21° Capítulo
Rafael Santos
O seu relógio de pulso marcava 06:55 e o jovem estava dentro do ônibus.Ele iria chegar atrasado na escola. Bufou e passou a mão na testa para tirar as gotas de suor.
A sua manhã havia começado bem ruim pelo simples motivo de que ele esqueceu de colocar o despertador para tocar.
Ele acordou somente por causa do som da televisão ligada na sala onde o seu avô assistia o jornal. Havia se arrumado rapidamente e nem tomou o café da manhã.
O seu relacionamento com seus avós era meio distante, mas eles sempre se preocupavam com ele. Se sentavam a mesa para as refeições, oravam antes de comer e conversavam sobre como foi o dia de cada um.
Rafael nem sempre queria conversar com eles e passava a maior parte do tempo trancado no quarto ou decidia sair sozinho. As vezes era melhor ter somente a sua companhia.
Seus avós tentavam não o pressionar a contar algo se percebessem que o jovem estava estranho ou triste.Para eles era melhor deixá-lo sozinho, pois queriam o bem dele.
Era difícil vê-lo se estressar com os avós, mas ele já havia dado bastante trabalho para eles. Depois de perder os pais seu mundo ficou sem sentido nenhum.
Antes era bastante interessado nos estudos, mas seus traumas do passado o fizeram ver o mundo com outros olhos.
Ele podia nunca admitir, mas as vezes se sentia inseguro, triste, com raiva ou ainda culpado. Traumas que o jovem precisava lidar todos os dias.
Um acompanhamento psicológico não era uma boa solução. Ele achava que conversar com uma pessoa sobre os seus problemas podia ser ruim pelo fato de que esse psicólogo nem ia o entender direito.
Com o tempo Rafael percebeu que as pessoas só sabiam de verdade o que outra pessoa estava passando quando passavam pela mesma situação.
Quando era criança perdeu muitas aulas depois da morte dos pais, os vídeos no computador o ajudaram a se distrair e foi nesse tempo que ele conheceu várias músicas novas.
Estar com os fones no ouvido era como se desligar do mundo.Enquanto ouvia o som da batida da música era o momento que as vozes das pessoas se silenciava. Era quase uma solução para o seu problema.
Encarar a realidade sem seus pais foi o mais difícil. Momentos como o dia das mães na escola onde presenciou as crianças sorrindo e presenteando suas mães com rosas ou cartas.
O dia das mães e dos pais ficou triste e escuro. Como um dia sem sol, sem nuvens, sem nada que clareasse ou trouxesse alegria.
Ele cresceu e os seus traumas sempre o seguiram.Confiança era algo difícil e que não tinha mais. A sua vida se resumia em solidão mesmo tendo os avós por perto.
A adolescência só piorou mais ainda o seu jeito de ser. Não prestava mais atenção as aulas, conversava muito ou fazia bolas de papel para jogar nos outros.
Praticou bullying algumas vezes e brigou com um colega quando tinha 14 anos. Essa briga foi séria e no final eles dois foram expulsos da escola.
Seus avós eram chamados por causa do seu comportamento. Isso só os deixava mais preocupados e tristes por suas atitudes.
As providências era colocar ele de castigo,conversar ou apenas tirar o seu celular. O jovem nunca brigou ou gritou com os avós, pois os respeitava.
Rafael era competitivo e se chateava quando as coisas não saiam como queria. Ele podia ser problemático e difícil, mas tinha sonhos.
Uma coisa sobre ele que só Carla e Daniel sabiam era que cemitérios se tornaram seu lugar. Visitava os pais no cemitério com os avós e nos dias de hoje podia ir sozinho.
Andar pelo cemitério trazia medo para alguns, mas para ele era bom por sentir a paz do lugar. Levava flores ou ia apenas conversar com os pais e chorava as vezes.
O ônibus parou e algumas pessoas desceram com o jovem. Começou a andar rapidamente, pois ainda tinha umas ruas pela frente.
Ao chegar na escola encontrou alguns alunos entrando apressados. O sinal provavelmente já havia tocado. Ele só suspirou e andou mais rápido.
Antes dele passar pelo portão da escola ouviu uma voz o chamando.
- Rafael?- se virou respirando fundo e se deparou com sua ficante. Era Rayra Valentina.
- Rayra?- perguntou surpreso- O que você está fazendo aqui?
-Eu vim te ver- ela disse com sua voz doce e sorriu- A sua amiga, Micaela, me disse onde você estava estudando. Não gostou da surpresa?
Rayra Valentina era uma garota baixa e tímida. Ela tinha vergonha de beijar em público e isso chateava um pouco o jovem, mas eles se davam bem.
A garota tinha o corpo atraente, olhos cor de mel, de baixa estatura e cabelo preto. Eles se conheceram na rampa e desde então ficaram amigos.
Rafael havia ensinado Rayra a ser um pouco menos tímida, aprender a não ter medo dos problemas, se arriscar as vezes e a principalmente viver novas coisas.
Com um tempo de amizade eles dois decidiram ter uma amizade colorida e assim começaram a sair juntos mais vezes. A jovem estava aprendendo a se arriscar mais e perdendo um pouco da sua timidez.
- Gostei...- ele começou- Mas agora não é uma boa hora.Eu tenho aula, Tina.
- Então a gente se encontra hoje lá na rampa?- perguntou esperançosa.
- Na mesma hora de sempre- disse e deu um beijo rápido nela sorrindo- Até mais tarde, Tina.
Neste dia os dois estavam querendo mesmo se encontrar, pois algumas das regras estabelecidas da relação deles era de que nenhum podia se apegar ou forçar o outro a ficar.
O jovem beijou a testa de Rayra e a abraçou. Depois de se despedirem ele correu para dentro da escola já se preparando para a possível bronca que levaria de qualquer professor que estivesse na sala.
Júnior Fernandes
Naquele dia o jovem havia ido para a escola andando de skate e ao chegar atraiu mais olhares de algumas das garotas.
Ele não tinha feito nenhuma amizade e conversou somente com Luciana. Aquele era era o segundo dia de aula para os alunos da Escola Municipal Henrique Alves.
Desde o dia em que o jovem teve a brilhante ideia de beijar a sua prima que eles não se falaram mais, porque Gabrielle o evitava na sala de aula e nos corredores.
Júnior sabia que ela devia estar com ódio dele, mas não se importava pelo simples fato de que para ele isso foi somente mais um beijo.
Pedro e Gabrielle haviam chegado a escola de mãos dadas.O namoro deles continuava e Júnior se surpreendeu por eles não terem terminado.
O sinal tocou as 07:00. A primeira aula era de inglês com o professor Valmir.
Ele entrou e sorriu para os alunos.
- Good morning, class- disse animado chamando a atenção para ele, porque quase todos conversavam.
- Good morning teacher-alguns alunos disseram.
- Agora é hora de aula- bateu com o apagador na lousa. A maioria olharam para ele- Obrigado turma.
Ele agradeceu quando as conversas pararam e sorriu.
- Sou o professor Valmir e eu ensino inglês. Alguns aqui já me conhecem- apontou para algumas pessoas- Mas eu estou vendo rostos novos aqui.
Júnior suspirou, bateu o lápis na mesa e ficou observando o professor.
- Então antes de começarmos a aula de english eu vou tirar esse tempo para que os alunos novos se levantem e se apresentem. Quem vai ser mesmo o primeiro a...
A fala do professor foi interrompida quando alguém entrou na sala. Todos olharam para porta.Era um garoto, ele nem pediu licença antes de entrar e muito menos se importou de falar alguma coisa.
- Está atrasado- Valmir disse para ele- Você teve sorte de terem te deixado entrar no 1° tempo.
O garoto assentiu com a cabeça e foi se sentar sem dizer uma palavra.
- Já que o aluno me interrompeu vou continuar o que estava dizendo e o primeiro a se apresentar a class vai ser- fez um pouco de suspense- Você aí-apontou para o que chegou atrasado.
- Apresentação? Para que isso?- ele perguntou e suspirou com o olhar de Valmir- Tudo bem...sou o Rafael, mas todos me chamam de Rafa. Eu nasci em Minas Gerais e me mudei para morar aqui no Rio de Janeiro quando era bem novo. É isso aí tio.
Ele disse isso rapidamente,se sentou e uma garota se levantou. Júnior achou ela bonita, uns meninos começaram a assoviar e outros olharam para ela.
- Hi teacher Valmir- ela disse sorrindo para ele- Eu sou a Andreina Diógenes Santos e vim de uma ótima escola. O meu pai...- apontou para si mesma e pareceu falar com orgulho- Meu pai é um ótimo dentista e o meu sonho é ser uma médica-disse com voz de superioridade, se sentou e cruzou as pernas.
O jovem sorriu com o jeito dela e logo pensou que ela era uma patricinha. Ele decidiu se apresentar.
- Oi para todo mundo- ele começou sorrindo e continuou- Meu nome é Júnior...
Uma garota que estava no fundo da sala se abanou o olhando e suspirou.
- Ah esse aí é um gatinho-disse para as suas amigas e ele escutou.
O garoto olhou para trás e piscou o olho para ela.
- Estou muito feliz de estar estudando aqui e ainda na mesma sala da minha priminha Gaby que me adora- gritou e os alunos olharam para ela.
Gabrielle ficou com raiva e cruzou os braços.
- Priminho- o provocou sorrindo bem forçado- Você é tão convencido que chega a cansar-balançou a cabeça e revirou os olhos.
Pedro olhou sério para a namorada e pareceu ficar intrigado. Júnior sorriu, mordeu o lábio e se sentou.
A próxima a se apresentar foi uma garota. Ela tinha mechas azuis e roxas no cabelo.
- Eu sou a Érica. Estou animada com essa nova escola e a única pessoa que conheço aqui é o nerd ali- ela apontou para Daniel que logo ficou com rosto meio vermelho e deu de ombros.
- Bom se ser ótimo em desenho conta com ser nerd então... acho que posso me considerar um- ele a encarou com um sorriso maroto e pareceu estar se divertindo com isso.
- Infelizmente o nerd/desenhista é o meu vizinho- disse sussurrando para a sala como se contasse um segredo e finalmente se sentou.
O restante dos alunos somente os observavam, alguns sorriam e outros tentavam mexer no celular.
Valmir, professor de inglês, agradeceu aos alunos e iniciou a sua aula.
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