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11° Capítulo

Érica Sousa

-12:00 horas

A sua liberdade temporária havia acabado antes do tempo previsto pela garota.Seus pais chegaram de viagem sem avisarem nada.

O dia anterior tinha sido um pouco tenso e cansativo para ela, pois como castigo o seu pai havia a mandado arrumar toda a casa.

Érica quase não conseguia acreditar no que ouvira seu pai dizer.Ela teria mesmo que arrumar tudo como castigo e não podia o desobedecer dessa vez.

Apesar da garota ser rebelde ela sabia quando estava na hora de parar de aprontar. Entendia as reações negativas de seus pais e percebia que as vezes eles estavam cansados dela.

Naquela hora ele estava bastante cansado da viagem e de ver sua filha aprontando.Ela percebeu isso.Eles acreditaram mesmo que Érica havia mudado, mas estavam muito errados em relação a isso.

A partir daquele momento seu pai percebeu que realmente a sua filha não tinha jeito.Chegou a pensar que ela nunca mudaria e se mudasse seria para um comportamento diferente, ruim e muito mais rebelde.

Seus pais estavam cansados dessa rebeldia dela.Ela não era a filha que eles tanto sonharam em ter um dia e estava longe de ser perfeita.

Passou o restante da tarde do dia anterior arrumando a sala, cozinha e varreu a casa.Agradeceu mentalmente por o apartamento ser pequeno.

Quando terminou ela foi direto para o quarto e decidiu não sair mais. Seus planos de ficar trancada foram por água a baixo, porque seu pai a obrigou a abrir a porta e vir comer a noite.

Érica sabia que fazer greve de fome seria muito infantil e pensou se estaria agindo como uma criança mal criada.Para ela seu comportamento havia mudado muito com a chegada da adolescência.

Agora que havia passado a tortura de ter que arrumar tudo ela estava novamente em seu quarto.O notebook estava ligado e ela escutava uma música de rock no Spotify.

De frente para o espelho ela tentava colocar um cílio postiço.Ouviu uma batida na porta.

- Toc, toc- sua mãe disse ao bater uma vez.

- Não sou mais uma criança mãe- Érica gritou e continuou tentando colocar o cílio.

- Você não vem almoçar?-ela perguntou abrindo a porta.

- Que saco-suspirou e soltou o cílio- Eu não estou com fome agora.

Sua mãe a observou e balançou a cabeça.

- Sabe? Eu pensei que chegaríamos em casa e não teríamos nenhuma raiva. Pensei que encontraríamos nossa filha bem comportada, casa arrumada e...

- Então me desculpa- ela a olhou- De decepcionar a senhora sendo essa filha que vocês tanto odeiam.

- O que é isso, Érica?- ela perguntou espantada- A gente não te odeia, mas queremos ser os melhores pais para você. Sabe que pode contar comigo sempre.

- A senhora quer ser minha amiga- disse rápido- Não preciso disso. Quero uma mãe de verdade.

Daniela pegou na testa e apertou os olhos. Estava com dor de cabeça.Ela sentia como se tivesse falhado como mãe e cada dia mais se culpava por pensar que seu marido tinha razão.

Nunca havia tido muita paciência com a filha e não tinha moral. Ela pensou que Henrique podia ter razão ao dizer que o comportamento errado da filha era grande parte culpa de Daniela.

- Eu pensei que você podia querer conhecer a escola onde vai estudar- disse querendo mudar o assunto.

- A escola?-lembrou do seu lema de aproveitar a vida- Ouvi falar que essa escola municipal fica um pouco longe daqui.

- Mas vamos de carro-sorriu tentando  convencer ela- Sabe a Ruth? O filho dela também estuda lá e vocês vão ser da mesma sala.

- E daí?- desligou o notebook e suspirou.

- Ele se prontificou a ir também e disse que iria lhe mostrar a escola-
falou entusiasmada.

Érica arqueou uma sobrancelha.Ela não falava mais que duas palavras com o filho de Ruth e achava ele muito quieto.

- Eu e ele mal nos conhecemos-disse sem humor na voz.

- Então sejam amigos-sorriu-Vamos lá filha.

Sem pestanejar a garota se arrumou e foi almoçar para irem até a casa vizinha que era onde Ruth morava.

Daniel Silva

A manhã se passou e tinha sido difícil para ele convencer Carla a voltar para casa.Ela queria fugir e Daniel conseguiu tirar essa ideia da cabeça dela.

Ele ainda sentia um pouco de dor no pescoço por ter dormido no sofá.Sua mãe estava terminando de fazer o suco e ele já havia almoçado.

Sua avó ajudava ela na cozinha e enquanto isso Daniel aproveitou para desenhar uma âncora em um caderno velho.

A uns dias atrás ele havia falado com a mãe de Érica.Ela perguntou se ele gostava da escola onde estudava e se o ensino era bom.

Daniel explicou para ela que fazia 5 anos que estudava lá, era um aluno veterano, sabia muito sobre a escola e tirou algumas dúvidas de Daniela.

O jovem percebeu que ela parecia confiar nele e por isso decidiu se oferecer para um dia poder ir até a escola com Érica.

Ela achou uma ótima ideia.Por um momento ele pensou que realmente a mãe dela queria mesmo que eles fossem amigos.Ele tentava se aproximar da garota.

O dia de irem até a escola havia chegado e por isso Daniel almoçou cedo.Estava arrumado e somente esperava por Daniela e Érica.

A campainha tocou duas vezes seguidas.Ele se levantou, colocou o caderno na mesinha e abriu a porta.

- Oi Daniel- disse a mãe dela e abraçou ele.

- Boa tarde dona Daniela- sorriu- Minha mãe está na cozinha.

- Isso mesmo- concordou com a cabeça- É melhor dona do que senhora. Vem logo filha.

Ela pegou no braço da garota a fazendo ficar perto deles. Ele olhou para Érica.

- Podem entrar- deu espaço para elas passarem.

Daniela entrou sorrindo e Érica veio logo atrás de braços cruzados. Ela estava com uma blusa preta, short jeans, faixa branca no cabelo e usava um sapato com tachas. As mechas azuis e roxas no cabelo dela chamaram a atenção dele.

Daniel sabia que ela gostava de rock. A mãe dela foi para a cozinha e eles ficaram olhando um pro outro.
Nenhum sabia o que dizer.

- Então...-ele começou- Como vão as coisas?

- Poderiam estar melhores- sorriu forçado.

Pelo seu jeito de falar ela parecia ter sido sincera. Daniel assentiu com a cabeça e ela se sentou no sofá.

- Ouvi falar que você queria muito ir para outra escola- ele puxou assunto com ela.

Érica continuou calada, olhou para o lado e suspirou.

- E aí- encarou ele- A gente vai ou não?

Daniel fez cara feia a olhando. Ele percebeu que ela parecia mudar de humor rapidamente. Havia respondido educadamente a primeira pergunta dele, mas havia sido grossa agora.

-Só esperar nossas mães conversarem- respondeu de braços cruzados e se sentou do lado dela.

Ela olhou para a mesinha e ficou admirada com o desenho.

- Foi você que desenhou?- pegou o caderno.

- Sim-observou ela- Eu que desenhei.

- Ficou bom- sorriu um pouco,mas disfarçou.

Ruth e Daniela vinham conversando animadas. Eles olharam para elas. Érica revirou os olhos e se levantou.

- Podemos ir agora?-interrompeu a conversa delas- Já que o Daniel se ofereceu pra me mostrar onde é a escola- saiu de perto dele-Então quero ir logo.

Daniel olhou para Érica e arquiou uma sobrancelha. Realmente não ia ser fácil se aproximar da garota. Ele suspirou se levantando.

- Fico feliz de ter ver de novo- Ruth disse sorrindo para ela.

- Pena que não posso dizer o mesmo para senhora-Érica tirou o celular do bolso e olhou a hora.

Daniela pediu desculpas a Ruth pelo que sua filha havia dito e elas se despediram. Daniel percebeu que ela ficou com vergonha do comportamento da filha.

- Finalmente- a jovem levantou as mãos e abriu a porta.

Daniel abraçou sua mãe, guardou o caderno velho e saiu com Daniela e Érica. Ele começava a se arrepender um pouco. Se ofereceu para fazer esse favor de mostrar a escola para uma garota sem educação como era Érica Sousa.

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