3° Capítulo
Érica Sousa
- Rio de Janeiro
Três horas depois
Qualquer pessoa que entrasse naquele quarto ia se surpreender com toda a bagunça. O fato era que qualquer um que entrasse naquela casa ia dizer que ali havia passado um furacão.
Érica dançava animada pelo quarto. Estava com um pijama e seu cabelo tinha mechas azuis e roxas. O som da música no rádio não estava muito alto. Morava em um apartamento com seus pais.
Algumas roupas estavam jogadas pelo chão, em cima da cama e sapatos espalhados. Érica estava a vontade no apartamento, porque seus pais haviam viajado a três dias para o interior e a deixaram sozinha. Eles achavam a filha esperta, porém resolveram pedir a vizinha, Ruth,para ficar de olho em Érica.
A garota sabia que Ruth era fiel a seus pais e ela sempre ia até a casa deles para saber como ela estava. Érica odiava a super proteção dela e não tentava mostrar nenhum afeto pela vizinha.
Aproveitou que Ruth estava no trabalho para poder fazer o que quisesse. Faltava apenas um dia para seus pais chegarem de viagem. Ela parou de dançar olhando em sua volta para a bagunça que fizera. Desligou o som, suspirou e começou a apanhar as roupas colocando no guarda roupa de qualquer jeito.
Guardou seus sapatos na sapateira e se jogou na cama. Ela preferia estar sozinha, mas sentia muita falta de uma agitação.Aquele apartamento era calmo, pequeno e suas férias tinham sido monótonas. Érica havia aprontado na festa de ano novo com os amigos. Ela bebeu demais e quis tirar a roupa na frente de todos.
Seus pais foram informados do que aconteceu na festa por os amigos dela. Eles deixaram ela em casa e contaram tudo para seus pais. Tiveram coragem de rir da situação em vez de ajudá-la. Com isso Érica descobriu que não tinha amigos de verdade e desfez a amizade com eles.
Érica não sentia falta deles,mas tinha saudade de ter amizades verdadeiras. Depois do que aconteceu ela tinha medo de voltar a confiar. Por trás de sorrisos e atos rebeldes havia uma garota que tinha medo de arriscar e chorava somente quando estava sozinha.
Ela nunca mostrava para os outros quem realmente era.Não se importava com as opiniões alheias e se vestia como gostava. Seu lema era somente de aproveitar muito a vida. Nessa sua nova fase ela decidiu se distanciar de falsidades e curtir a sua vida do seu jeito.
Pouca coisa mudou, pois ela sempre aproveitou a vida. Érica já havia passado uma noite fora de casa, fumou sem seus pais saberem e falsificou a assinatura de sua mãe quando tinha 12 anos de idade. Esse havia sido seu primeiro ato que foi feito sem pensar e depois desse vieram outros.
Amizades novas na escola integral a influenciaram muito. Ela se deixava influenciar e confiava neles. Esteve do lado da falsidade por dois anos seguidos, mas sua primeira mudança era trocar de escola e sair de perto de pessoas falsas.
Nos últimos dias ela havia ficado menos rebelde e seus pais menos preocupados. Eles acreditavam que a filha havia aprendido que precisava parar de agir assim, mas na verdade ela só estava procurando ficar longe de confusões e começar uma nova etapa da sua vida.
Sua decisão de ir para outra escola foi uma surpresa para sua mãe.Ela precisou inventar uma desculpa dizendo estar cansada da rotina de estudos em tempo integral.Isso havia acontecido em dezembro. Eles então entenderam ela e a matricularam em uma escola municipal.
Seu pai já havia a castigado umas vezes, sua mãe a protegia um pouco e eles eram um casal bem diferente. Érica gostava deles apesar de não demonstrar. Odiava a super proteção de seu pai, mas não desejava nada de ruim para ele e gostava de ter uma família.
O casamento deles mostrava que os opostos se atraem.A jovem não queria se apaixonar mais por causa de um garoto que havia a machucado no passado. Ela era fácil de ser influenciada e quando conheceu esse garoto ele a influenciou.
Sua teimosia e vontade de viver a fizeram querer namorar o garoto que usava piercing e brincos. Ele nunca a amou e só brincou com ela. Eles quase tiveram uma noite de amor,mas nada aconteceu como ele planejou.O garoto quebrou seu coração e foi difícil para ela se reconstruir.
A garota de 14 anos havia mudado por causa dele. Conforme foi se passando o tempo ela não quis saber de amor. Não queria se apegar a ninguém e precisava focar em coisas realmente importantes e seu começo seria nessa nova escola.
Ela odiava pessoas muito mimadas e esperava estar livre disso na escola municipal. A porta se abriu e logo depois ela ouviu vozes, risadas e em seguida um:"ai meu Deus".
Érica deu um pulo da cama ouvindo as vozes de seus pais. Ela sabia que a sala estava uma zona por ela não ter arrumado essa parte ainda.
- Meus pais vão me matar- disse enquanto trocava seu pijama por um short e uma blusa de caveira.
- Dona Érica Carvalho de Sousa venha aqui agora- ouviu a voz de seu pai gritando.
Ela revirou os olhos, suspirou e saiu do quarto. Ele chamar seu nome todo mostrava que estava chateado. Eles mal chegaram de viagem e encontraram a casa como se houvesse passado um furacão.
Érica chegou na sala andando devagar e os observou. Sua mãe estava com a mão na boca enquanto balançava a cabeça e seu pai a olhava com aquele olhar reprovador.
- Oi?- ela começou- Vocês chegaram cedo-cruzou os braços- Não sabia que...
- O que significa isso?- seu pai a interrompeu gritando e ela engoliu em seco- Te deixamos aqui por três dias com a supervisão da Ruth e quando chegamos encontramos nossa casa parecida com um chiqueiro.
Ela teve vontade de sorrir ao escutar isso, mas segurou a risada. Continuou de braços cruzados e ergueu a cabeça.
- O que você fez filha?-sua mãe perguntou sussurrando, porém eles escutaram.
- Tenho direito de me divertir-ela finalmente disse os encarando-Ou só vocês podem sair e eu preciso ficar aqui presa sem diversão nenhuma?- arqueou uma sobrancelha.
Por dentro ela sentiu um pouco de medo da bronca deles. Como sempre ela continuou com a pose de "não estou nem aí" e com cara de pronta para se defender. Até para ela pareceu sem sentido o que acabou de falar, mas não voltou atrás.
- Está vendo, Daniela?-ele perguntou com raiva- Sua filha está fora de controle novamente e tudo é culpa sua- esbravejou e sua mãe abaixou a cabeça como se quisesse chorar.
- Você merece é estar presa mesmo- continuou- Chegamos cansados querendo descansar dessa viagem e você nos apronta uma dessa. Pensei que havia mudado- se aproximou dela, pegou em seu braço e a puxou com força para o quarto.
Daniela vendo o descontrole do marido correu seguindo eles e pediu que ele se acalmasse.
- Me solta- Érica gritou sentindo dor no braço-Está me machucando.
- Solta ela, Henrique- sua mãe começou a chorar- Nada de violência ok? Por favor.
Ele a soltou já no quarto e ela se segurou na porta para não cair. Pegou no braço com raiva.
- Você me envergonha-ele disse apontando o dedo para ela e saiu a passos largos de perto dela.
Daniela seguiu o marido de cabeça baixa. O silêncio voltou a reinar no apartamento.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro