Cristina o chamou para almoçarem em um restaurante.
Cristina, mãe da Carla e da Mirela era amiga do pai deles e trabalhava na escola onde ele ensinava.
Pedro desceu as escadas ajeitando o cabelo. Ele estava com a mochila nas costas, usava farda e um tênis all star. Chegou na cozinha e observou o seu irmão desenhando em um caderno.
Estava sentado na cadeira e enquanto desenhava tomava um pouco de café.
- Deixa para desenhar isso depois, Emanuel- pegou no ombro do garoto que acabou se assustando.
- Eu só preciso terminar esse desenho aqui- suspirou e voltou a desenhar.
- Desse jeito vamos chegar bem tarde -pegou a chave e guardou no bolso da calça- Você prefere ficar aí perdendo tempo nessa besteira e levar falta?
- Preferia nunca mais precisar voltar para aquela escola cheia de idiotas- ele respondeu de cabeça baixa e logo se levantou.
Pedro percebeu que seu irmão ficou com raiva e entendeu o porquê. Ele tinha 8 anos quando começou a ser vítima de bullying.
Alguns dos seus colegas descobriram que ele estava se consultando com um psicólogo e o chamaram de doido.
Pedro não defendia Emanuel. Ele se sentia bem mal quando presenciava seus amigos rindo do seu irmão, mas não falava nada porque achava que o mesmo já tinha idade suficiente para se defender sozinho.
O garoto achava um pouco divertido zoar, colocar apelidos, falar mal de alunos que eram diferentes ou nerds e entre outros.
- Eu esqueci de dizer para você- olhou para ele- Hoje a gente vai com o Davi. Tudo bem não é?
Ele assentiu e pegou a mochila. Logo ouviram o toque da campainha, mas a pessoa tocou a campainha várias e várias vezes. Pedro correu e abriu a porta.
Davi era seu melhor amigo e os dois se conheciam desde o ano de 2014. Eram como irmãos, sabiam sobre os segredos um do outro e perto de Davi conseguia falar dos seus problemas.
Nunca foi fácil mentir para o amigo, pois ele era um dos que sabia sobre o abandono da mãe, a relação difícil com o pai e das brigas com Gabrielle.
Conhecia o verdadeiro Pedro e todas as mentiras que o mesmo contava.
A família do garoto sempre foram as pessoas legais.
Seu pai era pastor, sua mãe não trabalhava, seus dois irmãos eram gêmeos. A família considerada quase perfeita.Pedro as vezes tinha inveja da união deles.
O único problema no jeito de ser dele era que nunca tinha tido um namoro sério, porque agia como um babaca na maioria das vezes.
Ao falar de garotas falava de um jeito nada respeitoso e acabava irritando o restante do grupo. O seu passatempo se resumia em fazer apostas e sempre costumava ser o primeiro a ter uma nova ideia.
Quando Pedro começou a namorar se afastou um pouco do grupo e ficou meio distante de todas as apostas. O garoto estava andando de um lado para o outro quando a porta enfim foi aberta.
Olhava para o relógio com impaciência, respirava fundo de vez em quando e masclava chiclete.
- Vai fazer um buraco no chão se continuar assim- disse abafando uma risada olhando para ele.
- Vamos logo, cara- suspirou parando de olhar para o relógio- Se não a gente só vai entrar na segunda aula.
- Vamos enfrentar os ônibus de novo- bufou, chamou o irmão e eles foram para o ponto de ônibus.
Entraram em um ônibus um pouco lotado. Logo desceram depois de um tempo e não precisaram correr para chegar mais rápido, porque o sinal ainda não tinha tocado.
No portão de fora da escola Luciana rebolava dançava funk enquanto uns alunos gravavam e outros aplaudiam rindo.
Emanuel saiu de perto deles quando chegaram e entrou logo. Pedro e Davi perceberam a roda de alunos e toda a música de funk. Ele se animou vendo ela dançando.
- Olha lá a gostosa da Luciana- disse se aproximando- Cara, imagina só o beijo dessa gata e como seria passar uma noite com ela.
- Mais respeito quando for falar de garotas- suspirou e deu um tapa na nuca dele- Nunca vai conseguir nem um beijo dela se continuar assim.
- Ah dá um tempo- gritou em alto e bom som mostrando sua irritação por ter se assustado com o tapa- Vai me dizer que não acha ela gostosa? Lembro bem quando vocês ficaram na festa da praia.
- Isso faz muito tempo- ficou tentando se lembrar de algum detalhe daquele dia- Eu nem lembro direito e também não fico pensando nessas coisas. Sabe que eu sou comprometido.
- Conta outra vai- gargalhou como se tivesse escutado uma piada-Você nem gosta mais da Gabrielle e deveria ter terminado esse namoro sem futuro. Você é o nosso ídolo, cara.
Pedro revirou os olhos, mas o amigo não percebeu porque observava o "show" de Luciana. Era considerado o ídolo do grupo por causa da sua fama de pegador.
Muitos queriam saber o segredo para pegar tantas meninas e o colocavam em um altar chamando o mesmo de ídolo.
Mesmo sem ter mais essa fama ainda o chamavam assim, porque ele era muito popular e namorava a garota mais popular da escola.
Era como se os dois se completassem por causa da popularidade.
- Estou tentando ficar bem com a minha namorada- cruzou os braços- Mas você não sabe como funciona essas coisas. Tudo isso é importante e precisamos levar a sério.
- Para de falar desse jeito como se estivesse apaixonado pela Gaby- sorriu balançando a cabeça- Sabe o que eu penso desse namoro então não preciso falar de novo.
- É impressionante como consegue falar tanta besteira de uma vez só- nesse momento um carro vermelho estacionou perto deles e conheceu como o carro de Victor- Carla acabou de chegar.
Um garoto vinha correndo e quando passou por um grupo de jovens foi vaiado e começaram a rir dele. Seus olhos eram pretos, usava óculos, era muito branco e baixo.
Esse garoto sofria muito bullying por ser inteligente. Tirava muitas notas boas, vivia isolado e os professores que conversavam com ele.
Pedro e Davi riram ao vê-lo passar correndo e quase cair no chão ao se assustar quando cachorros latiram.
Os cachorros começaram a latir ao verem ele correndo e ficaram muito agitados, mas a sorte forem estarem presos dentro de uma casa.
- Acha que vai para onde?- o popular sorriu se aproximando do garoto e o mesmo parou de correr respirando fundo.
- Me dá esse dinheiro aqui- Davi pegou o dinheiro que o garoto segurava. Esse era o único dinheiro que ele tinha para pagar o ônibus de volta para casa.
- V-você não pode pegar isso- ele disse gaguejando e se encolheu com medo quando ouviu os dois gargalharem.
- Cala a boca nerd- Pedro o empurrou forte e o mesmo caiu no chão. Seus óculos voaram. Começou a engatinhar no chão a procura do óculos.
Davi foi mais rápido e pegou o óculos do chão. O garoto piscou os olhos e começou a ficar desesperado por não conseguir enxergar nada.
- Acho bom aprender a enxergar seu esquisito- Davi gritou, pegou a sua mochila, abriu e tirou todos os livros de dentro jogando no chão depois.
- Me deixem em paz- ele implorou com voz de choro- Eu não fiz nada com vocês.
- O nerd protegido dos professores vai chorar agora?- jogou o óculos perto dele- Toma isso quatro olhos.
O sinal tocou e eles continuaram com o garoto. O mesmo se levantou indo apanhar seus livros rapidamente e tentando ajeitar a farda.
-Ah e a gente sabe do seu aniversário- Pedro assanhou o cabelo dele- Nem pense em se esconder, porque vamos te achar.
- Já sabe que se abrir a boca para contar para o diretor ou para quem quer se seja eu vou descobrir e vai ser pior para você- o outro ameaçou enquanto apontava o dedo no rosto dele.
O garoto parecia prestes a chorar,mas suspirou cansado e olhou para eles. Seus olhos transmitiam medo e raiva. Isso era visível para qualquer pessoa que passasse perto dos três.
-Esse dinheiro é meu- disse baixo e os meninos perceberam que ele estava se esforçando para parecer forte- Eu preciso dele. Por favor...
- Eu já disse para ficar calado- ele logo o interrompeu e escutou uma voz diferente de alguém que chegou por trás deles.
- Parem de perturbar ele-uma voz feminina gritou e os dois se viraram para trás para saber quem era- Vem comigo garoto- puxou o braço dele e encarou o popular.
- Quem você pensa que é para chegar toda autoritária mandando na gente?- Pedro perguntou ficando um pouco surpreso por reconhecer essa garota. Era a Natália.
- Vai embora daqui que ninguém te chamou- Davi cruzou os seus braços irritado.
- Você não manda em mim ok?- ficou bem irritada- E eu não vou embora daqui, porque nunca iria deixar de ajudar alguém que fosse vítima de bullying. Não tem como presenciar uma coisas dessas e ficar calada.
- Falou a defensora dos nerds e dos estranhos- Davi começou a rir dela e a analisou um pouco- Deve ser uma das novatas que chega querendo fazer a diferença no mundo.
- Deixa ela, cara- Pedro disse depois de um tempo em silêncio. Ele estava ainda confuso e irritado com aquela garota por ter atrapalhado tudo- Não vamos perder nosso tempo, porque agora tem a melhor aula.
- Ela chega se achando a salvadora da pátria e você ainda a defende?- perguntou ainda de braços cruzados e quase dava para ver um ponto de interrogação na sua testa- E outra que é começo de ano. Nem sabemos quais serão as aulas da semana.
- Ouvi falar na semana passada que nessa segunda teríamos primeiro a melhor matéria do dia- ele deu de ombros e encarou Natália que estava perto do garoto perguntando se ele se sentia bem- Então deve ser professora Cláudia.
- Se eu ver vocês pertubando ele de novo juro que conto para o diretor- antes de saírem ouviram a garota dizer e passar bem rápido por eles.
O outro aluno seguiu ela de cabeça baixa.
- Quem ela pensa que é?- seu amigo se preparou para ir atrás dela como se estivesse prestes a dar um murro na cara dela. O popular sabia que ele era capaz de fazer isso.
- Resolver as coisas de cabeça quente não vai adiantar de nada- puxou o braço dele e respirou fundo- Ela que veio aqui procurar confusão. Isso não vai ficar assim está bom? Até porque somos os populares daqui e pelo que eu sei ela não é nada por enquanto.
Os dois entraram na escola logo em seguida e Davi foi se acalmando aos poucos. Pedro não gostou porque foi obrigado a ouvir aquela garota dizer aquelas coisas e mandar neles.
Porém, achou melhor não arrumar confusão.
As vezes era divertido deixar ela bem irritada como na noite onde os dois se esbarraram na praia, da mesma ter deixado claro sobre evitar falar da mãe, do dia que foi conversar com a Carla e foi surpreendido porque ela quem abriu a porta.
Da sua frase "A gente se esbarra por aí" e tudo mais. Achava a mesma bem bonita, rebelde e marrenta.Uma coisa era achar isso dela, mas outra bem diferente era deixar ela falar daquele jeito autoritário com ele e escutar de boca fechada.
Ufa...que parte tensa essa. Para mim não foi muito fácil escrever essa parte do bullying, porque me senti mal pelo personagem.
O que acharam do melhor amigo do Pedro? E do fato do Pedro nunca defender seu irmão?
Me contem aqui nos comentários.
Bom no próximo capítulo vai ser a parte dois do capítulo 31, mas não terá esse mesmo título. Pelo motivo do outro capítulo ser voltado mais a primeira aula da segunda feira.
(Eu sei...está bem tarde e daqui a pouco amanhece, mas fazer o que? A inspiração veio essas horas e eu aproveitei haha)
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