23° Capítulo
Mirela Oliveira
Ela se sentia triste. Estava mal com tudo o que havia acontecido e sentia- se culpada por não ter feito nada para ajudar.
Apenas observou seus colegas rindo e participando daquela brincadeira sem graça, porque ela não tinha feito nada para impedir que aquele papel chegasse as mãos de Emanuel.
Ela parou de escrever o que estava na lousa, olhou para as suas amigas e as observou. Ana Silva e Emily Moreira eram as suas melhores amigas desde o 7° ano. O único menino que era do grupo delas se chamava Davi Dantas.
Eles três conversavam animados enquanto escreviam no caderno.Ela abaixou a cabeça inquieta lembrando de que seus amigos haviam assinado os seus nomes no papel.
Suas amizades eram verdadeiras, fiéis e eles não se misturavam com todo mundo, mas os três nunca gostaram muito de Emanuel e somente por isso resolveram colocar os seus nomes no abaixo assinado.
Quem teve a ideia de fazer o abaixo assinado foi o garoto popular da sala e ele quem escreveu aquilo dizendo para Emanuel desistir da vida e ainda se matar.
Quando Mirela soube o que o garoto popular escreveu ficou assustada com a crueldade do ser humano e a sua amiga, Emily, pareceu arrependida por ter participado daquilo.
- Professora- a garota disse e levantou a mão apreensiva- Preciso sair...estou com falta de ar.
A professora de ciências a olhou e pareceu avaliar se era verdade.
- Vou deixar você ir só por conta que está perto do intervalo- disse e voltou a escrever.
Ela saiu da sala e respirou fundo ao ver que sua mentira funcionou.Agora precisava muito saber onde estava o seu colega e tentar o ajudar.
Ajeitou o óculos no rosto olhando ao redor por onde passava.Se encostou em seu armário e começou a pensar em um possível lugar que o garoto poderia estar.
- Como são cruéis com ele- disse e continuou andando- O julgam só por ser calmo e tímido. São tão infelizes. O que vêem de legal fazendo isso?
Começou a andar falando sozinha e agradeceu por não ter mais ninguém fora da sala. Ela suspirou cansada de o procurar e quando ia desistir foi que ouviu o som de uma porta ranger do seu lado direito.
O barulho vinha do banheiro dos meninos.
Emanuel apareceu andando saindo do banheiro de cabeça baixa. Parecia cansado e muito triste. Se aproximou dele com passos lentos.
Tudo parecia passar em câmera lenta enquanto criava coragem para falar com ele. Finalmente ela diminuiu a distância entre eles e parou de andar.
- O-oi- gaguejou tocando no braço dele e o mesmo se afastou asssustado- Não foi minha intenção te machucar.Você está bem?
Ele levantou a cabeça a olhando nos olhos. Mirela percebeu que segurava a respiração e soltou o ar se sentindo meio tonta.
- Parece que eu estou bem?- ele ficou a encarando depois da pergunta.
- Eu sinto muito pelo que eles fizeram na sala de aula- ela tentou ignorar a culpa que estava sentindo- E que se você precisar conversar pode contar comigo.
- Você é legal, mas acho que não vai querer estar perto de mim- dito isso ele saiu andando rapidamente e a deixou com dúvidas.
O sinal do intervalo tocou de repente. Em pouco tempo os alunos do ensino médio desceram as escadas, o silêncio foi interrompido, as crianças do 5° ano correram para a fila da merenda.
A garota ainda estava pensando na conversa com o seu colega. Por isso permanecia no mesmo lugar sem se se mexer e olhava para o chão.
Escutou passos por perto, porém não quis saber quem era.
- Oi pirralha- uma voz conhecida disse e ela sentiu alguém pegando em seus ombros. Era a sua irmã, Carla.
- Oi- a olhou forçando um sorriso e sua irmã arqueou as sobrancelhas.
- Por que estava aqui parada hein?-ela perguntou e cruzou os braços.
- Não foi nada, Carla- a abraçou forte sorrindo tentando a convencer que estava tudo bem- Eu senti muito a sua falta.
- Ah também senti sua falta pirralha- sorriu retribuindo o abraço- Não vai mesmo me contar a verdade?
- Eu já disse que não foi nada e não me chame de pirralha, porque assim parece que sou uma criança- forçou uma voz de raiva e Carla gargalhou.
- Você não sabe fingir as coisas direito -balançou a cabeça- Só eu e a mãe que sabemos.
Elas sorriram um pouco lembrando de algumas coisas que Carla e a sua mãe, Cristina, inventaram quando eles ainda estavam juntos.
- Onde está o seu fiel companheiro?-a garota resolveu perguntar isso se referindo a Daniel.
- Deve estar enfrentando aquela fila da merenda- ela respondeu entediada
-Tem certeza que não tem nada para me dizer?- fez essa pergunta pelo que veio em sua mente do dia anterior quando percebeu seu pai com uma mulher em frente a escola.
- Do que está falando?- Mirela acabou percebendo que a sua irmã ficou intrigada.
- Ontem eu vi o papai, você e os seus amigos junto de uma mulher- disse tudo bem rápido e suspirou- E isso me deixou confusa.
- Ah Mih- a jovem desviou o olhar e pressionou as têmporas- Esse assunto me traz dor de cabeça só de pensar na selvagem.
- Tem alguma coisa que você está escondendo de mim?- gritou por causa do barulho das conversas
- Eu vou te contar tudo, Mih. É errado te deixar sem saber de nada e nós duas precisamos estar juntas nessa.
- O que está acontecendo?- se sentou no chão e Carla sentou do seu lado- Só me diz logo a verdade.
Carla respirou fundo começando a contar toda a história desde quando ela descobriu o namoro virtual de seu pai até o dia que ele teve a ideia de convidar sua namorada e a filha dela para vir morar com eles.
Mirela ouviu atenta a tudo e não se surpreendeu muito por já suspeitar que seu pai estivesse namorando. O que mais chamou sua atenção foi por esse namoro ter sido virtual.
Pedro Miranda
A manhã estava chegando ao fim e o final das aulas havia acabado.O sinal na escola tocou as 11:30. Horário que fazia muitos alunos saírem sempre se esbarrando uns nos outros na hora da saída.
Com a volta as aulas o casal popular da escola voltou a ser o assunto do ano entre os alunos. Alguns haviam percebido o distanciamento deles e ficaram tentando saber o que de fato tinha acontecido.
Ao contrário de outras pessoas que tinham inveja do casal e só ficavam torcendo para eles se separarem.
O shipp gabspedro se iniciou a um ano atrás.
Na volta para casa Pedro fez questão de ir com Gabrielle, mas eles foram de bicicleta. O jovem foi pedalando e ela ficou na garupa.
Pedro parou a bicicleta na frente da casa dela e eles desceram.
- Está entregue- ele disse e colocou a bicicleta no descanso.
- Obrigada meu amor- deu um selinho rápido nele- Está chegando o final de semana.
Gabrielle olhou para ele fazendo um biquinho e piscou os olhos.
- O que você acha da gente sair nesse domingo?- colocou os braços ao redor do pescoço dele.
- Podemos combinar melhor depois- ele respondeu com os olhos fixos na casa ao lado.
- Olha para mim amor- se virou para ver para onde ele estava olhando- O que foi?
- Eu preciso falar com a Carla- disse sem fazer rodeios e ficou pensativo.
- A Carla é mais importante que a gente?-colocou as mãos na cintura e ficou com raiva.
- De onde você tirou isso?- finalmente ele perguntou olhando para ela.
- Você parece distante, não quer ficar comigo por muito tempo, me evita e ainda esquece da sua namorada toda vez que passa por algum problema- ela balançou a cabeça irritada.
- Eu não te evito- disse fechando os olhos- Me perdoa se as vezes parece que estou fazendo isso, mas preciso mesmo falar com a Carla.
- O que você tiver para falar com a sua amiguinha pode dizer na minha frente-bateu na porta da casa vizinha -Satisfeito agora, Pedro?
A voz de Gabrielle era de irritação.Ela cruzou os braços e ficou esperando.
A porta se abriu, mas não foi Carla que atendeu.
Pedro ficou observando a garota um pouco baixa, cabelo castanho e olhos da mesma cor. Era Natália que havia atendido a porta.
Gabrielle pegou na mão de Pedro e a encarou.
- Você de novo, garoto?- foi a primeira coisa que Natália perguntou com voz impaciente.
- Eu vim conversar com a Carla. Ela não chegou?- ele sorriu se divertindo com aquilo.
- O Victor foi buscar a patricinha na escola- o jovem ficou intrigado com a resposta.
- Acho que estamos falando de outra pessoa, porque a Carla não é e nunca foi patricinha-ele fez careta.
- Não estou nem aí para ela-disse e finalmente olhou para a garota que segurava a mão dele.
- Eu sou a namorada dele- Gabrielle ergueu a cabeça- E voce? É alguma novata?
- Seu namorado não te contou que me atropelou quando estava andando de bicicleta?- se escorou na porta e o casal se entreolhou- Foi assim que eu e o Pedrinho nos conhecemos.
- Sim- ela acabou dizendo depois de um tempo- Meu namorado me conta tudo. Então como a sua amiga não chegou acho melhor irmos para casa amor.
- Ah ele te conta tudo- ficou surpresa e franziu as sobrancelhas- Que namoro lindo o de vocês. Desejo muita sorte para os pombinhos.
- É verdade amor- soltou a mão de Gabrielle- Ainda preciso ver se meu irmão já chegou em casa.
Ele olhou para a garota, estendeu a mão e deu um sorriso cativante. Ela ficou intrigada e apertou a mão dele.
- Qualquer dia a gente se esbarra por aí de novo- ele disse divertido.
O casal se afastou da garota e ela foi logo fechando a porta. Gabrielle entrou em casa, Pedro subiu na sua bicicleta e saiu pedalando pelas ruas.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro