25° Capítulo
Andreina Diógenes
O dia estava se iniciando. Sexta feira havia começado e o sol estava fraco, mas o tempo continuava abafado.
Algumas pessoas estavam acordadas em plena 06:00 horas da manhã, mas outros permaneciam dormindo.
Andreina havia se acordado cedo e estava no banheiro passando blush. Era o seu momento da manhã, pois ela sempre acordava bem cedo.
Os primeiros horários da manhã tinham que ser aproveitados para jovem.
Acordava, sentava na cama, respirava devagar com os olhos fechados, fazia alongamentos, colocava uma música de balé e começava a dançar.
Esses eram os seus costumes e fazer isso a fazia se sentir bem. Andreina gostava de se exercitar e amava dançar.
Todos os dias postava fotos nas suas redes sociais. Gostava de gravar vídeos ou lives no facebook.
Sempre postava tudo que planejava fazer no dia ou fotos de quando se acordava. Postar frases motivacionais também eram um de seus costumes.
Os seus seguidores aumentavam a cada dia. Nos comentários diziam que a admiravam e que queriam conhecê- lá um dia. A jovem sempre procurava responder todos os comentários e isso aumentava mais sua popularidade.
Ela saiu do banheiro, guardou a sua necessaire, pegou o seu Iphone e logo começou a gravar um vídeo.
- Good morning people- disse sorrindo para a câmera- Eu acabei de acordar e como sempre me lembrei de vocês. Acordei desse jeito- passou a mão no rosto e colocou o cabelo de lado- Um bom dia para vocês e um ótimo final de semana.
Ela postou o vídeo junto de uma frase de motivação. Guardou o celular na mochila e sorriu. O que nenhum dos seus seguidores sabiam era que ela se maquiava antes de gravar os vídeos.
Fazer isso era uma forma de estar sempre conectada e postar sobre sua rotina.
- Como vou continuar com isso?- ela perguntou para si mesma quando percebeu que havia trocado de escola - Eu não posso postar fotos naquela escolinha de gente pobre. Eu preciso manter minha rotina aqui, mas como faço agora?
Decidiu começar a tomar seu banho e pensar nisso em outra hora. Os seus amigos sabiam que ela havia saído da escola particular.
Contar para eles que estava estudando na escola municipal não era uma boa ideia para ela.
Nas férias seus amigos perguntaram onde ela iria estudar, mas mentir foi a sua única opção naquele momento.
Havia dito que iria para uma ótima escola particular onde tinha aulas de teatro e dança. Não podia dizer tudo o que aconteceu, pois ninguém podia saber sobre a nova escola municipal.
A garota sentia que isso podia acabar com sua reputação. Seus amigos eram populares, viviam bem, eram filhos de advogados, engenheiros, médicos ou de empresários.
As meninas eram como influências para outras novatas que queriam ser como elas.
Muitos daquela antiga escola queriam ser do grupo dos populares.
Naquele momento ela se sentiu mais sozinha.Saiu de uma escola exemplar para ir estudar com pessoas pobres. Era como perder tudo o que tinha, pois a sensação de perda era algo que a incomodava.
Parecia que ninguém estava ao seu lado.
No banho ela decidiu que continuaria mentindo. Iria contar para os amigos que estava adorando a nova escola e fingiria o quanto fosse preciso. Nunca poderiam desconfiar de nada.
Faria o que fosse preciso para que ninguém soubesse. Se descobrissem seria bem ruim.Era assim que a garota pensava.
Andreina vestiu uma blusa rosa, calça jeans e calçou o seu tênis lilás.
Ela abriu o guarda roupa, pegou sua caixa de jóias, se sentou na cama e a abriu.
Pegou uma pulseira que havia comprado em uma joalheria no dia anterior. Colocou a pulseira nova no braço e se lembrou do que aconteceu nessa joalheria.
Na quinta feira a tarde a jovem foi a uma joalheria. Esse lugar era um dos seus preferidos em um shopping, mas enquanto ela estava escolhendo uma pulseira aconteceu algo inesperado.
Uma garota de cabelo castanho e um pouco baixa roubou um anel.
As poucas pessoas que estavam no lugar ficaram observando. Uma delas foi Andreina. A garota ainda teve a coragem de fingir surpresa quando o segurança achou aquele anel em sua mochila.
Quando ela, o segurança e mais três pessoas foram a gerência todos presentes ficaram conversando aos sussurros.
Fez careta ao pensar nisso. Não sabia quem era aquela garota, não tinha motivos suficientes para julgá-la.
Apesar disso ela tinha preconceito com pessoas pobres e pensava que uma maioria eram ladrões ou viriam a ser quando estivessem adultos. Essa era a sua forma de pensar sobre roubos.
Saiu do quarto, foi para a cozinha e pegou a garrafa do café. A sua mãe se aproximou dela cantando baixo. Ela estava usando o seu avental e estava com as mãos sujas de massa.
- Não acredito que a senhora passou a noite fazendo bolo- a jovem disse e se sentou- Sabia que isso faz mal? Não dormir bem a noite faz muito mal.
- Bom dia para você também- a sua mãe sorriu- Eu não estava fazendo nenhum bolo. Só estou usando esse avental sujo porque preciso começar a fazer o bolo que uma amiga minha me encomendou. Eu estava mexendo com a massa também.
- Fico mais aliviada sabendo disso-ela respirou fundo e começou a tomar o café- Seus bolos são muito bons, mas a senhora precisa de descanso.
- Hoje o seu pai vai ir lhe deixar na escola- sua mãe disse calmamente e ela cuspiu todo o café- O que houve filha?
Mariana bateu nas costas da filha e ficou preocupada. Andreina começou a se recuperar do susto e olhou para a mãe.
- Ele não pode ir comigo- balançou a cabeça- A senhora que sempre vai me deixar. Se tiver algum compromisso então me avisa que vou sozinha...
- Não entendo o espanto- ela suspirou- Você e seu pai são bem parecidos e eu sei que as vezes ele faz todas as suas vontades. Por que não quer ir com ele?
- Eu amo o meu pai- disse rápido- Mas ele as vezes me trata como criança. Chegar com meu pai na escola será um mico.
- Tente convencer ele a não ir com você-deu de ombros despreocupada- Seu pai quer conhecer a escola.
- Ele vai odiar- ela revirou os olhos irritada- Deixa que vamos ter uma conversa mãe. Sabe o que aconteceu ontem na joalheria?
- Pode me contar- a olhou parecendo interessada em saber.
- Uma garota roubou um anel- logo respondeu sem fazer suspense-E foi naquela joalheria. Aquele lugar já foi melhor frequentado sabia?
- Não sei o que essas pessoas tem na cabeça para roubarem-lavou as mãos.
- São gente pobre- disse com certeza na voz- Tenho nojo de pessoas assim e não nasci pra ficar rodeada dessa pobreza. Imagina quantos ladrões deve ter naquela escola municipal.
- Eu não vou dizer mais nada-disse irritada e enxugou as mãos- Eu e você já conversamos sobre isso. Assunto encerrado ok?
Sua mãe saiu da cozinha com raiva e Andreina percebeu que ela devia não querer mais tocar naquele assunto outra vez. Para seus pais era a melhor decisão que haviam tomado.
Ela terminou o café da manhã e foi conversar com seu pai. No final da conversa não conseguiu convencê-lo. Ele queria mesmo conhecer onde a filha estudava.
O que ela pôde fazer foi aceitar a insistência dele.O seu pai e ela saíram de casa quando estava na hora de ir para a escola.
Rafael Santos
Final de semana estava chegando. As aulas chegavam ao fim e estava ainda no começo do ano. Começo das aulas era sempre normal, sem novidades e com tempo livre.
Era desse jeito que as coisas costumavam funcionar na escola municipal. Os alunos veteranos estavam acostumados com isso.
Para Rafael estava sendo legal poder estudar com seus amigos. Carla e o Daniel junto com Rafael formavam o trio inseparável, mas Matheus e João eram amigos deles também.
Para os três os dois não podiam se juntar a eles para formar um quinteto.
Carla, Daniel e Rafael eram amigos a mais tempo e não achavam legal acabar com o trio deles. O João e o Matheus eram mais uma dupla.
Eles concordavam com isso. Era bom para todos.
Rafael pensava neles porque os dois ainda não haviam aparecido. Desde quarta feira o trio não conversava com eles. João poderia faltar, mas o Matheus nunca faltaria os primeiros dias de aula.
O jovem desceu do ônibus um pouco cansado. Havia ficado em pé por todo o caminho. Ele ainda teria que andar por várias ruas antes de chegar a essa escola. Nesse dia levou seu skate para poder o ajudar a chegar mais rápido.
- Nossa- ele suspirou- Como eu queria morar vizinho a escola. Chegaria bem antes de abrir o portão.
Começou a andar de skate e logo se sentiu livre enquanto andava pelas ruas. No caminho começou a pensar em seus avós.
Eles estavam passando por umas dificuldades, porque os dois não trabalhavam mais. Única coisa que os ajudava era a aposentadoria.
Rafael queria poder fazer algo para mudar essa situação. Sabia que os avós haviam sofrido muito por culpa dele mesmo.
Pela irresponsabilidade do neto, infantilidade dele na escola, seu jeito agressivo, a sua primeira expulsão e pelo jeito teimoso dele por nunca querer desistir.
Por mais besta que fosse se ele colocasse na cabeça que queria algo ou descobrir algo iria até o fim.
Não sabia como trazer orgulho para os seus avós e sabia que não era um garoto obediente. Fizera os seus avós sofrerem e não podia prometer nem para si mesmo que nunca mais faria algo de errado.
Ele precisava cumprir suas promessas e ser persistente em relação a isso. O problema era que a vida não fazia tanto sentido.
A morte dos pais dele o fizeram ver o mundo verdadeiro, real, sombrio e injusto. Aprendeu desde cedo como as coisas funcionavam e apesar de ser criança na época teve que passar por momentos difíceis.
Ele não foi uma criança com ilusões, pois aprendeu que as pessoas não são eternas, papai noel não existe, coelho da páscoa é só uma invenção e nem pensar em fada do dente.
Ele estava dobrando em uma rua para poder cortar caminho quando foi surpreendido por um carro. O carro era branco e com vidro fumê.
Iria entrar na rua, mas percebeu tarde que o carro vinha rapidamente em sua direção para seguir direto.
O motorista buzinou ao ver o garoto. Rafael tentou desviar, mas acabou não conseguindo. Ele gritou antes de ser atropelado quando o carro veio direto na sua direção.
O seu skate foi parar quando bateu em um poste. Ele havia desmaiado nesse momento da batida.
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