18° Capítulo
Pedro Miranda
Naquele dia o jovem não queria jogar e nem estava muito a vontade para socializar.Ele queria ficar distante das pessoas. Poder pensar sem nenhuma interrupção.
Seu despertador não tocou naquela manhã, pois ele nem o colocou para despertar. O jovem passou a noite em claro.
Michel havia saído de casa as 06:30 para ir trabalhar na escola onde ele ensinava. Sua sala antiga do 3° ano do fundamental o esperava. Ia ser mais uma manhã de trabalho e barulho com aquelas crianças.
Pedro e Emanuel foram pegar o ônibus para irem a escola. O ônibus de sempre estava com alguns alunos a mais do que no ano passado.
O jovem estava pronto para a mesma rotina da manhã. Tinha que passar por isso, estudar se fosse preciso e como sempre fingir que estava bem. O seu grupinho de pessoas populares sempre se reunia na frente da sala e quando Pedro chegou na escola os encontrou no lugar de sempre.
Ele sentia sono, pois não dormiu a noite com vários pensamentos na cabeça. Começou com sua mente se dirigindo ao beijo de sua namorada com o primo dela e depois aquelas lembranças do dia que ele soube do abandono da mãe.
Pensamentos esses que sempre vinham o assombrar, mas ele gostaria que o beijo nunca tivesse existido de fato. Sentia raiva de Gabrielle, mas sabia que os dois precisavam se resolver.
Quando estavam na sala ele só falou com quem lhe interessava e observou de longe sua namorada entrar junto com Luciana. Elas eram muito amigas e pertenciam ao grupo de Pedro.
Seus amigos perceberam seu jeito e o distanciamento dos dois. Ele precisou mentir para todos que perguntaram dizendo que eles tiveram só um desentendimento.
Na sala percebeu que Gabrielle parecia distante e se atreveu a o olhar algumas vezes. Pedro desviava o olhar rapidamente e fingia não estar a observando.
Antes do professor chegar um novato entrou na sala. Pedro o reconheceu assim que o viu e sentiu uma raiva crescendo dentro de si. Era o primo de sua namorada. Júnior era um dos novatos naquele ano.
Ele precisou se segurar para não se levantar da cadeira e ir tirar as satisfações com o garoto. O sorriso de convencido dele permanecia e isso fazia Pedro ter mais raiva.
Na terceira aula todos foram para a quadra com a professora de educação física. O jovem foi para de trás das arquibancadas. Se sentou no chão onde não estava sujo e aproveitou aquele silêncio.
Logo ele ouviu passos pisando em algumas folhas que haviam ali e quando levantou a cabeça se deparou com a pessoa que estava evitando a dias.
- A gente precisa conversar-ela disse parada a uma distância dele.
Era Gabrielle. Ela estava muito linda e isso o desconcertou um pouco. Seu olhar mostrava tristeza e sua voz demonstrava um certo nervosismo.
Mordia o lábio em um ato que o garoto já conhecia. Ela estava mesmo nervosa.
- Eu também acho-disse sem saber como começar essa conversa.
- Eu posso?-perguntou indicando com o dedo o chão e ele só assentiu com a cabeça. Gabrielle sentou ao seu lado.
- Concordo que precisamos ter uma conversa- ele disse seco- Eu sempre fui fiel no nosso namoro e você nem ao menos pensou em mim. Na primeira oportunidade já foi ficando com seu primo.
- Não, Pedro-disse rapidamente- As coisas não foram assim. Por favor você precisa entender-sua voz estava desesperada e seus olhos começaram a se encher de lágrimas.
- Então me explica-ele se alterou e seu rosto ficou vermelho.
- O Júnior-ela começou- Chegou lá em casa de surpresa e começamos a conversar-tomou fôlego nervosa- Você sabe como ele gosta de se aproveitar das... situações.
- Eu só sei que esse seu primo é um completo babaca com as garotas- a interrompeu com raiva.
- Ele me beijou a força-ela disse rápido demais e isso fez que ele a olhasse confuso- Foi só isso que aconteceu.Eu nunca iria te trair com ninguém. Você não tem ideia de como estou mal com isso tudo.
- A força?-perguntou alterado e se levantou- Pelo que vi naquele dia você parecia estar gostando-gritou enquanto andava de um lado para o outro.
- Me escuta-ela se assustou com seu jeito e se aproximou dele- É verdade o que estou te contando. Você precisa acreditar em mim. Eu te amo e nada vai mudar isso.
- Não. Depois daquele dia eu não sei é mais de nada. Como quer que eu confie em você depois do que aconteceu? Acha que é só apagar a traição com uma borracha? Nada vai mudar o passado.
- Por favor-derramou uma lágrima e pegou em seu braço- Eu te amo com o mesmo amor de quando a gente começou a namorar. Esquece ele, pois o que temos é um sentimento lindo- ela sorriu um pouco- Nada vai mudar o que eu sinto por você.
Pedro tentou se acalmar e olhou em seus olhos. Ele não sabia se confiava nela, pois tudo indicava o contrário. Que havia mesmo uma traição e que os dois pareciam querer aquele beijo.
- Esquecer não tem como-balançou a cabeça- Aquela cena me destruiu.Eu ainda estou com raiva de você. Nunca pensei que você seria capaz até te ver beijando outro cara.
- Quero ficar bem com você de novo- pegou nas mãos dele- Não vamos dar esse gostinho para meu primo. A gente terminar por culpa dele sabe? Acho que é isso o que ele quer.
- Não sei quais os planos desse cara, mas eu não me importo -disse sério- Você sabe que eu também...te amo- ele disse meio perdido e sem muita certeza se estava sendo sincero com ela.
- Então você acredita em mim, Pê?- perguntou com esperanças na voz e sorriu.
- Vocês brigam como cão e gato. Um dia estão bem e no outro já estão se implicando. Só toma cuidado com ele, Gaby-pediu- Se ele te agarrou a força como você disse então esse seu primo é muito mais aproveitador do que pensei.
- Vamos esquecer isso que aconteceu. Deixar no passado. Você nunca duvide do que eu sinto por você e de que pode sempre confiar em mim. Sempre, sempre e sempre.
- Nossa meta-sorriu fraco- É eu e você sempre juntos contra o mundo. Eu também odeio ficar brigado com você e nem quero mais falar desse cara.
- Nós sempre juntos-ela dá um selinho nele sorrindo.
- Contra o mundo-completou a frase de meta do casal. Eles se abraçaram.
O garoto não sentia mais o amor que sentiu no começo do namoro, porém gostava dela. Era um sentimento meio confuso para ele.
Depois que flagrou o momento dela com seu primo sentiu raiva.Era como se tivesse medo de perdê-la e isso só o deixou mais confuso em relação a seus sentimentos.
Pedro beijou Gabrielle. Aquele beijo estava cheio de saudade e era da parte dos dois daquela vez.
Júnior Fernandes
-09:30 da manhã
O sinal tocou e os alunos saíram das suas salas. Estar em uma nova escola era muito bom para ele pelo fato de ter pessoas novas para conhecer. Ele adorava fazer novos amigos e tinha uma facilidade para socializar.
Ao chegar na escola ele preferiu ficar andando sozinho. Onde passava havia algumas meninas que lhe lançavam olhares e sorrisos. Ele retribuía com seu sorriso perfeito e percebia uns suspiros das meninas.
Quando havia chegado na sala do 2° ano percebeu um papel apregado na porta. Ali eram os nomes dos alunos que seriam daquela sala esse ano e o seu nome estava na lista.Agora era do 2° ano B.
Tinha um grande quadro verde, a sala era forrada, parede branca e o jovem observou as janelas que eram Maxim Ar. Havia um ventilador em cima do quadro e mais quatro ventiladores do lado esquerdo e do direito.
As primeiras aulas haviam sido bem tediantes para ele e na de educação física ele só ficou sentado sozinho escutando músicas.
Sua prima nem se quer olhou para ele, pois estava séria e tinha um olhar triste. Júnior imaginou que essa sua tristeza tinha a ver com o popular da escola e por causa daquele beijo que ele praticamente a obrigou.
O sinal tocou para o intervalo e ele escutou de longe alguns gritos de crianças do 5° ano. Os alunos ficaram animados com a hora da merenda e de algumas brincadeiras.
Júnior saiu da quadra aproveitando para observar melhor cada local, pois achou aquela escola bonita. Ele nunca teve preconceito nenhum com escola municipal.
Quando ia para a fila da merenda escutou uns assovios. Ele olhou para trás e percebeu uma garota magra e alta.Ela vinha andando, sorria e ainda falava com algumas pessoas. Sendo a maioria meninos.
Aquela garota parecia ser familiar para ele. Como se a conhecesse de algum lugar, mas não conseguia era lembrar de onde no momento.Sua camisa da farda estava amarrada deixando sua barriga um pouco a mostra, calça jeans azul e seu cabelo era loiro com preto.
Quando a garota olhou para ele deu um sorriso e acenou. Júnior logo a reconheceu por causa do seu jeito e das suas roupas. Era ninguém mais e ninguém menos que a garota que ele havia visto na rampa. O garoto olhou para o corpo dela e desejou que aquela calça jeans fosse um shortinho curto.
Balançou a cabeça sorrindo com tais pensamentos. Ela chamou a atenção dele por causa de sua beleza. Aquela garota era sensual. Ele decidiu que ia se aproximar dela para descobrir como era o seu nome e em qual sala estudava.
Ela passou por ele chamando atenção de outros meninos. O jovem foi até a fila e percebeu que a merenda era sopa.
As horas se passaram e o sinal para a última aula terminar tocou. Era 11:30 da manhã. Já no ônibus ele escutava música no fone de ouvido quando alguém sentou do seu lado.
Ele tirou os fones rapidamente vendo que era a mesma garota da escola. Ela o ignorou e ficou só passando a mão no seu longo cabelo.
Júnior se intrigou com esse jeito dela, pois não quis nem ao menos falar com ele. Tirou um brilho de dentro da mochila,pegou um espelho e começou a passar o brilho nos lábios.
Ele a observou passando esse brilho e fingiu conversar com alguém pelo celular. A jovem passou um lábio no outro de forma sensual enquanto se olhava no espelho e fez um biquinho.
Júnior Fernandes achou que aquela garota queria o provocar e ainda podia estar se fazendo de difícil. Ele decidiu jogar o jogo dela.
Passaram um tempo em silêncio, eles fingiam fazer algo, mas estavam era observando um ao outro tentando disfarçar sem muito sucesso.
Ela resolveu quebrar o silêncio e esse distanciamento entre eles.
- Que horas são?-perguntou tocando no braço dele. Sua voz era bonita.
- 11:50-respondeu com um pequeno sorriso.
- Eu tenho a impressão que já te vi sabia?-ele olhou para a sua boca enquanto ela falava.
- Nos vimos na rampa na quarta feira passada-lembrou a ela-Você mora por perto?
- Um pouco longe na verdade-disse e cruzou os braços- Agora eu lembrei de onde nos conhecemos. Bom saber que estudamos na mesma escola.
- A gente pode marcar de sairmos um dia-sugeriu ao olhar pela janela.
- Ah eu adoraria sair com você-ela disse quase sussurrando- Nós vamos combinar sim.
- Como é seu nome?-perguntou um pouco animado por finalmente estar conversando com aquela menina.
Ela deixava claro o que queria e o interesse dela era o mesmo que ele tinha. Ela não estava mais parecendo ser difícil, pois talvez havia cansado daquele jogo.
- Luciana e você?-colocou a mochila nas costas.
- Sou o Júnior-disse com uma voz sexy que a fez sorrir e morder um pouco o lábio.
Eles ficaram se olhando e ela logo se levantou apressada.
- Eu preciso ir-disse- Te vejo amanhã na escola gatinho.
A garota saiu e ele ficou a olhando pela janela. Em sua mente seria fácil ficar com ela, pois eles queriam a mesma coisa.
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